Vale Tudo escrita por Anna C


Capítulo 11
Segredos... Quem Consegue Manter?


Notas iniciais do capítulo

Duas semanas só... Não foi tanto tempo assim né?



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Narrado por Scorpius

Me afastei abruptamente dela. Mas que pedido absurdo! Eu não poderia simplesmente beijá-la para conferir meus sentimentos... Apesar de que eu não me incomodaria em fazê-lo. Afinal, mesmo eu estando relutante, ela insistia...

– Não sei... – eu disse. – Er, é só um beijo?

– Claro. – acenou firmemente com a cabeça. – Meu intuito é apenas esclarecer essa história. – e eu lá sou idiota de acreditar?

– Hum, ok. – voltei a me aproximar.

Levantei seu queixo com um gesto delicado e encostei meus lábios nos seus, fechando os olhos.

Eu fiquei esperando pela sensação de borboletas no estômago ou talvez pelo nada, mas ao invés, me senti simplesmente bem e também ansioso. Sua boca era tão macia e quente, eu não queria deixa-la. Estava estranhamente confortável com a situação e ao mesmo tempo insatisfeito. Como era possível? Mesmo gostando, eu tinha a necessidade de aprofundar o contato.

Mas que merda! Isso devia querer dizer alguma coisa. Definitivamente eu não era mais indiferente a ela! – e quando é que eu fui?

Contra minha vontade, acabei com o beijo antes que eu não pudesse mais me segurar e ela me encarou, esperançosa.

– Então? – indagou.

Os olhos dela. Droga, os malditos olhos azuis dela! Por que me miravam daquela forma? Era só um olhar, mas eu havia me dado conta de algo muito maior que aquilo. O Mark estava certo, meu pai iria me matar...

– Eu tô... Ferrado. – contive um palavrão. Mas hein? Eu havia acabado de perceber que tinha feito aquilo porque ela não gostava de ouvir vocabulário baixo. – Sabe, Rose, você tem razão. Não vejo como isso pode dar certo!

A ruiva ficou confusa e levemente frustrada.

– M-mas você não sentiu nada?

Inspirei fundo, tentando oxigenar o meu cérebro pra por as ideias no lugar.

– Bom, talvez... Eu tenha. – admiti.

– Então qual o problema?

– Ah, por Merlin! Não finja que não sabe... – comecei a andar em círculos na sala, os pensamentos a mil.

– Bom, o nosso histórico torna tudo muito estranho, eu sei... Ah, tem aquele negócio das famílias também, mas quem realmente liga?

– Eu ligo! A gente não precisa se precipitar, quer dizer, não é como se estivéssemos apaixonados. – falei, em tom de zombaria.

A grifinória corou levemente.

– É verdade. – deu de ombros.

– Mesmo que sintamos essa... Essa atração mútua. – era estranho pensar naquilo como sendo um fato.

– E não há nada de errado nisso. – ela deu alguns passos em minha direção e pôs a mão sobre o meu peito. Senti um arrepio percorrer a nuca.

Então, pigarreei, recuando um pouco.

– Bom, há sim. Deixando essas coisas de lado, têm vários outros motivos como, por exemplo, a nossa rixa. Você deixaria de competir comigo só por haver algo entre nós? Da última vez você fez mil promessas por causa disso.

Ela riu de mim.

– Ai, Scorpius... Que motivo mais besta! Dessa vez é diferente. Pode ter uma competição saudável entre a gente. Mas sabe... Desde aquilo que houve na Torre de Astronomia, está difícil levar alguma disputa a sério com você no geral. Eu sei que você quer reais desafios e tudo mais, mas eu não consigo mais ignorar certas coisas.

A garota tinha tanta facilidade em aceitar seus sentimentos e dizê-los, enquanto eu mal conseguia admitir o mínimo do afeto para mim mesmo.

– Sabe o que eu acho? – seu olhar tornou-se mais sério e tristonho. – Acho que gosta de mim sim, mas... Liga demais para que os outros vão pensar.

Ergui uma sobrancelha. Vendo que eu não havia compreendido, ela prosseguiu:

– O seu pai, o meu pai, os nossos amigos, até os alunos e os professores... Eles vão estranhar? Vão! Eles vão nos censurar? É claro! Porém, por que isso deveria importar? Olha, eu não contei a ninguém antes, pois pensei estar sozinha nessa e não queria complicar mais para ambos os lados. Só que se você sente o mesmo que eu, então o que nos impede?

Fitei meus pés, pensativo. Foi aí que cheguei a uma conclusão.

– Eu... Eu temo as consequências. Consequências de um romance que pode nem durar duas semanas. – confessei.

– E eu também. Porém, não suporto a ideia de ficar para sempre reprimindo uma coisa sem nunca saber o que poderia ter acontecido! Mas nesse ponto você está certo... É algo muito recente e incerto pra sair anunciando por aí... Então... – Rose foi se aproximando lentamente, com um sorriso malicioso teimando em se formar no seu rosto. Envolveu minha nuca com os braços e sussurrou: – Podia ser o nosso segredinho, por enquanto.

Não era uma decisão permanente, não era um relacionamento oficial. A coisa mais prudente que eu poderia ter feito era dizer "não", mas é óbvio que eu não faria. Principalmente, quando ela estava tão próxima, seus lábios rubros bem delineados chamando minha atenção.

– Eu acho que sim... – não conseguia desviar o olhar de sua boca.

O que estava por vir, vocês já podem ter uma mera noção pela última cena. O pouco de mim que ainda tinha bom-senso alertava: "Scorpius, você ainda se arrependerá."

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Narrado por Rose

É, era só uma atração mesmo. Eu não estava apaixonada por aquele sonserino. Tudo bem que há dois meses só a ideia de encará-lo de forma romântica me parecia piada de mau gosto, e agora eu queria unir meus lábios aos seus em toda oportunidade que surgisse – ainda mais porque eu tinha "permissão" para aquilo, e antes pareceria uma louca desesperada para ele – , mas me digam: como eu poderia prever que gostaria do loiro? Pelo mesmo motivo que eu me fazia tal pergunta, temia uma outra... Como eu poderia prever que não me apaixonaria por ele em algum momento do futuro?

E essa era a droga dessa confusão toda. Não poderia controlar meu coração e como eu o conhecia bem, sabia que não conseguiria ficar muito tempo aos beijos com Scorpius sem desenvolver algum sentimento mais forte. Era assim que eu funcionava e assim seria. Se eu sabia dos possíveis resultados, por que não voltava atrás? Por que era tão difícil suprimir esses desejos? Já era complicado quando não era recíproco, então agora... O que havia de especial naqueles olhos azuis acinzentados?

– Rose?

Acordei do meu devaneio. Estive olhando para Scorpius na mesa de sua casa falando com o amigo Cooper, durante o almoço daquele mesmo dia. Por mais que eu tentasse me concentrar na conversa que Lily e Hugo tentavam ter comigo, não conseguia.

– Por que você tá tão distraída? – meu irmão estranhou.

– N-não é nada. – desviei meu olhar pela centésima vez só nos últimos vinte minutos.

– O que eu estava dizendo... – Lily recomeçou. – Era que apesar da professora de DCAT nova, a Heartlock, ser até que boa eu prefiro bem mais o Prof. Daniels.

– Você prefere é a aparência dele. – Hugo, que estava ao meu lado, revirou os olhos. Como eu sabia do casinho que os dois estavam tendo, não pude deixar de notar uma pitada de ciúmes no comentário. – Como se um professor "bonitão" fosse fazer alguém aprender melhor...

Ela deu um sorriso maroto.

– Bom, ao menos a matéria ficava mais interessante. – ergueu as sobrancelhas.

As orelhas do ruivo ficavam a cada momento mais vermelhas.

– Em todo caso, não acham estranha a saída repentina dele? – ela retomou o foco.

Engoli a seco. Quem sabe nem tão estranha...

– Talvez ele tenha recebido outra proposta de emprego. – sugeri, mesmo sabendo que era mentira.

– Acho que não, a carreira de professor não é das mais lucrativas e todos sabem que Hogwarts é o melhor lugar pra se dar aula. – o grifinório disse.

O mesmo sorriso de poucos segundos antes surgiu em Lily.

– Ou talvez, ele tenha cedido a uma das dezenas de alunas que ficavam dando em cima dele, a diretora soube e... Ops! Tchauzinho, professor! – Lily e Hugo começaram a rir.

Não havia entendido a brincadeira muito bem, então...

– Por que diz isso? – arregalei os olhos, aflita. Oh meu Deus, ela sabia da Kate? Quem contou? Eu que não fui! Foi o Albus? Ela viu algo?

– Eu tava brincando, afinal, praticamente todas as alunas da escola andavam com gracinhas pra cima dele. Mas falando sério, não me recordo de vê-lo correspondendo ou algo assim.

Ufa...

– Espera! – Hugo exclamou, de testa franzida. – Eu me lembro de ouvir algo uma vez...

Putz.

– O que exatamente, maninho? – perguntei, receosa.

Ele manteve uma expressão pensativa e distante por alguns segundos, mas depois balançou negativamente a cabeça.

– Nah... Não era importante... Pode ter sido outra coisa, eu posso ter interpretado mal.

– Nos diga, agora fiquei curiosa!

– Bom... – ele deu um gole no seu suco. – Eu ouvi uma discussão quando passei na frente da sala dele, pouco antes do Ano Novo. Era uma mistura barulhenta da voz dele com a voz de uma garota. É, tenho certeza de que tinha uma garota lá.

– E...

– E sei lá! Pelo tom de voz deles, não parecia apenas que estavam discutindo sobre notas ou algo parecido.

– Por Merlin, você acha que...? – Lily levou as mãos ao rosto.

Eu ri, tentando transformar suas hipóteses em piada.

– Até parece... – fui logo dizendo. – Aliás, irmãozinho, ao invés de ficar ouvindo conversas às escondidas, devia se colocar na situação do professor. – sorri com ironia.

– Como assim?

– Podia começar por tomar mais cuidado ao ficar de noite perambulando pelos corredores... Com uma certa pessoa...

Ele ficou extremamente nervoso e minha prima empalideceu.

– Se o professor fosse mais cuidadoso, certamente você não teria escutado o que escutou. Devia ter tomado isso como lição.

Eles se entreolharam, aflitos.

– Do que você está falando? – questionaram ao mesmo tempo, parecendo ter combinado.

Haha... Se eu estivesse com dúvidas, teria sacado imediatamente.

– Own, é tão fofa a maneira como vocês falam sincronizados! – apertei as bochechas do garoto.

– Caramba, Rose, isso é sério! – ele afastou minhas mãos, zangando-se.

Dei de ombros.

– Já ouviram falar na Sala Precisa? Lá tem bem mais privacidade.

– Porcaria... – Lily deu um soco na mesa.

– Calma aí, vocês dois! Só eu sei disso, ok?

Hugo me encarava com um misto de raiva e decepção.

– Quando?

– No dia 29 do mês passado.

– Eu não te disse que iam nos escutar? – pude apenas ouvir o chute que a ruiva deu na canela do meu irmão.

Não demorou e ele estava se contorcendo de dor, com a cara apoiada na superfície da mesa.

– Te odeio, Rose. – ele murmurou.

Me segurei para não rir ou eu quem levaria um belo chute.

Não demorei a sair dali e pus-me a vagar pelos corredores, sem destino. Na verdade, estava apenas refletindo sobre tudo que já havia refletido mil vezes antes, como se fosse conseguir alguma conclusão diferente com a persistência.

Mas não dava. Tudo voltava para o monitor-chefe dos cabelos loiros platinados e eu não continha o sorriso. Era tão engraçado o rumo que as coisas tomavam... Então, agora tínhamos aquele segredo. Ri comigo mesma. Nunca imaginaria ter um romance secreto com ele, e aquilo era tão emocionante!

Caramba, eu estava me sentindo minha mãe, quando ficava empolgada quebrando as regras. Estranho. Mas e daí? Eu estava incrivelmente feliz!

Foi quando avistei Enzzo vindo na contramão. Arregalei os olhos e berrei:

– Enzzo!

Senti uma urgente vontade de abraça-lo. Eu queria dividir minha euforia com alguém, mesmo que não pudesse contar a razão dela.

Corri até o garoto e me joguei em seus braços, fazendo-o além de se assustar, cambalear para trás e cair sentado comigo ao seu lado.

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Narrado por Scorpius

Eu a via me encarando da mesa da Grifinória, mas evitava retribuir seu olhar. Não que eu não quisesse, estava bastante tentado a fazê-lo, mas eu não queria transparecer nada para Mark. Ele sabia do beijo da Torre de Astronomia, porém, não dos meus novos... Sentimentos. Ok! Eu sentia mesmo algo por aquela ruiva, por mais que relutasse. Como era novidade, não quis dizer nada. Tentei agir naturalmente, por mais difícil que fosse.

"Pare de me olhar!" eu desejava intimamente. Não sabia até quando seria capaz de ignorar.

– Então, er... Mark? – chamei sua atenção. – Cadê a Dominique Weasley, ou uvinha, ou... Enfim...

– Provavelmente, está dormindo. Hoje é domingo e pelo que eu reparo, ela não aparece por aqui antes das quatro da tarde nesses dias...

Ele realmente aprestava atenção em cada detalhe em relação a ela. Sabia dos seus hábitos, gostos e até dos horários. Mark merecia a garota, não tinha como negar. Se ele a tinha agora era resultado de seu esforço contínuo. Aquilo me deixava pensando se eu merecia que Rose gostasse de mim. Mark se empenhou para conseguir sua Weasley, e eu? O que eu havia feito demais?

– Cara, tem algum motivo pra você estar tão avoado hoje? – Mark perguntou.

– Eu? Eu não estou...

– Ah, é claro que não.

Finalmente, Rose parou de me olhar. Agora estava conversando com o irmão e a prima. Caramba, eu não conseguia evitar observá-la! Era só a ruiva desviar sua atenção que eu subitamente dirigia a minha a ela. Éramos péssimos em disfarçar, essa é a verdade...

– Olha só! Nem pisca! – meu amigo balançou a cabeça negativamente, me desaprovando. – Quando parar de vegetar a gente conversa. – se levantou do banco.

– Aonde você vai?

– Sei lá, talvez esperar a Dominique perto da entrada da sala comunal da Corvinal. Acho que você precisa ficar um pouco sozinho...

Fiquei por alguns instantes arrependido pela minha falta de consideração com Mark, porém, ao ver a garota de cabelos ruivos armados deixar a mesa da Grifinória, meus pensamentos se alteraram.

No ímpeto de ter uma aproximação, também me levantei e comecei a segui-la.

Eu não sabia ao certo por que ia andando ao seu encalço. O que eu diria quando chegasse a ela? Pois é, eu não tinha absolutamente nada para dizer! Resolvi que pararia e deixaria aquela insanidade de lado, mas porra! Meus pés não obedeciam às ordens explícitas que meu cérebro mandava.

Entretanto, foi ao virar a esquina de um corredor que vi uma cena que me fez recuar alguns passos e fechar os olhos em fendas.

– Enzzo! – Rose se atirou naquele grifinório.

E lá estava eu, com a maior cara de idiota, enquanto eles riam despreocupadamente. Ambos se recompuseram e nem vinte segundos de conversa depois, o nerd a puxou pela mão e saíram às pressas dali. Ele pegou a mão dela!

Aí virou pessoal.

Agora o meu cérebro ordenava expressamente que eu a seguisse, era uma questão de honra! E eles eram rápidos. O pior de tudo era que toda correria fora em vão: os dois entraram na sala comunal da Grifinória, me deixando feito um completo besta com a Mulher Gorda barrando a passagem.

Se eu iria ignorar o que havia acontecido? Podiam apostar que não.

–x—x—x—x-

Narrado por Rose

Fora tudo muito esquisito. Eu estava tranquilamente falando com o Enzzo, quando de repente ele agarrou minha mão e me guiou para longe. O garoto não me deu abertura para falar até que chegássemos à sala comunal dele.

– Meu Deus, Enzzo! O que deu em você?

– Me desculpe, Rose. – respondeu ofegante. Ajeitou os óculos que escorregavam pelo longo nariz para prosseguir. – É que eu vi o Malfoy e não achei que você estivesse segura com ele por perto.

Engoli a seco.

– O-o quê? Ele estava lá?

– Logo atrás de você. Estava nos encarando de uma forma tão estranha e ameaçadora que achei melhor que ficássemos o mais distante possível... Er, e-eu fiz mal?

Ops, devia ter me visto abraçando Enzzo. E pra melhorar, o garoto vai lá e me leva embora pra um lugar que ele não pudesse entrar. Vejamos, o que Scorpius deve ter pensado?

Legal, meu relacionamento mal tinha três horas de existência e já estava indo pro buraco.

– Não, Enzzo. Sem problemas. – menti, com um sorriso fraco. – De qualquer forma estou feliz em ter ver! – me entusiasmei um pouco mais devido a sinceridade na frase. – E então, está tudo bem?

– Ah, claro. Os N.I.E.M.s têm tomado a maior parte do meu tempo, mas como nunca tive outra coisa para fazer além de estudar não faz tanta diferença na minha rotina. Além disso, já superei a minha pequena decepção com a Smeath.

– Sim, a Kate bem que me disse que te pediria desculpas, e acredito que já tenha feito isso. Afinal, já faz um tempinho que falei disso com ela...

– Hã? Ela não me procurou em momento algum.

– Não? Mas ela me falou que iria se desculpar com você, que diria ao Albus que não queria nada com ele e... – acabei falando demais.

Enzzo me encarava totalmente confuso.

– Rose. – agora estava sério. – O seu primo e a Smeath estão há semanas juntos.

– O quê? – eu tinha certeza de que escutara mal.

– É, ele volta direto para o dormitório com o cheiro do perfume dela, o qual é impossível de não se reconhecer. Já os vi sussurrando em situações bastante suspeitas... Ele às vezes até fala o nome dela enquanto dorme!

Isso tudo significava que Kate era uma mentirosa. Uma grande mentirosa. Eu mal tinha palavras para descrever a minha indignação! Mas estranhamente o que mais me incomodava era a dúvida: se ela mentira sobre aquilo, quem sabe sobre o que mais não mentiu? E eu ainda a desmascararia.

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Já passava das dez da noite quando retornava para o meu dormitório. Fui até McGonagall fazer algumas perguntas sobre o nosso antigo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, o Sr. Daniels... E fiquei chocada.

Flashback

– Mas Srta. Weasley, ainda não entendi a relevância dessas suas perguntas...

Estava no gabinete da diretora, sentada a sua frente.

– Bem, Profª McGonagall, eu sei que não é da minha conta, mas é que esse afastamento repentino e sem explicação vem me incomodando. Digo, o Prof. Daniels era um dos meus professores favoritos... E mesmo eu, sendo monitora-chefe, não recebi nenhuma informação...

Ela me encarou por alguns instantes e depois, baixando o olhar, perguntou.

– A Srta. Smeath não comentou nada com a senhorita?

– Ela deveria?

– Acredito que fosse algo muito constrangedor para ela comentar, afinal, o professor deixou sérios traumas na sua amiga...

Foi nesse ponto que as coisas mudaram.

– Por Merlin! O que a senhora quer dizer?

– Bom, - McGonagall estava apreensiva, mas continuou. – é provável que seu comportamento tenha mudado de uns tempos pra cá... Não? Mais fechada e introvertida, quem sabe? Se notou algo desse tipo, não estranhe. O que estou tentando dizer é – ela se inclinou levemente em minha direção. – o Prof. Daniels atacou a Srta. Smeath.

Arregalei os olhos.

– Como é? Ela quem te disse isso?

– Sim, sim... – confirmou. – Poucos dias após o Ano Novo, veio aos prantos fazer a denúncia.

– E quanto ao Sr. Daniels? Que fim teve ele?

A diretora crispou os lábios.

– Foi mandado a Azkaban, naturalmente. Não deve cumprir muito tempo de pena, mas isso não diminui a seriedade do fato. E, bom... A senhorita deve compreender que tal escândalo não poderia se espalhar, a imagem da escola que seria prejudicada... Logo, tive que garantir que nada saísse nos jornais.

Fim do Flashback

E eu que acreditara que ela havia voltado a ser como era. Que ilusão...

Destranquei a porta com a chave especial e adentrei na sala comunal, me deparando com uma cena bastante familiar.

Há alguns meses, eu estive esperando por Scorpius de robe e pantufas no sofá com a expressão mais zangada possível. Porém, desta vez era Scorpius que me encarava daquela forma, impaciente ao lado da lareira.

– Você finalmente voltou, então? – ele foi totalmente irônico.

– Eu sei que é meio tarde... E antes que você venha insinuar algo entre mim e Enzzo, saiba que ele é apenas meu amigo, ok?

Scorpius ergueu uma sobrancelha surpreso.

– Como é que você sabia que...? Não importa, eu te vi abraçando ele e também vi quando te puxou para longe. Ele pegou a sua mão! Vai negar isso?

Mantive-me calma e tentei parecer um pouco séria por mais tola que fosse sua crise de ciúmes.

– Não. – disse simplesmente. – Scorpius, eu vou repetir: ele é meu amigo! E além do mais, ele ficou é com medo de você por estar mandando olhares mortíferos pra cima de nós!

– Mas é claro! Você foi se jogando nele! O que espera que eu fizesse? Aplaudisse no meio do corredor?

– É claro que não, mas agora eu não posso mais abraçar meus amigos?

Revirou os olhos.

– Pode, só que tinha entusiasmo demais naquele abraço, definitivamente não era nada fraternal...

– Eu não gosto do Enzzo dessa forma! Coloque Veritaserum no meu suco, essa é a verdade! Eu estava contente então o abracei, mas se isso for uma coisa tão terrível então não se preocupe que eu evitarei...

O loiro ficou um tanto pensativo, observando a lareira. Depois, coçou a nuca e se voltou para mim corando.

– Ok, eu devo estar exagerando...

– Obviamente. – suspirei, caindo feito uma pedra no sofá.

– E obviamente você tem uma boa razão pra estar chegando depois das dez. – ainda não estava satisfeito.

– Se quer saber, eu estava apenas descobrindo como a minha amiga é falsa e inescrupulosa.

Scorpius franziu a testa e se sentou também. Era um dia frio e agora que estava mais próximo, o calor que ele exalava me deixava mais confortável. Senti vontade de me aconchegar em seu peito, mas algo me dizia que era melhor esperar a poeira baixar.

– Como assim?

– A Kate vem enganando a todos! Bom, tem uma parte da história que você anda não sabe...

Expliquei desde a vez que vi Kate e o Prof. Daniels até a minha recente conversa com a diretora. Eu confiava em Scorpius e ele poderia me ajudar a pensar mais claramente sobre que atitude tomar.

– Então, você acha que ela incriminou o professor por algum motivo, é isso?

– Só pode ser! Eu sei que ataca-la ele não atacou, pois me parecia que quem estava realmente interessada naquele relacionamento era ela.

– E acha que ela está fazendo seu primo de idiota, como antes no dia do baile?

– É! Afinal, além de nós, apenas Albus sabe da verdade. E pode apostar que aquele garoto está apaixonado demais para abrir a boca, inclusive nem me veio falar nada sobre esses encontros. Kate não deve ter permitido. Está sendo um verdadeiro fantoche dela! Por Merlin, o que acha que eu devo fazer?

Pensou por alguns segundos para enfim me dar uma resposta.

– Precisa da confissão dela. – disse Scorpius. – Ela não tem a intenção de contar nada, mas você até que a intimida, talvez consiga algo.

– É... – eu estava absorta em pensamentos.

Não durou muito. De repente, o sonserino me envolveu, permitindo que eu me acomodasse em seus braços. Senti o seu inconfundível e delicioso aroma, fazendo com que minhas preocupações momentaneamente se dissipassem.

– Eu... Sinto muito por ter brigado com você. – dava pra notar a dificuldade que ele tinha em aceitar estar errado, o que tornou o pedido de desculpas ainda mais adorável!

Sorri de forma meiga, voltando meu rosto para ele.

– Não tem problema, mas por causa dessa crise de ciúmes você me deve uma recompensa.

O sorriso dele tinha bem menos inocência.

– Deixe-me adivinhar. Um beijo? – já se inclinava.

– Não. – tapei a boca com uma mão, o deixando completamente frustrado. Ajoelhei-me ficando um pouco mais alta que o garoto e acariciei seu rosto suavemente. – Mas como você é viu... Não acha que eu mereço mais que um?

Scorpius riu.

– Você pede demais, Weasley.

– E você fala demais, Malfoy.

E eu finalmente o silenciei com meus lábios, num beijo mais empolgado que qualquer abraço que tenha dado em Enzzo.

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Notas finais do capítulo

Mais de 4 mil palavras :o Ok, esse foi o maior de todos de longe... Espero que tenham gostado! O Scorpius apareceu menos do que eu gostaria, mas era importante eu esclarecer as coisas sobre a Kate. É bem provável que no próximo capítulo ocorra o evento entre ex-monitores... O que vai rolar nele? Eu não posso responder. Não posso responder, porque nem comecei o capítulo - que vergonha. ;x Por isso, se tiverem ideias sou bem receptiva a todas :DBom, nem preciso dizer que fiquei aliviada e muito contente ao ver que ainda há várias leitoras fiéis da fic *-* Apesar de toda a minha demora em postar... Obrigada!!Bjooooooooos!