For(n)ever. escrita por rumpelstiltskin


Capítulo 3
Capítulo 2 - You & me forever. Forever Young.


Notas iniciais do capítulo

Obrigada.



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Capítulo Segundo.


But now he claims that he known me so for very long,
Mas agora ele alega que me conhecia por muito tempo,
But I remember being no one.
Mas eu me lembro de não ser ninguém.




Gabe saiu da sala do médico após uma palestra pequena sobre o tipo de Amnésia que William teria. Amnésia Retrograda, quando o paciente não lembra de seu passado. Embora o médico tenha dado esperança, Gabe preferiu não tê-las. Afinal, se William não lembrar-se de quem Gabriel Saporta era, então doeria bem menos. Ele estaria pronto para aquela dor.

Ou talvez não... Porque antes mesmo da luta realmente começar, Gabe já estava pensando em desistir dela. Não queria se machucar, não sabia o que fazer. Havia uma diferença muito grande em dizer “eu estou ao seu lado” e realmente estar. No final das contas, todo mundo estava ao seu lado de boca para fora, mas ninguém realmente estava pronto pra recolher suas lágrimas. Ninguém sabe o que é ajudar ou como ajudar se está dentro da situação, só se pode pedir ajuda para quem está de fora.

Ao sentar-se novamente naquela sala fria de espera. Esperar era um verbo difícil de ser conjugado por Saporta. Afinal ele era conhecido por agitar os lugares, por sacudir, por fazer todo mundo pular. Esperar requeria tempo, esforço, silêncio e quietude. Isso Gabriel não tinha dentro de si; ele não sabia ficar quieto, não sabia ter um tempo para ficar em silêncio, olhando para uma televisão pequena, pedindo aos céus que passasse ali alguma informação que ele não tinha sobre William. A sala estava mais fria do que quando fora saber o que aconteceu com o seu amado. Sem falar com ninguém, Gabe sentou-se onde estava antes e voltou a girar sua aliança no dedo, recordando-se do quão aquela argola de ouro poderia significar numa relação; um amor inabalável, um coração que dispara apenas com a presença. William estava lá, num quarto, dormindo feito um anjo – o que na concepção de Gabe era mesmo -, enquanto ele estava sozinho, sofrendo o que realmente merecia.

Ele merecia mesmo? Ora, ele nunca havia deixado de ligar – exceto quando estavam brigados, porque Saporta era um orgulhoso, mas nesse momento era irrelevante -, para ficar horas seguidas com o telefone no ouvido apenas escutando a respiração de Beckett bater contra o fone. Ele gostava de dormir – cansado de tantos shows – William lendo o artigo que fez para o jornal que trabalhava. Ele era crítico de arte, tinha uma coluna no principal jornal de Montevidéu, era o mais próximo de trabalhar com algo que Will gostava que havia chegado. Gabe era um bom marido, não era? Não, ele não era.

Ajeitando-se na cadeira entre sua mãe e Vicky-T, Gabe começou a notar que o que Beckett pedia silenciosamente todos os dias não era algo que não podia ser dado. Ele não queria sexo, ele não pedia para ser amado daquela mulher. Só queria um pouco mais de atenção. William, às vezes, só queria ser abraçado e ficar assim, sem falar nada, apenas curtindo a respiração do maior bater em sua pele. Não era pedir muito, não era? Não, não era. E hoje Gabe daria a sua vida para ter esses momentos novamente, para si, nem que fosse para rejeitá-los.


Vendo a tristeza do vocalista estava tão evidente – assim como a de Vicky, porque ela era a melhor amiga de William a um bom par de anos – que Nate, Alex e Ryland decidiram fazer algo para animar o pobre Gabe e, também, fazer Victoria sorrir. Todos sabiam que Vicky amava Gabriel platonicamente – até mesmo William sabia desse amor -, mas já haviam alguns anos que ela tinha se conformado com a relação de Saporta e Beckett e passou a ser uma das maiores protetoras e incentivadoras da relação. Victoria era, com certeza, uma garota de ouro.

Munidos apenas de seus iPhones, os integrantes do Cobra Starship saíram do hospital e foram até uma das paredes do local, aonde tinham centenas de velas pedindo a melhora William e eles filmaram tudo – porque Gabe nunca saía de lá e quando saía, jamais tinha notado aquela homenagem dos fãs para Gabe e, principalmente, para William. Foi quando Ryland foi cutucado por uma garota que segurava um pôster de William Beckett. Eles todos – Nate, Ryland e Alex – foram bastante gentis com a menina que ficou bastante feliz. Ela gravou um pequeno vídeo com umas amigas homenageando William e dizendo que mesmo ele tendo deixado o The Academy Is..., elas nunca deixaria de amá-lo.

Eles acabaram tendo que dar uma entrevista ou outra, porque se viram cercados de repórteres querendo saber sobre William, seu estado de saúde e querendo saber quando Gabe iria abrir a boca para contar sobre o relacionamento conturbado que eles viviam. O fato era que Gabe não falaria. Era hora que Gabriel só queria ficar sozinho. Quando os músicos conseguiram voltar para dentro do hospital, Ryland mostrou o que Gabe ainda não tinha visto, trazendo um pouco de alento à alma desolada de Gabriel.

“O Bill tem que ver isso.” Sorriu fraco, apático.

“Ele vai.” Disse Nate. “A gente fez isso pra ele ver, e pra você também, o quanto é amado.”

“Vocês dois...” Ryland apontou para Vicky que deitava a cabeça gentilmente no ombro de Gabriel e, em seguida, para quem cedia o ombro pra tecladista. “...precisam reagir. Por William e por todo esse povo que os ama. Precisam tomar um banho longo para relaxarem e para esperar William com cheiro decente.”

“E precisam de uma cerveja...” Alex complementou, apenas pra descontrair. Embora a tecladista e o vocalista não tivessem vontade de nada, eles acabaram dando uma risada fraca e concordando com a cabeça. Álcool seria realmente uma boa, embora a palavra “esquecer” e seus derivados eram as únicas coisas que Gabe não queria escutar.

“Não, não quero.” Gabe torceu os lábios. “E se ele acordar, hm? Eu quero estar aqui quando ele acordar?”

“Eu também não vou.” Vicky reclamou, esticando o corpo e voltando à posição desconfortável de antes. Ryland deu um olhar para ela que torceu os lábios meio brincalhona. Ryland amava Vicky-T da mesma forma que ela amava Saporta e nesse ritmo de brincadeira, o guitarrista a pegou no colo e foi levando-a para fora contra sua vontade. Alex olhou para Nate que retribuiu o olhar insinuando em pegar Saporta no colo, mas este voluntariamente levantou e foi com a sua mãe. Alex e Nate ficariam para arrumar o quarto de William assim que pudessem vê-lo e para avisar se alguma novidade surgisse. Talvez não surgiria tão cedo.

“Gabe, posso falar com você.” Alex o puxou pela mão e Gabe assentiu.

“O que quer?” Franziu o cenho.

“Eu sei que eu não... não deveria estar me metendo, mas eu tive uma idéia que talvez te ajude a passar o tempo enquanto espera o William e ao mesmo tempo seja útil para o seu amado quando ele acordar.” Falou baixo enquanto os outros seguiam Ryland. Gabe achou que poderia ser válido ouvir, afinal, qual mal teria em fazer algo útil enquanto espera.

“Qual sua idéia?” Saporta perguntou e Alex começou a andar em direção à porta de saída com o vocalista.

“Você poderia escrever cartas ao William. Cartas sem nome, contando pra ele o que está acontecendo aqui, enquanto ele está dormindo, e vai mandando essas cartas aos poucos.”

Gabe sorriu como a muito não sorria. Abraçou ao Alex com um resto de felicidade e foi ao encontro dos demais. Nate voltou, arqueando a sobrancelha para o que havia ficado. Alex esticou-se num gesto preguiçoso enquanto fez um gesto pro outro. A espera deles ainda não tinha acabado, mas ficaria melhor com os dois juntos.



Fim do Segundo Capítulo


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