Procura-se Um Amor escrita por Anny Taisho


Capítulo 8
Nem tudo precisa mudar


Notas iniciais do capítulo

Para matar sua curiosidade Larg-chan!!!



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Cap. VIII – Nem tudo precisa mudar

Nanao abriu os olhos na manhã seguinte e espreguiçou-se como uma gata manhosa em um balaio de algodão. Ficou alguns minutos deitada olhando para uma das paredes de seu quarto, mas logo se levantou, fez a cama e foi para o banheiro fazer sua higiene matinal e tomar um banho. Em menos de quarenta minutos estava na cozinha de sua casa tomando um chá e comendo torradas. Estava em pé escorada em seu balcão quando se lembrou de abrir seu inseparável livro, e quando viu que dia era e a anotação que ali havia suspirou, teria muito o que fazer.

Era vinte e quatro de julho, o que queria dizer que dentro de quinze dias aconteceria o Tanabata e como sempre foi parar em suas costas a sua organização. E como não havia visto nem rastro de nenhum relatório na hachi de qualquer esquadrão sobre suas funções e planilhas de gastos, imaginava que a partir de hoje seria soterrada por eles.

Nada como mais um dia em sua vida na Seireitei. Pegou seu livro e seguiu para a Hachi com um shunpou, quanto mais cedo chegasse, mais rápido poderia se resolver e fazer tudo.

***

Como se tivesse adivinhado, nas primeiras horas da manhã os relatórios começaram a chegar. E em muitos deles, as planilhas de gastos não estavam completamente organizadas e por isso teve de se pôr a fazê-las para depois fazer uma última planilha onde haviam os gastos que cada esquadrão tomaria em relação ao festival.

Essa parte já estava quase que completamente pronta quando Tatsufusa entrou no escritório trazendo um envelope para a fukutaisho. Logo que ele saiu, a morena abriu o envelope de papel pardo, não parecia nada demais, mas ao ver o que tinha dentro não pôde deixar de sorrir.

Havia outro envelope, desta vez carmim de papel macio e fechado com o selo oficial dos Kuchikis, abriu-o e encontrou um papel de carta branco muito bonito com inscrições em uma caligrafia invejável e assinado com um nome que ela já esperava.

“Quando, Nanao, vier nosso outono com o inverno que há nele, reservemos

Um pensamento, não para a futura primavera, que é de outrem

Nem para o estio, de quem somos mortos,

Senão para o que fica do que passa,

O amarelo atual que as folhas vivem, e as torna diferentes...”¹

Sorriu e suspirou. Era uma boa surpresa, Byakuya era realmente um romântico, o último ou um dos últimos, juntamente com Ukitake Taisho, bem... Pelo menos era o que o capitão do Décimo terceiro esquadrão aparentava. O que não importava no momento, aquela realidade estava realmente muito melhor do que qualquer sonho bobo.

Recolocou tudo dentro do envelope pardo e guardou-o dentro de sua gaveta particular fechando-a em seguida a chave. Voltou aos seus afazeres com um sorriso delgado nos lábios. Parecia até que o dia estava mais azul e o clima mais agradável. Terminou de fazer o relatório para enviar a Ichi Bantai para ter o aval oficial do Soutaisho liberando a festa. Ainda bem que já havia feito um cronograma e a distribuição de tarefas anteriormente, agora era só enviar e esperar a resposta, que sabia ser positiva, aquilo não passava de formalidade.

Levantou-se e saiu, indo pessoalmente lá, queria começar a resolver aquilo o mais rápido possível. E não demorou muito para que chegasse a sede da Ichi. Sasakibe não estava na ante sala e por isso entrou ali meio receosa, seus olhos se arregalaram brevemente quando a porta da sala de Yamamoto se abriu e de lá saiu um certo Kuchiki, teve de respirar fundo e controlar aquele maldito sorriso que queria aparecer.

O moreno tinha ficado ainda mais bonito com aquela roupa nova pós guerra de Inverno... Suspirou e cumprimentou-o como faria com qualquer outro capitão.

- Bom dia, Kuchiki-taisho. – disse vendo-o se aproximar o suficiente para que falassem sem que alguém os pudesse ouvir –

- Bom dia, Ise fukutaisho. – o homem sorriu – Espero que minha carta não lhe tenha causado imprevistos, mas não resisti em mandá-la.

- Não foi nada, eu gostei bastante. – disse olhando-o nos olhos –

- Que bom, fico satisfeito em saber.

No segundo seguinte, Sasakibe apareceu saindo da sala de Yamamoto, mas nada viu, pois o moreno já havia usado um shunpou e desaparecido deixando apenas uma brisa suave para trás.

- Ise-san? – o tenente a viu –

- Bom dia, Sasakibe fukutaisho. Trouxe um formulário para o Soutaisho assinar referente ao Tanabata.  Mais tarde mandarei os relatórios com toda a organização, mas preciso dessa assinatura para começar a trabalhar.

- Vou anunciá-la, espere um minuto. – ele saiu e voltou rapidamente –

Nanao caminhou firmemente até dentro da grande sala, ainda sentia certo receio de se aproximar do capitão. Desde aquela história em que perdera os sentidos, a simples presença de sua reiatsu a deixava receosa. Mas não deixou que isso transparecesse, fez um cumprimento respeitoso e disse o que queria, ele pediu que se aproximasse e pegou a folha. Abriu brevemente os olhos e os correu sobre a folha assinando-a em seguida.

- Parece que sobrou novamente para você organizar tudo, Ise-san. Quer que eu peça ao Sasakibe  para auxiliá-la? É bastante trabalho.

- Obrigada, mas não é necessário, Soutaisho. Já tenho um organograma que me permite fazer tudo sem problemas.

- Tudo bem, mas se precisar é só chamá-lo, esse festival é muito importante para todos. Toda a nobreza estará lá.

- Não se preocupe, tudo correrá bem como sempre, capitão. Mais alguma coisa?

- Pode se retirar, Ise-san. Bom trabalho.

Nanao saiu da sala e suspirou profundamente, mesmo com ele suprimindo sua reiatsu ela ainda parecia muito sufocante, a sua se reprimia e quase a sufocava. Realmente, a Ise notou naquele momento que Kyouraku deveria fazer um esforço gigante para não sufocar ninguém.

- É uma questão de costume. – o homem organizava uma mesa de chá a moda inglesa – No inicio eu sofri bastante, mas ele está suprimindo o máximo que consegue.

- Não é a toa que ele é o Comandante da Gotei 13. – Nanao se recompôs –

- Me acompanha num chá? – tenente sentou-se e serviu duas xícaras, ele era meio estranho, mas muito educado, não custava nada –

- Seria ótimo. – Nanao sentou-se e tocou na xícara de porcelana fina –

A Ise ficou cerca de trinta minutos ali com Sasakibe, após esse tempo se despediu e foi para sua Bantai descobrir se Shunsui já havia dado o ar da graça ou se teria de caçá-lo pelos botecos da Seireitei. Como era possível um homem conseguir beber tanto? Ele não se importava se era madrugada, manhã, tarde ou noite, bastava estar de olhos abertos.

Não era contra que ele se divertisse, nem queria que ele deixasse de ser como era, mas um pouco de ordem na vida não matava ninguém. Como já dissera Aristóteles o excesso de prazeres configura o vício e Kyouraku já havia se perdido há muito tempo.

Chegou ao esquadrão e encontrou Kyouraku conversando com duas shinigamis do esquadrão visivelmente jogando charme para elas, mordeu os dentes nesse momento e deu-lhe um tapa nas costas puxando pela gola do Shuhakushou, fazendo com que o mesmo tivesse que andar curvado devido a diferença de altura.

- Itai, Nanao-chan, como está cruel hoje... – dizia Shunsui reclamando manhoso tornando aquela cena ainda mais bizarra –

- Pro trabalho, Taisho, eu tenho que organizar o Tanabata e o senhor tem que fazer o seu trabalho para que ninguém aqui tenha que fazer uma visita ao Yamamoto-sama.

- Quanta violência! Podia ter pedido com jeitinho que eu te atendia...

Nanao só o soltou quando chegaram ao escritório e Kyouraku foi caminhando para sua mesa com a coluna meio torta, sua Lovely era muito baixinha, mas tinhosa como se tivesse dois metros de altura.

- Eu já cansei de pedir com jeitinho, Taisho. – Nanao veio trazendo uma singela pilha de trinta centímetros de altura – Assine, por favor.

- Eu queria saber de onde sai todo esse papel, todo dia eu tenho que assinar umas duas pilhas dessa mesma altura. – disse reclamando –

- Somos o esquadrão burocrático da Gotei 13, toda burocracia de todos os esquadrões fazem uma visita para gente. O senhor deveria saber disso sendo Taisho a uma eternidade... – disse com certo desdém voltando a sua mesa –

- Eu não sou tão velho assim, Nanao-chan! Eu sou maduro! – disse o capitão orgulhoso –

- E daqui uns tempos cai de podre. – a Ise replicou fazendo Shunsui ficar com uma cara de tacho, aquela pequena tinha resposta para tudo –

- Eu acho que minha Nanao-chan ficou foi com ciúmes de me ver conversando com as garotas, não precisa ter ciúme...

- Se terminar essa frase, eu juro que teremos um taisho a menos por aqui... – disse fazendo aquela face assustadora que intimidava a todos –

O capitão sentiu um frio na espinha e calou a boca.

- Eu estou assinando, Nanao-chan, assinando! – disse mostrando para ela serviço –

Sua lovely sabia ser assustadora quando queria, mas ainda assim a achava a coisinha mais Kawaii de todo Mundo Espiritual.

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Faltando uma semana para o festival, todo mundo estava correndo contra o tempo. Afinal, além do trabalho diário dos esquadrões, eles ainda tinham que preparar sua participação no festival. A Hachi Bantai havia ficado com a parte de apresentação dos tambores Taikô, canções tradicionais e danças folclóricas, todos já estava ensaiando a mil para, como sempre, fazerem um show perfeito de encher os olhos de todos.

Nanao estava no centro da Seireitei almoçando com Isane e Matsumoto, a ruiva nesse momento discutia com o garçom querendo que ele trouxesse uma comida estranha que não estava no cardápio. A vida da tenente da Hachi estava atolada, tudo o que acontecia por ali tinha que passar pela sua aprovação, para poderem comprar uma lantejoula que fosse, era preciso fazer licitação que precisava de sua assinatura.

- Humpf! – a ruiva cruzou os braços – Eles não sabem o que estão perdendo... Essa receita iria fazer o maior sucesso.

- Uma pena mesmo, Rangiku-san... – Isane meava a cabeça agradecendo ao bom senso do garçom – Vamos pedir alguma coisa do cardápio então.

- Desse cardápio sem-graça... – a ruiva fez bico – Fazer o que neah?

- Eu vou querer legumes no vapor, peixe assado e um suco de abacaxi com hortelã. – disse fechando o cardápio – E você Isane?

- Uma salada a moda da casa, arroz, peixe assado e sopa de soja. – disse a médica – Rangiku-chan?

- Sopa de soja, wasabi, arroz com verduras, salada tropical com bastante manga, abacaxi, caqui, melão e catchup. E um chá verde.

- Não sei como não vive com indigestão, o sakê já deve ter destruído seu estômago... – disse Nanao recebendo um língua de fora da amiga, Matsumoto era tão infantil ás vezes –

Chamaram o garçom novamente e ele anotou os pedidos saindo em seguida. Ficaram então as três amigas conversando. Matsumoto não se conformava com o fato da Go Bantai ter ficado com a parte alimentícia do festival, seria muito melhor se seu esquadrão fosse encarregado, pois ela daria um jeito de deixar aquelas receitas chatas muito mais gostosas.

- Você é má, Nanao-chan, meu esquadrão deveria ter ficado encarregado das comidas típicas...  A Momo vai ajudar a fazer tudo daquele jeito sem graça igual aos outros anos.

- Eu sei que você ficou feliz com a escolha das bebidas e barraquinhas de jogos.

- Mas eu queria mostrar para esse povo o bom gosto gastronômico, tirá-los da mesmice... – ela viu duas pessoas entrando no restaurante e puxou as amigas para perto e falou baixinho – Mas mudando de assunto, olha o Byakuya Taisho... Cara, ele já era bonito, de roupa nova tá ainda melhor.

As duas amigas ficaram vermelhas e repreenderam Matsumoto por sua falta de tato.

- Como são chatas, estou só admirando a beleza dele, isso não mata ninguém. Ou vão me dizer que não o acham bonito?

Isane corou e não falou nada, já Nanao ajeitou os óculos e disse com um tom sóbrio.

- Realmente, a simetria entre as duas metades de sua face é admirável.

- Como é? – Matsumoto arregalou os olhos – Ai Nanao, você é muito esquisita... Simetria facial... Fala logo que o cara bonito!

- Temos vocabulários diferentes e cale a boca, eles estão vindo para cá.

Renji e Byakuya estavam indo para a mesa que ficava no canto extremo do salão do restaurante. O ruivo passou pelas moças e lançou um ‘yo’ animado que foi retribuído, mas o que Nanao não esperava era que Byakuya lhe cumprimentasse da maneira que fez, a olhando profundamente nos olhos e acenando com a cabeça.

- Boa tarde, Ise-san. – disse ele.

- B... Boa tarde, Kuchiki Taisho. – respondeu meio assustada –

E isso não passou despercebido aos olhos maliciosos de Rangiku que quase teve um negócio e a olhou inquisitiva.

- Hum... Não sabia que eram amigos...

- Temos hobbys em comum e acabamos conversando. O que há demais nisso? – disse mexendo em seus óculos num tique –

- Se todo mundo não soubesse que ele vive sozinho há décadas e que não tem pretensão nenhuma de mudar isso, eu acharia que tem angu nesse caroço. Sem contar que você é do Kyouraku taisho, neah? Você prefere uma coisa assim mais caliente...

- Ma... Matsumoto!? – ficou vermelha – Eu não gosto de nada desse tipo... E caso queria saber e caroço no angu, e não angu no caroço!!!

- Sei... Fica ai fazendo essa cara de boazinha que todo mundo acredita! Eu te conheço Ise Nanao e o Hisagi corta um dobrado para poder continuar conhecendo! – a ruiva riu alto e as duas amigas ficaram vermelhas, Isane ainda era tão novinha... –

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Nanao estava na sala dos tenentes com uma lista que havia recebido do Décimo terceiro esquadrão, estava conferindo se tudo o que pediram para fazer os enfeites tinha chegado para dar baixa no recibo e arquivar. Caminhava de um lado um lado para o outro com uma prancheta e uma caneta, fazendo vistinhos nos itens já encontrados.

Estava meio perdida em suas contas e não notou a entrada sorrateira de uma certa tenente baixinha de cabelos róseos que trazia consigo um pirulito gigantesco e da mesma cor de seus cabelos. Ela apareceu do nada e sentou-se sobre algumas caixas.

- Certinha-chan!!! – disse sorrindo –

Nanao sentiu um sobressalto, mas não deixou isso lhe afetar, ajeitou suas lentes corretivas e dirigiu a palavra a Yachiru.

- Konnichiwa, Yachiru, o que faz aqui? Não temos reunião hoje.

- Eto... – ela balançava as perninhas – É que tá todo mundo ocupado esses dias, o Ken-chan fica para lá e para cá carregando umas coisas pesadas, o carequinha e o zebrinha também... Ninguém tem tempo para brincar comigo.

- Desculpe, mas também não tenho tempo, Yachiru, o festival está ocupando a todos. – disse voltando a contar as caixas de papel para origami –

- Eu sei, certinha-chan, está sempre muito ocupada... Mas é que ninguém tinha tempo ou sabia bem me explicar o que é exatamente esse festival. E todo mundo disse para eu vir te perguntar.

A Ise suspirou, não poderia ignorar aquilo. Yachiru era uma criaturinha irritante, mas ainda sim não passava de uma criança que tinha curiosidade e ela não negaria conhecimento para ninguém. Colocou a prancheta sobre uma das caixas e pegou a rosada no colo para levá-la até a mesa.

- O que exatamente quer saber? – disse colocando-a sobre a mesa e depois sentando-se na cadeira a sua frente –

- Um festival comemora alguma coisa, como uma festa de aniversário comemora os anos, o que é que estamos comemorando então? O aniversário de alguém importante?

Nanao riu brevemente.

- Iie, iie... Tanabata também pode ser chamado de Festival das Estrelas. E ocorre no sétimo dia do sétimo mês de cada ano.

- Mas num estamos no mês oito? – a pequena começou a falar os nomes dos meses erguendo os dedos para contar – Janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto... Oito meses.

- Mas é que a contagem para o festival é feita segundo um calendário Lunar e não solar... – Yachiru fez cara de quem não entendeu bulhufas – É complicado explicar, você só precisa saber que segundo essa contagem o mês sete é agosto.

- Okay, pra mim num faz diferença!! – ela enfiou o pirulito na boca –

- E sua história se baseia em uma lenda muito antiga de um pastor e uma princesa que se apaixonaram. Ela se chamava Orihime, a princesa tecelã, e morava com seu pai Tentei, o senhor celestial, próximos a via Láctea. Um dia, Tentei apresentou a sua filha aquele que achava ser seu par ideal, Kengyu, um pastor de gado. Ambos se apaixonaram de maneira avassaladora e passaram a viver esse amor completamente, esquecendo-se de que tinham muitos afazeres.

- Hum...

- Tentei ficou indignado com a falta de responsabilidade dos dois e então resolveu os punir fazendo com que vivessem dos lados opostos da Via Láctea. Isso causou muito sofrimento e lágrimas ao casal... O Senhor Celestial comovido com o sofrimento da filha, resolveu permitir que uma vez no ano, no sétimo dia, do sétimo mês do calendário Lunar uma ponte se formasse ligando as duas extremidades para que se encontrassem, desde que atendessem todos os pedidos feitos na Terra durante esse dia.

- Que lindo Certinha-chan! Mas que pedidos são esses?

- Bem, a decoração do festival é composta em parte por galhos de bambu com papeizinhos pendurados onde as pessoas fazem pedidos. Orihime e Kengyu são representados na nossa mitologia por duas estrelas que ficam em lados opostos da galáxia e que só se encontram uma vez no ano, Vega e Altair.

- Nossa!!! Que legal!! Eu posso ver essas estrelas?

- Pode sim, peça para alguém da sua bantai lhe indicar em alguma noite de céu límpido.

- Hai!!! – Yachiru se postou de pé e pulou sobre Nanao usando seu ombro como apoio e saiu correndo e dizendo – Arigatou, certinha-chan!

Nanano ficou alguns segundos olhando para o nada e depois sorriu singela antes de voltar a seus afazeres, aquela criatura podia ser irritante, mas ainda sim era só uma criança curiosa. E provavelmente iria atormentar alguém que não era si mesma.

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Shunsui estava caminhando pelo jardim da casa Kyouraku, tinha ido fazer uma visitinha ao irmão no primeiro distrito de Rukongai e também tinha uma coisa para fazer lá. O homem que fazia as mais lindas Yukatas de festa do mundo espiritual sempre fazia uma visita a sua cunhada e mãe... O que era providencial. Todos os anos, há muito tempo, sempre fazia um mimo a sua pequena Nanao dando-lhe uma bela vestimenta para ir ao festival.

Não entregava pessoalmente, nem deixava nenhum indicio de que era um presente seu, afinal, ela jamais aceitaria se fosse assim. Por isso, apenas escolhia o que julgava mais lindo pra ela, escrevia “para Ise Nanao” num cartão com a melhor caligrafia que jamais usava usualmente e mandava entregar no quarto dela. O capitão não era burro, sabia que depois de alguns anos, ela mesmo sem poder provar sabia que era um presente, mas não falava nada e os dois ficavam naquele silêncio agradável. Gostava de vê-la bonita, usando algo escolhido com tanto esmero.

Encontrou o velho vendedor debaixo de uma ameixeira esperando-o, sempre estava ali naquela data e trazia consigo as peças mais belas ao gosto do capitão.

- Anosa, Kyouraku-sama, pensei que não viria. – disse o homem –

- Koyama-kun! Eu estava entretido olhando o céu e me perdi no tempo... Trouxe alguma coisa para mim?

- Eu trouxe algo que irá gostar, com certeza.

 O homem pegou uma peça lilás com borboletas negras bordadas e seu rastro era bordado com fios de prata a obi era negra fazendo uma espécie de laço atrás. A peça era razoavelmente pesada, apesar de não ser um kimono, pois era de festa. O bordado começava na barra que se arrastava no chão e o vôo das lindas borboletas subia até quase a metade da peça com seu rastro prateado, as imagens saltavam aos olhos como se estivessem vivas.

Koyama-kun tinha razão, ele realmente gostou. Sua Nanao-chan adorava lilás e preto, sem contar que quando criança vivia correndo atrás de borboletas. Ela se deliciaria vendo aquela peça... Seus lindos e grandes olhos azuis expressivos brilhariam.

- Então, quer ver outro? Eu tenho outras opções...

- Iie, iie... Vai ser esse mesmo! – Shunsui sorriu – Deixe comigo o preço que levo o dinheiro para você ao cair da tarde.

- Pode deixar, eu sabia que gostaria desse, mas tem certeza de que não quer ver outros?

- Eu não preciso, minha pequena vai adorar este. – o homem sorriu – Coloque em uma caixa bem bonita com uma dobradura perfeita. – disse entregando a peça –

- Pode deixar, vou usar a caixa mais bonita que tenho... Não sei quem é a moça a quem vai presentear, mas imagino que seja muito especial.

- Ela é a mais especial. – os olhos de ébano brilharam –

- É uma moça sortuda, ninguém dá um presente como esse a alguém por quem não nutra um carinho muito grande.

- Ela sabe, mesmo que às vezes finja não saber.

O velho fabricante de peças artesanais entrega o embrulho a Shunsui que desaparece num shunpou. Iria aproveitar que sua lovely estava trabalhando para deixar o embrulho em sua casa.  Entrou pela janela do quarto da Ise que estava impecavelmente organizado. O capitão não se lembrava de uma única vez ter visto o quarto da morena ou qualquer coisa que pertencesse a ela fora de ordem.

Caminhou lentamente pelo recinto que demonstrava todo jeitinho da sua adorável lovely. Havia um porta retrato sobre sua penteadeira com uma foto dela consigo no último festival juntamente com Shirou e Retsu... Ele sorriu e pegou o objeto sorrindo. Queria tanto que tudo voltasse a ser como sempre foi.

Recolocou no lugar e caminhou até cama dela com colcha roxa e ali depositou seu presente. Sentou-se na beirada do colchão e tateou o lençol inspirando o perfume que exalava, tinha o cheiro dela, o cheiro que tanto amava... Pegou o travesseiro e deu um abraço no mesmo.

- Nanao-chan...

Ficou ali por um tempo que não soube definir, mas antes que ela aparecesse, foi embora deixando seu presente para trás. Tanta coisa tinha mudado em tão pouco tempo, mas algumas deveriam permanecer. E as boas lembranças eram uma dessas coisas.

Continua...

Notas do capítulo:

¹- O poema que Byakuya deu a Nanao, foi escrito por Fernando Pessoa e no lugar de ‘Nanao’ originalmente há o nome ‘Lígia’, eu retirei para meios de aplicação do mesmo na fic, mas deixo claro que esse poema não é de minha autoria. Se por acaso houver alguma dificuldade em sua interpretação é só preciso pedir que eu com todo prazer guardarei um pedaço do próximo cap com uma nota de explicação.


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Notas finais do capítulo

Esperando comentarios em. Eu só posso saber se vcs estão gostando, se vcs me contarem, porque infleizmente não posso ler suas mentes amores!!!!! Amei todos os comentários recebidos e kiss kiss!!!



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