Coincidências? escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 18
Dezoito




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Seiya não só aprovou como apoiou muito a ideia de Shunrei fazer uma entrevista na empresa. Conversou alegremente sobre o assunto, ignorando as primeiras recusas da jovem, que parecia constrangida.

Saori, obviamente, concordou e estava insistindo também. Claro que Shunrei somente concordou em enviar um currículo para a empresa e ir à entrevista quando Shiryu pediu.

Tanto Seiya quanto seu irmão sabiam que ela não poderia fazer todo o trabalho que Algol fazia, mas com certeza ajudaria. Eles continuariam a frente dos contratos mais importantes e ela ajudaria com o todo o resto, até ela se adaptar totalmente ao ritmo.

E para não parecer muito desesperado, Seiya decidiu não interferir com o pessoal do RH. Se ela for mesmo capaz, passará e então resolveria dois problemas de uma única vez: suprir a vaga na empresa e no coração de seu irmão.

Já Shiryu ponderava, depois de tudo, se não foi pretensão de sua parte. Falou quase que por impulso, mas não estava arrependido de modo algum... Esperava que ela entendesse, pois realmente queria ajudá-la.

Chegando ao shopping, foram direto para ao cinema escolher uma sessão.

— E então, qual filme vocês gostariam de ver? – Perguntou Seiya.

— Eu não tenho ideia... – Comentou Saori, avaliando os filmes em cartaz.

— Gostaria de ver “Fragmentado” – Shunrei disse interessada do pôster – Me chamou a atenção.

— Bom, James McAvoy também chama a minha atenção – Saori comentou, fazendo Shunrei rir.

— Boba. Eu falo do filme. Há um tempo li que o diretor, M. Night Shyamalan, lançaria uma sequencia de “Corpo Fechado”... E eu gosto do filme, então...

— Sequencia de “Corpo Fechado”? – Shiryu comentou interessado – Eu gosto desse filme. Faz um bom tempo que eu o vi... Anos, na verdade.

— Faz tempo que eu tinha visto também. Quando eu li a matéria, acabei vendo de novo. O primeiro filme saiu há pouco menos de vinte anos...

— É um intervalo bem grande para uma continuação – Comentou Seiya.

— E isso não é o mais estranho. Essa sequencia não parece ter nada a ver com a história do primeiro, sabe? E, mais... Pelo que eu li, será uma trilogia. Ainda terá mais um filme...

Shunrei continuava falando e, apesar de todos estarem ouvindo, Shiryu parecia ser o único realmente interessado no assunto.

Seiya aproximou-se sorrateiramente de Saori e sussurrou em seu ouvido.

— Essa menina nasceu para ele. Onde vocês se esconderam esse tempo todo? – Saori sorriu tão espontaneamente que chamou a atenção dos jovens entretidos na conversa sobre o filme.

— Ah, me desculpem.... – Ela fitou Seiya com cumplicidade, aproveitando-se do momento – Então, eu topo esse filme por causa do McAvoy.

— Por mim, tudo bem também... – Seiya concordou e Shiryu consentiu – Ótimo, nós vamos comprar os ingressos porque esse filme já vai começar – Seiya deu um tapa em Shiryu, que o ignorou.

— Nós vamos aproveitar para comprar pipoca – Saori dirigiu uma piscadela a Seiya enquanto arrastava a amiga.

Os rapazes caminharam até uma central de autoatendimento, pois seria mais rápido.

— Elas estão lindas demais, não acha? – Seiya comentou, enquanto iniciava o processo da compra dos ingressos.

— Sim, estão... – Tentou soar indiferente e conseguiu.

— Quanta animação, hein – Falou fitando o irmão com uma carranca – Por favor, Shiryu, se divirta! Por mim.

— Ah, sim, eu vou me divertir pra te deixar feliz – Comentou ácido, mas apenas para irritar o jovem que lhe mostrou a língua, voltando à compra.

— Cara, a sessão está lotada. Olha, não vamos sentar juntos.

— Verdade, mas tem opções de dois lugares.

— Vou sentar com a Saori e não tem acordo! Já passo tempo demais com você – Sorriu – Onde quer ficar com a Shunrei?

— Estas... – Shiryu escolheu, rendido. Nem tentaria questionar, pois, claramente, Seiya não estava mesmo interessado no filme.

— Bom garoto. Então eu quero essas daqui – E então escolheu.

Rapidamente finalizou a compra e foram de encontro às meninas que acabavam de conseguir as pipocas e as bebidas. Seiya explicou alegre a situação dos acentos e Saori prontamente concordou.

Shunrei não pode evitar corar enquanto concordava.

A sala já estava bem cheia quando entraram e se acomodaram.

— Seiya, daqui não dá pra ver os dois. Porque não pegou lugares mais perto?

— Não tínhamos tanta opção e, acredite, este lugar é estratégico. Não podemos vê-los, mas... – Seiya aproximou-se sugestivo, sussurrando no ouvido da jovem – Eles nos veem muito bem, eu tenho certeza.

Saori fitou o lugar onde sabia que Shunrei estava, no escuro da sala. Havia apenas uma fileira separando-os e ele estava certo. Sabia também que Shunrei, involuntariamente, os olharia, apenas por saber que ela estava ali.

— Esperto – Devolveu também em um sussurro.

— Só pra te avisar, caso tenha alguma dúvida, eu vou te beijar – Colocou uma pipoca na boca – E vou te beijar pra valer... Só porque gosto de desempenhar bem meu papel, sabe? – Confessou apenas para instigá-la, sorrindo.

— Não se preocupe com isso. Até porque  depois de me beijar...  – Ela se inclinou e sussurrou  –  Fingir não seria escolha.

Seiya sorriu, sussurrando de volta.

— Olha só os sacrifícios eu faço para ver o meu irmão feliz... – O comentário fez Saori colocar a mão na boca, na tentativa de suprimir o riso, mas logo emendou.

— Você está se divertindo que eu sei...

— Você não?

— Diversão é o meu nome do meio... – Sussurrou ainda mais perto, quase encostando os lábios no ouvido do rapaz, provocando uma reação nele.

— Vou te beijar agora... – Falou de maneira intensa. A verdade é que a vontade de beijar Saori, acabava de se tornar repentinamente maior do que ele mesmo esperava. E para sua sorte, não ficaria só na vontade – Não quero parecer apressado... Mas, quando o McAvoy aparecer você pode mudar de ideia....

Sua mão deslizou pela face da jovem até que seus dedos se perdessem nos fios soltos. Saori pretendia retrucar, mas não teve tempo, pois os lábios habilidosos de Seiya já pressionavam os seus em um beijo firme e, inconscientemente, desejado por ambos os lados.

Enquanto isso...

Shiryu estava inquieto. Fazia muito tempo desde a última vez em que foi ao cinema, ainda mais acompanhando de uma garota.

Era quase ridículo sentir-se assim... Estava a ponto de admitir que Seiya tinha razão: precisava sair mais.

— Estava ansiosa para ver esse filme, mas pensei que ainda não estava em cartaz – Comentou a jovem baixinho.

— Eu estava preocupado com o tipo de filme que Seiya me faria ver hoje – Confessou – Mas fico extremamente feliz em saber que seu gosto para filmes é melhor que o dele – Sorriu – Se bem que ele não veio assistir, de qualquer modo.

Shunrei fitou o acento da amiga, em um movimento involuntário, e pode perceber, sem nenhuma surpresa, que eles realmente não estavam interessados no filme.

— Posso dizer o mesmo sobre Saori. Eles querem ficar juntos e nos arrastam, por que... Bom... – Ficou sem graça em concluir a frase. Somente depois de tê-la começado, notou o quão sugestivo soaria aos ouvidos de Shiryu.

— Porque esperam que o mesmo aconteça entre a gente... – Completou, fitando-a na penumbra – Tudo bem, não precisa ficar envergonhada. Seiya tenta me arranjar “namoradas” o tempo todo... E, a meu ver, Saori tem o mesmo jeito sagaz dele, então...

— Sem dúvidas... – Concordou com um sorriso.

Os trailers já haviam acabado e o filme começado, porém Shunrei sentiu que necessitava esclarecer um ponto, então aproximou-se do jovem ao seu lado e murmurou tom ainda mais baixo

— Shiryu, eu espero que você não pense que estou tirando proveito da situação... Eu tento resistir a ela, só que... A maioria das vezes, eu perco...

Ela parecia constrangida e, provavelmente, seu comentário contribuiu para isso. Então, Shiryu pousou a mão sobre a dela e a interrompeu, no mesmo tom.

— Shunrei, não precisa se preocupar com isso. Até porque, se for assim, eu preciso confessar que estou tirando proveito da situação... – Percebeu que Shunrei o fitou surpresa – Sabia das intenções de Seiya ao me convidar para esse encontro. E eu só aceitei por duas razões: por ser verdade que eu não saio para me divertir há muito tempo... E porque é com você.

— Se é assim... – Shunrei disse de forma quase inaudível, com um leve sorrindo – Retiro o que eu disse, pois estou tirando proveito da situação sim.

Shiryu sorriu mais a vontade, sentindo-se mais leve e aquecido por dentro. Voltaram à atenção ao filme, mas as mãos permaneceram uma sobre a outra, acariciando-se sutilmente.

Finalmente admitiu que Seiya tinha razão. Ele precisava disso, precisava viver mais, viver de verdade. Sentir-se assim por alguém... Quase se esqueceu de como era bom.

E não resistiria mais.


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