Coincidências? escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 6
Seis




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Shunrei acordou muito bem. Talvez a noticia de que receberia alta naquele mesmo dia tenha contribuído para o bom humor que ela possuía.

Passados alguns minutos que havia despertado, uma enfermeira entrou com seu café da manhã. A mesma a ajudou a se sentar de maneira mais confortável e a deixou desfrutar de seu desjejum. Algum tempo depois, o médico apareceu.

— Bom dia! Como se sente hoje? – Disse o medico enquanto aproximava-se.

— Muito bem.

— Que bom ouvir isso – Pegou uma prancheta onde continha os dados mais recentes sobre o estado de saúde da paciente e passou a observá-la.

— Shunrei... – O médico disse baixo, como se falasse para si mesmo. Depois passou a falar com ela  – Você reagiu muito bem aos medicamentos e suas lesões não foram sérias. Não tenho razões para te prender aqui, então hoje você vai poder voltar pra casa – O jovem médico fez uma anotação na prancheta e a colocou de volta no lugar. Ele permanecia o tempo todo com um sorriso no rosto.

Ele parecia ser tão jovem e era dono de um sorriso muito bonito.

Ele todo era bonito. Loiro, com olhos muito azuis. Alto e muito simpático, com uma voz muito doce. Muito atraente. Tudo era muito nele.

Shunrei sorriu com o próprio pensamento a respeito do médico, estranhamente familiar.

— Já assinei a sua alta. Vou pedir para uma enfermeira vir te livrar desses aparatos todos e você estará livre para almoçar em sua casa.

— Isso é música para os meus ouvidos – Ela também sorriu, realmente feliz pela noticia.

— Já te disseram que você tem um sorriso muito bonito, Srta Chang? Meu turno acaba agora, então você é minha última paciente de hoje. Devo dizer que é gratificante ir pra casa com a imagem desse sorriso – O loiro disse enquanto se preparava para medir sua pressão.

— Obrigada – Shunrei corou um pouco, tímida pelo elogio.

— Você me fez lembrar uma garota que conheci na época do ginásio. Uma amiga, eu acho, não sei bem se posso chamá-la assim, porém ela tinha um sorriso fascinante como o seu.

— Você não sabe se eram amigos? – Sorriu, incentivando-o a continuar.

— Bom... – Sorriu sem jeito – Não conversávamos muito. Ela era muito tímida, do tipo reservada, e muito inteligente também. Suas notas eram ótimas, bem acima da média da turma e se não fosse isso, eu provavelmente jamais a teria notado na sala. Eu só tive a chance de falar com ela por causa de um trabalho onde a professora escolheu as duplas, isso praticamente na metade do ano – Terminou de medir a pressão da jovem e voltou até a prancheta para fazer uma anotação. – E foi durante o trabalho que eu a conheci e nos aproximamos um pouco.

O médico parou de falar e se concentrou na anotação que fazia.

— É mesmo... – Shunrei disse intrigada com o relato.

O médico a olhou e, depois de colocar a prancheta no lugar, voltou sua atenção a Shunrei e continuou.

— Fizemos mais uns três trabalhos juntos, eu acho. Almoçamos algumas vezes também e quando eu percebi a seguia por todo canto. Queria saber mais dela, embora ficássemos em silencio a maior parte do tempo. Isso tudo aconteceu num espaço curto de tempo, questão de dois meses, provavelmente. Pode parecer estranho, mas eu adorava tê-la por perto e senti muita falta quando ela se foi. Bom, sente alguma dor?

— No braço, mas nada insuportável apenas incômodo.

— Hmm, vai sentir esse incômodo por um tempo. Apesar de ter sido só uma contusão, vai ter que ficar com o braço imobilizado por mais quatro dias – Se aproximou dela, muito alegre – Dadas as circunstancias, não é exagero dizer que a sorte sorriu pra você.

Novamente ele sorriu e foi como se uma luz se acendesse na mente de Shunrei.

**

— O que? Você tirou nota máxima no exame de matemática? — disse um rapaz muito surpreso, com seus olhos claros fixos em uma jovem que se encolhia na cadeira da biblioteca. Logo várias outras pessoas próximas o repreenderam com o olhar, pelo volume excessivo de sua voz.

— S-sim. F-foi s-sorte — repeliu a menina, ajeitando timidamente seus óculos, de cabeça baixa.

— Nada disso, você só tira nota máxima, mas essa prova foi muito difícil — disse mais baixo dessa vez. Ele deitou a cabeça na mesa, apoiando sobre os braços, buscando o olhar da garota que se mantinha baixo e sorriu – Se é assim, também quero que a sorte sorria pra mim, do jeito que sorri pra você.

**

— Hyoga Alexei... Não é? – Ela sussurrou, reconhecendo a historia que ele havia lhe contado. Ele a olhou confuso, automaticamente olhou seu crachá de reconhecimento, que sempre carregava visível, preso em seu jaleco impecavelmente branco.

“Hyoga A. Yukida”. O nome estava abreviado, então como ela sabia?

— Como sabe meu nome?

— A garota... Que você mencionou. Bom, você disse que ela se foi, isto porque ela se transferiu, sem se despedir.

Hyoga apenas a fitou, imóvel. Parecia assimilar a situação até que sua expressão mudou, como se tudo agora fizesse sentido.

— Shunrei! – Falou alto – Shunrei, mas é claro. Por isso o seu nome não saia da minha cabeça. Era esse o nome dela. O seu... É você!

— Sou eu sim – Achou graça da empolgação dele.

— Nossa, que mundo pequeno... – Sorriu – Puxa, mas porque você se transferiu daquele jeito? Sem dizer nada pra ninguém, nem pra mim?

— Meu avô ficou doente e nos mudamos para outra cidade, onde ele poderia fazer um tratamento. Eu sei que não justifica, mas eu nunca fui boa com amizades, sempre fui muito tímida e quando você começou a se tornar meu amigo, eu não soube como dizer que iria embora – Sorriu envergonhada. – Eu tentei te contar, muitas vezes, mas sem sucesso.

— É você sempre foi muito introvertida e eu me convencia todos os dias que era por isso. Cheguei a pensar que eu tinha sido o motivo.

— Não, de modo algum. Olha, para por fim na sua dúvida, você era a única pessoa que eu chamaria realmente de amigo naquela época.

— Fico muito feliz em ouvir isso. Você parece ser mais espontânea atualmente.

— Acho que melhorei um pouco.

— Nossa! Faz realmente muito tempo. Você ficou muito bonita.

— Obrigada. Mas, já faz tanto tempo que fico surpresa de você ter se lembrado de mim, Dr. Yukida.

— Shunrei, você não precisa me chamar assim. É Hyoga pra você, sempre foi – Sorriu e a fitou – E apesar de termos tido pouco tempo juntos, o pouco que eu tive de você foi o suficiente para você se fazer inesquecível.

Shunrei corou e Hyoga notou. Estava prestes a continuar falando quando foram interrompidos por uma enfermeira.

— Ah, Senhor Yukida, eu sei que seu turno está prestes a acabar, mas temos uma emergência. Você poderia vir?

— Sim, claro. Se der, passo aqui pra me despedir, Shunrei – Disse e rapidamente seguiu a enfermeira.

— Então, tá... – Balbuciou, mesmo sabendo que ninguém ouviria.


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