Vale Tudo escrita por Anna C


Capítulo 13
Dia Dos Namorados, Argh!


Notas iniciais do capítulo

Me superei: 5000 palavras :o



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Narrado por Scorpius

Poucos dias depois, faltando apenas uma semana para o Dia dos Namorados, recebi uma carta do meu pai. Não que houvesse algo de errado nisso, afinal, ele me escrevia a cada duas semanas ou às vezes uma vez por mês. A única coisa que havia me intrigado tinha sido a seguinte frase:

"Fique atento. Você ainda é um Malfoy."

Digo, que droga ele quisera dizer? A frase estava lá, totalmente aleatória e sem sentido. Uma hora ele estava contando algo sobre minha avó Narcissa e, de repente, isso apareceu. Eu o conhecia bem o suficiente para saber que havia algum significado importante naquelas palavras, não estariam lá por acaso.

Fiquei com receio de que meu pai já soubesse de tudo. É claro que não era possível, mas que outra razão haveria? Eu precisava de algum conselho.

Mark. Eu tinha que contar tudo para ele. Rose que me perdoasse, mas estava difícil fingir o tempo todo para o meu melhor amigo. Há tempos que ele me percebia distante e dava para ver que estava chateado, sabia que eu escondia alguma coisa.

Resolvi procura-lo naquele fim de tarde e foi mais fácil do que imaginei. Logo o localizei sentado num dos bancos dos jardins, acompanhado de Dominique Weasley, que estava no seu colo.

Tudo bem, talvez eu devesse voltar em outro momento e... Não! Se toda vez eu arranjasse um motivo para não falar, ele não saberia nunca! Mesmo assim a situação era desconfortável.

– Cooper, que exagero... – a ouvi falando.

– O que foi? Então, eu compro outra coisa. – ele respondeu.

– Tanto faz, eu não me importo com presentes caros, já deve saber disso...

– Eu sei, mas é o nosso primeiro Dia dos Namorados!

– Ora, ora... Quem diria que Mark Cooper era um cara romântico e sensível.

– Uvinha, eu posso ser um perfeito cavalheiro quando quero.

– Mesmo? Eu gosto bem mais dos malvados...

– Posso também ser terrível.

Eu sabia que se eles começassem a se beijar, nada os separaria tão cedo. Por isso, me aproximei do casal bem no momento que seus lábios se tocariam.

Caham! – pigarreei para que notassem minha presença.

Os dois olharam para cima, Dominique parecendo que torceria o meu pescoço se pudesse.

– Sempre chegando na hora certa.

– Preciso falar com o Mark. – ignorei o seu comentário, olhando para o meu amigo.

Dominique se levantou de má vontade.

– Vejo você depois. – ela falou para Mark e foi embora.

– Então... – me sentei ao seu lado, não sabendo por onde começar. Não conversávamos decentemente fazia algumas semanas. – Parece que você e a Weasley têm estado firmes, hein Cooper.

– É... – respondeu, parecendo confuso. Não dava para culpa-lo, eu também estranharia depois de todo aquele tempo.

– Mark, preciso te contar uma coisa que venho escondendo. Tá, eu vou ser direto... Bom, eu e Rose Weasley estamos meio que...

Eu via o sorriso de lado que ele começava a dar, só esperando pela minha confissão mesmo que a essa altura já soubesse do que se tratava. Idiota, só me deixava mais nervoso...

– O quê? Estão o quê, Malfoy?

Eu detesto admitir, mas estava começando a corar.

– Ah, estamos meio que... Namorando.

Mark se boquiabriu e ficou naquela posição por alguns segundos. Então, aquela sua gargalhada escandalosa e exagerada começou a soar por todo o jardim, assustando quem estava de passagem por nós. Eu o odiei profundamente naquele momento.

– Chega, Cooper! Já deu! Se controla! – soquei seu braço.

Ele só se calou, porque eu realmente caprichei na força do soco.

– Ok... – ele respondeu num fio de voz, o maldito sorriso ainda estampado em seu rosto. – Eu sabia que você ia ceder àquela ruiva. Não dá pra resistir a essas Weasleys, eu sei bem disso.

Ainda estava meio zangado, mas assenti.

– Desde quando, só pra saber? – ele perguntou.

Eu encarava o chão, pensativo, enquanto mexia distraidamente com as mãos. Reprimi um sorriso quando me lembrei daquele dia em que ela havia me beijado de surpresa e eu não a repeli. Fora naquele dia.

– Depois do jogo.

– Você contou pra ela que havia mentido pra McGonagall?

– Foi, então aconteceu. Eu sei que é meio óbvio, mas não custa reforçar... Você não pode contar para ninguém, nem pra sua "uvinha", entendeu? – meu tom era um pouco ameaçador.

– Tudo bem! – Mark ergueu as mãos na altura da cabeça. – Desde o primeiro ano eu já podia ver as faíscas...

Revirei os olhos, mas ri levemente. Então, me lembrei de algo importante.

– Mark, eu estou achando que meu pai está desconfiado.

O moreno ergueu uma sobrancelha.

– Por que acha isso?

Narrei todo o episódio ocorrido na reunião de ex-monitores, colocando o máximo de detalhes que pude me lembrar sobre o momento em que o erumpente entrou de penetra na festa.

– ... Então ele pôs aquilo na carta. É realmente estranho, ele não colocaria sem uma razão.

Mark coçava o queixo, pensando em algo para dizer.

– É... Pode ser. Só tem um detalhe, Scorpius.

– Qual?

– Se você e a Weasley continuarem juntos por mais tempo, então vai se tornar mais sério o lance. Você vai ter que contar a ele. – nunca vi Mark falar tão sério.

Engoli a seco, só de imaginar a cena.

– Mas não sabemos o que vai acontecer! – disse ele, por fim. – E aí? Vai comprar o que para a sua namorada?

– Ei, pera aí! Eu disse que estamos meio que namorando. Não é exatamente oficial...

Meu amigo riu baixo, mais para si.

– Que é? – não entendi o motivo da graça.

– E a Weasley sabe que não é bem "oficial"?

– Ah, ela deve saber... Quer dizer, nunca nos referimos um ao outro como "namorado" e "namorada". E eu nunca cheguei nela e a pedi, ou coisa assim...

– Tsc, tsc... – ele balançou negativamente a cabeça. – Já estou até vendo a ruivinha chegando com um enorme embrulho no Dia dos Namorados, com aquele olhar todo esperançoso e você, pagando de idiota e de mãos vazias.

Entrei em desespero imediato.

– Você acha que ela vai comprar alguma coisa pra mim?

– Se eu acho? A Weasley tem cara de ser dessas românticas incuráveis que escrevem cartõezinhos repletos de corações e glitter, com frases clichês e melosas.

Fiz uma careta.

– Não sei bem o que faria se recebesse um desses.

– Eu iria vomitar. Não, acho que eu ia rir mesmo da cara da coitada...

Ergui as sobrancelhas e afundei mais no banco que estava sentado.

– Ótimo. Agora eu tenho que pensar num presente. Ah, e pensar no que dizer se eu receber um cartão... Desse tipo.

–x-x-x-x-

Narrado por Rose

O que eu estava planejando fazer ia totalmente contra os meus princípios. Se o Slughorn descobrisse que eu havia sequer pensado em roubar um pouco do seu estoque de Veritaserum, a poção da verdade, eu poderia dizer adeus ao meu distintivo de monitora. Mesmo sendo um verdadeiro absurdo, era por uma boa causa.

Porém, o plano ainda era apenas coisa da minha cabeça. Mais tarde eu poderia esquematiza-lo melhor com a ajuda de Scorpius.

Enquanto isso, eu estava em Hogsmeade com o meu irmão mais novo. Estávamos lá pelo mesmo motivo, porém, ele não sabia sobre mim. O acompanhei com o pretexto de ajuda-lo com um presente para Lily.

– Você acha que ela ia gostar de chocolates ou algo assim? – perguntou Hugo, olhando para a Dedosdemel.

– Me parece o tipo de coisa que você gostaria de ganhar, Hugo.

– Droga, você tem razão. Ah, não sei! – ele se descabelava.

Ri do seu desespero, não por maldade, mas é que a cena era mesmo cômica.

– A Lily pode ser durona de vez em quando, mas sei que ela tem um lado bem delicado também. Podia comprar um colar ou uma pulseira bonitinha. Acho que é o tipo de coisa que ela iria gostar... – comentei.

– É, isso... Vou comprar algo delicado pra ela.

– Tem uma lojinha que tem essas coisas lá no fim do vilarejo. É só seguir reto, não tem como errar!

– Como é? Você vai me abandonar? O que eu vou fazer sem você por perto pra me ajudar?

– Quanto drama! Eu também tenho coisas pra comprar... – revirei os olhos.

Hugo me encarou, desconfiado.

– Tem algum namorado secreto, maninha? – ele cruzou os braços, esperando pela minha resposta.

Eu dei uma risada irônica para disfarçar e ajeitei meu cachecol.

– Até parece, né... Vou lá na Loja de Penas Escriba. Eu vi uma pena linda de pavão na vitrine. E depois talvez passe na Dervixes e Banques para comprar umas luvas novas.

Ele pareceu menos desconfiado. Após insistir mais um pouco para que eu o acompanhasse, deu-se por vencido e foi sozinho.

Mas Hugo estava certo, afinal. Era até engraçado pensar em Scorpius como meu namorado secreto... E eu não fazia a menor ideia do que comprar para ele. Com toda certeza eu lhe faria um cartão, porém, só isso me parecia muito pouco.

Então, um casal passou na minha frente conversando audivelmente.

– Podemos ir a outro lugar, daí você escolhe! – o garoto sugeriu.

– Eu não queria escolher, eu queria que você me fizesse alguma surpresa... – a garota enlaçou fortemente seu braço.

– Como assim? Quer que eu faça o presente c om minhas próprias mãos? – ele disse, fazendo-a rir.

Foi quando me veio a ideia. Era isso! Eu não iria comprar o presente, eu iria fazê-lo. Quer mais originalidade que isso? Só esperava sinceramente não ter puxado minha mãe na habilidade para tricô.

–x-x-x-x-

Ainda naquela semana, eu teria aula de Adivinhação. Não querendo menosprezar a matéria, mas ela nunca foi minha favorita, principalmente pela forma que a Profª Trelawney a ensinava. Eu devia ter me inscrito em Trato das Criaturas Mágicas... Já não estava muito animada e, para melhorar, eu fazia grupo com Albus e Kate. Estava sendo complicado ficar ao lado dela sabendo de tudo que eu sabia e, ainda por cima, apenas observando enquanto ela fazia meu primo de idiota.

Enzzo tinha razão quando disse que estavam juntos. Agora que eu estava mais atenta, conseguia reparar em alguns deslizes da parte deles, pequenos deslizes que faziam todo sentido.

Sentei a nossa mesinha habitual, não levantando o olhar para nenhum deles e nem mesmo sorrindo. Deviam estar se acostumando com meu comportamento mais azedo, porque sequer reclamaram dessa vez. Logo a professora começou com uma explicação pouco convincente – pelo menos para mim – sobre como os astros afetariam aquela semana para os nascidos sob o signo de Sagitário e Escorpião, e nos mandou observar pelos telescópios.

– Quer olhar primeiro, Rose? – Albus perguntou, parecendo até ter medo de mim, como se eu fosse ataca-lo ou algo assim.

Dei de ombros, me aproximando do aparelho. A tarefa era achar Urano, mas estava impossível localiza-lo.

– Srta. Weasley, já encontrou? – a professora veio até mim, com os olhos esbugalhados.

– Ainda não. – eu respondi, me afastando um pouco do telescópio.

Ela apoiou a mão no meu ombro, crispando os lábios.

– A senhorita é igual sua mãe... As duas não possuem o mínimo talento para Adivinhação, o dom da clarividência é algo realmente raro, entende?

– É mesmo uma pena. – dei de ombros novamente.

– Talvez a Srta. Smeath queira tentar...

Kate olhou da professora para mim. Como não fiz objeções, ela foi até o telescópio.

Enquanto Kate tentava encontrar o tal planeta, fiquei pensativa, fitando meu primo. Eu sentia muita pena dele naquele momento. Nunca pensei que Albus fosse do tipo manipulável, mas ele estava se mostrando exatamente aquilo: um fantoche da garota de cabelos loiros e cacheados. Ela o conhecia há tempo o suficiente para saber como lidar com ele.

– Achei. – a loira deu um sorrisinho, satisfeita.

– Sabia que encontraria! – a Profª Trelawney lhe sorriu de volta e foi para outro grupo.

– Ora, não faça essa cara, Rose! – Kate riu. – Às vezes, pode acontecer de alguém acertar algo que você não conseguiu.

– Pois saiba, Katheryn, – dei um passo a frente, ficando cara a cara com ela. – que não me incomodo com os acertos dos outros, mas sim com coisas mais graves.

– Como, por exemplo? – perguntou cinicamente. Ela detestava ser confrontada.

– A falsidade. Lembra alguma coisa? –ergui uma sobrancelha desafiadora. Ela fez exatamente a mesma ação.

Albus resolveu tomar uma atitude e nos afastou, empurrando levemente cada uma para um lado.

– Ei, por que não relaxam um pouco, hein?

– Está insinuando algo, Weasley? – ela enfatizou meu sobrenome.

– Bom, entenda como quiser.

– Não sei o que te fiz para andar me tratando tão mal. Achei que tivéssemos feito as pazes!

– Também achei, mas o tempo passa, informações chegaram ao meu ouvido...

Kate tentou não deixar-se abater, porém, eu a notei recuando ligeiramente.

– Não seria a primeira vez que inventam coisas a meu respeito.

Ri de deboche.

– Quem dera fosse mesmo isso, apenas boatos maldosos...

– Pare de provoca-la, Rose! – Albus colocou-se na frente da garota. Realmente fiquei desencorajada a continuar.

– É, era de se esperar que ficasse do lado dela. – a decepção na minha expressão era nítida. – Você chegou num ponto que não tem mais volta... – ele estava apaixonado.

Albus, apesar de se manter firme no lugar, pareceu confuso e reflexivo.

– Com licença, professora! – berrei para mulher do outro lado da sala. – Vou à enfermaria, estou me sentindo indisposta. – mandei um olhar significativo antes de sair.

É, eu menti, mas não conseguiria aturar aquela garota por nem mais um segundo.

–x-x-x-x-

Narrado por Scorpius

Por volta das cinco da tarde da segunda feita seguinte, após receber a encomenda que continha o presente de Rose, voltei para o dormitório. Por sorte, a ruiva estava fechada no próprio quarto, então não precisei disfarçar nem nada. Com o passar do tempo comecei a me preocupar. Quer dizer, o que ela podia estar fazendo de tão importante naquele quarto que nem podia sair para jantar? Era melhor verificar, saber se estava tudo certo.

Toc. Toc

– Rose, tá tudo bem? – perguntei do outro lado da porta. – Talvez seja melhor eu entrar pra checar… - girei a maçaneta e já ia empurrando a porta.

– NÃO! – gritou e quando olhei já estava caído no chão. Não sei dizer como, mas ela fechou a porta com tanta violência que me arremessou para trás.

– Rose! – reclamei.

– Espera um pouquinho! – ela respondeu, sua voz abafada.

Contrariado, fui até o sofá em frente à lareira e ali me acomodei, esperando até que a grifinória finalmente saísse do seu isolamento.

– Achei que nunca fosse sair… - comentei ao vê-la se aproximando e se sentando ao meu lado.

– Você não podia entrar lá. Primeiro porque não é certo, afinal, é o quarto de uma garota e segundo, porque poderia estragar a surpresa.

– Eu já entrei no seu quarto, não se lembra?

– E sem minha permissão, por sinal!

Revirei os olhos.

– Devo perguntar que surpresa é essa?

– Se quiser pergunte, não vou responder. – Rose sorriu misteriosamente e eu senti os pelos do braço eriçarem.

– Bom, ótimo, porque eu também tenho uma surpresa.

Rose ficou de joelhos no sofá, se inclinando para mim com os olhos arregalados.

– Isso é sério?

– Pode ser… - imitei seu sorriso misterioso.

– Oh Merlin, agora fiquei curiosa… Ok, não me conte, eu espero.

Eu ri, erguendo uma sobrancelha.

– E quem disse que eu ia contar?

– Seu chato... Ah e desculpe, mas mudando de assunto radicalmente, como vamos pegar a poção do estoque do Slugue? Tive uma discussão com a Kate hoje e, argh! Não vejo a hora de desmascara-la.

– A poção da verdade? Deixe comigo. Entro lá amanhã no horário de almoço e te entrego na troca das aulas.

A ruiva fez uma expressão de quem estava impressionada e deitou a cabeça no meu ombro.

– Wow, você está bem programado… Achei que fôssemos discutir isso durante horas até chegar numa conclusão… E se for pego?

– Vou pedir ao Mark pra me dar cobertura. Relaxa aí, ruiva! Eu tenho tudo preparado.

Ela deu de ombros.

– Se você diz…

Ficamos um tempo em silêncio, observando o fogo que crepitava à nossa frente. Comecei a brincar com seus cabelos distraidamente. As palavras de meu pai me incomodavam um pouco menos, especialmente naquele momento. Não dava também para negar que o perfume dela me desconcentrava, nenhum pensamento se fixava, a não ser...

– No que está pensando? – Rose perguntou de repente.

Em você, é claro.

– Ah, várias coisas… - admitir era mais complicado. – E você?

Ela riu, abraçando as pernas.

– Estou morrendo de fome.

Revirei os olhos, já prevendo que aquilo aconteceria.

– Não foi jantar porque não quis.

– Que cruel, Scorpius…

– Daqui a pouco é a nossa ronda da monitoria, podemos dar um pulo na cozinha. Isso se os elfos já não tiverem ido dormir, senão… Ah, daremos um jeito.

Senti quando ela depositou um beijo no meu rosto e aconchegou-se ainda mais nos meus braços.

– Obrigada. Sabe, há poucos meses eu pensava coisas terríveis a seu respeito. Devia estar tão cega pela vontade de te superar que nem me dei a chance de enxergar o seu lado bom.

– Isso não é totalmente verdade… Desde o seu discurso do Ano Novo, bem, eu venho tentando melhorar em vários aspectos. Eu nunca fui perfeito, mas já fui pior, principalmente naquela época.

Então, sem aviso prévio, Rose me puxou pelo pescoço e colou nossos lábios. Não estava entendendo nada, minha única escolha era improvisar também. O beijo durou pouco e ao terminar eu a encarei, totalmente confuso.

– E o que foi isso?

– Sei lá, eu senti uma espécie de orgulho de você, assim do nada. Meu Deus, eu estou mesmo orgulhosa de Scorpius Malfoy? – ela riu de si. – Não pensei que diria alguma frase parecida em toda minha vida.

– Não pensei que ficaríamos algum dia numa posição como essa também, mas... Pois é. – foi quando um pensamento me ocorreu. – Er, Rose?

– Sim?

– Bom, eu preciso te contar uma coisa… Eu falei para o Mark sobre… Sobre nós.

Honestamente, eu achei que a grifinória fosse ter um ataque e gritar comigo, até que eu mereceria. Entretanto, ela apenas ergueu as sobrancelhas em surpresa e disse:

– Você o considera confiável, certo?

Mal acreditando na calmaria em que estava a garota, demorei mais tempo que o necessário para responder.

– Considero, é claro!

Rose sorriu para mim.

– Nesse caso, não vejo problema algum. Ele é o seu melhor amigo, afinal.

– Exatamente – ela poderia ser mais compreensiva que aquilo?

– Também tenho algo para confessar. Scorpius, - Rose me fitou longamente nos olhos, mais seriamente. – eu não gosto de mentir, de me esconder dos outros.

Suspirei, impaciente.

– Pensei que já tivéssemos conversado sobre isso. Quer dizer, estamos juntos mal faz um mês!

– Eu sei, mas… Mas você não acha que o que temos é…? Quer dizer, eu te... – aquele olhar que ela me dava era diferente. Não saberia dizer por que, só sabia que era diferente. Tinha um pouco de desespero, urgência e também de outra coisa que eu não sabia identificar. – Droga! Esqueça o que eu disse. Pensando bem, acho que a fome já passou, estou mesmo é com sono. Tirarei um cochilo antes de sairmos. Até daqui a pouco! – a ruiva afagou levemente meu braço e se levantou, seguindo rapidamente para o quarto.

Eu tinha dito algo de errado?

–x-x-x-x-

Narrado por Rose

Tão, mas tão estúpida! Haveria garota mais idiota que eu? Meu Deus, eu quase disse a frase. Sim, a famosa frase de três palavras. Ainda bem que me refreei a tempo... Realmente não saberia qual teria sido sua reação se me ouvisse falando um "eu te amo", porém, com toda certeza não teria sido agradável. Isso poderia assusta-lo, certo? Mesmo porque eu era única apaixonada, por ali. A única boba que se deixava levar tão facilmente pelos sentimentos.

Adiantando um pouco no tempo, chegou a manhã do Dia de São Valentim, mais conhecido como o Dia dos Namorados. Eu estava remexendo nervosamente o meu mingau, incapaz de colocar uma colherada na boca. Me arrependi de não ter comprado um presente, o loiro iria odiar o que havia preparado para ele...

– Rose, coma um pouco ou não conseguirá parar de pé. – Enzzo aconselhou.

– Ah, eu não consigo. – Larguei a colher e afundei o rosto nas mãos.

– Pra que todo o nervosismo?

Ergui o rosto rapidamente.

– Não é nada. Pelo menos, nada que importe... – mentira.

De repente, uma coruja acinzentada passou por nós, deixando algo cair no colo de Enzzo.

– Caramba, eu nunca recebo nada!

– E o que é? – perguntei, igualmente surpresa.

O garoto ajeitou os óculos no rosto e analisou com atenção. Eu espichava o pescoço para tentar enxergar, pois a mesa entre nós bloqueava a minha visão.

– Meu Merlin – sua voz mal saía e sua face ficava gradualmente mais vermelha.

– O suspense me mata! O que você recebeu?

Ele piscou repetidamente, tentando alinhar os pensamentos.

– U-um ca-cartão. – finalmente olhou para mim. – Um cartão romântico vindo de uma garota.

Sorri, abismada.

– McKenzie, tem uma admiradora secreta?

– É, digo, não sei! Pode ser uma brincadeira, você sabe como implicam comigo... Mas algo desse tipo jamais aconteceu.

– Nesse caso, acho que é autêntico. – me estiquei para lhe dar um tapinha no braço.

– Será mesmo? Mas de quem seria?

Dei de ombros.

– Isso sim que é mistério.

A vermelhidão do seu rosto começava sumir e em seu lugar um sorriso abobado surgia.

– Com licença, Rose, mas tenho que procurar essa garota! – ele se levantou, indo para a saída do Salão Principal.

Wow! Por essa eu não esperava...

Quando o meu apetite começava a voltar, justamente no momento em que eu daria a primeira colherada, Hugo apareceu todo ofegante.

– Rose, você tem que vir comigo!

– Quê?

– Anda, eu preciso te mostrar! – ele me puxou pelo braço e me arrastou até a sala comunal da Grifinória.

Subimos as escadas até finalmente chegarmos ao seu quarto.

– Mas o que aconteceu, Hugo? – eu começava a me preocupar.

O moreno foi até uma cômoda, verificando se o aposento estava vazio antes de abrir a primeira gaveta.

– Tudo bem, acho que é seguro mostrar… - tirou uma pequena caixinha de lá.

Hugo foi até mim, pronto para revelar o conteúdo da caixa, quando alguém bateu na porta.

– Merda! – escondeu o objeto num dos bolsos das vestes.

– Não vai ver quem é?

– Rose? Hugo? São vocês aí dentro? – reconheci imediatamente a voz de Lily.

Após um longo suspiro, Hugo foi abrir a porta, dando um sorriso.

– E aí?

– Oi! – Lily olhou furtivamente para os lados antes de dar um selinho no meu irmão. Entrou com as mãos nas costas e uma expressão confusa. – O que os dois fazem aqui?

– Também gostaria de saber. – admiti, sentando-me numa cama.

Nossos olhares recaíram sobre o garoto. Este estava suando muito, as orelhas bem vermelhas.

– Bom… Eu queria a aprovação da Rose antes, mas já que você está aqui… Feliz Dia dos Namorados! – exclamou, retirando o seu presente do bolso.

– Oh, Hugo… - Lily arregalou os olhos, sorrindo radiante. – Eu também tenho algo para você. – Ela tirou as mãos das costas revelando uma caixa de bombons.

Então, trocaram os presentes. Eu me sentia uma intrusa ali.

– Aww, essa pulseira é linda! – minha prima se jogou nos braços de Hugo, enquanto ele mastigava o chocolate, totalmente extasiado. Ela se afastou, estendendo a pulseira dourada para ele. – Aqui, coloque no meu pulso.

– Hum, claro, só um segundo – o moreno pôs a caixa de bombons sobre a cômoda. Ele estava para lamber os dedos, mas eu lhe lancei um olhar de reprovação suficientemente poderoso para impedi-lo. – Desculpe, mas é que estava delicioso! Onde você comprou? – Hugo perguntou, indo colocar o presente em Lily.

– Na Dedosdemel, é claro. Sei que os recheados com amarula são seus preferidos.

Eu não disse que aquele era o tipo de coisa que ele gostaria de ganhar?

– É linda. – Lily disse, observando o próprio pulso. Ergueu os olhos para Hugo e menos de dois segundos depois o beijou em cheio na boca.

Definitivamente, eu estava sobrando. Saí de fininho, tomando cuidado para não bater a porta com força. Eles mal repararam quando eu deixei o quarto, como era de se esperar.

–x-x-x-x-

Ao fim do dia, cansada graças às aulas, fui direto para minha sala comunal descansar. Como não tivemos aulas conjuntas, não vi Scorpius durante todo o tempo.

Ele havia conseguido há poucos dias a poção da verdade, que eu usaria posteriormente em Kate. O plano ainda estava em construção, mas tudo corria perfeitamente bem.

Adentrei, largando os livros na mesinha de centro e me espreguiçando, chegando a estalar as costas. Foi quando algo captou meu olhar. A luz do fim de tarde atravessava a vidraça, batendo contra aquelas pequenas peças detalhadamente esculpidas. O tabuleiro de cristal jazia sobre a mesa ao lado da janela e refletia uma centena de cores no chão e nas costas do sofá.

Maravilhada e surpresa, me aproximei cautelosamente e peguei o bilhete ao lado do jogo de xadrez.

"Você pode ter ganhado daquela vez, mas eu quero revanche.

Não, estou só brincando... Espero que goste.

Scorpius."

Ri levemente ao terminar de ler. Era tão adorável, tão perfeito que eu tinha receio em tocá-lo, com medo de quebrar.

Ainda fascinada pelo meu presente, sentei-me na cadeira à frente, apenas observando com atenção.

– Gostou? – alguém perguntou, me fazendo levantar por reflexo.

– Se eu gostei? – agora via Scorpius aproximar-se acanhadamente. Comecei a suar frio. – Sim! Obrigada!

– Eu não acredito que haja algo de tão especial no Dia dos Namorados, não é a mesma coisa que o Natal ou aniversário... Mas como tanto o dia 25 de dezembro e o dia 10 de novembro já passaram...

– Você sabe o dia do meu aniversário? – arregalei os olhos, incrédula.

Ele deu um sorrisinho sem graça. Um nervosismo descomunal se apossava de mim. Eu não podia competir com aquilo, não havia como... Mas era muito tarde para voltar atrás.

– Bom, agora não ria! Eu vou pegar o seu presente lá no meu quarto, feche os olhos... – pedi e fui pegar o resultado de uma semana de trabalho.

Já com o presente em mãos, voltei para a sala. Scorpius ainda me obedecia, mantendo seus olhos fechados. Demorei-me um pouco mais somente o analisando. Eu estava me achando tão boba, parando só para admira-lo... Eu adorava aquele sorriso desconfiado que ele exibia no momento.

E finalmente passei o cachecol em volta do seu pescoço, cruzando os dedos.

Taraaam! – exclamei, morrendo internamente de vergonha quando ele abriu os olhos. – Ok, não é exatamente um jogo de xadrez caro e incrível e... Na verdade, acho que um lado tem a franja mais comprida que o outro, mas... Eu fiz verde para que você pudesse usar com mais liberdade, já que é sonserino. Pera, eu devia ter perguntado sua cor preferida primeiro... Tudo bem, eu não acho que você iria querer de usa-lo em público, é horrível e você nem gostou! Que bobagem da minha parte! Pode usar de pano de chão ou sei lá, ou... Oh meu Deus! – levei as mãos ao rosto numa tentativa estúpida de esconder meu rosto todo vermelho. Nossa, como eu estava corando!

Scorpius riu, afastando minhas mãos do rosto.

– Se quiser pode respirar, tá? Não precisa ficar nervosa. Eu adorei, de verdade. Um lado mais curto que o outro? Sem problemas, ainda mais porque você quem fez, o que é realmente impressionante...

– Eu era virgem em tricotar, eu assumo. – encarava o chão, sorrindo debilmente.

Scorpius desta vez gargalhou e quando se acalmou, ergueu meu rosto.

– Obrigado. – depositou um selinho em mim. – E eu vou usar. – ajeitou o cachecol no pescoço. – Com muito orgulho. – fez uma expressão de determinação forçada, só para brincar comigo.

Ri pelo nariz, só de imagina-lo desfilando com aquela coisa pela escola.

– Agora, você está me constrangendo. Oh, quase esqueci! – me dirigi à mesinha de centro e fucei no meio dos livros até encontrar o que queria. – Aqui está!

– O que é isso?

– Bom, é um cartão de Dia dos Namorados e... Por que essa cara de medo? – ele parecia temer o pedaço de papel rosa dobrado ao meio.

– Er... Nada.

Entreguei meu cartão, desconfiando de sua reação. Foi só ele abrir que sua expressão relaxou, dando lugar a um sorriso aliviado.

– É isso? "Feliz Dia dos Namorados, Scorpius. Com amor, Rose."? – Scorpius leu minhas palavras em voz alta.

– Sim, esperava um "Feliz Cosme e Damião" por acaso? – eu ainda não entendia o que estava havendo.

– Claro que não, é só que... Eu ouvi dizer que você era do tipo, hã, exagerada em relação a essas coisas "românticas", sabe?

– Imagine, eu sou a simplicidade em pessoa nesse aspecto. Na verdade, isso é um baita problema, afinal, seu presente deixou o meu no chinelo... Mas quem foi o desinformado que te contou essa besteira?

Notei quando ele cerrou os dentes, irritado.

– Um amigo muito confiável.

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Notas finais do capítulo

N/a: Sei que demorei mais de um mês para postar e não me orgulho disso -, mas nossa! Esse capítulo foi particularmente trabalhoso... E nem sei se ficou lá essas coisas. No geral, tá lotado de momentos fofos dos casais da fic, tendo um conflito ou outro no meio... O próximo eu não acho que será açucarado assim não, porque tem outros assuntos pendentes rolando ^^Mudando de assunto (para quem não leu as notas da autora na minha outra fic), mais alguém aí chorou no cinema ou eu sou a única emotiva besta por aqui? OMG. O fim nunca é fácil, certo? Mas uma hora tem que chegar Já faz um tempinho que eu assisti o filme (tá, faz uma semana e meia '-'), então eu tenho que rever para relembrar todos os detalhes, mas no geral eu ADOREI! Mudanças na história do livro? Pff, sempre né? Porém, dessa vez não teve muitas que me incomodassem tanto. Só teve umas falhazinhas ali que, faça-me o favor Warner, dava pra ter dado um jeitinho! Custava por uma Lily criança de olhos castanhos? É que tipo, Harry, você deveria ter os olhos da sua mãe! Bom, mas gostei bastante da atuação geral dos atores, os mais jovens evoluíram muito e os veteranos arrasando, é claro. Não posso deixar de comentar o epílogo, visto que, poxa, eu só escrevo sobre a nova geração! Ahhhh, eu gostei no geral, sei lá é a última cena de todas né? Mas mudaram umas coisas que ARGHHH! Cadê o Teddy, pô? Enfim... Vou parar por aqui. :xBeijooooos, gente!Até o próximo capítulo ;D