Coincidências? escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 3
Três




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Shunrei ainda estava conversando com Shiryu quando a porta se abriu novamente. Dessa vez era Saori que entrava e, assim que percebeu Shunrei acordada, correu ao encontro dela.

— Shunrei!! – Saori rapidamente se aproximou da jovem, fitando-a com os olhos marejados, num misto de alegria e angustia.

— Ah! Saori – Ao ver a amiga, surgiu uma emoção em Shunrei, que aceitou o abraço cuidadoso de Saori.

— Você está bem? Está doendo em algum lugar? Quer que eu chame alguém?

— Eu estou bem! – Shunrei sorriu divertida com o exagero da amiga – Calma, está tudo bem.

— Tem certeza?

— Certeza absoluta!

— Mesmo?

— Mesmo, mesmo.

— Ótimo! Que bom... – Finalmente Saori se convenceu, sorrindo aliviada – Não sei o que eu faria sem você, sabe que não sei cozinhar, morreria de fome ou envenenada por comida congelada.

As duas sorriram divertidas e Shiryu não se conteve e também sorriu. E embora tenha sido discreto, chamou a atenção de Saori, que de tão eufórica, ainda não havia notado sua presença.

— Ah, Senhor Suyama, me desculpe, eu não percebi que ainda estava aqui.

— Não precisa se desculpar, eu entendo. Estávamos nos conhecendo – Sorriu gentilmente, fitando Shunrei. Porém, não conseguia afastar o sentimento de aflição por vê-la em uma cama, enquanto ele mesmo apenas usava um curativo na testa – Fico realmente feliz que já tenha acordado. Bom, vou indo. Ainda nos falaremos, senhorita Kido. – Shiryu se aproximou da jovem de cabelos roxos e lhe estendeu a mão para cumprimentá-la.

— Claro, até logo Suyama. Obrigada pelo apoio.

— É uma honra. E espero falar com você novamente, Shunrei. Em uma situação mais tranquila.

— Somos dois – Sorriu tímida.

— Até breve então e, mais uma vez, me perdoe pelo que aconteceu... – Olhou-a ternamente.

— Shiryu, não precisa se preocupar com isso. Eu é que agradeço pela atenção. Alias, por tudo! – Fitou-o com um mais um belo sorriso.

— Não faço mais que minha obrigação... Com licença, meninas – Saori o acompanhou até a saída e fechou a porta quando ele passou. Escorou na mesma com um sorriso divertido e fitou Shunrei com um olhar que ela conhecia bem. Coisa boa não viria.

— O que foi. Saori?

— Então é assim: primeiro ele te acerta com um carro, destrói o meu e quase te mata. No minuto seguinte já está flertando com você e te chamando pelo primeiro nome – Aproximou-se da cama, sentando no mesmo lugar – Humm, realmente as coisas são bem mais rápidas hoje em dia.

— Saori, por favor, que imaginação! Eu que disse pra ele me chamar pelo primeiro nome... E ele não estava flertando comigo – Corou

— Ah, estava sim! Não reparou no olhar dele, mega atencioso?

— É um olhar de preocupação, apenas. Como você mesmo disse, ele quase me matou – Sorriu – Apesar de que dizer isso é um completo exagero. Eu estou perfeitamente bem.

— E decepcionada?

— Decepcionada?

— Por ser só um olhar de preocupação.

— Claro que não! – Corou ainda mais e Saori gargalhou divertida. Adorava provocar a amiga, saudavelmente, é claro.

— Shunrei você não me engana. Até eu queria me envolver em um acidente com aquele bonitão.

— Saori! – Shunrei chamou a atenção da amiga, mas não pode deixar de rir com cumplicidade – Talvez...

— Ah, sabia! Cena de filme, ser retirada do carro, carregada por aqueles braços fortes – Continuou, provocando-a.

— Só um pouquinho Saori. Não viaja, por favor.

— São fatos: atencioso, bonito, rico... – Saori começou a contar nos dedos – Por que, obviamente, ele é rico... E eu nem o conheço direito, amiga. Pergunta se ele não tem um irmão pra mim? – Saori completou e ambas riram.

Depois de um breve momento, Shunrei fitou Saori com um olhar entristecido.

— Shunrei, tudo bem?  – A jovem perguntou ansiosa.

— Me desculpe.

— Pelo que?

— Você me emprestou seu carro e tudo que me pediu em troca foi devolvê-lo inteiro e nem isso eu consegui fazer.

— Ah sua boba, me assustou!  – Respirou aliviada  –  Achei que estivesse passando mal, sei lá. Isso serve de lição pra mim também, sabia? Devia ter feito um seguro no carro e agora eu não teria preocupações – Disse fitando um ponto qualquer do quarto, como se fizesse uma anotação mental. Logo seu olhar voltou para Shunrei – Além disso, mocinha, isso não é o mais importante... O importante e você estar bem e digo mais... – Saori fitou a amiga com um olhar divertido – O atencioso, bonitão e rico se comprometeu em cuidar dos reparos – Sorriu provocativa pra Shunrei que riu alto.

— E o que mais eu podia fazer, Shunrei?  – Fingiu indignação  –  Ele quase implorou, sabe como é difícil dizer não para aquele par de olhos? – Saori sorriu e Shunrei apenas revirou os olhos, vencida pela amiga – Acho até que foi providencia do destino eu não ter feito seguro naquele carro. Se tivesse feito, hoje já não teríamos vinculo nenhum com ele. Imagina o desperdício.

— Saori você não existe mesmo – Disse sorrindo

— Eu sei disso. – Piscou para a amiga – Bom, vou falar com o medico, avisar que você despertou e ver por quanto tempo vão te prender aqui. Já volto.

— Tudo bem... – Shunrei a observava sair quando ela parou bruscamente na porta e se voltou para ela.

— Shunrei?

— O que?

— Não saia daqui hein – As duas sorriram.

— Sim, mamãe.

Shunrei ficou ali ainda sorrindo por um tempo. A amiga a divertia muito e era extremamente agradecida a Deus por tê-la posto em seu caminho.

Em algum momento, relembrou todos os últimos acontecimentos de sua vida. Entrar na faculdade, conhecer Saori, o  trabalho na lanchonete, a habilitação que ela tanto queria, a sensação de dirigir sozinha, o acidente, o hospital... Shiryu.

Shunrei se demorou na imagem dele. 

Ele estava impecável, mesmo depois de se envolver em um acidente. Transmitia preocupação e calma, ao mesmo tempo. Possuía um belo porte e boa postura... Era realmente a alguém fora dos padrões.

— Deve ser alguém muito culto... – Pensou um tanto depressiva. Ele devia ser de outro mundo. Um mundo onde ela nem se quer se atrevia sonhar pertencer.

Ele era alguém com quem jamais teria se envolvido, se não fosse o acidente. Alguém que ela jamais teria se quer conhecido ou trocado palavras, se não fosse o acaso.

Alguém que para ela, era inalcançável.

Surpreendeu-se com esse ultimo pensamento.

— Mas, porque eu estou pensando nessas coisas?


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