Vale Tudo escrita por Anna C


Capítulo 4
Gesto Inapropriado


Notas iniciais do capítulo

Primeiro post do ano, YAY!
Espero que vocês tenham tido uma ótima passagem de ano ^^
E aí? Prontos pro capítulo?



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Narrado por Rose

Convidei Enzzo para almoçar no dia seguinte. É claro que ele almoçava na mesma mesa que eu por ser da Grifinória, mas nunca próximo a mim, senão o teria visto.... Ou não.

Eu estava de frente para ele, abismada com a mísera quantidade de comida em seu prato. Hugo, que estava ao meu lado, e Lily, que estava à direita de Enzzo, também estavam surpresos. Antes que minha prima dissesse alguma besteira, – ou alguma verdade dolorida – resolvi falar.

– Gente, esse é o Enzzo McKenzie – apresentei-o animadamente.

– E aí? Sou Hugo – Hugo acenou para ele com a cabeça e começou a se servir de macarrão.

– E eu, Lily. Ah, que bom que sei seu nome, assim não fica tão chato dizer o que eu estou com vontade...

“Ah não, Lily, cala a boca!” eu pensava, aflita.

– Por que comer feito uma modelo anoréxica? Desculpe a franqueza, mas você vai desmaiar antes da quinta aula.

– Er... É que eu sou alérgico a muitas coisas – o moreno deu de ombros. – Então só posso comer tomate e cenoura dessa mesa.

– Meu Deus! Você tem alergia a quê?

– Hum, vejamos... Trigo, nozes, frutos do mar, amendoim, óleos em geral e definitivamente nada com glúten! Eu posso comer carne, mas só tem coisa frita aqui...

– Toma esse leitinho, então...

– Não posso, intolerância a lactose.

– Isso que dizer que... – não pude conter o tom levemente choroso na minha voz. – Você não come almôndegas?

– Acho que eu te disse isso ontem mesmo, certo? Bom, pois é, não como.

– Pobrezinho...

– Ah, não tem problema... – Enzzo devia temer que eu caísse no choro por tão pouco. – Bem que eu queria comer essas coisas, mas já me acostumei. Além disso, eu sou alérgico a cães, gatos, roedores... Ando suspeitando que a corujas também – ele tinha uma expressão pensativa.

– Chega! Tô perdendo o apetite! – berrou Lily. Nós três arregalamos os olhos para a garota. Ela fitou meu irmão, que estava em sua frente, e corou furiosamente. – Desculpem... – desviou o olhar para seu próprio prato, cutucando o purê com o garfo. Ela estava certamente constrangida.

Deixando o breve escândalo de lado, voltei-me para Enzzo.

– Mas você come muito pouco, sua mãe poderia te mandar alguma coisa extra ou...

– Minha mãe!? – parecia que eu havia dito um absurdo. – Ela ainda não aceita que eu seja um italiano que não pode comer pizza - ele ironizou.

– Você é italiano? – perguntei, maravilhada.

– Sim, mas só nasci na Itália. Minha mãe que é de lá. Então, ela conheceu o meu pai que é inglês e... Ah, já dá pra ter uma idéia do que aconteceu.

– É, a gente pode pular a parte em que você foi concebido – Hugo brincou.

Eu e Enzzo rimos, porém, Lily só deu um leve sorriso, possivelmente ainda envergonhada.

Ah, o Enzzo parecia ser um cara legal. Ele era meio problemático e tudo mais, mas eu podia ajudá-lo nisso.

–x--x--x--x-

Havia acabado o treino de Quadribol e vi Kate discutindo com Albus. Ele tinha acertado um balaço nela sem querer e a minha amiga não parecia disposta a perdoá-lo tão cedo... Ao menos era isso que eu pensava. Achei melhor intervir antes que alguém se machucasse. Sério.

– Ei, gente, calma lá! Dá pra ouvir os berros de vocês lá do outro lado do campo – cheguei dizendo.

– Er, eu... Hã... Eu só tava querendo pedir desculpas... Dá pra dizer pra sua amiga que ela tá pirando? – Albus parecia levemente assustado com a reação explosiva de Kate.

– Como é?! Você sabe muito bem que não foi isso que você me disse – eu a conhecia bem. Quando ficava muito nervosa simplesmente falava o que estava em sua mente, sem pensar nas consequências.

Albus riu com desdém.

– Não? Então, conte a Rose sobre o que estávamos falando.

– Ok, esperem... Kate, o que o Al te disse?

A loira olhou para o garoto por alguns instantes. A expressão de Albus era um tanto desafiadora. Tá, eu estava completamente confusa.

Kate respirou fundo, tentando se acalmar.

– Ele disse que sentia muito pelo balaço – respondeu, sem olhar para mim.

Albus começou a balançar a cabeça negativamente.

– Tsc, tsc... – ele ia saindo dali, mas ao passar ao lado de Kate a encarou. – Vou tomar mais cuidado na próxima. Você também devia.

Após aquela cena toda, era óbvio que eu havia perdido algum detalhe.

– Não era isso, era? – questionei, com a sobrancelha erguida para minha amiga.

– Claro que era, Rose... Vamos sair daqui – ela andou na minha frente, decidida a não conversar.

O que estaria escondendo?

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Narrado por Scorpius

Já era quase Halloween quando enfim levei aquela sonserina do quinto ano pra sair. Ela tentou ser discreta durante as semanas anteriores, mas ainda assim ficava me pressionando sutilmente para que a levasse para um encontro em Hogsmeade.

Wendy Scott podia possuir um corpo violão e tudo mais, mas a verdade é que sua personalidade era bastante... Vazia. Percebi isso nos primeiros quinze minutos quando iniciei perguntas sobre ela. Isso mesmo! Eu escutava as garotas nos encontros, ao invés de ficar analisando-as da cabeça aos pés com aquele sorriso sacana. Que é, achou estranho? Não, eu não sou gay, caramba!

– E até parece que ele ia me ligar! Quero dizer, nem teria como, eu não tenho telefone... – dizia, enquanto saíamos do Três Vassouras.

Já estava ficando entediado, apenas acenando com a cabeça ao fim de cada frase. Sabe aquilo que eu havia dito sobre ouvir as garotas? Olha, estava difícil manter...

– Mas mudando um pouco de assunto... A essa altura, você já deve ter um par para o baile, certo? – começou a me encarar. Era minha impressão ou ela tinha segundas intenções com aquele papo? – Alguém assim como você já deve ter arranjado acompanhante.

– Não – dei os ombros.

– Mesmo? – vi o brilho nos olhos verdes dela, os quais ela começou a piscar sem parar. Wendy estava estranha. – Bom, eu também não... – e o que isso deveria significar?

Ah... "Saquei."

– O quê? Você quer ir comigo?

– Ai, Scorpius! Que idéia maravilhosa! – ela exclamou, com um exagerado entusiasmo. – Bom, eu não estava esperando por um convite, mas não poderia recusar.

Senti-me enganado instantaneamente.

– Espera, eu não... – eu já ia tirando satisfações, mas me calei quando fui agarrado pelo pescoço e beijado vorazmente.

Pego de surpresa, não conseguia fazer nada a não ser corresponder. Anda, como eu poderia com ela estava se oferecendo assim? Que é? Eu ainda era homem e tinha minhas necessidades.

Minhas mãos estavam em suas costas, mas Wendy as baixou um pouco, se separando de mim. Viu? Eu não havia feito nada, ela que estava sendo fácil...

– E então? Tudo bem pra você? – a garota roçou sua perna na minha.

– Hã... Aham... – murmurei uma afirmação.

– Ótimo – sorriu, satisfeita. – Está ficando meio tarde... A gente devia voltar pro castelo. Tem uma coisa lá no meu quarto que eu queria te mostrar...

Cara, eu não consiguia me controlar. Juro que estava tentando evitar que ela fizesse uma besteira, mas... Era tão tentador. "Você não pode, Scorpius! Você é o monitor-chefe!" a consciência alertava.

Ah... Quem se importava?

Mark não acreditaria no que eu estava fazendo, enquanto ele cumpria detenção.

–x--x--x--x-

Narrado por Rose

Duas horas. Duas horas da manhã. Eu simplesmente não podia crer naquilo.

A porta se abriu e ele entrou, tirando a gravata. Devia ter ficado espantado ao me ver no sofá da nossa Sala Comunal, com um robe de seda, de pernas e braços cruzados. Quis garantir também que ele visse minha expressão impaciente e irritada.

– Ainda acordada? – o loiro perguntou como se tudo estivesse perfeitamente normal.

– Eu que devia te perguntar – levantei-me num pulo. – ONDE VOCÊ ESTAVA?! – perguntei, ou melhor, exigi uma resposta.

– Eu, bem... – se embaralhava todo para formular algo.

– Pelo horário, eu presumo que tenha estado com uma garota das bem oferecidas... Você tem noção da gravidade disso!? Eu poderia ir agora mesmo até a McGonagall e fazer você perder seu distintivo!

– Não, não faça isso! – Scorpius Malfoy estava nas minhas mãos.

– Você sabe muito bem que eu poderia – ameacei.

– Mas não vai – ele sorriu marotamente.

Sua confiança era quase uma ofensa.

– Como você pode ter tanta certeza?

– Ora, porque... – ele passou um braço por cima dos meus ombros. Lancei-lhe um olhar mortal que não o intimidou. – Lá no fundo, sabe que é uma pessoa legal e não é dedo-duro.

– Não tem essa de dedo-duro! – berrei, desvencilhando-me dele. – É meu dever como monitora reportar comportamentos inadequados e o seu está no topo dos piores possíveis!

– Ah, vamos, Weasley! Você realmente acha que ninguém nunca fez nada de errado desde que começamos a monitorar? Novidade pra você: já fizeram.

– M-mas... Eu vigio tão bem e... Eu nunca vi nenhum sinal... Bom, o que quero dizer é que tudo que euvi, eu reportei.

– Ah, eu duvido. Sua amiguinha Kate Smeath não é das mais santas… Nunca encobriu nada dela? Eu realmente duvido.

Ele tinha razão. Eu já havia livrado Kate de belas encrencas e nunca a denunciei, mesmo com algumas de suas escapadinhas do dormitório à noite. Eu não via Kate como uma garota "dada", nem nada. Ela era minha amiga, afinal de contas. Entretanto, a loira já havia tido alguns (vários) namorados e, bem… Ela nunca fora nenhum exemplo quando a questão era se conter, se entendem a sutileza.

Inspirei fundo, derrotada.

– Eu acredito que seja a primeira vez que você comete uma infração dessas – eu ia dizendo. Ele acenou positivamente com a cabeça. – Então, que não se repita. Na próxima, se passar das onze e você não estiver aqui, nem espere me ver quando voltar… Vá pra sala da diretora que é lá que você vai me encontrar!

– Você é cruel, Weasley – o loiro me fitou com um espanto forçado. – Mas valeu! – abraçou-me num impulso.

Eu senti minha face queimar por inteiro, ficando paralisada. Ele... Ele... Estava realmente me abraçando? Só quando se afastou que se tocou do quão, er… Inapropriado havia sido seu gesto. O momento ficou extremamente constrangedor.

– Certo, hã… Boa noite – ele acenou vagamente com a mão, se dirigindo ao seu quarto.

– Ah, tchau – olhei-o de relance, ainda petrificada por causa do abraço.

Quando ouvi o bater da porta, desabei no pequeno sofá em frente a lareira.

– Hunf… Mas que irresponsável! E sou sempre eu que banco a chata… Ah, também! Estava errado, queria o quê? – meus pensamentos então tomaram um rumo inesperado. Ainda podia sentia o calor de seus braços... – Ele cheira bem… - eu sorri de lado. "É O QUE HEIN!?" – Rose, acorda pra vida, mulher! – bati no meu próprio rosto. Devia ser o sono, afinal, já era de madrugada e... Ah, eu não estava legal.

–x--x--x--x-

Narrado por Scorpius

Acordei no dia seguinte parecendo nem ter pregado os olhos. Cara, era uma droga acordar cedo... Ainda mais dormindo no horário que eu tinha dormido.
Abri a porta do meu quarto no mesmo momento que a Weasley abriu a do dela. Ambos ficamos surpresos, recuando um pouco.

– Bom dia – ela disse por educação.

Senti-me estranhamente bem-humorado.

– Bom dia – retribui o cumprimento. A grifinória não estava totalmente pronta, com alguns botões da blusa abertos, tentando dar o nó da gravata.

Vocês que me perdoem, mas eu estava olhando pra ela. Sim, estava olhando seu decote na maior "cara de pau" e não podem me censurar, os instintos falavam mais alto! Eu não sabia que ela tinha toda aquela comissão de frente…

– O que exatamente você está fazendo? – a ruiva me interrogou, irritada. Droga, não conseguia parar de olhar! – Oh meu Deus! – percebi que ela havia sacado. – Seu... Seu…

Fiquei piscando insistentemente até que consegui redirecionar meu olhar para outro local, mas não a tempo de impedir o tapa que levei no rosto.

PAF!

– Tarado! – Weasley saiu, batendo o pé e abotoando a camisa.

Aquilo estava ficando perigoso. No fim das contas, dividir o mesmo espaço com a Weasley poderia ser mais complicado do que eu pensara…

–x--x--x--x-

– Meu amigo, você é um homem de sorte! - Mark admitia, nos corredores. – A Scott é realmente… - ele desenhou suas curvas no ar. – Wow!

– Eu sei, que noite! – meu sorriso de satisfação era inevitável.

– Isso aí, cara! Tá podendo hein? – me deu uma cotovelada leve. – Pelo que sei dela, é bem exigente pra escolher.

– Como assim? – fiquei intrigado.

– Ah, ela só pega veteranos e de preferência com um certo status na escola. E tendo os títulos que você tem, acho que dá pra dizer que você se destaca do resto…

– Só um segundo – o interrompi. – Você quer dizer que ela só tá saindo comigo, porque eu sou monitor, capitão do time de Quadribol e tecnicamente um cara mais velho?

Ele ficou alguns segundos pensando.

– Bom, sim. Mas acho que vale a pena se fazer de otário por uma noite de sexo – deu os ombros, rindo.

– Não! – agora eu tinha ficado zangado. – Assim eu até me sinto… Me sinto…

– Usado?

– É!

– Mas tecnicamente você também está usando ela, ou vai dizer que tá apaixonado?

Droga, ele havia me pegado. E percebeu isso na minha expressão culpada.

– Pois é, amigo – apoiou a mão no meu ombro. – A vida é dura, mas a gente tira vantagem do que pode. Por isso, não fique se sentindo mal por ela só querer você por futilidades… Ela te ofereceu algo em troca e a menos que você seja muito burro, não vai recusar né? – piscou pra mim.

Então alguém esbarrou em Mark. Ele cambaleou, quase caindo no chão.

– Ei, otário! Vê se presta mais aten… Uvinha querida! – ele era meio bipolar, não acham?

Dominique Weasley revirou os olhos, realmente impaciente.

– Sentiu minha falta? - Mark perguntou, esperançoso.

– Por mais tempo que eu passe sem te ver nunca é tempo demais.

Ele pediu pra ouvir aquilo. Para que se torturar assim?

– Como vai você?

– Eu estava bem, até agora – a garota falava quase com rancor.

Incrivelmente, Mark continuava sorrindo, inabalado.

– Eu andei pesquisando sobre você ultimamente…

– Você quer dizer que andou roubando minhas calcinhas de novo?

– NÃO! Que tipo de cara acha que eu sou?

– Do tipo impossível de repelir.

– Nisso você está certa! Mas enfim, eu soube que você não tem acompanhante pro baile… - seus olhos brilhavam.

– Eu não vou a essa droga. Odeio festas.

– Isso porque você nunca foi a uma festa com o Mark aqui! E aí, o que me diz?

A loira de mechas roxas riu maldosamente.

– No dia em que eu for a algum lugar em sua companhia, não se anime muito. Deve ser apenas um clone menos esperto e com algum problema sério de miopia.

– Você é má, garota – Mark a encarava, sério. – E eu gosto disso.

– Vai. Se. Danar - mostrou o dedo médio para ele e saiu andando.

– Sabe o que eu mais acho graça em você? – Mark berrava para que ela o escutasse. – Você é péssima em disfarçar! Por trás desse exterior áspero, há uma Dominique muito frágil. Todo esse sarcasmo é só a sua forma de evitar que as pessoas percebam a sua fraqueza.

A corvinal parou de andar e se virou, analisando o meu amigo.

– Por que você não cuida da sua vida que eu cuida bem da minha? – ela indagou e só então partiu.

– Fragilidade interior? Cooper, acho que você precisa de um novo hobbie – arqueei uma sobrancelha. – Já deu de perseguir essa garota…

Ele bufou.

– Só quero ajudá-la. Ela nunca vai conseguir sozinha… Se demorar muito tempo, pode ser tarde demais.

Pus-me a sua frente, segurando-o pelos ombros.

– Eu repito: Novo. Hobbie.

– Nah… Nem rola.

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Notas finais do capítulo

Eles pareceram se dar melhor nesse capítulo né? Esperem pelo próximo, nem tudo é às mil maravilhas... Lembrando que eu amo os seus reviews e eu funciono a base deles, então: don't be lazy, review :D