Coincidências? escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 17
Dezessete




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— Olha só! Você não está nada mal... – Seiya elogiou ao chegar à sala e encontrar seu irmão de pé, mexendo no celular. Ele estava atipicamente de jeans, de um tom bem escuro, e camisa branca com apenas um botão aberto.

Ele sai do social, mas o social não sai dele.

Porém, o maior diferencial é o cabelo: metade estava preso em um coque. Já fazia anos que Shiryu tinha feito qualquer coisa no cabelo, que não fosse o deixar completamente solto. Anos, sem brincadeira.

E esse tipo de penteado era muito comum para ele, quando mais jovem. Isso pode significar alguma coisa muito boa.

— Resolveu prender o cabelo hoje, ficou legal. Já estava com saudade dele assim...

— O que você quer? Está elogiando demais... – Retrucou.

— Qual é, eu só estou levantando sua moral. E eu, como estou?

Shiryu analisou o irmão. Jeans preta, camisa jeans solta, cabelo bagunçado.

— Está muito... Você – Provocou e sorriu, quando Seiya estalou a língua.

— Você não tem graça, sabia? – Caminhou até a porta, passando pelo irmão e dando-lhe um tapinha de incentivo – Vamos logo.

— Está ansioso?

— Você não?

— Não temos mais quinze anos, não é como se fosse à primeira vez.

— Mas é a primeira vez... Com a Shunrei e a Saori – Argumentou e recebeu o silêncio em troca. Caminharam juntos até a saída e dirigiram-se aos estacionamentos. Já tinham decidido ir com o carro de Shiryu, o que Seiya concordou sem questionar.

— Que filme vocês pretendem ver? – Perguntou enquanto assumia seu posto na direção.

— Vamos decidir lá.

— Vocês combinaram de ir ao cinema sem nem saber qual filme veriam?

— Shiryu, com toda sinceridade do meu coração, o filme é a ultima coisa que me interessa hoje – Terminou de ajustar o cinto de segurança e piscou para Shiryu, que deu um meio sorriso, balançando a cabeça negativamente.

 — Até quando você vai precisar de mim como vela? Achei que já tínhamos passado dessa fase.

— Meu intuito nunca foi te fazer de vela, você que nunca aproveitou as chances que eu te dei. Ainda hoje não aproveita.

— Então hoje é mesmo uma armação para mim?

— Não, hoje é uma saída entre amigos. Porém, se a Saori me quiser não vou pensar duas vezes e vou aproveitar sim.

Shiryu não disse nada, apenas permaneceu dirigindo. Seiya parecia mesmo interessado na Saori, isso é fato. Talvez ele só estivesse desejando se divertir.

Sem falar que não era a primeira vez que ele o arrastava para algum lugar, nem seria a última. E dessa vez ele só conseguiu porque tinha a Shunrei no meio...

O pensamento o surpreendeu... Ele realmente estava indo por ela e estava plenamente ciente disso.

  “Dessa vez, você acertou Seiya”, pensou sorrindo.

— E esse sorrisinho ai, hein – Seiya alfinetou – Posso saber no que está pensando?

— Só no quanto você é abusado.

— Shiryu, eu sei que é meu fã, mas me ama menos, por favor...

Do lado das meninas, Saori parecia muito ansiosa e animada.

— Eles chegaram – Disse Saori, se olhando no espelho pela centésima vez, criteriosamente. Usava um short curto preto que valorizava bem suas pernas, com uma bata branca, de detalhes dourados. Seus longos cabelos arroxeados estavam soltos, deixando-a com um ar jovial e fatal ao mesmo tempo.

— Você está fabulosa, Saori. Do mesmo jeito que estava há dez minutos... E antes disso também... – Sorriu Shunrei, enquanto sua amiga lhe dava a língua.

— Como você não  está nem um pouquinho nervosa?

— Estou normal, eu acho... Vou assistir um filme... Você que quer se pegar com o Seiya.

— Você é chata, Shunrei. Um homem igual o Shiryu não se dispensa, não.

— Não dispensei ninguém, só que o combinado hoje era ir ao cinema.

— Sim! Nós vamos ao cinema e nem por isso não podemos nos divertir mais, não é um contrato amiga! Vem, levanta.

Saori arrastou Shunrei, que depois de pronta, apenas assistia a neura da jovem. Ela se sentia muito bem, com sua calça jeans justa, regata pouco decotada e um suéter claro. Look montado todo por Saori.

Os cabelos também estavam leves e soltos.

— Olha como você está linda! – Falou enquanto posicionava a amiga em frente ao espelho, com ela logo atrás – Vamos arrasar garota! – Saori levantou a mão no ar e, vencida, Shunrei cedeu dando um toquinho de leve na dela.

Pegaram o necessário e saíram, com Shunrei na frente, já que dessa vez, Saori trancou a porta.  Ainda bem pois, no momento em que a jovem de cabelos escuros viu Shiryu esperando escorado no próprio carro, perdeu por um momento o raciocínio.

Ele era, sem duvidas, o homem mais lindo que já viu na vida.

Saori percebeu e exultou internamente, mas sabiamente se preveniu de comentar. Aprendeu com seus erros anteriores então sabia que Shunrei precisava se confundir sozinha, sem que ela forçasse demais. Então, apenas segurou a mão da amiga, casualmente, enquanto caminham em direção aos rapazes.

E falando neles, Saori mal pode formular um elogio coerente, pois estavam mesmo muito atraentes. Seiya estava tão fabuloso que seria super fácil fingir interesse.

— Uau! Vocês estão um arraso – Seiya comentou quando estavam próximas o bastante, se dirigindo diretamente a Saori, para beijar-lhe o rosto – E eu que cheguei a pensar que você não poderia ficar ainda mais bonita – Comentou galanteador, mas alto o suficiente para manter o jogo nos trilhos. E piscou para a jovem que sorriu.

— Acho que eu posso dizer o mesmo de você. Está tentando impressionar alguém? – Brincou.

— Talvez... – Respondeu, mas dessa vez, disfarçadamente interessado na conversa ao seu lado. Saori também mantinha seu interesse ali.

Shiryu dirigiu à Shunrei um olhar que não era de maneira nenhuma ofensivo, mas o brilho existente nele foi facilmente percebido pela mesma, pois era diferente.

o suficiente para fazê-la corar. O rapaz se aproximou e depositou um beijo de cumprimento em seu rosto. Um jeito levemente demorado

— Você está muito bonita, Shunrei – Comentou baixo, pois teve medo de sua voz o trair.

— Obrigada... – Respondeu envergonhada, se esforçando por parecer natural – Você fica bem com o cabelo preso.

— Faz... Muito tempo que não o uso assim. Obrigado – Levou a mão ao cabelo, instintivamente.

— Oi Shunrei – Seiya aproveitou para cumprimentá-la, cortando o clima, propositalmente. Eles teriam tempo essa noite para se conhecer, pois ele daria um jeito nisso.

Saori aproveitou a deixa para fazer o mesmo, e em pouco tempo, ambos estavam indo em direção ao cinema. Com Shiryu no volante e Shunrei ao seu lado, por insistência do Seiya.

— Já voltou ao trabalho, Shunrei? – Seiya puxou assunto.

— Não, na verdade... Não tenho mais trabalho.

— Por quê?

— Por que o Tatsumi é um palhaço – Cuspiu Saori.

— Não exagera Saori, ele sempre te tratou muito bem... Acho até que gosta de você.

— Pois eu certamente não gosto dele...

— E quem é esse ser tão amado? – Ironizou Seiya.

— O dono da lanchonete onde eu trabalho... Trabalhava. Ele é bem rabugento e nunca foi a pessoa mais compreensiva do mundo... – Suspirou – Então quando eu voltei, ele me demitiu.

— Ele não pode fazer isso, devia processá-lo – Comentou indignado.

— Não é como se eu realmente me importasse, de verdade. Gostava de lidar com as pessoas, embora algumas fossem difíceis... Além de ter feito boas amizades lá, mas só. Gostaria de seguir na minha área mesmo.

— Qual área da administração você prefere? – Shiryu perguntou, demonstrando estar atento a conversa.

— Contábil

— CDF – Jogou Saori, fazendo Shunrei rir.

— Eu só gosto, o que posso fazer?

— Resistir, como todo ser humano normal – Brincou Saori.

— Sabe... – Shiryu começou fitando Seiya pelo retrovisor – Era o que Algol fazia...

Seiya ficou surpreso. “Ah, Shiryu, assim você facilita muito pra mim” – pensou

Nem ele faria melhor.


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