For(n)ever. escrita por rumpelstiltskin


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Obrigada e desculpa a demora.



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Capítulo Quinto.

         Haviam se passado algumas semanas desde que Beckett fora à livraria. Embora tivesse visto alguns vídeos caseiros que não ajudaram o garoto a pôr suas memórias em ordem. Estava ainda indeciso sobre suas prioridades e logo o diário havia sido deixado de lado. O seu ateliê continha mistérios sobre o seu passado, mas a cena do álbum vermelho escrito “Gabanti & Bilvy” ainda estava completamente nítido em sua mente e isso tinha afetado um pouco a vontade que ele nutria em si de saber quem era. Na verdade, ele não tinha certeza se queria saber quem ele verdadeiramente era.

         William ligou seu notebook e digitou Cobra Starship no Google. Achou alguns sites locais sobre a banda e neles algumas entrevistas. Ficou com preguiça de tentar colar aquilo tudo no Google Translate para conseguir uma tradução quase que catastrófica. Decidiu então procurar pelo youtube alguma música da banda de Gabe, afinal, não seria um bom “fã” se não conhecesse alguma música da banda. Assistiu The City Is At War e Good Girls Go Bad e ficou dançando, notando como Gabe estava feliz e primoroso no vídeo, mesmo que o Youtube não tivesse uma qualidade tão boa. Por ter gostado do que ouviu, decidiu assistir Snakes on a Plane (Bring it). No fim, se os clipes que viu eram bom, aquele deveria ser também.

         Beckett levou um susto sem igual quando se viu cantando “So kiss me good bye...” e teve um ataque de risos. Só então compreendeu que o que o homem da banca de jornal lhe havia dito era real. Ele cantava antes de ser só um homem sem memória e cantava com Gabe. Percebeu que era só uma espécie de participação especial, já que nos outros clipes da Cobra Starship ele não aparecia.

“Bilvy, você é realmente uma caixinha de surpresas!” Exclamou em meio às suas risadas. Decidiu que iria deixar a Cobra Starship um pouco de lado para se concentrar em si mesmo. Nos relacionados, foi atraído por um clipe em especial, “Everything We Had, The Academy is...” leu em voz alta e pôs o vídeo para carregar, ansiosamente.

         A casa de William – e Gabe – estava de pernas para o ar. Revistas espalhadas para todos os lados, caixas de pizza, roupas jogadas pela sala. Além do seu diário perdido em toda aquela bagunça, sua coragem. Não havia lido uma palavra sequer ou parecia ter vontade de voltar ao seu antigo ateliê e descobrir se ainda sabia pintar. Pegou uma revista daquelas e decidiu tentar traduzir em voz alta, com as palavras e estruturas que já tinha decorado.

“No final ele abre o coração e diz: eu nunca o amei da maneira que o faço hoje.” Sorriu. Não sabia que aquele “ele” se tratava de Beckett, mas ficou feliz por saber que Gabriel era alguém especial e romântico. Talvez por isso tenha caído em suas garras uma vez. Decidiu continuar depois. Lembrou-se das cartas que tinha no hospital, no criado-mudo, e decidiu lê-las. Andou até o quarto, pegando-as. Era só três e havia um endereço no qual ele pensou em responder. Então ele abriu à primeira:

- # -

Caro William.

Eu fico muito feliz, de verdade, que você já seja capaz de ler essa carta. Na verdade, eu poderia explodir de alegria com esse motivo. Nesse tempo que você esteve em coma, eu jamais saí do seu lado. Você não me viu. Você não apertou a minha mão, você não me abraçou, então... Eu tive que improvisar. Espero que não me leve à mal, mas eu precisava de você, de me sentir próximo a você de um jeito... insano. Apaixonante. Talvez você nunca chegue a ler isso daqui (e isso meio que me apavora), mas eu prometo que eu não vou falar de mim. Não hoje, não agora.

A estação do ano, é inverno. Eu não sei quanto tempo você vai demorar para acordar, mas esse inverno está rigoroso e a sala de espera é gélida, a cadeira é desconfortável. As pessoas daqui me olham como se eu fosse um tipo de aliem por te esperar (não tão) pacientemente como usa fazer os apaixonados. Eu me recuso a usar casacos, porque eu tenho esperado você acordar.

As coisas deram uma reviravolta em minha vida desde seu acidente. Eu passei a morar praticamente no hospital. E esperar, para quem era hiperativo e impaciente como eu, ando fazendo a espera como uma prioridade, como uma filosofia  de vida. Isso chega a ser apavorante, inconstante.

Às vezes, eu entro em seu quarto, abraço-o e fico ouvindo as batidas do seu coração. Pergunto a ele se você esteve sentindo algum tipo de dor, se me ouviu quando eu disse que estava com você. Sabe, William, em lugares como hospital, você descobre que falar que está com uma pessoa para tudo é diferente que realmente estar. Quando se decide a ajudar, se está sujeito a riscos, mas às vezes, adrenalina faz bem pro corpo.

Atenciosamente, Ele.

- # -

William  riu baixinho. Havia um admirador. Algo que ele realmente ficou pensativo, porque sua casa estava cheia do quanto ele era feliz com Gabe. Sua mente estava ainda mais confusa que o comum. Estava completamente confuso, mas era uma confusão boa. Uma confusão entre dois homens. O das cartas que era romântico e encantador, ou um homem de seu passado que o havia feito – pelo que tinha visto nas fotos espalhadas pela casa – muito feliz. Então, voltou a traduzir, para descontrair um pouco.

“O cantor da banda Cobra Starship decidiu abrir seu coração com a imprensa, finalmente. Tantos meses se passaram após o trágico acidente e seu voto de silêncio finalmente é quebrado. Gabe Saporta passou por momentos terríveis quando seu ex-namorado, William Beckett, sofreu um trágico acidente. Fora atropelado por algum inconseqüente. Hoje ele quer falar disso. ‘A dor de não saber quando é que William acordaria, ou se ele estaria bem no minuto seguinte foi a pior companheira da minha vida.’ Falou Saponta. ‘O medo de já não poder tê-lo, mesmo que como um amigo, era meu segundo companheiro e eu ainda tenho em meu peito que sou o culpado. É horrível’.”

“Você não é culpado de nada!” Torceu os lábios defensivamente, sem saber quem era o que estava certo. Não se lembrava, mas Gabriel parecia ser alguém que valia a pena guardar dentro do coração.

“Bilvy me faz falta...” Continuou. “ Os abraços, seu carinho, toda sua atenção. Hoje já não o tenho como o tinha antes, mas hoje o respeito e o amo muito mais.  Nunca o amei do jeito que faço hoje.”

O ex-vocalista mordeu o lábio para conter sua emoção. A dúvida ainda pairava no ar, mas seu coração acelerava para os dois. O da carta e o daquela entrevistas. Talvez os dois tivessem algum tipo de ligação, algo que caberia a Beckett descobrir. Jogou a revista de lado e decidiu se ouvir cantar e Everything We Had só ajudou a soltar o rio de lágrimas que queria cair.

“Merda!” Gritou consigo mesmo. Era hora de fazer as coisas terem sentido e, quando pôde controlar seu choro, pegou um papel e uma caneta. Então, respondeu:

- # -

Olá,

Eu fico feliz em saber que alguém um dia acreditou em minha recuperação. Eu fico feliz que tenha me esperado de forma tão (im)paciente, mas eu percebo por sua carta que você é mesmo muito hiperativo. Se não se importar – talvez porque você seja o único que realmente se importou comigo – eu gostaria de dividir com você minhas conquistas. Porque atualmente, não tenho com quem conversar. Eu peço desculpas pela demora em responder, mas são tantas coisas a se descobrir quando não se tem memória.

Ah, eu não cheguei a ler suas três cartas. Ando com muita coisa para organizar, para ler. Eu descobri que eu não consigo cozinhar bem, então tem caixas de pizza espalhadas por todos os cantos dessa casa. (Não, eu não me orgulho dessa revelação, por favor, finja que ela não existe).

Eu descobri que consigo traduzir do espanhol e descobri também que eu tocava em uma banda. Tantos porquês brincam em minha mente que eu não sei ao certo se devo continuar a me investigar, a investigar a vida de quem supostamente me amava. Eu tenho medo que no final desse túnel não tenha uma luz e eu não sei se suporto outra escuridão. Aliás, Ele, vamos procurar um nome mais bonitinho para você. Assine com algo bem mais interessante e misterioso. Tente uma inicial do seu nome.

Você diz coisas na carta que parece estar apaixonado, como eu não tenho mais memórias, diga-me, o que você foi para mim? Um amigo que está me contando sobre seu platônico, um amante? Aliás, se fomos tão amigos quanto parece em suas palavras (que são lindas, diga-se de passagem), diga-me o que sabe sobre Gabe Saporta. Ando fazendo uma busca sobre ele.

Carinhosamente, Beckett Jr.

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