Vale Tudo escrita por Anna C


Capítulo 14
Mentiras, Mentiras...




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Narrado por Rose

As coisas estavam indo bem entre nós, eu não podia reclamar. Talvez ele estivesse realmente gostando de mim. Porém, aquela irritação familiar sempre voltava. Não gostava de mentiras, por que o nosso relacionamento tinha que ser uma?

Sem tempo para arranjar mais problemas na minha vida, havia um ainda que tinha que resolver e com urgência: Katheryn Smeath. Estava tudo esquematizado. Eu aguardava parada na frente da porta do Salão Principal. Vi quando o primeirista a quem prometi 15 sicles se sentou a frente de Kate e, quando ela ficou distraída, colocou em seu suco a poção da verdade contrabandeada do estoque do Professor Slughorn – que consegui com uma ajudinha de meu namorado. Ele se levantou como quem não quer nada e, ao passar por mim, fez um sinal positivo com a mão, sorrindo discretamente. Certo, fase dois.

Kate terminou o almoço e deixou a mesa. Abordei-a de surpresa.

– Kate, precisamos conversar – eu disse.

– Não quero falar agora – ela respondeu, sem saber que falava com sinceridade.

– Você não pode fugir.

– Bom, mas posso tentar. – Apressou o passo, assim como eu.

Bloqueei sua passagem para um corredor, obrigando-a a mudar sua rota. Fiz isso continuamente, parecendo uma barata tonta, até ela seguir pelo caminho que eu queria. Finalmente e já extremamente irritada, ela entrou na sala certa. Tudo bem, fase três.

– Ok, Rose – ela se virou para mim – Fala logo.

– Bom, vou dar a chance de você se explicar.

– Não quero me explicar – Kate deu os ombros.

– Anda, Kate. É mais fácil assumir seus erros. Simplesmente assuma! Você está usando o meu primo há meses.

– Sim – ela respondeu, sua expressão vazia.

– Por quê?

– Para ele não me dedar sobre o Professor Daniels, é claro. Se ele estivesse todo apaixonado por mim, não escutaria a ninguém, nem mesmo você. E como ele é fácil de enganar... Nem precisei de uma poção e ele caiu feito um patinho... Não era o meu plano inicial, mas depois que o beijei para me livrar do McKenzie no baile, ele não saía de perto de mim. Tinha que fazer disso uma vantagem.

– E a história do professor... Também é mentira.

– Ele se recusou a me ver de novo! Eu o procurei diversas vezes, mas ele não me recebia. Nunca fui rejeitada na vida, você sabe.

– Kate, você fez um homem ser preso! Tem noção da gravidade disso?

– Eu não ligo, ele bem que mereceu. Pouco antes do Ano Novo, eu invadi sua sala. Nós discutimos feio, ele até gritou comigo, não pude suportar. Bati em seu rosto. – Kate começou a chorar, mas eram definitivamente lágrimas de raiva. – Então, Michael disse que nunca mais dirigiria a palavra a mim e que só ficaria no mesmo local que eu quando necessário. Ah, mas eu queria fazê-lo pagar! E foi o que fiz. – Ela deu uma risada sinistra e insana. – Eu amassei e rasguei minhas roupas, fiz a melhor expressão de coitada e procurei a McGonagall. Velha burra. Não precisei falar duas vezes a história e ele já estava trancafiado em Azkaban.

– Bom, Srta. Smeath, que bom que a "velha burra" conseguiu descobrir a verdade.

A voz de McGonagall surgiu do canto da sala e, em seguida, a própria desfez o seu perfeitamente executado Feitiço da Desilusão, com Mark logo atrás de si. Ela sustentava um sorriso irônico nos lábios.

– Surpresa, senhorita?

E de fato, o queixo de Kate estava no joelho. Seus olhos, que antes transmitiam um esquisito brilho maléfico, agora estavam aterrorizados e arrependidos.

– Cachorra.

Albus surgiu de trás de uma escrivaninha. Scorpius, que ficara encarregado de trazê-lo até lá, estava ao seu lado. Kate já não sabia para quem olhar, seus lábios trêmulos tentavam articular alguma frase.

– Tantas mentiras... Era de se esperar que sua máscara caísse, cedo ou tarde. – Sorri com gosto.

– Bom, acho que seria apropriado que a senhorita me acompanhasse até o meu escritório. Acredito que temos alguns assuntos em pendência. – McGonagall foi até a porta. Kate tinha dificuldade em sair do lugar. – Srta. Smeath, se tiver a bondade...?

Kate olhou para todos nós com um misto de raiva e frustração e, após bufar batendo com o pé no chão, seguiu a diretora.

– Ah, Sr. Cooper! – a diretora o chamou antes de sair. – Poderia mandar uma coruja para Azkaban e resolver a situação do professor? Acho que ele ficará bastante grato.

– Sim, senhora – ele respondeu prontamente, piscando para mim e Scorpius antes de deixar a sala também.

Ficamos então apenas eu, o loiro e meu primo ali. Scorpius quebrou logo o silêncio.

– Nossa, isso foi... Tenso – como meu namorado tinha jeito com as palavras.

Olhei para Albus. Estava triste e, ao mesmo tempo, revoltado. Aproximei-me deles.

– Desculpe por não ter te explicado antes, Al.

– Não, tudo bem. Ela tem razão, eu estava cego demais para acreditar em qualquer coisa. Teria sido inútil.

Coloquei uma mão solidária no seu ombro e dei um sorriso.

– Você merece coisa bem melhor, acredite.

Ele deu de ombros.

– É, suponho que tenha coisa melhor por aí que uma piriguete mentirosa.

– Piri- quê?

– Tanto faz. Bom, eu vou me recuperar.

Eu e Scorpius sorrimos para ele.

– Então... – Albus continuou, entretanto, nos olhando com estranheza. – Vocês estão saindo há muito tempo ou...?

Senti minhas bochechas queimarem e pude ver que Scorpius também ficara levemente corado – e olha que ele não era muito disso.

– Bem, er, nós... – balbuciamos juntos. Entreolhamo-nos.

– Vocês não querem que eu acredite que de repente fizeram uma trégua pra combater as ex-melhores amigas do mal, não é? Nem eu sou tão idiota.

– Não achamos que você é idiota – eu disse, franzindo a testa.

– Na verdade, eu nunca disse que não achava... – comentou Scorpius, levando um tapa meu na orelha logo depois. – EI!

– Se não for ajudar, não diga nada.

– Eu estou tentando ajudar.

– Ok, dá pra alguém me inteirar da situação? – Albus perguntou.

Suspirei, dando um último olhar para Scorpius antes de dizer:

– Nós estamos namorando.

– Rose! – Scorpius brigou comigo.

– O quê?

– Você contou!

– Sim, contei. Como acabamos de ver aqui, mentiras demais só complicam! Melhor confessar tudo de uma vez antes que vire uma enorme e incontrolável bola de neve.

– É, mas a gente tinha combinado que ninguém iria saber. Só falei para o Mark porque ele é meu melhor amigo.

– E Albus é meu primo!

– Não é a mesma coisa.

Balancei a cabeça negativamente, irritada.

– E por que ele não pode saber? Por que todos não podem saber?

– Isso é, tipo, muito estranho. – Albus coçava a cabeça, como se ainda tentasse entender.

– Viu? É por isso que ninguém deve saber. É simplesmente contra as leis da natureza, nós não devíamos estar juntos. – Scorpius disse e eu fiquei extremamente ofendida.

– Você está dizendo que não queria estar comigo, é isso? Que preferia estar com aquela tal de Wendy Scott-qualquer-coisa?

– Pessoal, eu ainda estou aqui – disse Albus, mas nem lhe dei atenção.

Scorpius abriu e fechou a boca umas três vezes antes de responder, parecendo indignado com o meu questionamento.

– Mas o quê...? Rose, não distorça o que eu disse. Eu só quis dizer que a vida seria bem mais fácil se não estivéssemos juntos, não é como se meu pai fosse pular de alegria se soubesse.

– É sobre isso de novo? Sobre nossas famílias? Por que você ainda liga? Já faz meses que estamos nessa, está na hora de parar de esconder.

– Eu não posso. É complicado demais...

Senti um nó na garganta. Meus olhos ficavam úmidos.

– Mesmo? Eu só achei que depois de todo esse tempo, afinal já é quase Páscoa... Eu achei que... Ora, eu nem sei o que achei.

– Rose, por favor, não... – ele ia limpar as lágrimas que começavam a escorrer. Eu o afastei.

– Não! Eu achei que você fosse melhor que isso.

Ele ficou me encarando, sem saber o que responder. Então me toquei de que Albus estava vendo toda a cena.

– Albus, o que você ainda está fazendo aqui? – perguntei com pouca sutileza.

Albus olhou para os lados e sua ficha caiu.

– Ah, sim! Desculpa, eu tô... Tô saindo – ele deu um rápido aceno e se foi.

Voltei minha atenção para Scorpius. O loiro continuava calado.

– Acho que também já estou indo... – fui andando.

– Rose, espera! – ele disse.

– Eu não posso esperar você crescer. Será que você não entende?

–x-x-x-x-

Narrado por Scorpius

Depois disso, Rose não queria mais absolutamente nada comigo. Bom, não que ela não sentisse mais nada por mim, mas ela estava mantendo sua palavra em se manter afastada. Nunca pensei que isso fosse me afetar tanto. Ela fazia muito mais falta do que eu achei que fosse fazer. Principalmente nas horas do dia em que costumávamos passar nosso tempo juntos. A nossa sala comunal sempre parecia miseravelmente vazia. Era insuportável ver sua porta sempre trancada. Começamos até a fazer as rondas da monitoria separados... Eu logo percebi que Rose havia se tornado tão importante que nada era igual sem ela. Isso tudo soava tão brega, mas era verdade.

– Eu preciso dela de volta, cara – confessei a Mark, enquanto tomávamos um firewhisky no Três Vassouras.

– Ok, você precisa dela. Então, o que você está fazendo aqui comigo? Você nem bebe! – Mark disse, inconformado.

– É difícil... Ela quer que eu assuma o nosso relacionamento, mas eu não posso. Você mesmo disse, meu pai vai me matar.

– Foda-se! Ela é sua namorada, você quer estar com ela e pronto. Se ele quiser te deserdar, que o faça. Já chega de seguir cada ordem do papai, você tem que tomar decisões por você mesmo.

– Não é tão simples – revirei os olhos.

Mark inspirou fundo.

– Tudo bem, não é a coisa mais fácil do mundo. Pode ser que ele arranque os cabelos e saia distribuindo Avada pra todo lado, apesar de que eu realmente duvido. Bom, e daí? Scorpius, o que eu quero dizer é, vale a pena?

– Como assim?

– Scorpius, você ama essa garota?

Mark me encarava com seus olhos castanhos, esperando uma resposta.

– Eu... Eu não sei, cara.

– Vejamos. A vida fica uma merda sem ela?

– É, fica sim.

– Cada segundo que passa e ela te olhando daquele jeito triste e decepcionado... Isso incomoda?

– E muito!

– Você deseja desesperadamente que ela te dê um sorriso, um bem pequeno mesmo, porque mesmo isso já faria o dia melhorar?

– Verdade, sinto falta do sorriso dela.

– E de que mais?

– De tudo, Mark! Eu a quero de volta. Ela pode até conseguir ficar sem mim, mas essa situação me detona!

– Então, eu vou repetir minha pergunta: você a ama?

Franzi a testa e depois relaxei, o olhando.

– Sim. Eu acho que... Espera, eu não acho. Eu a amo!

Mark deu um sorriso orgulhoso.

– É disso que eu estou falando.

– Eu a amo, Mark! De verdade.

– Então, tá esperando o quê? Vai atrás dela, meu amigo! Fale isso para ela!

– Vou fazer isso – peguei o casaco e me levantei. Deixei algum dinheiro no balcão e segui para a porta.

– Corra, Scorpius! Ela não vai esperar para sempre – apenas o ouvi berrando e segui de volta para o castelo.

–x-x-x-x-

Eu estava positivamente certo do que sentia. Era tão difícil eu admitir meus sentimentos, eu mal acreditava que aquilo era mesmo verdade. Eu amava Rose Weasley. Não saberia dizer quando comecei a ama-la, mas eu precisei que ela se afastasse de mim para perceber. Mas não cometeria esse erro duas vezes. Eu faria o que fosse necessário para tê-la de volta, mesmo que isso custasse caro.

Tudo bem, ela estava me evitando. Já fazia quase uma semana que não nos falávamos e minha falta de ação não deve ter dado uma boa impressão. Mas agora, bastava que eu a visse e eu saberia o que dizer. E para isso, eu precisava encontra-la, o que se mostrava quase impossível.

Fiquei sentado no sofá da sala comunal, aguardando. Ela teria que aparecer mais cedo ou mais tarde, pois ela ainda tinha que voltar para o quarto para dormir. Esperei, esperei, e... Caí no sono.

Um rangido me despertou do que pareceu um cochilo de cinco minutos. Olhei em volta. Rose estava fechando a janela que estava escancarada. Lá fora, já era noite. Meu cochilo de cinco minutos devia ter durado umas três horas no mínimo.

Rose notou que eu havia acordado. Seu rosto estava inexpressivo.

– Só estou fechando a janela. Eu não queria que morresse congelado. – Rose declarou, ainda que nem estivesse tão frio assim. Já entrávamos na primavera. – Bom, não que importe.

Levantei, me aproximando.

– Rose, nós temos que conversar.

– Temos? – ela começou a demonstrar um pouco de raiva.

– Sim.

– Sobre o que exatamente? Achei que estava tudo muito claro, para ser sincera. – Ela tentava se manter inflexível, de braços cruzados.

– Sobre nós.

– Nós? Será que isso já existiu? Não para o resto do mundo, pelo menos. Se eu perguntar para qualquer um...

– Eu te amo, Rose – a interrompi, falando mais alto.

Ela ficou muda e abriu a boca levemente. Deixou cair a expressão dura e agora havia ficado sensibilizada.

– O-o quê?

– Eu te amo. Mas odeio a forma com que você me faz sentir quando não fala comigo, quando me olha daquele jeito frio, quando não está por perto. Porque eu preciso de você. Droga, eu preciso! Eu farei qualquer coisa, Rose, qualquer coisa. Eu não ligo para o que ninguém pensa, eu ligo para o que você pensa. E não quero mais que me ache um grande idiota covarde.

Rose estava chorando de novo, porém, não acreditei que fosse por estar zangada comigo desta vez.

– Então...

– Então, eu quero que todos saibam. Quero que saibam que estamos juntos, gostem ou não. E se não gostarem... Ah, eles podem se foder. Porque você vai ficar comigo, não vai?

Ela me olhou e sorriu, balançando a cabeça em confirmação.

– De todo modo, você me perdoa? – perguntei, esperançoso.

Rose não respondeu, apenas me puxou pelo pescoço e me beijou. Beijou-me de tal forma, que com certeza compensou uma semana sem beijos.

– Perdoo, perdoo sim.

Colou nossos lábios novamente, acariciando meus cabelos e minha nuca. Então, uma de suas mãos escorregou para dentro da minha camisa e deslizou pela minha clavícula, logo depois para o meu tórax. Sentindo a camisa sair dos meus ombros, parei Rose.

– O que está fazendo? – segurei seus pulsos.

– Confie em mim – ela se desvencilhou, se aproximando novamente.

– Espera – a olhei nos olhos.

Rose ficou parada por alguns instantes, mas sorriu.

– Tudo bem, eu quero. Eu sei que posso confiar em você, não posso?

– Sim, sempre.

Ela chegou mais perto, roçando seus lábios nos meus.

– Eu também te amo – ela sussurrou.

Tomei-a em meus braços e beijei-a mais uma vez. Sem que sua boca se separasse da minha, Rose me guiou até meu próprio quarto e abriu a porta. Fiz uma trilha de beijos pelo seu pescoço, enquanto ela tirava minha camisa e passava as mãos por minhas costas inteiras.

– Seu quarto é uma bagunça – ela comentou, quando desviamos de uma pilha de livros para poder chegar à cama. – Bom, isso não importa agora.

Rose se jogou sobre os lençóis e eu a acompanhei.

Eu a queria. Muito. Se era esse o desejo dela também, eu adoraria torna-lo realidade.

–x-x-x-x-

Narrado por Rose

Acordei de madrugada num lugar estranho. Não era o meu quarto. Era o de Scorpius Malfoy. Fiquei analisando os pôsteres nas paredes, o material escolar espalhado por aí. Vi peças de roupa jogadas em diversos cantos, a minha gravata vermelha e amarela pendia no lustre e eu tive vontade de rir. Finalmente, olhei o rapaz deitado de costas para cima, dormindo pesadamente. A sua franja caía sobre um dos olhos, então eu a ajeitei. Ah claro, ele estava completamente nu, apenas um lençol o cobria da cintura para baixo. O mesmo lençol que eu usava para esconder meu corpo também despido.

Aconcheguei-me ao seu lado naquela cama estreita e beijei-lhe o ombro. Fiquei acariciando o ponto do beijo com o polegar.

– Tudo vai ficar bem, nós vamos ficar bem – eu disse baixinho ainda que ele não me escutasse.


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Notas finais do capítulo

N/a: Eu sei, eu sei, toca Queen aí: Is this the real life? Is this just fantasy? Meu, eu tinha o gif perfeito pra isso.
Nossa, será que tem desculpas que valham quando se fica tantos meses sem postar? É, foi o que pensei. Bom, acho que tenho que parar de prometer as coisas e deixar rolar. Terá próximo capítulo quando tiver, afinal. Pode ser semana que vem, mês que vem, espero que não no ano que vem! Quero terminar a fic e pretendo. Ela não está muito longe do fim e já tenho uma noção do que vai acontecer nos próximos capítulos.
Espero que ninguém fique chocado com o sexo, porque pelamor, eles são adolescentes e tem hormônios lol Aliás, eu já planejava isso há algum tempo. Bem, fora isso, a Kate finalmente foi desmascarada aleluia, porque tava mais do que na hora , o Albus ficou desiludido, tadin. Não acho que me estenderei muito mais com ele, acho que a história dele já foi finalizada (não que ele não vá mais aparecer, pois vai sim). Vocês podem esperar uma Páscoa agitada para o próximo capítulo. Chegou a hora da revelação ooh! :o
That's all folks xx