Procura-se Um Amor escrita por Anny Taisho


Capítulo 9
Pressão




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Cap. IX – Pressão

O sol se punha no horizonte colorindo o céu com seus tons de alaranjado que logo dariam lugar a escuridão de mais uma noite amena. Uma brisa mais fria começava a correr os corredores da Seireitei avisando que as próximas horas seriam mais frias do que as passadas. Matsumoto e Nanao caminhavam juntas em direção a área residencial da cidade dos shinigamis onde a maioria daqueles que tinham uma colocação mais alta nos Bantais moravam. A ruiva não parava de falar e gesticular, queria porque queria convencer a amiga de lhe fazer um favor.

E se tinha uma coisa que Matsumoto sabia fazer quando queria era ser irritante...

- Vai, Nanao... Larga de ser egoísta!

- Eu já disse que não tenho nada que você vá gostar. – disse ajeitando os óculos –

- Hum... Sei. Todo ano você fica com essa lenga, lenga de ‘eu vou com qualquer Yukata’  e aparece com uma maravilhosa peça que ninguém viu em nenhuma loja por aqui. – disse fazendo bico –

- Vocês é que não procuram direito! – respondeu perdendo a paciência –

- Nanao, eu conheço TODAS as lojas daqui, e te garanto que nunca achei nada nem parecido com as coisas que você usa! Devem custar uma nota...

- Rangiku, por que logo esse ano você resolveu pedir emprestado?

- Eto... É que eu andei fazendo umas comprinhas e fiquei meio desprovida de verba e meu taichouzinho não quis me dar um adiantamento!!

- Você já pensou em se programar, fazer um planilha com suas despesas e ganhos para ver o quanto pode gastar??

- Eu não me endividei Nanao, só gastei todo meu dinheiro para essas coisinhas, vai o que custa? Aposto que já tem uma Yukata linda para usar esse ano!

- Você sabe que eu sou muito enjoada com as minhas coisas...

- Eu sou sua melhor amiga, Nanao!! Não seja tão ruim e egoísta!! Você não vai para o céu em!!

- Em primeiro lugar, não temos essas crenças de paraíso e inferno, segundo, já vivemos uma vida pós morte, caso não se recorde estamos todos mortos. – Nanao respondeu com toda sua calma –

- Argh!! Sua chata!!! Não vai emprestar, neah??

Nanao realmente não o queria, mas também não tinha nenhum motivo para não fazê-lo. Suspirou profundamente e falou:

- Okay, Rangiku, mas eu não quero saber de manchas, amassados, rasgos ou os desfiados!!

- Sugoiiiiiiii!! – Matsumoto abraçou a morena quase a sufocando em seu decote – Nanao-chan demais!! Nanao-chan boazinha!!!

- Me... Me larga!! – disse a empurrando e ajeitando seu shuhakushou – Você é muito expansiva, Rangiku! Se controle!!

- Nanao-chan é tão kawaii bravinha, deve ser por isso que o Kyouraku taisho adora te irritar!!

- Se controle, Rangiku!! Continua me irritando para ver se eu te empresto alguma coisa! – fazendo cara de má –

- Okay, okay... Eu fico caladinha!!

***

Chegaram a casa de Nanao em poucos minutos e Matsumoto já havia voltado a falar, desta vez de seu atual namorado, um shinigami do terceiro esquadrão, iriam ao festival juntos, estavam em um relacionamento a pouco mais de um mês. Era sempre essa mesma lenga-lenga, dali um ou dois meses ela se desencantaria e se embebedaria em sua casa falando que nunca mais ficaria com ninguém outra vez, que os homens eram uma raça que não mereceria existir e blá blá blá...

A morena apenas se resignou em seu silêncio, ouvindo complacentemente os devaneios da amiga, ora ou outra exclamando alguma coisa quando parecia ser conveniente. Gostava muito da amiga, mas não concordava com o tipo de vida que ela levava. Matsumoto se apaixonava muito fácil e se abria como um livro, não conhecia direito com quem estava se envolvendo e por isso, em boa parte das vezes saia machucada por aquilo não corresponder suas expectativas e em outras vezes sentia-se usada, porque seu relacionamento não passou de uma aposta.

Nanao sabia que a única pessoa que ela realmente amou cometeu uma alta traição, ou pelo menos foi isso que todos acharam, mas hoje em dia era tarde demais para que ele pudesse voltar, Gin estava morto e ela não podia fazer nada a esse respeito. Então até que seu coração estivesse completamente curado e ela pronta para seguir em frente, todos os seus relacionamentos seriam sempre assim...

- Eu devia te contratar para dar uma geral lá em casa... Cada vez que venho aqui esse lugar está mais organizado. – disse se jogando no sofá –

- Oh... Rangiku, por favor! – Nanao foi até a janela para fechar a cortina que dava para rua – E tire essas pantufas antes de pôr os pés no sofá.

- Mas o chão está limpo e elas também...

- O chão pode estar limpo, mas ainda não quer dizer que não poeira ou qualquer outra coisa nociva nele. Tire as pantufas. – disse indo em direção a cozinha – Quer chá?

- Eu preferia sakê... Mas tudo bem... Tem uns biscoitinhos também? Daqueles branquinhos que você faz às vezes e leva para a sala dos tenentes.

- Biscoitos de nata. Eu tenho sim... Enquanto preparo nosso chá, vá ao meu quarto e abra a porta esquerda, lá tem várias caixas. Agorinha subo para te ajudar a trazer o espelho.

- Eu vou usar um das yukatas da Nanao-chan!! Vou ficar toda sóbria... Hehehhe.

A ruiva se postou em pé e foi logo adentrando corredor a dentro. O quarto de Nanao era a última porta dali, deslizou a porta e adentrou o cômodo sem grandes cerimônias. O quarto era amplo, mas não demais, tinha um guarda roupa que ocupava uma parede inteira, não que Nanao tivesse tantas coisas assim, mas é que ela guardava tudo ali. O lado esquerdo ficavam suas roupas e sapatos, no meio haviam gavetas com peças intimas e algumas outras coisa e sobre as gavetas toalhas e roupa de cama em gera. Do lado esquerdo haviam muitas caixas de pouco mais de dez centímetros de altura.

Nanao era tão organizada que chegava a ser assustador. Pegou umas sete caixas e se virou para ir até a porta, mas uma coisa lhe chamou atenção. Sobre a impecável cama da moça havia uma caixa, muito bonita e parecida com as que carregava no momento. Um sorriso malicioso se formou nos lábios, será que era aquele que ela usaria no festival?

Um anjinho pousou em seu ombro e disse que não deveria fazer aquilo, que Nanao não gostava que mexessem em suas coisas, que deveria respeitá-la. Mas também apareceu uma diabinha que disse exatamente o contrario e como tinha uma leve pretensão pelo mal feito, colocou as caixas sobre a penteadeira dela e foi dar uma espiadinha.

Sobre a caixa havia um cartão, sem envelope, com uma caligrafia que ela não conhecia escrito: Para Ise Nanao. E somente isso. Não havia nenhum indicio de remetente, o que era demasiadamente estranho e atiçou ainda mais a curiosidade da ruiva. Levantou a tampa da caixa e viu um papel de seda escuro que envolvia uma linda yukata. Os olhos da shinigami se arregalaram ao ver o que tinha dentro da caixa.

- Sugoiiiii!!! – ela sorriu de orelha a orelha – Nanao-chan sortuda!

Matsumoto sabia que aquela peça não lhe seria emprestada, mas isso não importava, o mais importante naquele momento era saber quem havia presenteado Nanao. Ela tinha um admirador secreto... Hum... Aquela carinha de séria nunca enganou-a, a Ise podia não ser exatamente popular com a comunidade masculina da Seireitei, no entanto, ela tinha conhecimento dos casos que a morena tivera e sempre esses ficavam com aquele gostinho de quero mais. Nanao de boba só tinha a cara.

- O que aconteceu, Rangiku? O chá vai esfriar. – disse entrando no quarto –

- Quem, Nanao? – virou o rosto com cara de maníaca –

- Nani? – indagou a Ise vendo Matsumoto sobre sua cama ao lado de uma caixa – Que caixa é essa?

- Você é que tem que me contar... Agora eu descobri porque você sempre vai para o festival com uma yukata mais linda que a outra. Quem é seu admirador, em? Aposto que mesmo sendo secreto você sabe quem é!

A Ise ainda estava meio confusa, mas um sininho tocou em sua mente ao ver a mulher retirar a yukata fina de dentro da caixa. Oh... Ele tinha feito de novo, mas ele sempre fazia, não é mesmo?

- Quem deixou mexer nas MINHAS coisas, Rangiku?? – disse indo na direção dela com passos largos –

- Vamos, Nanao, conte para mim... Essa Yukata é do mesmo estilo das outras, então é da mesma pessoa!! Safadinha!!! Como assim você tá namorando e não me conta??

- E... Eu não estou namorando! – a morena pegou a peça, recolocou na caixa tapando-a – Não mexa nas minhas coisas.

- Pare de teatrinho, Nanao-chan!! Somos amigas, eu te conto tudo e você fica aí de segredinho!! É o Kyouraku taisho?? Só pode ser ele... Com quem mais você teria um relacionamento sério?

- Não, Rangiku! Eu não estou namorando o Kyouraku Taisho! Pare de pensar idiotices! – a morena levou a caixa até seu armário e guardou-a –

- Então quem te deu? O Hisagi não foi, isso é muito fino e de muito bom gosto, ele pode ser um cara legal, mas tem um bom gosto assim!!

- Não, Rangiku, não foi o Hisagi! Pare de falar asneiras e vamos descer, não queria uma yukata emprestada?

Os olhos azuis correram o quarto chegando até a ruiva, severos. Não estava com vontade de falar sobre aquilo com ela, por mais que fossem amigas, existiam coisas que eram pessoais demais para se ficar falando e a ruiva sabia muito bem disso.

- Você não me assusta com essa cara de má, pode ir largando de fazê-la, dá rugas! Agora trate de me contar direitinho o que aquela caixa significa!

- Eu mandei fazer uma Yukata, ela chegou na Bantai para mim e pedi para Tatsufusa trazer para mim. Eu não tinha tempo de fazer isso.

Mentiu descaradamente sem titubear, não sabia de onde tinha tirado toda aquela história, mas o raciocínio rápido era uma das coisas das quais muito se orgulhava. A tenente ficou encarando-a durante alguns segundos como se procurasse algum sinal de mentira, e aparentemente não notou, pois sorriu e pareceu se convencer com o que ela disse.

Se tivesse prestado mais atenção, talvez tivesse notado que Nanao desviou o olhar alguns graus para a esquerda, o que era uma ação natural do ser humano quando mente e está inventando uma história e isso também se aplica as almas, e também teria notado que a voz da Ise subiu algumas poucas notas... Entre outras pequenas coisas.

- Okay... – A mulher se levantou e pegou as caixas que antes tinha nos braços – Pare de me olhar com essa cara, não íamos fazer um desfile lá embaixo, vamos pegue as caixas que ficaram no armário...

Matsumoto saiu do quarto cantarolando uma música qualquer como se nada tivesse acontecido e a outra mulher suspirou de maneira aliviada. Parecia que tinha engabelado aquela ali, a shinigami podia ser muito perceptiva e observadora quando queria, só que na maioria do tempo ela tinha uma cabecinha de vento muito fácil de se manipular.

- Kyouraku Taisho... – sussurrou –

Matsumoto chegou a sala e colocou as caixas sobre o sofá e sentou a espera da outra. Ela não tinha engolido aquela história, não era idiota e nem tão avoada ao ponto de não ter notado certos detalhes, mas se tinha uma coisa que os anos de convivência haviam lhe ensinado era que com Ise Nanao, pressão não funcionava.

A Ise era uma mulher complexa, muito fechada para o mundo e um pouco menos fechada para os amigos. Não sabia muito sobre a vida dela antes de serem amigas, ela não era de falar e nunca tinha tido coragem de perguntar. Sabia por alto que ela havia sido criada por uma família de distrito alto de Rukongai depois de Shunsui ter conhecido lisa, soube também que esses pais adotivos morreram num ataque inesperado de Hollow, mas além disso, tudo o que sabia era que se quisesse realmente saber alguma coisa teria de esperar que ela falasse por conta própria.

- O chá esfriou. – Nanao tinha bandeja nas mãos – Farei outro, um minuto.

Rangiku apenas olhou ela se afastando, sabia que havia alguma coisa abalando as estruturas da Ise naquele momento e sua curiosidade estava quase lhe comendo o estômago, mas a paciência é uma virtude que apesar de não ter muita, teria de exercitar.

- Hey!! Volta aqui com os biscoitinhos!!!

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Shunsui estava sentado debaixo de uma árvore no mundo real, não deveria ter deixado a Sereitei como fizera de fininho, mas por algum motivo estranho, seus passos o levaram até onde estava naquele momento. E ele sabia que logo uma pessoa apareceria, não sabia se ela estaria inclinada a conversar, mas isso também não importava.

Uma brisa fresca veio do sul fazendo com que as folhas da árvore acima de si farfalhassem em uma sinfonia única. E não demorou para que o som de passos ressoasse as suas costas.

- Realmente você é um cara muito chato! Vai acabar levando uma advertência por deixar a Seireitei assim...

- Konnichiwa, Lisa-chan. – disse preguiçoso –

- Você não existe... – ela se sentou – O que faz aqui?

- Está um rebuliço lá em cima, essa coisa de festival deixa todo mundo meio maluco... Você vai?

- Poder eu posso, mas não sei não... Voltar pode me trazer muitas lembranças. Estou satisfeita com a minha vida e não quero estragar isso.

- É só um festival, Lisa-chan...

- Você sabe que está se metendo em problemas me propondo isso, não sabe?

- Eu não... Só estou fazendo o que acho que devo fazer, você é que fica achando pêlo em ovo.

- Nós dois sabemos o que acontecerá se eu aparecer e isso pode acabar com tudo o que ambos temos. Está disposto a correr o risco?

O capitão levantou-se recolhendo seu haori rosa e sorriu para ela, ele estava disposto a qualquer coisa para por um ponto final nessa história de uma vez, pois enquanto não o fizesse, não poderia escolher caminho nenhum para trilhar. Não agüentava mais essa situação sem poder andar nem para frente, nem para trás.

- O festival é daqui dois dias, espero te encontrar lá...

E assim ele desapareceu num shunpou. Ele estava realmente disposto a apostar tudo o que tinha, Lisa só esperava que isso não custasse aos dois exatamente isso tudo, pois então, terminariam amaldiçoando tudo.

Continua...

 Yooo, desculpem a demora, mas é que andei commuitas coisas para escrever ao mesmo tempo, espero que vcs nao tenham esquecdio dessa fic e que me agraciem com seus comentários. Entrem para a campanha: Adote um ficwriter!!

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