-Say, o que está fazendo? – Perguntou Hidari.

-Nada – Disse ela.

Say era apenas uma criança, mas sofrera mais do que qualquer adulto. Ela olhava suas penas, não era porque estavam machucadas ou eram muito pequenas, ela apenas gostava de olhar para um lugar quando caia no mar de seus pensamentos.

Dês que nascera não tinha pai nem mãe. Era constantemente testada e torturada. Os adultos? Diziam que era para o bem da ciência. Para ela? Puro mito.

-Hidari – Disse ela, baixo, quase como um sussurro.

-O que foi? – Perguntou ele, virando-se para a garota.

-Você acha que um dia nos vamos ter uma família? – O menino parou pensou bem nas palavras e suspirou.

-Say, sinceramente, eu acho que não – Disse, com toda a sinceridade, nem parecia uma criança de 7 anos – Nunca vi o mundo humano, e acho que vamos morre, feito os outros, antes mesmo de chegar a ter essa  possibilidade.

-Você acha mesmo que os boatos sobre você são reais? – Perguntou ela.

-Aquele boato bobo que tenho um irmão gêmeo no mundo humano?! – Disse ele – Só são boatos bestas.

-Mas se for verdade?

-Sinceramente, Say, se fosse verdade você não acharia que eles já não teriam pegado ele? – Respondeu o menino.

-Hum... quem sabe... –Continuou ela, desviou o olhar e olhou o garoto – Se eles não souberem onde ele está? Se seu pai fez algo e que eles não possam encontrar? Tudo é possível – O menino bufou.

-Não diga besteiras – Disse, se jogando na cama e se cobrindo.

-Não são besteiras – Sussurrou ela para si mesma.

De manhã Say acordou com um som de uma porta batendo forte contra a parede. Ela acordou assustada. Dois homens, médicos, a pegaram e a jogaram ela em uma sala.

-O-Onde eu estou? – Perguntou Say. Ela nunca havia visto aquela sala. Estava com medo, muito medo, pois quando eles levavam as crianças para uma sala no qual elas nunca tinham ido, elas nunca voltavam.

A sala ficou escuro. Say tremia de medo. Um vulto passou por cima de sua cabeça. Ela se virou e viu um grande cachorro a encarando com grandes olhos vermelhos. Ele avançou contra ela. Say desviou. Uma faca do nada caiu em seus pés. O cachorro avançou novamente e, com os grandes dentes, agarrou a perna de Say, que, por extintos, começou a tentar, inutilmente, se soltar.

O cachorro se afastou e, pela terceira vez, avançou contra ela. Say fechou os olhos, mas logo ouviu um choro, o choro de uma pessoa. Abriu os olhos e viu, ela enfiara a faca contra o peito da fera. Uma nevoa envolveu a sala, a criatura ficou embasada e a forma de uma criança apareceu, seus grandes olhos azuis olhavam a garota, que estava perplexa de mais, de seus olhos saíram lágrimas, seu queixo tremia. O menino sorriu gentilmente e mexeu um pouco a boca, dizendo gentis palavras para a garota e depois caiu, morto, sobre ela.

A visão de Say estava embasada por causa das lágrimas. De repente os mesmos homens que haviam a pegado entraram na sala e, novamente, a carregaram até o quarto.

-O que aconteceu? – Perguntou Hidari, depois que ela fora colocada na cama e os homens já irem embora.

-E-Eu matei – Disse ela, lembrando da terrível cena – Matei o Tenshi.

-O-O que? – Disse ele, mas perplexo que ela – Você matou o Tenshi Ookamishi, nosso amigo?!

-Foi sem querer – Disse ela, em meio aos soluços – Eu não tinha a intenção, ele era um cachorro depois humano – Ela não conseguiu continuar, berrou ali mesmo e afundou a cabeça no travesseiro.

Tenshi Ookamishi era um menino muito amigável que, por injustiça do destino, tinha perdido a mãe e o pai em um assassinato. Tenshi era muito amigo de Say.

-Eu nunca, nunca, vou perdoá-los, nunca – Sussurrou ela.

Ela pensara no amigo com muito carinho. E jurou, para si, que nunca iria perdoar aqueles que tinham a forçado a matar seu mais querido amigo, Tenshi.