NO CAPÍTULO ANTERIOR

Sasuke (sussurrando): O que é que pensas que estás a fazer?

Sakura, desta vez, olhou-o mesmo. Sorriu-lhe.

Sakura: Nada, nada…

Sasuke não disse mais nada, mas a rapariga continuava a observá-lo pelo canto do olho.

***

A aula acabou. De repente, muitos dos seus colegas, principalmente rapazes, foram ter com ela perguntar-lhe um montão de coisas. Sakura viu Sasuke levantar-se. Mas ao sair da sala, um rapaz loiro deu-lhe um encontrão, fazendo com que Sasuke caísse ao chão.

Deidara: Desculpa lá! Não te vi.

Sasuke, sem dizer nada, levantou-se sacudindo-se. Deidara, que não gostou de ser ignorado, voltou a dar-lhe um encontrão. Os óculos que Sasuke usava caíram-lhe, durante a queda.

Deidara (rindo): Desculpa… Não te vi… outra vez.

Os alunos que tinham ficado na sala, riram-se. Neji, que observava a cena, não fizera nada. Karin, que estava colada a ele, ria-se.

Deidara saiu da sala, acompanhado de Naruto, que não se rira. Os outros alunos, incluíndo Neji e Karin, também saíram.

Sasuke ainda estava no chão. Usava apenas óculos para ler, mas como estava sempre a fazer isso, esquecia-se de os tirar. Arrependera-se amargamente disso.

Levantou-se, pegando nos óculos e saiu da sala. Sakura observou o que se tinha passado.

Sakura (pensando alto): Hum… Isto vai ser um grande desafio… dos complicados.

Sakura aproveitou que ninguém estava na sala e pegou na mochila de Sasuke. Apenas tinha os cadernos e os livros. Mas depois, encontrou um panfleto.

Sakura: “Clube de Teatro? Hum…”

A campainha soou e os alunos começaram a entrar na sala. Novamente, Sakura foi atacada por perguntas dos rapazes da turma. Obviamente, Karin não gostou daquela atenção dada à rapariga. Por isso, fez de tudo para chamar a atenção. Claro está que a conseguiu. Sasuke entrou na sala e sentou-se. Sakura olhou-o, mas não disse nada. O dia passou e as aulas acabaram. Sasuke deixava sempre que os outros colegas de turma saíssem, para que pudesse ir para casa em paz. Todos eles saíram, excepto Sakura. Visto que ela não se ia embora, Sasuke levantou-se e saiu.

Quando chegou a casa, viu que Itachi já havia chegado. Foi para o quarto do irmão e começou a ler a matéria que o professor Kakashi tinha dado.

À noite, no fim de jantar, foi para o quarto de Itachi. Pouco depois ouviu a campainha.

Mikoto foi quem abriu a porta. Sakura pode ver que a casa era grande, tinha dois andares e um grande jardim.

Itachi apareceu por trás.

Itachi: Saky-chan! Esta é a minha mãe. Uchiha Mikoto.

Sakura: Boa-noite, Uchiha-san.

Mikoto: Trata-me por Mikoto, querida. Entra.

Sakura entrou com duas malas de tamanho médio para a sala, onde estava Fugako. Itachi e Mikoto foram atrás.

Itachi: E este é o meu pai. Uchiha Fugako.

Fugako (estendendo-lhe a mão): Trata-me apenas por Fugako. E o teu nome é?

Sakura (apretando a mão de Fugako): Haruno Sakura.

Fugako: Muito bem, Sakura-chan. Mikoto. Chama o Sasuke.

Mikoto subiu as escadas.

Fugako: Sakura-chan… Antes de mais, quero agradecer-te pelo que vais fazer pelo Sasuke. Presumo que já o conheceste…

Sakura: Sim… Já, na escola.

Fugako: Nós… Bem, o Itachi não quer que ele descubra nada, mas eu não creio que ele vá aceitar as tuas imposições, principalmente quando és hóspede…

Sakura: Não se preocupe, Fugako-san. Eu já sei mais ou menos o que vou fazer.

Itachi: Estou a ver que já fizeste as tuas investigações.

Sakura: Sim… Um pouco.

Fugako: Bem… Nesse caso, deixamos tudo nas tuas mãos. Boa sorte, porque vais precisar.

Sakura: Eu sei.

Mikoto desceu e atrás dela, vinha Sasuke.

Mikoto: Sasuke… Esta é a Sakura-chan. A rapariga que vem viver connosco!

Sakura (acenando): Olá!

Sasuke: Tu és…

Sakura: Haruno Sakura. Penso que nos conhecemos hoje, não é verdade?

Sasuke: Vocês sabiam disto, não sabiam?!

Itachi: Nós sabíamos que vinha morar aqui e que ia estudar na tua escola… Agora… Não sabíamos é que eram da mesma turma!!

Sasuke (irónico): Mente que eu gosto!!

Mikoto: Também não há problema nenhum em estarem na mesma turma, pois não? Não! Sasuke, ajuda a Sakura a levar as malas para o teu quarto!

Sasuke bufou e pegou nas malas de Sakura, que estavam à sua beira. Nesse momento, Sakura percebeu que o seu trabalho ia ser ainda mais difícil do que tinha pensado. Seguiu Sasuke, que carregava ambas as malas, até ao quarto onde iria passar a dormir.

Quando Sasuke abriu a porta, não a deixou passar em primeiro lugar.

Sakura: “Vamos ter que mudar esses modos…”

Quando Sakura entrou no quarto viu que o quarto de Sasuke era um quarto simples. A cama estava encostada a uma janela que tinha um parapeito grande. Os cobertores da cama eram azuis-escuros e as almofadas eram pretas. Ao lado da cama estava uma mesa-de-cabeceira com três gavetas. Havia uma secretária simples, com alguns livros de leitura arrumados e um guarda-fatos embutido na parede. As cortinas da janela eram brancas e uma das paredes do quarto tinha um desenho de grafite de rua: no fundo estavam alguns prédios, de entre os prédios estava um boneco de cabeça redonda, sem cara, branco e segurava um skate numa mão, na frente desse boneco estavam outros prédios mais pequenos.

Sakura (olhando para o desenho): Foste tu que fizeste?

Sasuke (pousando as malas): Não te interessa.

Depois Sasuke saiu, batendo com a porta.

Sakura: “Mais outra coisa que temos de trabalhar…”

Sakura achou que aquele rapaz era ainda pior do que tinha pensado. Era rude, mal-criado, frio, não sabia defender-se dos que lhe batiam e ignorava sempre que se riam ou gozavam dele. Não sabia vestir-se, com uma roupa mais adquada ao seu corpo e que estivesse na moda. O estilo ou o corte de cabelo era horrível, os óculos eram desnecessários e o corpo não era, nem nunca foi trabalhado. O facto de andar sempre com o nariz enfiado num livro, provocava o desinteresse das outras pessoas, pois estas não iriam incomodar ou inportunar alguém que estivesse a ler a não ser que fosse realmente necessário. Começou a desfazer as malas e a arrumar a sua roupa. Pouco depois alguém batera à porta. Era Itachi.

Itachi: Então? O que achas?

Sakura: Bem… Não é impossível, mas é improvável que eu consiga alguma coisa. Ele evita-me e já percebi que não gostou ou de mim ou do facto de eu estar na mesma turma e na mesma casa.

Itachi: Provavelmente… Um pouco de ambas as coisas.

Sakura: Vai ser difícil…

Itachi: Bem… Se precisares de alguma coisa, seja dinheiro, seja outra coisa qualquer, não hesites em pedir.

Sakura: Obrigada, Itachi… Não vou começar já com a transformação. Primeiro preciso de conhecê-lo melhor. Saber mais coisas sobre ele e segredos… Isto se ele confiar em mim…

Itachi: Entendo. Infelizmente, nesse aspecto não te posso ajudar, porque ele não me conta nada... Apenas sei coisas de quando ele era mais novo, mas penso que… dispensas isso.

Sakura: Ainda não sei… Depende um pouco do que acontecer.

Itachi: Ok. Só mais uma coisa e já te deixo em paz.

Sakura: Diz.

Itachi: Amanhã dou-te metade do dinheiro que tinhamos acordado. O resto só terás, caso haja resultados. Isso ficou entendido, não ficou?

Sakura: Sim. Ficou. Eu concordo com isso até porque, como já disse, é improvável que eu consiga resultados. Mas não vou desistir tão facilmente.

Itachi: Não?

Sakura: Não… Ele pode ser um mal-criado, um frio, rude, tudo e mais alguma coisa, mas há uma coisa em que ninguém me vence.

Itachi: No quê?

Sakura: Na minha teimosia. E se ele me irritar, sou mais teimosa ainda.

Itachi (dirigindo-se para a porta): Espero que assim seja.

Sakura (vendo Itachi sair do quarto): Assim será.

A conversa ficara por ali. Sakura meteu-se na cama e adormeceu. No dia seguinte, acordou cedo. Sakura acordava sempre cedo em casa, pois era ela que fazia o pequeno-almoço para o pai e para o irmão, acordava-os e fazia sempre tudo em casa. Lavou os dentes e a cara, fez a cama, vestiu-se e desceu para fazer o pequeno-almoço. Itachi apenas lhe tinha dito que ela deveria fazer o pequeno-almoço para ele e para Sasuke, que era sempre o primeiro a acordar, pois as suas aulas começavam cedo. Os pais só iam trabalhar mais tarde, tal como Itachi ia estudar.

Fez o pequeno-almoço e ouviu alguém descer as escadas. Espreitou e viu que era Sasuke, que, como sempre, tinha um livro na mão.

Sakura: Não vais tomar o pequeno-almoço?

Sasuke: Não.

Sakura: Mas devias tomar o pequeno-almoço.

Sasuke (encarando-a): Pois eu não tomo.

Sakura: Podes só esperar que eu coma? É que…

Sasuke: Não.

Sakura: Mas eu não sei ir de metro para a escola! E ir a pé é muito longe!

Sasuke: Desenrasca-te!

Sasuke pegou na sua mochila e dirigiu-se para a porta de casa. Sakura apercebenodo-se de que ele não ia esperar, apressou-se a pegar num pão e num iogurte para ir com ele. Quando voltou, já ele tinha saído. Correu um pouco para alcançá-lo.

Sakura: Podias ao menos ter esperado que pegasse no pão e no iogurte.

Sasuke não respondeu e começou a ler.

Sakura: Que livro é esse?

Sasuke (sem tirar os olhos das paginas do livro): As Dez Figuras Negras.

Sakura (repetindo): As Dez Figuras Negras… Aahh! Esse livro não é da… Agatha Christie?

Sasuke (sem olhá-la): É…

Sakura: Eu já li alguns dela… Mas também leio outros autores… Já leste o…

Sasuke (encarando-a): Podes-te calar? Estou a tentar ler!

Sakura: Desculpa…

O silêncio que Sasuke havia pedido, pouco tempo durou.

Sakura: Vais ler o caminho todo?

Sasuke (sempre a olhar para o livro): Vou.

Sakura: Hum… Porquê?

Sasuke: Porque me apetece.

Sakura: Hum… Mas podiamos conver…

Sasuke (encarando-a furioso): Mas tu não te calas?

Sakura: Mas eu quero conversar! Quero conhecer as pessoas com quem vivo e a única que está a aqui és tu!

Sasuke: Shiiiuuu! Queres que te ouçam?

Sakura (confusa): O que foi?

Sasuke (bufando impacientemente): Não quero que saibam que a aluna nova mora comigo! Não digas a ninguém que… Melhor: Nem fales comigo na escola!!

Sakura: Porquê?

Sasuke não lhe repondeu. Sakura tentou que ele voltasse a falar, mas sempre que ele falava era para a mandar calar.

Pouco depois, chegaram à estação do metro.

Sasuke: Ali compras os teus bilhetes, visto que ainda não tens passe.

Sakura: Ali?

Sasuke (afastando-se): Sim. Despacha-te que o metro está a chegar.

Sasuke passou o seu passe numa maquineta, fazendo com que umas pequenas portas abrissem e permitissem a sua passagem. Sakura foi para uma máquina automática que vendia bilhetes. Tinha algumas pessoas à sua frente, pelo que teve que esperar. Quando conseguiu o seu bilhete, ouviu o metro a chegar. Correu o mais rápido que pode, passando o bilhete na mesma máquina que o Sasuke. Quando avistou o metro, Sasuke já estava no seu interior, junto à porta.

Sakura: Sasuke! Segura na porta.

Sasuke olhou para ela, mas não segurou na porta que se fechava. Antes que o metro começasse a andar, avançou para o canto onde costumava ficar, deixando Sakura para trás.

Sakura: “Mas que… Porque é que…”

Sakura ficou furiosa.

Sakura: “ Se ele quer guerra… É guerra que vai ter”