Coincidências? escrita por Otsu Miyamoto


Capítulo 16
Dezesseis




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— Shiryu, tenho uns detalhes para acertar com você – Era Seiya, novamente abrindo a porta da sala de Shiryu e entrando, sem se anunciar. Shiryu estava sua mesa – Está ocupado?

— Pode entrar, Seiya – Ironizou Shiryu, levantando o olhar dos documentos que avaliava, para o jovem que já estava sentado à sua frente, abrindo uma pasta – E na verdade, eu estou sim.

— Vai ser rápido, só preciso de suas assinaturas nestes orçamentos.

— E você está me trazendo pessoalmente por quê?

— Por que eu preciso da sua assinatura, oras – Forçou um ar de inocente que arrancou um suspiro do Shiryu.

— Não sei o que é, mas a resposta é não – Cortou, voltando as suas tarefas.

— Não doí você podia me escutar de vez em quando, antes de me dizer não, sabia? Só pra variar um pouquinho. 

— Tudo bem, pode falar – Voltou a fitá-lo.

— Vamos ao cinema com as meninas quinta à noite? – Direto.

— Não... – Voltou a ignorá-lo.

Seiya sabia que não seria fácil, por isso não desistiu de convencê-lo.

— Qual é Shiryu, por que não podemos ir?

— Você pode ir. Eu não vou.

— Shiryu, diz pra mim que você não quer ir ao cinema.

— Eu não quero ir ao cinema, Seiya – Se quer levantou o olhar para responder, apenas permaneceu preenchendo os malditos papéis.

— Deixa disso homem, não estou te pedindo nenhum absurdo.

— Seiya...

— Não, tudo bem... Tudo bem. Olha pra mim irmão. É a minha última tentativa. Olha nos meus olhos...

Shiryu suspirou, fitando o jovem teimoso a sua frente.

— Diz que você não quer levar a Shunrei ao cinema – Shiryu não disse nada, apenas fitou o irmão pensando no quanto ele era abusado – Você hesitou e isso é um sim.

— Não foi hesitação... E não quer dizer nada.

— Pode negar o quanto quiser, mas você sabe melhor do que ninguém que eu estou certo. Aliás, Shiryu, só me esclarece uma coisa: você está resistindo tanto por que mesmo?

E mais uma vez, silêncio. Não queria responder essa pergunta, porque de alguma forma, ela fazia sentido. Ele estava resistindo.

— De quem foi a ideia do cinema? – Shiryu perguntou.

— Minha. 

— Então também estão arrastando a Shunrei nisso?

— Não, não. Estamos arrastando ninguém, só convidando, como pessoas civilizadas. Eu chamei a Saori, que sugeriu que vocês podiam ir – Por favor, Shiryu, eu quero muito sair com ela.

— E isso é só por que você quer sair com a Saori, certo?

— Certo – Respondeu naturalmente.

Shiryu sabia que Seiya e Saori estavam aprontando. De maneira nenhuma eles precisariam deles para sair juntos. Porém, diferente das outras vezes, ele não estava achando a ideia tão absurda.

— Porque temos que ir junto? Shunrei e eu?

— E porque não? Todas as vezes que as encontramos não foram divertidas? Deve fazer uns anos que você não se diverte, mas lembra como é, não?

— Seiya, a vida não tem sido tão ruim assim.

— Nem tão boa, como nos últimos dias... Estou errado? – Seiya franziu o cenho e Shiryu quis rir de sua dedicação em convencê-lo – Shiryu...

— Tudo bem, eu vou – Cortou o irmão, que o fitou surpreso.

— Sério? – Perguntou ainda descrente

— Sim, mas mudo de ideia se você continuar aqui tomando meu tempo.

— Não vou te deixar voltar atrás, sabe disso! – Levantou-se, dirigindo-se até a saída.

— Seiya, e as assinaturas?

— Que assinaturas? – Seiya perguntou confuso – Ah, sim! Assinaturas, depois eu volto pra pegar – Sorriu vitorioso e saiu da sala. Deixando um Shiryu bufando para trás.

Mas em seguida sorriu... Não tinha como ficar irritado com ele.

Em outro ponto da cidade, Shunrei chegava em casa.

— Cheguei – avisou passando pela porta de entrada e se permitindo cair no sofá.

— Já? O que aconteceu? – Saori apareceu da cozinha com uma tigela de cereal. Fazia uns vinte minutos que tinha acordado – Você não ia trabalhar de condução pública porque não consegui te convencer a ir com meu carro? – Sentou-se ao lado da amiga, que a fitou quase incrédula.

— Já não discutimos isso o bastante?

— Não, porque você saiu para trabalhar sem o carro – Comeu uma colherada do cereal.

— Bom, saiba que nossa discussão acaba de perder o sentido, porque eu fui demitida – Suspirou.

— O que? Por quê? – Saori a fitou surpresa.

— Tastume apenas disse que era corte de custos, mas talvez seja pelos dias que eu fiquei fora.

— Quatro dias Shunrei. E você estava de atestado porque sofreu um acidente. O que mais podia fazer?

— Pessoas normais entendem isso, Saori – Shunrei sorriu de forma amarela – Tatsume já estava com tudo pronto para minha rescisão. Só precisei assinar os papeis.

— Que louco... Quer saber? Aquele lugar não era mesmo pra você mesmo – Disse, colocando a tigela na mesinha de centro – Deixa disso, agora temos uma semana só pra gente, sem trabalho, sem faculdade... É um sonho.

— Mas, e depois Saori? Como vou ajudar agora...

— Shunrei! – Saori falou alto – Você fala como se existisse a menor possibilidade de perdemos a casa ou passarmos fome – Sorriu debochada – Você ajudava de pura teimosia. E só estou te pedindo uma semana, deixa disso menina!

Shunrei sorriu, ainda pouco convencida, então Saori levantou-se e a puxou pela mão, para que também ficasse em pé.

— Não tem mais nada que possa ser feito agora, então vem comigo que vou te fazer uma tigela de cereal, que é a única coisa que eu sei fazer – Ouviu Shunrei dar risada enquanto ela pegava sua própria tigela – E vamos fazer um acordo.

— Um acordo? – Perguntou enquanto se deixava ser guiada até a cozinha.

— Exatamente – Pegou uma tigela nova e colocou o cereal – Guarda a sua responsabilidade extra na gaveta e tranca, só por enquanto – Piscou para ela, enquanto servia um pouco daquele leite lhe entregava a tigela – Aproveita essa folga extra que o destino te deu – Pegou uma colher e estendeu a ela – E com o depois a gente se preocupa... Depois – Sorriu encorajando a amiga.

— Já disse que você não existe? – Comentou, servindo-se de uma boa colherada do cereal.

— Tantas vezes que eu quase acredito.

— Obrigada, Saori.

— Não precisa agradecer, mas, se quiser mesmo me agradecer, que tal irmos ao shopping escolher umas roupas novas? Precisamos de opções para quinta feira.

— O que tem quinta feira?

— Vamos ao cinema com o Seiya e o Shiryu – Disse casualmente, como quem fala que vai escovar os dentes.

— Quando decidiu isso, Saori? – Shunrei disse bem menos calma que amiga – E quando pretendia me dizer?

— Estou dizendo agora... – Levou sua tigela na pia e voltou-se para amiga, com uma tranquilidade irritante – E eu disse que ele me chamou para sair, lembra? E você prometeu ir, então...

— Prometi? Espera, Saori não é assim... – Shunrei sabia que jamais conseguiria convencer a amiga a não ir. Ela se lembrava da conversa, mas de repente parece que foi tão rápido. Será que Shiryu havia gostado da ideia? Não estava sendo arrastado?

Ele queria sair com ela?

— Você está corada – Saori comentou com um sorriso enorme.

— Para com isso, estou te ajudando com o Seiya, tenha isso em mente.

— Claro que tenho... E você? Quando vai dar uma chance para o que está sentindo? Porque você está! Estava radiante quando voltamos da sorveteria e vocês dois estavam em sintonia. Por favor, Shunrei, olha aquele homem! Qualquer mulher teria uma queda por ele. Não é crime.

Shunrei respirou fundo, se admitisse qualquer coisa agora, Saori jamais a deixaria em paz. A pergunta é: ela queria isso?

— Tudo bem, eu admito...

— Eu sabia!! Finalmente... – Saori estava quase eufórica, se aproximou empolgada da amiga, já pronta para dar mais dicas, mas não teve chance – Você tem que...

— Saori, Saori. Não, espera. Eu estou admitindo que tenho interesse nele e só isso. Por favor, não interfira. Não conte ao Seiya, não sabemos o que Shiryu sente, não quero criar expectativas.

— Está bem, mamãe – Levantou os braços em sinal de rendição – Só que ele aceitou ir ao cinema, isso não quer dizer nada?

— Não, não quer. Ele é gentil e disso já sabemos bem.

— Sim, muito gentil – Colocou as mãos na cintura e fitou a amiga – Okay, eu prometo não interferir – “Mais do que eu já planejei”, pensou consigo mesma – Se você me prometer que não vai deixar essa chance passar?

— Que chance, Saori?

— Qualquer uma Shunrei!! De se aproximar dele, de sentir alguma coisa, de curtir!

Shurnei ponderou e riu. Estava negociando seus sentimentos com a amiga. Limites pra que?

— Prometo, mas... Só se ele também corresponder. Se ficar só na amizade, nada de empurrõezinhos. Combinado?

— Combinado!

Dedos cruzados ainda anulam uma mentirinha?


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