Procura-se Um Amor escrita por Anny Taisho


Capítulo 3
Fotos




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Cap. III – Fotos

Nanao, naquele dia, acordou mais cedo que de costume para poder ir a sua estufa. Mas não levou o presente que ganhara, a Ise resolveu deixar a tulipa em casa por algum motivo que ela não sabia muito bem qual era.

O sol estava aparecendo no horizonte enquanto a moça caminhava pelos corredores sinuosos da Seireitei. O vento batia delicado na face alva da shinigami, aquela noite de sono não havia sido tão esclarecedora como ela pensava... Aquela imagem que entrou em sua mente foi realmente um baque as convicções femininas.

Chegando a sua estufa, a shinigami tratou logo de cuidar das flores que estavam ali antes de começar o que tinha ido fazer. E com muito cuidado, fez uma muda de sua preciosa rosa, no entanto, infelizmente, uma muda de roseira não era nada bonita. Sendo apenas um talinho... Ela sentia vergonha em presentear o capitão com aquilo depois de receber uma tulipa tão bela.

- O que vou fazer? – a morena olhava para muda interrogativamente –

Depois de pensar alguns minutos, a moça teve uma idéia. E pegando uma tesourinha especial para poda cortou uma das rosas de sua roseira com carinho. Ela já sabia o que fazer para imortalizar aquela beleza.

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Shunsui só apareceu no escritório por volta da uma da tarde e com uma cara muito lerda, mais que de costume, o que entregou que ele deveria ter andado fazendo. E não era nem preciso dizer que isso não fez nada bem ao humor da fukutaisho.

No entanto, ela tentava parecer indiferente, como se não notasse ou se importasse. Mesmo que fosse mentira e seu coração ficasse apertado. Aquilo não era nada justo.

- Bom dia, Nanao-chan!!! – disse Shunsui cantante –

- Acho que o senhor quis dizer boa tarde, no entanto, mesmo que tivesse dito, não seria uma colocação correta, pois após receber um prensa do Sasakibe-san por ordem do Soutaisho minha tarde não está nada boa.

Disse a moça enquanto lia e assinava alguns papéis.

- Hum... Isso não foi muito legal, Nanao-chan, eu chego e você nem me dá boas vindas! Deveria tratar melhor seu capitão!

- Não estou aqui para lhe tratar bem, estou aqui para tentar manter esse esquadrão minimamente organizado. Se quer ser tratado bem vá fazer uma visita as subordinadas que devem estar fazendo fila na porta do escritório.

- Por acaso está com ciúmes de mim, cruel Nanao-chan? – disse o capitão animado –

- Ciúme é um sentimento de posse em relação a algo que nos pertence, o que não é o caso, pois o senhor não me pertence e realmente não é o meu desejo reverter essa situação. Se quisesse alguém para me fazer companhia, arrumaria um cachorro.

Aquela resposta nada gentil da Ise feriu Shunsui. Não que ele realmente mostrasse isso, o que não mudava o teor ácido da resposta dela. Ele simplesmente havia lhe dado ‘bom dia’, não tinha motivo para ela fazer aquilo.

Às vezes, o capitão pensava em desistir da moça, pensamento que logo era esquecido quando ele a via escrevendo, pensando, tomando chá... Era difícil agüentar a rejeição da dela... Não entendia o porquê de ser tão rejeitado.

Calado, Shunsui foi para sua mesa, Nanao não estava de bom humor era melhor deixá-la quietinha.

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O crepúsculo chegou trazendo suas cores alaranjadas, amarelas e azuis que dariam mais tarde o tom da noite. E a fukutaisho da Hachi ainda estava em seu escritório trabalhando. Nada fora do comum realmente.

Aquela tarde com Shunsui fora demasiadamente longa, toda vez que olhava para o grande capitão ela sentia raiva por imaginar o que ele teria feito com alguma vagabunda. Aquele sentimento lhe corroia as entranhas deixando um gosto amargo em sua boca.

Nanao não gostava de sentir-se assim, era como se suas emoções fossem superiores a sua racionalidade e isso era inaceitável! Sem dizer que o ciúme é um sentimento baixo capaz de cegar e enlouquecer o ser humano. E a Ise não queria acabar amargurada e quebrada tendo deixado para trás um rastro de destruição.

De soslaio, a shinigami olhou para a mesa de seu superior que estava entretido mexendo num livro que a Ise reconheceu como um álbum de fotos antigo.

- Não vai sair para beber, Taisho? – perguntou a morena enquanto guardava papéis em uma pasta –

- Estou esperando minha Nanao-chan ir embora, não quero deixá-la sozinha para depois sair falando que sou um mau capitão!

- Se é esse o motivo, pode se retirar. Não sou do tipo que fala do meu chefe pelas costas, tudo o que tenho a reclamar, digo diretamente para o senhor!

- Alguém tão linda não deveria usar palavras tão ásperas... – disse o capitão num tom monótono – Venha cá, Nanao-chan! Venha ver essas fotos que achei!

A menina dos olhos de Kyouraku caminhou até seu chefe, tinha ficado curiosa após notar a atenção que ele dispensara as fotos. Parando atrás da cadeira dele.

- Veja!! Esse aqui é Ginrei-jiji quando eu virei capitão... – a risada ruidosa do shinigami ecoou nos ouvidos da Ise – Ele não gostou muito, Nanao-chan! Achava que eu não estava preparado...

A tenente não dizia nada, apenas observava as fotos com atenção. Era um álbum muito antigo e a moça pôde ver muitos rostos desconhecidos dela. Em quase todas havia Ukitake, a amizade dos dois era mesmo impressionante...

Nesse instante, ela notou que não sabia quantos anos seu chefe tinha. Kyouraku não costumava falar muito de tempo, quando contava alguma história simplesmente dizia que fora a muito tempo... Algo muito vago.

- Kyouraku Taisho...

- Sim, Nanao-chan?

- Quantos anos o senhor tem? – disse ela num tom incerto –

- Hum... Por que perguntas? – Kyouraku virou o rosto em direção a subordinada curioso – Algum problema?

- Não... Não... Eu só notei agora que não sei quantos anos o senhor tem, já trabalho aqui a mais de cem e quando eu era uma menina o senhor já era capitão a muito tempo...

- Não fale assim, Lovely, eu me sinto velho quando você põe as coisas assim!! – ele fez uma careta –

- Não precisa responder se não quiser... Eu só queria saber.

O moreno suspirou.

- Trezentos e setenta e nove, Nanao-chan! – disse com um tom tedioso – Nem sei por que ainda conto, isso é tão chato!

- Oh... 379? – disse ela surpresa – Pensei que fosse mais velho, tipo... Uns... Deixa para lá!

O capitão riu se levantando e espreguiçando espaçosamente.

- Pois agora já sabe que não é bem assim e que estou na flor da idade! Por isso mesmo deveria me dar uma chance... – o que quer que ele fosse dizer ficou perdido quando ela o interrompeu –

- Nem pensar! – a moça se afastou –

- Bem... Não se pode ganhar todas! – o homem levou o chapéu a cabeça e começou a sair –

- Já vai, Taisho?

- Sim... Está uma linda noite para passear.

- Não ia ficar esperando?

- Minha Nanao-chan é boazinha, não vai falar mal de mim! – ele deu uma piscadinha – Não trabalhe demais, Lovely!

Kyouraku saiu deixando-a sozinha na sala, essa que saiu para fazer um chá e logo voltou, mas não para trabalhar e sim para terminar de ver o álbum que ficara sobre a mesa.

Com sua xícara, ela caminhou até o sofá sentando-se. Haviam tantas lembranças naquelas fotos... Shunsui tinha mesmo muita história para contar. E ela não se importaria de ouvir cada uma delas... Pelo menos as que não envolviam mulheres.

Mas uma coisa chamou a atenção da moça, uma das últimas fotos não estava ali. Embaixo havia a inscrição: “Meu primeiro dia na Hachi...”     Com caligrafia impecável e que ela reconheceria até no inferno.

- Lisa-fukutaisho... – saiu da boca dela perdidamente –

Mesmo agora com o fim da Guerra do Inverno, Nanao pouco sabia sobre o desaparecimento de Lisa e dos demais. Nem mesmo havia compreendido completamente como viraram soldados mascarados.

Tudo sobre o assunto foi minimizado para meios de conservação da ordem e impedimento de idéias parecidas brotarem, e a Ise não tinha coragem de perguntar a seu capitão. Os olhos dele sempre ficavam tristes quando alguém mencionava Lisa...

- Será que...?

Uma incerteza bandida apareceu no coração da shinigami, será que depois do reencontro os dois resolveram suas pendências...?

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Aquela fora uma noite longa demais, na opinião da Ise, pelo menos. Depois da conversa que tivera com Ukitake algum tempo atrás, seu mundo havia ruído completamente. Se as coisas fossem daquela maneira, era bem provável que Shunsui e Lisa estivessem juntos.

Nanao estava com a cabeça e os braços sobre o beiral da janela olhando a lua minguante. Havia somente o som dos trabalhadores do turno da noite... Passos calmos, conversinhas, alguns sons de construção. Os olhos sem as lentes de correção olhavam para o nada perdidamente.

O coração já tão cheio de dúvidas pesava uma tonelada dentro do peito da shinigami. Será que ela perderia o lugar no coração de Shunsui? Ou será que ela nunca ocupou um lugar lá?

Em um desses momentos de distração, os olhos azuis foram levados a prestar atenção numa figura masculina que caminhava, como estava sem óculos seu foco estava um pouco ruim... Mas ela sabia que conhecia aquela figura.

Sem mais o que fazer e com a curiosidade aflorando, a Ise manteve-se fixa naquela figura que aos poucos tomava foco. Por alguns instantes, ela achou que era seu Taisho, às vezes ele tinha o hábito de caminhar a noite e fatalmente sempre parava em sua janela, muitas vezes viravam madrugadas conversando e tomando chá, mas logo essa impressão desapareceu... Fazia tanto tempo que ele não aparecia.

Novamente o coração dela se apertou.

Pouco a pouco a figura tomou forma e...

- Kuchiki Taisho...?

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Um casal estava sentado na varanda da casa da Ise tomando um pouco de chá enquanto conversavam. Não era como se ele tivesse batido a porta da shinigami, quando Byakuya chegou a porta da casa da Ise, ela estava lá parada.

E sem nenhum tipo de insinuação. O corpo da jovem estava coberto por um haori púrpuro que nada revelava das formas da moça. Se cumprimentaram e ela o chamou para um chá.

O Kuchiki não viu nenhum mal nisso.

- Notei que não levou a tulipa para sua estufa, Ise-san. – disse o shinigami com a voz calma –

- Eu preferi deixá-la aqui... – ela parecia sem graça – Não sei bem o motivo.

- Não entenda como uma cobrança... Por favor! Eu só fiquei curioso! – Byakuya levou a xícara à boca sorvendo o liquido morno – Tem um belo jardim...

- Obrigada, mas tenho certeza de que o senhor tem um muito mais belo. Não há comparação.

- Se engana, Ise-san, às vezes as melhores coisas estão escondidas nos mais simples lugares. Não deprecie sua propriedade.

O rubor subiu a face feminina.

- Desculpe a indiscrição, mas está sem sono? Nunca o vi caminhar à noite.

- Na verdade é bem comum esse hábito, mas não é só um privilégio meu, já vi algumas vezes você e seu capitão conversando sobre o telhado.

- Kyouraku Taisho às vezes me procura depois que bebe para conversar. Muitas vezes eu só ouço suas histórias tomando chá, é melhor do que deixá-lo sozinho, pronto para aprontar.

- É muito paciente com ele, qualquer outra já teria renunciado a responsabilidade.  – ele olhou-a de soslaio – Apesar de tudo, vocês parecem compartilhar muita cumplicidade.

O Kuchiki viu o rosto delicado contorcer-se a procura de uma postura a ser tomada. Nanao parecia constrangida ou talvez até surpresa por ele ter notado e não julgado sua relação com Kyouraku.

- Eu era um prodígio e isso me propiciou pouco tempo na selva que é Rukongai, eu ainda era uma criança quando ingressei na Hachi... Kyouraku Taisho foi meio que uma referência para mim.

- Está dizendo que liga seu capitão a uma figura paternal? – perguntou direto –

A fukutaisho demorou algum tempo para responder, aquela pergunta foi inesperada, mas não sem contexto. Durante muito tempo, Nanao realmente ligou seu capitão a figura de um pai, devido ao cuidado especial que ele sempre direcionou a ela em sua infância. No entanto, essa situação mudou com o passar dos anos.

- No passado, sim. Atualmente, seria mais correto descrever como uma amizade entre dois adultos sem nenhum caráter romântico.

- Entendo. – o capitão resolveu findar aquele assunto – Mas então, posso esperá-la para um chá, no domingo?

- Eu irei sim, acho que é o mínimo depois de receber aquele presente. Realmente agradeço a atenção, Byakuya-sama. – ela sorriu de uma maneira que o agradou muito –

- Não foi nada, Ise-san. – ele sorriu de volta –

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No mundo humano, uma vaizard estava sentada sobre o telhado de uma construção qualquer olhando a lua. Faziam tantos anos que acabara daquele jeito e agora que tinham destruído Aizen, o que fazer? Sem contar que muitas das lembranças que ela julgava ter esquecido, voltaram.

Não era algo realmente bom isso, afinal, há cem anos atrás ela era uma pessoa e hoje ela era uma mulher completamente diferente. Tudo o que ela julgava importante se tornou pó após a fatídica noite.

Podia não parecer, mas ela deixara muita coisa para trás...

- Até quando vai ficar se escondendo, Shunsui? – disse a moça em um tom alto o suficiente para o homem escutar –

- Hehehe... – ele coçava a nuca – Acho que a Lisa-chan melhorou suas habilidades com reiatsu.

- Até mesmo aquele paspalho do Ichigo seria capaz de encontrá-lo, você não estava se escondendo. – Lisa permanecia olhando para frente –

- Eu estava apenas dando um passeio, Lisa-chan...- disse o shinigami num tom quase infantil –

Lisa estava sentada com um dos joelhos flexionados e mantinha um dos braços sobre a perna enquanto sua katana descansava do seu lado direito. O vento que vinha do sul fazia suas tranças balançarem singelamente dispersando seu perfume por perto.

- Não deveria estar aqui! – disse ela seca –

- Eu só queria passear um pouco, toda aquela guerra deixou o ar meio pesado lá na Seireitei. Mas e você? Por que está aqui sozinha?

Shunsui sentou ao lado da ex-fukutaisho também olhando o horizonte, ele saíra da Seireitei com intenção de encontrá-la, mas agora que estava ali... Não sabia o que fazer, muito menos o que dizer.

- Seu lugar é tomando conta de seu esquadrão, não dando voltinhas. Ande logo, vá embora!

- Minha presença lhe incomoda, Lisa-chan? – indagou o homem receoso, mas ainda mantendo o tom divertido –

- Seu lugar não é aqui, só isso. Se está aqui procurando alguma coisa da sua fukutaisho de cem anos atrás, está perdendo tempo! Eu não sou aquela mulher.

- Eu também não sou o mesmo capitão, então não estamos tão diferentes assim.

Nenhum dos dois disse mais nada por algum tempo. Ficaram apenas um do lado do outro olhando a noite que entrava em sua etapa mais escura para depois começar a clarear.

Aquela situação era muito estranha, muitas coisas ficaram mal resolvidas no passado e agora não pareciam poder ser resolvidas. Talvez porque como os dois colocaram... Não eram mais as mesmas pessoas. E aquele turbilhão de sentimentos não estavam no lugar certo, muito menos na hora certa.

- Gomenasai, Lisa-chan. – disse o nobre capitão finalmente quebrando o silêncio –

- Por quê? – replicou ela imediatamente – Por que me pede desculpas?

- Eu não deveria tê-la mandado para aquela missão, não deveria ter ouvido suas queixas sobre não querer ficar apenas com burocracia.

- Eu nunca te culpei, não se sinta culpado então. – pela primeira vez Lisa o olhava – Quem poderia imaginar o que aquele maldito do Aizen queria?

- No entanto, ás vezes apenas confiar e esperar não é o suficiente. Poderia ter sido diferente.

- Ou não... Quem garante que de outra maneira eu não acabaria morta? Ou mesmo que nos separaríamos por outro motivo? Não seja tão apegado ao passado, ou a vida pode começar a lhe tirar o que deu já que tudo o que quer não pode mais ter.

- Mas... Mas... Mas a gente...

- Como já foi colocado, éramos outras pessoas, em outro tempo, com outros sentimentos. Não me procure mais, volte para Seireitei, para seus amigos, para Nanao... Ela precisa de você e é mútuo.

- Tudo bem, Lisa-chan...

Disse o moreno se levantando para voltar a Soul Society. Não havia mais motivo para prolongar aquela situação. Tudo que o que podiam fazer era pensar como teria sido, porque não mais poderia ser e isso não mudaria.

E também, sendo outras pessoas, tinham outros sentimentos por outras pessoas.

- Você cuidou dela por mim, Shunsui?

O capitão olhou por cima de seu ombro e sorriu.

- Cuidei sim, ela se tornou uma mulher maravilhosa... – o homem coçou a cabeça – E quer saber, vocês teriam sido grandes amigas!

Liza permaneceu alguns minutos em silêncio antes de responder a Shunsui...

- Já viu seus olhos ao falar dela? – Lisa sorriu – Eu acho que não...

E assim a vaizard desapareceu da visão de Shunsui.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Amores, sorry pela demora, mas o nyah tb não tava ajudando nos ultimos tempos!! Espero que gostem e comemem vcs ate parecem que não gostam de mim....
Buaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Kiss kiss, amo vcs!!!
Ja ne



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