Muito Bem Acompanhada escrita por MsWritter


Capítulo 12
O pior erro de todos 2




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Quando Tony a deixou no bar, Pepper se sentiu "adequada" pela primeira vez em toda sua estadia em sua cidade natal. Após o beijo e os uivos, todas as suas "amigas" de escola estavam conversando sobre Ed com Pepper. De como ela havia se dado bem, de como ele era gentil, que era bonito, verdade que estão juntos há tantos anos? Ele ganhava bem? Onde trabalhava? Como era morar com ele? Quando eles iam se casar?

Mas aos poucos, Pepper foi percebendo que não tinha resposta para algumas das perguntas porque ou ela não podia dizer a verdade ou não havia verdade para dizer. Afinal, aquilo tudo era uma mentira. Porque enquanto Ginny existia e era uma menina frágil e solitária, tentando fazer a vida em Malibú, escondida por entre as barreiras e armaduras de Pepper, quem era Ed? Ed não existia em lugar nenhum e era tão diferente de Tony que até mesmo Pepper já estava pensando em duas entidades distintas, exatamente como Tony fazia. Tony Stark. Tony Stark existia, e Tony Stark não estava namorando com ela há dez anos, não morava com ela, não era gentil. Era um gênio, bilionário, playboy e ocasionalmente um filantropo, mas não era seu namorado. Era seu chefe. Podia até ser seu amigo, ela até o considerava sua família, mas não era seu amante, não era seu companheiro. Essa veia tão pronunciada em Ed não existia em Tony.

E conforme o assunto de Ed foi sendo deixado de lado, as moças conversavam sobre seus namorados, noivos, maridos e em alguns casos, ex-maridos. Das lembranças que tinham do primeiro encontro, das brigas, das supostas maravilhas. Lisa contou sobre o pedido de casamento, sobre as rosas vermelhas, chocolates e o quanto Adrian estava tímido. De como ele se lembrou do aniversário de namoro deles e como tudo foi romântico. Pepper se lembrou do dia em que Tony apareceu com uma caixa de morangos pedindo desculpas, sendo que Pepper era alérgica.

E enquanto a conversa fazia com que Pepper apenas se lembrasse de que tudo o que estava vivendo era uma mentira tão bem contada que até ela mesma estava acreditando, tudo desmoronou quando Amanda contou como foi que Sebastian a pediu em casamento. Como ela chegou em casa um dia e aquele vestido verde maravilhoso estava sobre a cama dela, como eles saíram para jantar e Sebastian só tinha olhos para ela, como um quarteto de cordas apareceu ao lado da mesa deles e Sebastian lhe entregou seu anel de diamantes. Como eles estavam esperando o momento certo para que o casamento fosse ainda mais grandioso. E Pepper? Pepper se lembrou de um vestido azul sem costas que se deu de presente sabendo que o Sr. Stark não se lembraria de seu aniversário e de uma noite em que foi deixada a espera de um drinque.

Mas principalmente, que quando o casamento acabasse e voltassem para suas casas, Lisa teria um marido, Amanda teria um noivo e Pepper não teria nada. E com esse pensamento fixo em sua mente, Pepper tomou um, dois, dez drinques, até parecer uma conclusão lógica achar que já que ela só tinha um namorado invejável até o casamento, ela tinha que aproveitar. E ela estava decidida a fazer exatamente isso, quando Sarah começou a flertar com um antigo amigo de escola dela, que estava trabalhando no bar. E tudo bem, sério, se uma Lisa mais bêbada que Pepper não tivesse começado a falar o quanto Ginny estava interessada naquele rapaz quando eles ainda eram crianças e como ele a trocou por, bem, Lisa. E como os olhares recaíram em Amanda até que Sarah teve a péssima ideia de dizer que ela aceitava Ed e o mundo de Pepper desmoronou. Porque era isso não era? Enquanto seu modis operantis era ficar sozinha, ocasionalmente Pepper conseguia atrair alguma companhia para si. Companhia que com o tempo, conforme ia conhecendo a personalidade dela, se afastava, procurava outra. Companhias que nem lhe davam valor o suficiente para procurar alguém longe dela. E enquanto ela sabia que a ideia de Tony com Sarah era absurda, e em Malibu? Tony não encontraria dezenas de outras, que Pepper pessoalmente teria de conduzir para fora da mansão na manhã seguinte? Antes do Afeganistão ela sabia que qualquer uma que ela tirasse da cama dele era só isso, qualquer uma. Que ela era constante. Que ela detinha o poder, detinha os códigos de acesso de J.A.R.V.I.S. Mas depois do Afeganistão... Apesar de não ter tirado nenhuma mulher da mansão na manhã seguinte, ela sabia que o padrão de vida dele não tinha mudado. Tinha a armadura, tinha um sombra em seus olhos, tinha um propósito. Mas as festas? Elas continuavam. E se em uma manhã ela chegasse em seu quarto para retirar a moça da noite e quem encontrasse lá não fosse só isso? Não fosse uma desconhecida mas uma mulher aos poucos se tornando familiar, uma mulher que ficasse lá? Uma mulher mais loira, mais jovem, mais feminina, que aos poucos fosse envolvendo Tony ao ponto de ficar? Uma mulher que um dia mandaria nela? Porque essa era a ordem natural das coisas, não era? Pepper ser substituída?

E entre outros drinques e a chegada dos streapers, Pepper percebeu que não queria ficar ali. Que ela não suportava se ver sozinha entre a multidão, que não conseguia se divertir como elas, que sabiam que depois de uma noite bem aproveitada teriam para onde voltar. E na festa deles? Havia streapers também? Se Tony fosse ficar com alguém essa noite, não podia ser ela?

E ligou para ele, só percebendo que estava chorando quando desligou o telefone e percebeu que o aparelho estava molhado. E tentou falar com ele quando Tony chegou para buscá-la e perguntou o que havia acontecido, mas o que saiu foi um soluço e ela aceitou ser abraçada, aceitou sentar-se no banco do passageiro segurando uma das mãos de Tony entre as suas enquanto ele dirigia até a casa dos pais dela. Aceitou um copo d'água e depois outro abraço. E depois ela não sabia mais onde estava o limiar entre aceitar e iniciar os beijos e os toques que se seguiram.

E se a experiência foi ao mesmo tempo triste e prazerosa, ela tinha a bebida, a situação, anos de celibato e o próprio Tony para culpar. Até a manhã seguinte. Porque na manhã seguinte ela acordou sozinha e precisou admitir para si mesma que não tinha o direito de se decepcionar. Porque ela sabia com quem estava indo para a cama na noite anterior. Sabia que não havia compromisso. Sabia que era só aquilo mesmo, uma noite. E levando em consideração quem era Tony Stark, ela não devia estar feliz de finalmente figurar na longa lista de casos do playboy? Quando todos a olhavam achando que ela só havia conseguido o emprego porque estava dormindo com seu chefe, bem lá no fundo, não lhe feria saber que não? Que apesar do número absurdo de mulheres que Tony levava para a própria cama ela não se qualificava o suficiente nesse quesito?

No final, com toda a dignidade que ela ainda tinha, tomou banho, desceu as escadas e preparou o café. Respirou fundo, tomou coragem e só depois resolveu confrontar Tony, sentado no sofá, tendo algum tipo de crise. Mas ela não queria saber o porquê daquela crise. Não queria ouvir que aquilo foi um erro, que eles não podiam ter nada sério. Aquilo já estava sufocando seus pensamentos o suficiente enquanto eram só impressões de ideias, como seria de vocalizadas?

E então, antes que ele pudesse dizer qualquer coisa, ela falou antes:

– Tony? Eu não sei o que está te atormentando nessa situação, mas eu sabia o que estava fazendo ontem e com quem estava me envolvendo. Foi exatamente do jeito que eu esperava e nada precisa mudar.

E ela estanhou quando Tony pareceu surpreso, procurando palavras para explicar alguma coisa. Alguma coisa tão fora da realidade que Pepper quase se ofendeu quando ouviu:

– Mas eu.. eu não... Eu te deixei sozinha e...

Ela não podia ouvir aquilo. Não, ela não queria saber o porquê de ele deixar todas as mulheres na manhã seguinte, ela não queria desculpas. Era culpa dela ter passado a noite com um playboy não era? Era culpa dela querer tanto acreditar em uma mentira que deveria ser ela quem estava contando. Ela não ia ouvir aquilo e então disse o que acreditava precisar ouvir para voltar a realidade. E enquanto Tony parecia ter aceitado aquilo e voltou a tomar tranquilamente seu café, Pepper percebeu que tanto a mentira quanto a verdade tinham o péssimo hábito de embrulhar seu estômago. Seu café ficou frio em suas mãos, esquecido.


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Notas finais do capítulo

Bom é isso. Deixem-me saber o que acharam.



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