Haruno Sakura, do Clã Haruno escrita por EstherBSS


Capítulo 34
Memórias de dor


Notas iniciais do capítulo

Tá dificil continuar essa fanfic. Tô sem vontade nenhuma de escrevê-la.



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Capítulo 34 – Memórias de dor

                Estava amanhecendo quando tudo acabou. Todos olharam para o céu claro entendo a mensagem que tinha ali. Sakura olhou para Sasuke e sorriu ao ver que ele resmungava irritado. Os dois sabiam que ela tinha que voltar e que a noite de núpcias teria que ser adiada mais um pouco. Pelo menos agora os dois estavam unidos para sempre.

Arrastou-se pelos túneis de pedra amaldiçoando e praguejando. Ouviu os rosnados atrás de si e se virou assim que o youma saltou. Sentiu os dentes da criatura mastigando a carne de seu braço. Com raiva, jogou o braço em direção à parede estourando a cabeça da criatura contra as pedras. Seguiu em frente. Os pingos de água do teto já estavam a ponto de enlouquecê-la. Só não eram piores do que a dor. Quando não pôde mais andar, deixou-se cair a um lado. Sua blusa estava rasgada e o seio esquerdo aparecia entre os trapos. O corte um pouco abaixo ainda sangrava, mas já era possível ver a recuperação. Faltava um pedaço do braço, mas isso não era prioridade.

O rosto estava coberto de sujeira, terra e sangue e a kakuseisha não conseguia enxergar bem. Fechou os olhos e se concentrou na sua recuperação. Conforme a dor diminuía, outro sentimento ganhava espaço: a fome. Assim que o ferimento do peito fechou depois de muitos dias, dois talvez, a criatura não aguentava mais a vontade de fechar os dentes em uma carne macia. Estalou o pescoço depois de se levantar e caminhou para fora do esconderijo enquanto seu braço também se regenerava.

A luz quase cegou seus olhos, mas forçou-se a olhar para cima. Detestava ser fraca. Danificaria o corpo tanto quanto pudesse até que se tornasse forte. Com sua energia restabelecida, as outras criaturas não se aproximavam. Reconheciam nela uma oponente superior. Assim, teve caminho livre por uma boa distância. Demorou ainda mais dois dias para chegar até a aldeia. Era pequena e não tinha muitas pessoas.

Quem a viu primeiro foi um homem que roçava a plantação. “Nada de bom cresce naquela terra.” A voz veio de muito longe e a Kakuseisha não soube a quem atribuir a fala. Realmente, o homem lutava com umas plantas pequenas em uma terra seca que prometia mais ervas daninhas do que comida. Felizmente, ele era comida. Estava sobre o cadáver, chupando o tutano dos ossos quando um homem novo apareceu.

                - Bakemono! – ele gritou ao ver o pai em pedaços. Um salto e ele também caía sangrando. Alimentou-se bem dos dois até que sentiu uma pedrada. Virou-se para ver uma mulher com uma ferramenta de campo. Ao longe, avistou outros camponeses fugindo. Preparou as garras e rasgou o ventre da mulher. Sorriu quando viu o feto cair de lá. Os mais novos eram os mais deliciosos. Alimentou-se dela também enquanto recuperava as forças e terminava a sua regeneração. Já estava com uma aparência de criança novamente. Andou até a vila abandonada procurando por mais comida.

Sentiu o cheiro da criança ao leste e seguiu para o que seria a entrada de uma cozinha. Seus pés não faziam barulho enquanto caminhava pelo assoalho de madeira. Sua audição captou o choro e seu olfato lhe disse que era uma menina. Ela tinha um cheiro doce que lhe deu água na boca. Foi encontra-la dentro do armário, encolhida. A garota entrou em desespero e começou a gritar, mas a kakuseisha tinha congelado enquanto olhava o boneco na mão da menina. Era feito de madeira e tinha o peito pintado em vermelho. Sem que soubesse como, sua mente voltou para um tempo muito antigo que já deveria ter sido esquecido.

                - Ele usa uma capa vermelha e tem os cabelos ruivos como o nosso. – Akina explicava à irmã e aos primos apontando a gravura em seu livro.

                - Então ele parece um tomate. – Rayne falou cruzando os braços.

                - Você não entende nada de heróis, baka! – Akina protestou batendo os pés no chão – Ele é bonito!

                - Seu herói é bonito, neesan! – Sakura falara, mas Akina sabia que só queria bajula-la. A boba provavelmente nem sabia o que era ser bonito.

                - Tsukoi sama consegue matar três youmas com um único golpe. – Aidan falou – Isso é ser forte. Seu herói pode fazer isso? – o menino perguntou com o olhar desconfiado.

                - O herói Jano Dietrich é o mais forte de todos. Ele pode matar 100 youmas com apenas um golpe. – Akina batia o pé firme.

                - Ele deve ter contado com a ajuda de outra pessoa e ganhou a fama. – Rayne insistiu – O cavaleiro vermelho é muito melhor do que esse seu Jano.

                - Você não sabe nada! – Akina gritou se enfurecendo – Foi a oka san que me mostrou. Ela sabe de tudo. Ela sabe que ele é o melhor he... – Akina foi interrompida quando Sakura se aproximou com uma flor nas mãos para mostra-la. – Não quero ver a sua flor idiota! – berrou e a irmã mais nova saiu chorando.

Os meninos riram e falaram que Akina iria se dar mal por gritar à irmã. Reclamando sobre como Sakura era irritante, correu para alcança-la antes que chegasse ao avô. Já estava anoitecendo quando a achou no corredor principal. Estava agarrada às pernas da mãe. Akina sorriu feliz pela volta da mãe e correu em direção a ela para abraça-la. Só no meio do caminho é que notou que a mulher não abraçava Sakura. “Ela está cansada da chatinha. Tenho certeza de que vai abraçar a mim.”

Akina correu e antes que percebesse, voava de volta caindo no chão sobre o braço direito. A dor que sentiu lhe contou que tinha quebrado o osso e gritou. Virou-se para a mãe e estranhou o olhar de ódio que viu. “O que tinha feito?”, pensou sem entender. Sakura tinha se afastado alguns passos e mordia a mão nervosa. Olhava da irmã para a mãe sem compreender. Akina estava igualmente confusa. Tinha apanhado por causa daquela estúpida flor?

A mãe deu um passo em sua direção e seus olhos mudaram de cor. Ao ver o tom amarelo, Akina abaixou-se e gritou tanto quanto sua garganta aguentou. Cobriu a cabeça com as mãos e gritou, gritou e gritou. Sakura a acompanhou logo em seguida.

                - O que significa isso, Hana? – a voz potente do avô foi tão alta que superou os gritos das meninas. Akina ergueu os olhos cheios de lágrima e viu as botas de Tsukoi. Outros homens seguiam atrás dele. Reconheceu a voz do pai.

                - Hana, controle seu chakra agora. Está muito perto das meninas.

Akina se esforçou para olhar para trás e calculou a distância da mãe. Era a que estava mais longe, dois metros da mãe e três metros do avô e dos outros ninjas. Sakura estava mais perto a meio metro da mãe e seis metros de distancia dos homens. “Seria a melhor escolha para um ataque.” Assim que Akina pensou isso, a mãe acertou um chute no rosto de Sakura fazendo a criança ser lançada longe. Akina só sentiu o vento quando os ninjas passaram ao seu lado e seguraram a mãe.

Por mais que não quisesse olhar, seus olhos se abriam e capturavam cada nuance. Viu quando Hana liberou ainda mais chakra. A energia passou sobre ela e a fez tremer. Podia sentir o corpo responder e um prazer estranho correr por sob a pele. Seus dedos se flexionaram e relaxaram. Viu um ninja pegar Sakura no colo e a levar embora, mas sua atenção toda estava no modo como a mãe dançava com as espadas. “É bonita.” Admirou a perícia com que Hana manejava sua foice, a preciosa arma da família chamada Àrtemis.

Viu um dos sacerdotes no portão e o sinal que ele fazia com a mão. Uma mão fechada em punho na horizontal sob a outra com a palma aberta e voltada para frente. “Ele vai selá-la.” Entendeu e quis protestar. Era tão bonito! Não podiam selar aquilo! O poder era lindo! Não podiam fazê-lo parar. Viu o cabelo da mãe crescer e abandonar o rosa para se tornar vermelho. Achou aquilo maravilhoso. Gemeu de frustração quando o sacerdote invocou as correntes que seguraram Hana. Ela caiu e se revirava no chão sem conseguir se soltar.

“Patética.” A palavra veio à sua cabeça assim que a viu e não conseguiu mais reprimi-la. Ela que antes exibira tamanho poder, agora rolava na sujeira como um animal qualquer. Viu a mãe ser levada pelo pai junto do sacerdote para outro lugar e os acompanhou com o olhar. Tsukoi se aproximou e Akina levantou os olhos para ele. Nem pensou no fato de estar quebrando uma regra ao encará-lo. O avô se abaixou e a pegou no colo com o maior cuidado. Akina estranhou, já que o líder nunca a tratava dessa maneira.

Ficou no colo dele por um bom tempo e quando o avô tentou coloca-la na cadeira, agarrou sua túnica com mais força. A médica ninja que veio curar seu braço teve que trata-la no colo do avô. Tsukoi não reclamou e ficou com ela até que dormisse. Ele pensara que ela estava dormindo, pelo menos. Assim que a colocou na cama e saiu do quarto, Akina abriu os olhos. Ficou pensando na energia que sentira e no prazer que viera junto. Ficou pensando nessas coisas por muito tempo até que viu Sakura andando no corredor.

Curiosa, ergueu-se e saiu do quarto. Virou a cabeça de um lado a outro procurando saber se tinha alguém no corredor. Como não encontrasse ninguém, seguiu para onde vira a irmã caminhar. Seguiu Sakura até o grande dojo onde só a família principal treinava. Havia guardas em volta do local, mas Akina crescera treinando naquele local. Poderia entra se quisesse. Ficou em dúvida se seguia a irmã ou não até que sentiu a energia de novo. Era tanto poder... Atraía Akina do mesmo modo que a luz atraía os insetos. Viu-se caminhando para lá antes que percebesse. Suas pernas pareciam ter vida própria e seus olhos estavam focados no dojo. Presa em uma armadilha como uma mosca.

Quando entrou no local, enxergou as correntes por todos os lados em que olhava. Todos os elos convergiam para um único ponto: o centro e...sua mãe. Akina viu Hana acorrentada no centro do dojo com os olhos amarelos presos em Sakura. Debaixo de Hana, um grande círculo desenhado no chão selava os poderes da mãe, Akina notou. Quase sentiu pena. Um poder como aquele não deveria ser limitado. Um poder como aquele era para ser exibido e reverenciado.

Hana tinha os olhos fixos na filha menor que se postava em sua frente. Tinha os olhos ainda amarelos, Akina notou, mas ficavam lentamente vermelhos. “Era uma cor tão bonita...” Akina estava encantada. Nunca tinha visto tanto poder junto. Deu um passo para poder ouvir o que a irmã dizia:

- Você vai ficar boa logo, oka san. Tsukoi jiisan falou que você vai ficar boa. – Sakura juntou as mãozinhas e deu um passo a frente, se aproximando das runas. Hana não esboçou nenhuma reação. – Você vai voltar ao normal e ficaremos juntas novamente. Eles vão tirar a corrente quando você ficar bem. – ela deu mais um passo.

Akina estava prestes a perder a paciência com a irmã. Aquele poder magnífico não era para ser combatido e ela nem queria que a mãe voltasse ao normal. Aquela sensação era tão maravilhosa! Nunca imaginara que a mãe pudesse ter tão forte daquele jeito e lá estava ela transbordando de poder e energia. Viu que a irmã se aproximava cada vez mais. Entendeu o perigo quando a irmã menor entrou dentro do círculo e o cabelo de Hana tomou vida lentamente.

- Sakura!!

Correu por impulso em direção à Sakura. Empurrou-a para longe bem quando uma das mechas da mãe se cravava em seu braço já quebrado. Os fios se enrolaram em volta do braço e Akina foi erguida para perto do rosto de Hana. A dor, estranhamente, não a incomodava. Não quando aqueles olhos vermelhos a encaravam cheios de poder. Outras mechas se cravaram em seu corpo miúdo e sentiu a energia. Sentia a energia sendo passada da mãe para si mesma.

- Akina sama! – ouviu um homem gritar, mas não se virou para ver o sacerdote.

Hana moveu os olhos para o lado e ouviu-se um estrondo. Akina não conseguia desviar os olhos. Tudo o que sentia era a dor contrastando brutalmente com a energia maravilhosa que a inundava. Sua mãe voltou a olhá-la e abriu a boca. Primeiro foi só um pouco, mas a mandíbula continuou abaixando e abaixando até ser capaz de caber uma cabeça ali. “Tão bonito!” Hana se aproximou lentamente, mas uma lâmina passou entre Akina e a mãe. Tinha visto o vulto prateado cortar o ar.

- 182ª técnica de repressão... – ouviu o homem falar e o viu entrar em seu campo de visão. Hana virou a cabeça para o homem com o bastão que se interpusera entre ela e Akina. Antes que terminasse a frase, a cabeça dele tinha subido de sobre os ombros. Akina arregalou os olhos enquanto o corpo balançava inerte e caía, jorrando sangue.

- Otou-san! – uma voz de menina gritou e Akina girou a cabeça para ver uma garota loira se debater nos braços de outros sacerdotes. Um deles se adiantou e começou a fazer os selos para a repressão.

Akina não queria permitir aquilo. Sua mãe deveria ser poderosa assim sempre. Aquele maravilhoso poder não podia ser impedido...e não seria. Sua consciência estava estranha. Akina não podia pensar direito. Então seguiu apenas os seus instintos. Seu instinto mandava impedir a repressão. “Ichigan se defende”. A voz veio de longe, flutuando em sua mente, sem que a menina pudesse identificar a origem. Seu corpo estava ferido e quebrado, mas uma energia se espalhava célula a célula, incentivando-a a levantar.

Ergueu-se com a cabeça fechada e deixou que a energia a tomasse por completo. Os sacerdotes gritaram e Akina pensou ter escutado a voz do avô, mas tudo era poder e ela só era capaz de sentir isso. Avançou com tudo para o centro, onde Hana estava, ou melhor, onde o poder estava. Ela queria mais. Akina queria muito mais. Queria aquela energia maravilhosa. Uma corrente enrolou-se em sua perna e a puxou para cima, deixando-a de cabeça para baixo. Gritou enquanto seus pequenos olhos viam os sacerdotes a sua volta.

“Não! Meu poder! Não podem tirá-lo de mim!”

O foco do poder desapareceu de repente, deixando um vácuo no local. Akina buscou a mãe com os olhos e chorou ao vê-la. Hana estava no chão, com os olhos semi abertos e fitava Sakura com um sorriso.

“Não sorria para ela. Ela é a culpada. Ela que fez você perder o poder. Olhe para mim. Olhe para mim!”

Então Tsukoi surgiu sobre Hana e com um movimento único, cortou lhe a cabeça. Akina se ouviu gritando escandalosamente.

Mas sua voz foi morrendo aos poucos e o silêncio substitui tudo.

Novamente ela estava naquela cozinha velha olhando a criança com o boneco vermelho na mão; Estreitou seus olhos para o rosto infantil que usava o brinquedo como proteção.

- Jano Dietrich não vai te ajudar. – Akina pronunciou lentamente e a menina chorou compulsivamente. Irritada, esmagou a cabeça da menina contra o chão e pegou o boneco. Alimentou-se da carne macia e saiu da casa. Fechou os olhos e tentou se lembrar do que tinha que fazer. “Casa. Eu tenho que ir para casa.” Com um sorriso, quebrou o brinquedo em sua mão e se dirigiu para onde sua família estava.


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