Muito Bem Acompanhada escrita por MsWritter


Capítulo 10
Uma noite de mal gosto


Notas iniciais do capítulo

Com muito atraso, para Sushiii, muito obrigada pela recomendação.



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Tony segurava seu copo de vodca enquanto olhava para os homens no salão. Homens que não olhavam para ele, olhavam para a menina dançando em cima da mesa. E não, não era nesse sentido que Tony estava olhando para os homens e não era bem nesse sentido que a menina estava dançando (ainda). Bom, era nesse sentido que os homens estavam olhando. Melhor começar do começo.

Como Sebastian era o padrinho de Adrian, ficou a seu cargo montar a festa de despedida de solteiro do rapaz. Rapaz esse que não queria festa de despedida de solteiro coisa nenhuma, mais por medo de Lisa que por qualquer outra coisa. Não medo medo, afinal ela também estava em uma festa de despedida de solteira, mas... O caso é que Adrian amava tanto a noiva e era a ela tão submisso que se ela perguntasse qualquer coisa da festa ele ia ter que falar a verdade e ele não queria ter que dizer uma verdade que fosse deixá-la irritada e fizesse com que ela cancelasse o casamento e então era melhor não ter uma verdade para contar e então nada de festa. Ufa!

Só que Sebastian, o prodígio da cidade pequena que estava ganhando muito bem, achava que como a festa estava a cargo dele, ele quem tinha que decidir. E como ele conhecia as coisas boas e chiques de fora daquela cidadezinha minúscula, era sua obrigação mostrar para os homens da tal cidadezinha minúsculas como suas festas eram ridículas e o que eles estavam perdendo. Só que pra se fazer uma festa do tipo que Sebastian estava pensando, você precisa de algumas coisas, como pelo menos um milhão de dólares, bom gosto, fama para atrair o público correto, uma casa em Malibu bem grande para acomodar a todos. Ah, uma Assistente Pessoal meio loira meio ruiva, como olhos verdes azulados também ajuda - caso esta não esteja disponível, uma assistente mercenária ninja que fale latim pode quebrar um galho, mas não é seguro desmaiar perto dela. E Sebastian tinha... Exatamente nenhum dos pré-requisitos. Ele estava ganhando bem sim mas... O que ele ganhava ele provavelmente gastava no seu próprio estilo de vida. Soma-se a isso o fato de aquela ser sim uma festa pequena em uma cidade pequena e resultado? Uma única streaper importada da cidade vizinha que era até bonita, mas estava provavelmente trabalhando para pagar a faculdade; uma estátua de gelo de muito mal gosto de uma mulher nua em que escorria bebida de um dos mamilos e os homens da própria cidade, amontoados em um salão pequeno e mal iluminado, com petiscos (presunto com melão, salame, queijos, torradas com patê...) sobre a mesa e algumas garrafas de whisky, vodca e cerveja circulando.

E enquanto os mais velhos e Adrian, que estava refugiado no meio deles, estavam animadamente comendo presunto e bebendo cerveja e falando de futebol (bom, não Adrian, mas deixa pra lá), os mais jovens e Sebastian estavam fazendo rodinha em torno da moça, que parecia um pouco incomodada com a quantidade desproporcional de homens para apenas uma dançarina. E Tony estava olhando de longe a rodinha, pensando se teria ou não coragem de tomar aquela vodca horrível.

Depois de quase dez minutos ali parado, John apareceu ao seu lado e começou a falar:

– Se você não contar à Vitória sobre a dançarina, eu não conto para a Ginny.

– Moramos em Malibu senhor, acho que Ginny não acharia nada demais nessa festa. - Tony, respondeu.

John parou a garrafa de cerveja que levava à boca em peno ar, para olhar para Tony pelo canto dos olhos:

– Você está levando minha filha para ver dançarinas em boates?

Tony simplesmente preferiu beber a vodca do que responder àquela pergunta. Como é que ele ia explicar que Pepper passou quase dez anos contornando os efeitos de festa muito, mas muito melhores na própria casa dele?

Ao perceber a careta de Tony ao tomar a vodca, John começou a rir:

– Estou brincando, meu rapaz!

Tony acenou com a cabeça, mas pegou outra dose de vodca, tomando todo o líquido grotesco de uma só vez.

– Ed... Eu sei que devo estar me intrometendo, mas...

John começou, mas foi interrompido pelos gritos de protesto de Adrian, que estava sendo arrastado por Sebastian e os demais para se juntar à rodinha em volta da dançarina.

– NÃO! Se Lisa descobrir ela me mata!

–Não seja besta. Do jeito que você é medroso, estará amarrado a uma única mulher para sempre depois de hoje. Olhar não tira pedaço! - Falava Sebastian, rindo-se enquanto puxava o rapaz.

– E pra que é que eu vou querer outra mulher? Me larga! - Adrian argumentava.

– Deve ter um streaper na despedida delas também. - Outro cara comentou.

–Vamos logo. Ela dança no seu colo, não precisa passar disso se você não quiser. - Continuou Sebastian.

– Oi! Eu sou dançarina, não sou puta não! - A moça protestou de cima da mesa.

Tony respirou fundo, tentando entender se devia de meter naquilo, mas foi salvo pelo próprio John, que foi defender Adrian e afastar os rapazes da dançarina. Tony se contentou em se sentar na mesa dos mais velhos (e ele se sentiu uma criança quando percebeu que estava chamando aquela mesa - ainda que mentalmente - por esse termo) e ficou alguns minutos ouvindo-os falar sobre baseball. As industrias Stark eram a principal patrocinadora de um time de baseball, mas fora isso Tony não entendia nada do esporte e se contentou em ouvir. Quando o assunto foi aos poucos se metamorfoseando para carros, ele finalmente começou a conversar mais. Foi nesse momento em que percebeu Sebastian próximo de si:

– Então o Ed aqui gosta de carros? Obviamente o carro que está dirigindo é alugado, já que a placa é da cidade, então eu pergunto, que carro tem Ed? Aquela graça vermelha lá fora é minha, mas claro que se tem que estar muito bem em sua carreira para se ter um daqueles. - Sebastian perguntava e se gabava ao mesmo tempo.

Tony, entre pensar em como responderia àquela pergunta já que colecionava carros e tentar se lembrar de ter visto algum carro com a cara de Sebastian parado do lado de fora, simplesmente perguntou se ele se referia ao Camaro. Sebastian afirmou com a cabeça e saiu tagarelando para os amigos (que agora estavam se reunindo naquela roda) de como o carro era fantástico mas ele estava se preparando para comprar uma Ferrari. O que na verdade Tony achou muito improvável, mas deixe os sonhadores sonharem. Acabou perdendo-se da conversa enquanto tentava, mentalmente, contar quantas Ferraris tinha e se ele devia ou não incluir as que ele modificou na conta, quando a voz de Sebastian o interrompeu de novo:

– Então... Ginny hum? Pois é, ela e bonita mas é implicante e meio frígida... Me pergunto o porque de você ainda estar com ela...

– Espera ai! - Tony começou a argumentar, olhando a sua volta e percebendo que apenas ele, Sebastian, um amigo de Sebastian que ele não conhecia e um Adrian muito vermelho tinham permanecido ali, quando Sebastian o interrompeu de novo.

– Já que as moças vão passar a noite juntas e o tonto do noivo é um medroso, eu ia ficar com aquela, mas acho que precisa mais do que eu de uma mudança de cenário, se é que me entende.

Tony já estava com o punho fechado, pronto para quebrar o nariz daquele nojento quando Adrian o puxou para o lado, completamente atônito:

– Sebastian! O que está fazendo? Ele está com a Ginny há dez anos! E você vai se casar com a Amanda!

– Mi mi mi... - Sebastian foi falando, enquanto procurava por um copo de whisky.

Tony ainda chegou a se levantar com o total intuito de tirar satisfações com o padrinho bêbado, quando recebeu uma mensagem de Pepper pedindo para que ele fosse buscá-la, assim que possível. Entre quebrar a cara de um bêbado e ir descobrir porque uma Pepper que ia passar a noite com a irmã e as amigas queria ir embora, Tony preferiu ir atrás dela. Afinal de contas, a primeira opção o colocaria na cadeia e ele ainda ia ter que explicar para sua assistente o porquê de ter acabado com o rosto do ex-noivo, o que naquele momento era tão absurdo que nem ele conseguia processar.

Acenou para John, pegou o carro e foi até o bar onde havia deixado Pepper. E se ele deu uma raspadinha na pintura do Camaro vermelho de Sebastian, bom, foi um acidente.


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