Vale Tudo escrita por Anna C


Capítulo 9
Isso É Uma Tortura


Notas iniciais do capítulo

Bom, um mês em postar por aqui é um recorde e eu espero não batê-lo nunca x.x Sinto muito, entende se quiserem me bater. É, eu mereço... Com o terceiro ano começando não me sobra tempo pra nada! E temo que só vá piorar com o decorrer dos meses, mas eu espero sinceramente que não senão capaz de eu surtar D:



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Narrado por Scorpius

Eu estava certo. Mas que merda, preferia mil vezes estar errado. Ela correspondeu e isso não estava nos planos... Mesmo sendo tudo verdade, era pra ruiva ter me empurrado quando liberei seus braços e ter me socado até quebrar alguma coisa. Depois, berraria comigo alegando que eu havia perdido o juízo e que eu ainda iria me arrepender por tê-la agarrado a força.

Mas ao invés disso, Rose Weasley me beijava com tal entusiasmo que acho que nem ela própria podia se controlar. O que eu não entendo nessa história é como ela foi acabar gostando de um inútil feito eu?

Afinal, naquele momento eu estava convencido de que era um inútil.

Finalmente, nos separamos. Minha primeira reação foi encará-la, muito surpreso. Ao contrário de mim, ela estava de olhos fechados, ainda me envolvendo pelo pescoço, como se não quisesse enfrentar a realidade.

– Antes que você diga alguma coisa, – a grifinória iniciou calmamente, ainda de pálpebras cerradas. – eu estou tão chocada quanto você. Vamos fazer o seguinte acordo... – enfim, resolveu abrir seus olhos. – A partir de agora você quem vai vencer. Nas aulas e até no Quadribol, olha, eu desisto. Só esqueça o que eu fiz, que eu tentarei fazer o mesmo!

Weasley soltou-me e após lançar um olhar de arrependimento, começou a correr. Correr para longe.

Fiquei parado, observando o local aonde ela havia estado há alguns segundos sem saber o que fazer a seguir. De repente, eu senti que não havia acabado.

– Ela não pode ir assim… Ela não… Pera! – quando dei por mim, já estava seguindo-a pelos corredores. – Pera aí!

Eu não a via mais, porém, seus passos eram bastante audíveis.

Só terminei minha corrida quando cheguei a nossa sala comunal. A ruiva não estava ali, mas eu escutava seu choro vindo do quarto.

Aproximei-me cautelosamente da porta, abrindo-a devagar. A garota estava encolhida na cama, com a cabeça entre os joelhos. Droga, o que eu fui fazer…

– Weasley… - chamei-a bem baixinho, mas ela podia me ouvir. – Weasley… - sentei-me na cama. – Rose. – ela ergueu a cabeça assustada.

– Do que me chamou? – perguntou com a voz embargada.

– Rose. É o seu nome, não é? – tentei dar um sorriso amigável.

– É sim, mas dito por você é simplesmente estranho. – a grifinória abraçou as pernas, escondendo o rosto novamente para que eu não visse as lágrimas. – Que é?

Eu não sabia o que tinha que dizer, como sempre. Por que eu era tão ruim com as palavras? Tá certo que nunca havia acontecido nada parecido comigo, mas eu era patético tentando articular algum tipo de frase reconfortante. Afinal, agora eu tinha que ser muito delicado, ela gostava de mim… O que é extremamente complicado, pois eu não ajo bem com ela naturalmente e o momento exige isso.

– Bom, er… Me desculpe por ter te beijado daquela forma. E você estava certa sobre tudo! Eu queria ter dito que não, mas era só a verdade.

– Você também. – acrescentou.

– Hã?

Ela elevou a face, limpando-a com as mãos.

– Você também estava certo quando disse aquilo…

– Sobre… Você gostar…

– De você? É, parece que sim. Eu não vou ficar me enganando, entende? Essa é outra dessas verdades que não queremos aceitar, mas eu não sou covarde. Eu não vou fugir! – ela declarou, em tom decidido. Então, desanimou um pouco. – Quero dizer, não posso mentir a mim mesma nem a você, mas como é um sentimento errado e frustrante, a única coisa que farei a respeito é esquecer. E eu repito minha proposta de te deixar ganhar, desde que nunca mais toquemos nesse assunto.

Não pensem que fosse por maldade, mas eu estava a ponto de rir. Rir daquele absurdo que me era imposto.

– Ok. – eu respondi simplesmente, mas estava sendo irônico.

– Ok? – ela perguntou. – É só isso então? Ah, o que mais eu podia esperar que você dissesse? Como eu sou idiota! É perfeito, é o que você sempre quis…

– Não. Exatamente o oposto! – levantei-me, indignado. – Eu não acredito que por causa de um cara estúpido como eu você vai desistir!

Ela me fitava, confusa.

– Eu não estou te entendendo.

– Bom, é que você sempre foi a única pessoa párea pra mim, digo, quando se trata de ser o melhor nas coisas… Sempre fomos os mais esforçados. Daí você vem com essa história de que vai me deixar vencer? Nah… Não posso deixar isso acontecer.

– Do que você tá falando? Estou te dando o que sempre desejou! – a ruiva pôs-se se de pé, com os braços cruzados.

– A vitória não tem o mesmo sabor quando dada assim de bandeja… Eu ainda tenho um pouco de dignidade apesar de tudo aquilo que você disse sobre mim. E tenho que admitir, esperava mais de alguém como você… Achei que estava acima dessas coisas.

– Eu só quero garantir que…

– Nem se preocupe. Eu não vou mais tocar nesse assunto, se você quer esquecer sobre o beijo e o que ele representou então é assim que vai ser, mas não desista do resto. Me recuso a acreditar que gastei sete anos da minha vida competindo com uma perdedora.

–x—x—x—x-

Narrado por Rose

Ele estava certo. Era como se eu jogasse anos de esforço no lixo. Eu havia descoberto aquele novo sentimento há minutos! Como eu poderia comparar uma coisa com a outra?

– Você tem razão. Eu não desistirei.

O loiro sorriu, satisfeito.

– Olha, eu também acho melhor esquecer o que houve lá na torre... – ok, parece estou sendo dispensada. Pelo menos ele está fazendo isso com delicadeza, até mais do que eu esperaria dele. – Bom, é o melhor a ser feito.

Acenei positivamente com a cabeça e a conversa se deu por encerrada.

Mas onde eu estava com a cabeça? Que ideia absurda... Eu e um sonserino puro-sangue? É pedir pro meu pai infartar! Além disso, ele não é um sonserino qualquer, se trata de Scorpius Malfoy. Sério, meu coração é muito insensato. Logo esse garoto? Merlin, como isso foi acontecer em tão pouco tempo?

Talvez a resposta esteja nos pequenos deslizes…

– Não sou a melhor, mas aprendi com o melhor… O meu pai. Você não foi tão…

– Ei, ei! Não me elogie.

– Quê? Eu nem ia…

– Ia sim, ia dizer que eu não fui tão mal.

Nas inocentes perguntas…

– Deve ser cedo pra perguntar, mas você já sabe com quem vai?

– É, é meio cedo pra isso mesmo. Por que quer saber em todo caso?

– Calma, não é como se eu estivesse querendo te convidar!

Nos inapropriados gestos…

– Você é cruel, Weasley. – o loiro me fitou assustado. – Mas valeu! – me abraçou, num impulso.

Ou num único e simples elogio.

– O que deu em você?

– Er, nada. Deixa pra lá... Não se troque, você tá... Tá... Linda.

E sem contar a noite do baile. Que noite!

Eu sei lá… Acho melhor ignorar o que sinto e agir como de costume. Apenas nós dois sabemos, então deixarei por isso mesmo. Logo ele esquecerá e assim espero que aconteça comigo.

–x—x—x—x-

Quando foi que o tempo e o silêncio se tornaram tão sufocantes? Uma semana sem nos falarmos não é exatamente um recorde, mas sinto como se fosse uma eternidade. Um "bom dia" pela manhã e um "boa noite" quando vamos cada um para o seu quarto não são o bastante agora…

Rose, concentre-se nas aulas! Afinal, é a primeira aula de Defesa Contra as Artes das Trevas de 2025 e eu não posso ficar dispersa, pensando em besteiras… Besteiras que não saem mais da cabeça.

Eu estava sentada em companhia de uma aluna da Lufa-Lufa. Albus estava distante num extremo da classe, enquanto Kate não estava sequer presente.

Para minha surpresa, quem adentrou na sala quando o sinal bateu não foi o charmoso Professor Daniels, e sim uma mulher de meia idade com um penteado exótico. Ela se aproximou de sua mesa com um sorriso pouco simpático.

– Bom dia a todos. Sou a Professora Heartlock e a partir de hoje passarei a lecionar Defesa Contra as Artes das Trevas aqui em Hogwarts.

Levantei o braço imediatamente.

– Sim, senhorita…

– Weasley.

– Certo. Srta. Weasley, pode falar.

Hesitei por um breve momento, mas prossegui.

– O que aconteceu com o Professor Daniels?

A senhora me encarou por um momento, parecendo em dúvida se respondia ou não.

– O Professor Daniels teve alguns problemas pessoais e foi obrigado a deixar o cargo de professor. Mas não perguntem mais nada sobre esse assunto, pois isso é tudo que me foi passado.

Voltei meu olhar para Albus. Ele também tinha uma expressão surpresa e confusa.

Ao fim da aula, eu sabia bem o que fazer. Algo havia acontecido, a ausência de Kate e do professor naquela aula não podiam ser coincidência. Não me importava se eu havia outra aula logo em seguida, eu precisava saber o que estava acontecendo.

Foi mais fácil do que pensei que seria. Ela estava no seu dormitório. Ok, eu admito que saí invadindo e tal, porém, se tratava de algo importante!

– Rose, que susto! – Kate exclamou pondo a mão no coração.

Eu não disse uma só palavra por alguns segundos. Ficamos nos encarando simplesmente.

– Eu contei tudo pra McGonagall. – a loira confessou repentinamente. Arregalei os olhos. – Você estava coberta de razão, era muito errado. Super inapropriado e… Bom, eu estava forçando a barra. O Michael, quer dizer, professor… Ah, ele era uma boa pessoa. Claro que ele topou e tudo mais, mas no fim foi minha culpa, eu acho. Essa brincadeira custou sua demissão e por incrível que pareça a diretora só me deu detenção, tirou alguns pontos da casa e mandou carta para os meus pais. Eu sei que merecia muito mais que isso, mas ela disse que eu já teria preocupação demais com os N.I.E.M.s. Droga, eu ainda me sinto tão arrependida! – lágrimas não demoraram a escorrer pela sua bochecha.

A raiva que eu andei nutrindo por ela se dissipou quase que por completo. Eu não fico guardando rancor e a atitude dela foi a mais correta possível. Demorou? Talvez, mas acho que estou ganhando minha amiga de volta…

– Eu tenho sido, sei lá… Uma vaca! Fazendo merda após a outra. Que coisa... Rose! – a garota quase que berrou meu nome. – Me desculpe.

Ah, o que eu posso fazer se fico toda sentimental com qualquer coisa? Não acredito que comecei a chorar também!

– Sim, Kate! Eu te desculpo! – comecei a enxugar o rosto, temendo que viesse uma enxurrada.

Ela não pensou duas vezes e me abraçou. Eu não consigo bancar a difícil por muito tempo. Agora estamos nós no meio do quarto se abraçando e vazando feito duas torneiras quebradas.

Após literalmente alguns minutos, nos separamos olhando uma para outra com sorrisos. Já estamos rindo, dá pra acreditar?

– Bom, agora que você voltou pro lado do bem… - fui falando. – Acho que sabe que ainda não acabou.

Kate confirmou, mais séria.

– Vou dizer a verdade ao Albus, o porquê daquele beijo. Poxa, ele é meu amigo, como eu pude fazer isso? Ah, e é claro, também devo um pedido de desculpas ao Enzzo, que também deve ter ficado chateado.

– É, eu não vou mentir. O Enzzo andou se sentindo bem mal por causa do episódio do baile. Você o magoou.

– Sei disso e resolverei tudo ainda hoje!

Sorri, orgulhosa da minha amiga.

– Agora assim está agindo como a Kate que eu conheço! É bom tê-la de volta, amiga.

– Nem me fala! Ai, Rose, o que eu perdi?

– Caramba, essa pergunta tem uma resposta bastante longa na realidade… Por onde eu começo?

–x—x—x—x-

Narrado por Scorpius

– Por que não me falou antes? – Mark questionou, indignado na saída da aula de Poções com a Corvinal. – Sabia que você não resistiria ao charme da ruivinha...

– Hã? Não, não é isso! – eu agitava os braços com um desespero exagerado demais para a situação. – Eu fiz isso pra provar o que ela sentia por mim, e só!

– Haha, você quer mesmo que eu acredite nisso? Vocês dois andam no maior clima ultimamente... A escola toda acha que vocês tem alguma coisa.

– Eles que se fodam! – meu tom de voz não o intimidou e eu senti que havia corado. Mas eu nunca coro, como assim?

– Claro, meu caro. – ele apoiou uma mão no meu ombro. – Só não se esqueça de me fazer padrinho do casamento. Que tipo de melhor amigo você seria se não me chamasse?

– Ah, está bem. Não quero discutir. – tentei me conter. Não preciso sair dando patada por qualquer coisa. Qual é, eu já sou adulto! Er, tecnicamente...

– Oi, sonserino. – uma voz feminina disse. Mark adquiriu um sorriso abobado no rosto.

Dominique Weasley se aproximou, transbordando malícia. Dá até um pouco de medo, na verdade. A corvinal enlaçou seu braço ao dele, sustentando um olhar convencido pra mim.

– Bom, eu tenho que ir à um vinhedo colher uma uvas se é que me entende... – o moreno deu os ombros.

Os encarei, desconfiado.

– Será que eu perdi alguma coisa?

Eles riram entre si.

– Er, digamos que o seu fim de ano e o meu tiveram suas semelhanças... A diferença é fiquei com a garota no fim. – ele sussurrou essa última parte.

Filho da mãe esse Cooper! Não acredito que ele conseguiu!

– Mais tarde eu explico. – falou e saiu andando com a garota.

Bom, estou feliz por ele... O cara merece.

– Sr. Malfoy? Sr. Malfoy! – alguém me chamou no momento seguinte.

– Ah, Diretora McGonagall.

– Estive querendo falar com o senhor toda a manhã.

– Sinto muito, eu estava em aula, professora.

– Sim, por isso aproveitei o intervalo para procurá-lo. É só um comunicado, não vou me demorar.

– Claro, e o que seria?

– Bem, é um pequeno evento que preparo todos os anos. É um encontro de ex-monitore, organizado para que vocês, os atuais, ouçam as experiências deles, essas coisas.

– Tudo bem, mas por que é tão restrito?

– Vocês são os alunos mais exemplares e ver bruxos bem sucedidos que trilharam o mesmo caminho servirá de inspiração para que se tornem grandes! Quem melhor que antigos monitores para incentivá-los?

Ainda não entendi pra que serve.

– Avise a Srta. Weasley e o restante da monitoria, sim? Acontecerá na primeira segunda-feira do próximo mês. Tenha um bom dia, Sr. Malfoy.

–x—x—x—x-

Narrado por Rose

– Mas que estranho, nunca ouvi falar disso. Certeza de que ela disse fazer sempre? – questionei após Scorpius me contar sobre um evento para monitores. Droga, eu devia me referir a ele como Malfoy!

– Sim, deve ser muito exclusivo mesmo para não conhecermos.

Quando foi que a nossa sala comunal se tornou tão pequena? E o sofá tão estreito? Estou ficando paranoica, só pode. Afinal, essa é a primeira vez que nos falamos desde... O Ano Novo.

– Tudo bem com você? – fui pega despreparada por sua pergunta, erguendo o rosto. Depois de encará-lo por alguns instantes, baixei a cabeça, fitando meus joelhos.

– Claro.

Sentia que ele me olhava, provavelmente não muito convencido. Eu não queria transparecer toda essa fragilidade, mas não conseguia disfarçar.

– Ah, eu sei que você não se interessa por isso, mas tendo te dito o que eu disse, acho que talvez possa fazer um comentário. Eu fiz as pazes com a Kate, ela se arrependeu e, espero eu, que volte a ser como era.

– Aquele seu tapa deve ter algo a ver com isso. – o loiro brincou.

Ri levemente, ficando um pouco vermelha.

– É, pode ser.

A ausência de som me deixava um tanto nervosa, mas o sorriso dele fazia com que eu me sentisse mais tranquila. É tão terrível que ele saiba sobre os meus sentimentos... Eu não preciso escondê-los, mas nessas circunstâncias não posso demonstrá-los.

– Er, o jogo de Quadribol é semana que vem, né? – lembrou, puxando assunto.

– Sonserina e Grifinória, clássico. Nosso time está bem forte esse ano como viu no jogo contra a Lufa-Lufa... – não resisti em contar vantagem. Força do hábito.

– Sim, um oponente a altura realmente. – admitiu. – Você é uma ótima capitã.

Enrubesci ainda mais. Foi de fato um elogio e para a minha pessoa?

– Também... Q-Quer dizer, você também é.

Ele sorriu mais uma vez e deu dois tapinhas no meu ombro.

– Vou tomar um banho. – levantou-se do sofá e entrou no quarto.

Ai, meu Merlin! Quanto tempo eu terei que aguentar isso? Ou melhor, quanto tempo será que eu aguento? Isso é uma tortura. Eu achava que era mais forte.

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Notas finais do capítulo

E no próximo capítulo... Quadribol: GrifinóriaxSonserina!Será bem curta parte do jogo, mas vital.