Not Like The Movies escrita por MsRachel22


Capítulo 3
Violência gera... Você sabe o resto




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"Sou encrenca. Eu sou encrenca, pessoal" 

                                                          — P!nk

 

  O barulho parecido com o de uma sirene ecoou pelo prédio, indicando que o período do cronograma estava encerrado por hoje, o alívio era nítido e as cadeiras foram arrastadas ruidosamente enquanto o último orientador – um rapaz magricela com óculos de armação circular – recolhia suas coisas.

  Hinata se aproximou, falando sobre o que poderíamos fazer pelo resto do dia ou quais lugares seria bom que eu conhecesse, mas ela não parecia ter notado minha indiferença ou apenas ignorava-a como Ino fazia.

  Espiei o moreno levantar do seu lugar e rumar até a porta em absoluto silêncio, ele parou perto da saída e puxou o mesmo garoto ruivo de ontem pelos ombros, guiando-o para fora e iniciando sua própria conversa.

  Afastei a cadeira quando Hinata perguntou:

— ...comer agora?

— Ah... — murmurei confusa e encarei-a, ela agitou a mão como se espantasse algum inseto incômodo e suspirou. — Eu não estou com muita fome, então... — apontei para a porta e comecei a andar naquela direção, a sala havia esvaziado consideravelmente e nossos passos ecoavam dentro do cômodo.

— Dê espaço à garota, Hina — encaramos Ino automaticamente quando ela tirou os pés de cima da mesa que ocupava e ajeitou a franja que caía sobre seus olhos maquiados. Havia algo de desolado na forma como ela passava os dedos pelos cabelos loiros e como seu olhar vagava para onde o ruivo esteve.

— Eu perguntei se ela queria dar uma volta ou comer agora — Hinata respondeu e recomeçou sua linha de raciocínio sobre quais lugares conhecer, se eu havia aprendido o trajeto até o quarto e se eu havia entendido o que era aquela versão macabra de escola que haviam chamado de cronograma.

  É assim que você vai passar o resto dos dias: fingindo que é um ser humano atarefado e preocupado com o próprio futuro, fazendo de conta que o que vai ser servido de almoço é a grande discussão do dia... Espere aí... Você fodeu com tudo não foi? Você literalmente...

— Já é o suficiente — murmurei irritada e assustada ao mesmo tempo, saí apressada da sala e virei à esquerda no corredor e depois continuei seguindo em frente.

  Aquele amontoado de pessoas, suas risadas e trechos de conversas totalmente amenas e comuns numa escola normal, suas preocupações com o que seria servido no refeitório e se conseguiriam cigarros mais tarde – aquilo tudo me fez sentir enjoada.

  Apressei um pouco mais o passo, esbarrando em alguns no processo e, assim que cheguei ao final do corredor, aquele misto ácido de sentimentos se tornou tão insuportável quanto o fato óbvio de que eu fora ingênua o suficiente para acreditar que havia mesmo uma chance de sair daqui algum dia.

  Isso nunca vai acontecer, foram as palavras ditas pelo moreno mais cedo. O irritante está coberto de razão, porque dar o fora daqui é só uma ideia. Você acha mesmo que todas aquelas pessoas trabalhadoras, de bem, familiares e fanáticas por ordem vão aceitar uma assass...

— Que merda que você está fazendo? Não olha por onde anda garota?!

  Levou alguns instantes até eu prestar atenção na garota ruiva de voz estridente parada a poucos passos atrás de mim, ela gesticulava e seu rosto se contorcia numa expressão raivosa conforme sua boca se mexia. Girei os calcanhares e ela deu um passo à frente.

— Espera aí... Você é a novata esquisita, não é? — Ela apontou na minha direção e um sorriso brotou em seu rosto magro, ela olhou por cima do ombro para as outras duas garotas que estavam mais atrás. — Você é aquela merdinha esquisita que saiu em todos os jornais... Você é famosa, novata...

 Aquele sorriso desafiador e convicto de um segredo terrível – aquela porra de expressão – daquela garota era a parte mais difícil de se ignorar, respirei fundo e passei por ela e senti um puxão no meu ombro que me fez virar o corpo.

— Não toque em mim.

— E quem você pensa que é para me dar ordens, hã novata? Vai fazer o que? — O sorriso dela aumentou e ela me empurrou com força moderada, uma pequena distância surgiu entre nós duas e olhei em volta procurando o corredor que havia vindo, mas todos pareciam iguais.

  Dei as costas outra vez, mas uma quantidade considerável de curiosos havia aparecido e bloqueava boa parte da visão dos corredores. Mantenha a calma e nada de confusão, lembra?, foi o máximo de bom senso que consegui reunir enquanto a voz da ruiva estridente ficava mais alta, mais debochada, mais irritante.

  Um sorriso cínico surgiu em meu rosto quando ela me empurrou outra vez, cerrei os punhos conforme a raiva emergia e tomava conta de todo o resto. Essa vadia é surda por acaso?

Ah, eu conheço esse olhar... Você vai me atacar, sua merdinha esquisita? Você me atropelar que nem...

  O ardor veio depois, o atrito de cartilagem e pele foi mais forte do que esperei e pareceu que as articulações dos meus dedos simplesmente se moldaram à bochecha dela naquele soco; a repetição foi mais forte do que o primeiro golpe e assisti-la cambalear foi outro ponto adicional à adrenalina na minha corrente sanguínea.

  Ofeguei quando senti o tapa no rosto e o ardor explodindo pela minha bochecha em etapas, permaneci com o rosto virado para o lado.

Vadia.

  Gemi de dor quando tornei a socá-la, a pele nos nós dos dedos rasgou como uma folha de papel e gritei outra vez quando ela fincou as unhas na minha garganta; eu mal ouvia os berros de incentivo, meus próprios gritos estavam sendo sufocados e não passavam de engasgos. Soquei seu pulso desesperada e a chutei com força, as unhas dela deixaram cinco marcas longas e rasparam a pele do meu pescoço quando ela se afastou.

  Fui empurrada por alguém na direção dela, tropecei em meus próprios pés enquanto tentava recuperar o equilíbrio, mal consegui erguer os braços para bloquear outro tapa e meus ouvidos zumbiam – a vadia havia me acertado com força na orelha direita. Tropecei para longe e percebi que as duas garotas que estavam atrás dela se aproximavam pelos lados.

  Pisquei com força e ergui os punhos, fazia um bom tempo que eu não me metia numa briga e trinquei o abdômen, a adrenalina havia me levado ao pico da ação em poucos minutos e raciocinar era difícil. A ruiva foi empurrada na minha direção e prendi a respiração pouco antes de acertá-la na testa com um soco, os músculos do braço e mão direitos foram estendidos com brutalidade.

  Soque-a! Mais! Derrube a vadia!

— Duvido você aguentar muito tempo depois que eu acabar com você — a voz daquela garota mais alta e de cabelos castanhos extremamente curtos era calma e controlada. A ruiva havia se apoiado nela e tocava o rosto ferido, seus olhos brilhavam de puro ódio.

— Estou esperando, sua vadia.

— Que porcaria está acontecendo? Andem! Saiam da frente ou eu vou levar cada um de vocês para a detenção! — De alguma foram, a voz do homem pálido conseguiu se sobressair no meio daquele apinhado de gente, o som agudo do apito também ajudou a diminuir boa parte da gritaria. — Eu mandei sair!

— Você está fodida — a ruiva cuspiu as palavras, um leve tom de histeria fez sua voz falhar enquanto ela ofegava. Um sorriso cínico repuxou os meus lábios e lhe mostrei o dedo do meio. — Você está fodida sua merdinha... Sua assassina de merda!

  Orochimaru continuava gritando suas ordens e inflando as bochechas conforme apitava, as reclamações começaram e alguns assobios quando a ruiva foi escoltada pelas outras duas garotas para longe dali. Senti a temperatura do meu corpo despencar e meu estômago embrulhar outra vez.

  Não desviei os olhos da silhueta dela enquanto pude e ignorei os berros de Orochimaru e suas perguntas, ele não importava. Ela sabe, ela sabe e é só uma questão de tempo até que todo mundo descubra quem você é. A adrenalina havia despertado uma nova urgência: correr para bem longe, correr como eu nunca havia feito e dar o fora dali.

— Detenção.

  Me deixei guiar por Orochimaru com os berros de aprovação e vaias outra vez, era estranho, mas eu fiquei agradecida pela oportunidade de ficar sozinha por horas e repassar mentalmente toda a discussão, cada palavra dita e tentar encontrar algo que me orientasse sobre o que fazer com a ruiva.

  Ela sabe e o como importa.

* * *

  Levantei a cabeça assim que a porta foi aberta e fechada com extrema força. Eu havia perdido a noção do tempo, mas sentia as panturrilhas e os pés formigando, ergui o pescoço e ouvi um leve estalo com o movimento.

— Anda, dá o fora daqui — Orochimaru estava parado na porta, os braços finos cruzados na frente do corpo e parecia mais impaciente do que antes. — Será que todos vocês são surdos?! Eu mandei sair. Anda.

    Esfreguei os olhos e endireitei-me na cadeira, levantei e trinquei a mandíbula, aquela havia sido uma boa briga, mas eu havia levado uns bons tapas – o suficiente para um dia. Torci para que aquilo fosse suficiente para uma transferência ou até mesmo uma suspensão, quem sabe.

  A porta foi aberta de forma ruidosa e passei por ela mais devagar do que pensei, aos poucos a corrente sanguínea normalizou e a sensação de dormência nas minhas pernas desapareceu lentamente. Os corredores estavam vazios e fiquei agradecida pela quietude prolongada até que eu encontrasse meu quarto.

  As longas horas de silêncio na detenção serviram para algumas coisas óbvias, como descanso físico e mental, além do estabelecimento de dois objetivos. Era um avanço gigante já que eu não tinha motivação alguma para fazer qualquer coisa além do mínimo necessário aqui dentro.

  Primeiro: a ruiva sabe sobre mim. Como? Ela disse que viu nos jornais, mas...

...isso não é verdade se você chegou aqui antes de mim, sua vadia — murmurei para o nada e comecei a subir os degraus.

  Segundo: há duas opções sobre o que fazer; eu posso seguir o roteiro original, fazer de conta que estou num hospício e não numa porra de prisão, ou... Encarei os degraus restantes e grunhi de dor quando terminei de subi-los. Não tem segunda opção. Sou só eu contra ela e as guarda-costas. Foi trabalhoso estragar a cara dela sozinha, e se as outras tivessem interferido...

Merda!

  Parei no meio do corredor e não havia ninguém por ali, mas mesmo assim olhei em volta, agindo com a paranoia dos últimos meses. Hábitos, relaxei um pouco e encurtei a distância até meu quarto; hesitei na porta e bati discretamente, levou algum tempo até que ela fosse aberta.

— Você está bem? — Hinata havia perguntado aquilo com nítida preocupação e me senti um pouco desconfortável sob o olhar dela. Ela me puxou pelos ombros com delicadeza e me fez sentar em um dos beliches. — Caramba Sakura... Quem fez isso?

— Não importa agora.

— Você está brincando? — Ela me encarou como se eu estivesse enlouquecendo ou como se o que eu havia respondido fosse um atestado de insanidade. Hinata balançou a cabeça negativamente e se moveu com facilidade pelo cômodo, logo ela estava com um pano úmido nas mãos e sentou ao meu lado outra vez. — Olha Sakura, se você se meteu em...

— Não que isso seja da sua conta — retruquei automaticamente e Hinata pousou o tecido molhado nos nós dos meus dedos, ela respirou fundo e arqueou uma sobrancelha.

— Definitivamente não é, mas você mora aqui agora. É parte do pacote ter colegas de quarto que se importam, sabe — o silêncio que havia se instalado foi incômodo e senti uma parcela de culpa. Por que alguém como ela vai ligar para alguém como eu?, é tudo o que eu penso nesse exato momento e, somado à cautela extrema de Hinata em limpar o sangue na minha pele, a culpa aumentou significativamente.

— Eu estou bem, foi o que eu quis dizer.

  Ela parou o que estava fazendo e me encarou por um longo momento sem fazer qualquer comentário, sua atenção estava focada em limpar meus machucados. Ino entrou nesse meio tempo e apenas me olhou por algum tempo, balançou a cabeça e perguntou:

— Você acabou com a cara de quem fez isso aí?

  Não contive o sorriso de satisfação que repuxou meus lábios e Ino sorriu também.

— Boa garota... Posso conseguir alguns analgésicos, se precisar.

— Não, eu estou bem — respondi em seguida e a loira concordou num aceno e subiu na sua cama. — Hinata — ela levantou os olhos momentaneamente. — Hã... Tem uma garota ruiva, voz estridente, mais ou menos da minha altura... Ela usava óculos, eu acho, e...

— Você está falando da Karin — ela tirou o pano de cima da minha mão e estreitou os olhos. — Foi ela quem fez isso. — Não consegui contrariá-la e encarei o chão por alguns segundos. Não seja infantil de novo, consiga algumas respostas.

— Espera aí, você decidiu dar umas porradas na Karin? — Ino perguntou num misto de euforia e incredulidade, encarei-a e abri a boca sem saber exatamente o que dizer. — Você podia ter me chamado, sabe.

— Eu não planejei isso, Ino — retruquei e franzi o cenho. — Foi...

— Você estava na detenção esse tempo todo? — A pergunta de Hinata foi retórica e não me dei ao trabalho de acrescentar alguma informação. Ela analisou meu rosto por algum tempo e comentou: — O que a Ino quer dizer é que não foi inteligente da sua parte se meter com a Karin. Ela é uma das mais antigas daqui e isso dá a ela certo poder, entende?

— Ela não foi para a detenção, certo? — Ino perguntou num tom divertido e esticou o corpo para a borda do colchão. — A minha teoria é que ela dá umazinha com o Orochimaru, sabe? — Um arrepio percorreu minha coluna com a possibilidade, Ino começou a rir e Hinata resmungava algo sobre aquilo ser nojento demais. — Qual é garotas? Pessoas transam! Todo mundo nasceu de uma transa, então aceitem os fatos.

— Obrigada pelo comentário Ino. Não ajudou em porcaria nenhuma — Hinata falou e Ino ergueu o dedo do meio como resposta. — De qualquer forma, você precisa manter certa distância da Karin e do grupo dela.

— Por que você tem tanto medo delas? — Perguntei confusa e recostei na parede que a beliche ocupava. — Não quer dizer muita coisa quanto tempo ela está aqui.

— Ela é totalmente maluca. Depois do Uchiha, acho que ela é a pessoa mais instável que vive aqui dentro — Hinata respondeu e cruzou os braços, franzi o cenho ainda diante daquela resposta.

— A verdade Sakura, é que a nossa amiga aqui é... cautelosa com as pessoas — Ino interveio e sorriu para Hinata como se aquela fosse uma piada interna. — E, além disso, não precisa subir tanto a bola da Karin. Ela não é a pessoa mais maluca desse hospício minha amiga, então não assuste a Sakura com a sua paranoia, ok?

— Ela não está paranoica — interrompi e as duas me encararam como se eu tivesse dito algo ininteligível, respirei fundo enquanto considerava o quanto deveria dizer a elas sobre a briga. Não seja tão orgulhosa, você precisa de ajuda...

— Ela te ameaçou? — Ino perguntou parecendo interessada, já Hinata parecia extremamente perturbada com a ideia.

— De certa forma — respondi e mordi o lábio inferior, respirei fundo e disse: — Ela falou algumas coisas sobre o que eu fiz e... Ela disse ter visto nos jornais...

— Impossível. Ninguém tem acesso a isso daqui de dentro — Hinata me interrompeu, estava roendo a unha do polegar furiosamente e encarou Ino, esperando algum comentário ou alguma explicação plausível para o que eu disse. — Ela disse isso para te intimidar Sakura.

— Ou ela sabe o que quer que você tenha aprontado. — Ino murmurou pensativa, depois me observou por algum tempo antes de afirmar: — Você não vai deixar isso quieto e vai tentar intimidá-la da mesma forma.

— Não é como se eu tivesse algo a perder aqui dentro — dei os ombros e endireitei o corpo. — Eu preciso saber com quem estou lidando nesse hospício.

  Hinata suspirou e massageou a testa como se a conversa rumasse para um ponto perigoso demais e crítico, o silêncio que se instalou foi cômodo e longo o suficiente para evidenciar as conversas que aconteciam do lado de fora do quarto.

  O latejar no meu pescoço e nos nós dos dedos se transformou num ardor irritante, alisei-os com cautela e puxei meu capuz por puro reflexo. Era incrível como menos de quarenta e oito horas eram capazes de alterar o plano inicial de faz de conta e, nesse mesmo período, eu sentia que não seria capaz de ser alguém diferente daquela adolescente que encarou o juiz e assumiu tudo em absoluto silêncio.

  Porque você não quer ser alguém melhor, e nem venha com esse papo altruísta... Eu te conheço Sakura, estremeci com o pensamento e parecia que era uma voz na minha cabeça, conspiratória e cética. É... E também existe um espião por aqui e não foi você a pôr as mãos naquele volante...

— Qualquer um diz qualquer coisa sobre o que cada um fez para parar aqui — a voz de Ino me fez estremecer, ela estreitou os olhos como se adivinhasse o que se passava na minha cabeça. — Se a Karin te ameaçou com tanta certeza...

— Ela sabe — insisti num sussurro baixo, uma pontada de desespero emergiu na minha voz embora, na minha cabeça, ela tenha soado fria.

— ...ela só pode ter conseguido essa informação em um lugar — Ino continuou a dizer e um sorriso de desafio brotou em seus lábios rachados, a expressão deixava seus olhos azuis mais brilhosos e a maquiagem preta contrastava mais ainda em sua pele. — Ela pode ter invadido a diretoria e ter procurado nos prontuários ou ela conseguiu a informação com Shizune.

— A balconista — Hinata explicou em seguida. — Se você quer mesmo se meter com a Karin, precisa saber exatamente o que ela fez e barganhar. É assim que você pode chantageá-la ou fazer um acordo.

— Não é como se...

— É, já sei... Você não tem nada a perder. Mas a Karin tem o status dela, é da reputação dela que você está falando — Ino me interrompeu e encarou suas unhas por alguns instantes como se elas fossem mais interessantes do que qualquer coisa no mundo. — Só estou fazendo a minha parte como interna arrependida e desesperada pela aceitação da elite poderosa, blá-blá... Você já conhece o discurso.

  Revirei os olhos e Ino riu, Hinata suspirou e nos observou em silêncio, até que disse:

— Vocês ainda podem mudar de ideia.

— Ah Hina, e que graça isso teria? — Ino balançou a cabeça, desceu da cama de cima do beliche e foi até a cômoda. O barulho das gavetas sendo puxadas e empurradas era alto e constante, a loira continuou remexendo no conteúdo delas até que soltou um palavrão e se virou. — Vamos lá, Sakura. Já peguei o que precisamos para uma emergência.

  Ela exibiu o bastão longo e brilhante do taco de beisebol amadeirado, a cor marfim era quase hipnótica e a ponta tinha uma lasca longa. Ino sorriu e apertou o cabo com mais firmeza enquanto girava o taco com graça.

— Onde você encontrou isso? — Perguntei sem desviar os olhos daquele objeto.

— Se eu dissesse, seria obrigada a te matar — ela disse cada palavra totalmente séria, o sorriso em seu rosto havia virado uma linha fina e os olhos dela me encaravam como seu eu fosse um alvo a ser alvejado repetidamente. Trinquei a mandíbula e cerrei os punhos.

— Para com essa merda Ino... Você não é a justiceira dos quadrinhos, ok? Abaixa essa porcaria — Hinata deu alguns tapas no ombro da loira enquanto falava e revirou os olhos, como se estivesse cansada de ver aquilo. — A nossa colega aqui é excêntrica, Sakura. Então se ela começar a falar esse tipo de merda, mande ela ir se foder. — Um sorriso cínico apareceu no rosto dela. — Espera escurecer Batgirl. E abaixa essa porcaria de taco.

  A loira relaxou a postura rígida e observou a janela, o taco de beisebol estava alinhado à sua perna e parecia uma extensão de seu braço. A morena pareceu ignorar o revirar de olhos da outra e a expressão nervosa que tomou conta do meu rosto.

— Você sempre corta o meu barato Hina.


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Notas finais do capítulo

YOOOOOO!
Antes de qualquer coisa, agradeço muitíssimo a todos que acompanham a fic. É um incentivo muito grande. Cara, obrigada.
As postagens da fic estão programadas para as sextas, por volta das 10h. Um dos meus objetivos é manter a fic atualizada semanalmente e, caso demore demais, haverá postagem dupla de capítulos.
Foi nostálgico reescrever esses primeiros capítulos.
O laço entre as meninas vai ficar mais evidente e dinâmico, com altos e baixos; a relação entre os demais personagens (pelo menos, até onde escrevi) já está mais dinâmica também. Os ajustes serão feitos à medida que a estória ganha fôlego de novo.
Qualquer dúvida, crítica, sugestão, estou aqui.
Muito obrigada mesmo por acompanharem.
Até o próximo! o/