Além do Destino escrita por AnaBonagamba


Capítulo 6
1945


Notas iniciais do capítulo

8)



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A manhã chegou fria e branca. Havia neve pelas beiradas da janela e, lá fora, em todos os lados. Era uma manhã gelada de inverno.


Hermione levantou-se com preguiça e olhou ao seu redor, imaginando se tudo não passara de um sonho. Mas não, estava em perfeito acordo, nada fora do lugar. A cama grande, o quarto dourado, as caixas com roupa antiga. Quer dizer, antiga para ela e atuais nas circunstâncias.


A banheira pareceu chamá-la para um banho quente e aconchegante. Antes que entrasse, preparou o uniforme da Grifinória em cima da cama, arrumado.


Depois de trocar de roupa, seguiu para o Salão Principal ter seu desjejum. Todos já estavam lá.


- Hermione! - gritou Rebeca. - Sente-se aqui!


- Hum, obrigada por guardar um lugar pra mim.


- Não tem de que. - sorriu amistosamente.


- Bom dia, aluna modelo. - disse Dérek. - Preparada para um dia de aula e de cobranças chatas?


- Qual é o plano de hoje? - ela riu, pegando um pedaço de torta.


- Pretendia colocar musgos gigantes na mochila do Riddle. - disse, rindo.


- Não faça isso. - disse, autoritária.


- Oras, é só uma brincadeira. - disse Dérek, corando.


- Eu sei, mas não é legal sabe...eu não gostaria que fizessem isso comigo. - relaxou.


- Tá bom então. Vou colocar os musgos na mochila do Felipe, ele merece isso. - riu.


- Dele eu já não sei, mas acho que ele não está desacostumado com suas travessuras. - disse Rebeca.


- Com certeza. Do que estão falando, hein? - interrompeu Felipe, rindo. - Olá Hermione. Como passou a noite?


- Bem, obrigada. E você?


- Hum, acho que do mesmo jeito que você, sou monitor. - disse.


- Ah é, monitor...- riu Rebeca. - É uma mula, isso sim.


- E você é uma invejosa. - Felipe fez cócegas na amiga. - Espero vê-la hoje, Hermione.


- Na realidade verá, e muito. - interrompeu Rebeca. - Ela estará em todas as suas aulas, sabia?


- Oras, muito interessante. Então, nos vemos na aula, Hermione. E quanto a vocês...- virou-se para os amigos. - Espero que vocês não aprontem ou eu darei advertência para todos. Terão que lavar o quarto do Filch 3 vezes por semana.


Dérek engoliu seco.


- Com certeza nos comportaremos. - disse.


- Então boa aula. Até o almoço. - disse Felipe.


- Até. - respondeu Rebeca.


- Acho que devo ir também. - disse Hermione. - Até o almoço.


- Até, e cuidado com os Musgos gigantes. - disse Dérek.


Hermione riu.


- Pode deixar, conheço um feitiço ótimo para acabar com eles.


E saiu.



Se não estava enganada, teria uma manhã inteira com Slughorn em poções e, se não lhe falhava a memória, Harry comentara da sala dele em 50 anos atrás. Pequena, numa das torres. Mas quais delas?


- Perdida novamente, Srta. Granger? - perguntou Tom, vestido com o uniforme de inverno e o cachecol verde.


- Estou. - confessou. - Pode me dizer onde é a sala do Slughorn?


- Essa aula é privada, já deve saber. Tem convite para participar?


- Sim, eu tenho. Estou nessa aula. - disse ela com uma pontada de raiva.


- Nesse caso, me siga, outra vez. - disse com desdém. - Você deveria ganhar um mapa da escola pra se locomover sozinha.


- O desagrada ter que me ajudar a encontrar a sala? - a raiva estava explodindo.


- Não ter de levá-la até a sala, mas ter que estar perto de você. É uma Grifinória. Sou um Sonserino.


- Grande coisa. Não significa nada.


- Significa pra mim.


- Então, se eu estivesse na Sonserina e fosse tão arrogante quanto você, talvez seria mais gentil. - disse, se afastando dele.


- Me desculpe. Eu não queria ser arrogante, mas você já é amiga deles, do Huter e do Phelps. - ele se aproximou. - Então eu suponho que seja parecida com eles.


- Huter, Phelps? Quem são? - disse confusa.


- Felipe Huter e Dérek Phelps. Eles são...


- Eles são o que, Tom?


- Nada que lhe importe.


- Não deve julgar as pessoas por quem elas andam. Eles foram amistosos e companheiros e, se não sabe, sou nova por aqui e não conhecia ninguém além de Dumbledore. Eles vieram até mim e me colocaram no grupo, ao contrario de você. - disse com desdém. - Quando Dumbledore me mandou a carta pedindo que viesse a Hogwarts, disse que o aluno modelo daqui poderia me ajudar a conquistar uma magia diferente, pois ele era muito esperto e atencioso. Estou vendo que é muito inteligênte, Sr. Riddle, mas devo colocar que isso não melhora o seu currículo de frieza.



E, avistando outros alunos entrarem num pequeno buraco, saiu de perto do rapaz e deu-lhe as costas.


O que estava acontecendo com ele? Aquela menina estava conseguindo tirá-lo do sério, provocando daquela forma, o irritando. Mas Tom se sentia fraco e impotente perto dela. Poderia torturá-la, fazê-la sofrer, mas não queria nada daquilo.


O que realmente estava acontecendo?


Preocupação. Tom a olhou entrar na sala, sem emoção além de algumas manchinhas vermelhas perto dos olhos. Ela ia chorar?Chorar por qual razão?Tinha que descobrir o que estava acontecendo com aquela garota e o motivo dela mexer tanto com ele.


- Ah, bem-vinda Srta. Granger. - disse Slug, amistoso. - Pode se sentar ao lado do Sr. Riddle, ali. Imagine só, dois mestres em poções, juntos! Será muito útil. - disse empolgado.


- Do...do lado do...Riddle? - gaguejou.


- É, algum problema?


Hermione engoliu seco.


- Hum, nenhum, senhor.


- Ótimo. Ah, Tom, entre. Me trouxe o que pedi?


- Já está no seu armário, senhor.


- Ora ora ora, você sempre me surpreende. - riu Slughorn. - Vamos começar.


Enquanto Slughorn falava tudo o que Hermione já sabia e pelo jeito ele também, Tom aproveitou a oportunidade de esclarecer a situação.


- Me desculpe. - disse, cauteloso.


- Não adianta, você repetirá o seu erro. - respondeu a menina, sem emoção.


- Hermione...


- Como disse? - espantou-se.


- Disse o seu nome, o que há?


- Hum, nada. É que é diferente te ouvir dizendo meu nome assim, sem nenhuma reclamação.


- Engraçado, depois sou eu quem julgo. Mal me conhece e já me acha reclamão. - riu de lado, sedutor.


A continuação da conversa? O sorriso de Riddle atrapalhou tudo.


- Você se mostra assim, não sou eu quem julga. - disse, voltando ao sentidos.


- Então proponho uma coisa. Bom, me conheça melhor até o fim desse ano que passará aqui. No final do meu 6º ano em Hogwarts, a Srta., aluna modelo de Beauxbatons, dirá para mim quem sou eu. O mesmo farei com você. - disse, pensativo. - Topa ou foge?


- Eu nunca fujo. - disse, sorrindo.


- Então agora terá que dar para seus novos colegas algum motivo para andar sempre ao lado de Tom Riddle. Estudará comigo e passará as tardes comigo. Eu, modestamente, sou muito bom em todas as matérias e posso te ajudar esse ano, caso precise.


Hermione olhou Slughorn explicando os ingredientes da poção para a turma, completamente confusa. Era uma boa forma de começar.


- Aceito a oferta. Mas acredito que a desculpa será facil. - riu.


- Ah é? disse Tom, aproximando seu rosto do da menina. Esta congelou. - E qual seria?- disse com uma voz rouca, sedutora de mais.


- Ãhn... você é aluno modelo de Hogwarts e eu de Beauxbatons. É natural que troquemos idéias.


- Claro que é. - disse, tirando uma mecha do cabelo dela do rosto. - E é por isso que dará certinho.


- Tom? - chamou Slughorn. - Pode me ajudar com umas coisinhas aqui?


- Senhor. - disse, levantando-se da cadeira e indo em direção ao professor.


- Hermione. - chamou Felipe. - Se ele estiver te incomodando, é só me dizer. - sussurrou.


- Pode deixar, Felipe. Obrigada.


A aula continuou seu ritmo no preparo de poções. Tom ajudava Hermione em alguns preparos, mas ela já estava acostumada com aquilo. No final, Slughorn se surpreendeu com a agilidade da garota, talvez até acima de Riddle.


- Muito bem, Srta! Realmente bom. - parabenizou-a - Devem treinar bastante poções mágicas em Beauxbatons.


- Obrigada senhor.


- Bom pessoal, acabou, hora de almoçar. Vejo vocês amanhã.


- Venha. - disse Tom, amigavelmente. - Vamos começar com nosso joguinho da verdade.


- Que nome engraçado para um tribunal.


- É sim, super engraçado. Vamos almoçar juntos, o que acha? - disse, rindo de lado com cautela.


- Acho ruim. Rebeca ia me esperar. - disse a garota.


- Pois diga pra ela que você almoçará comigo hoje para resolvermos uns assuntos de monitores. Afinal, você era monitora na sua escola.


- Como sabe?


- Disse que eu não sabia nada sobre você. Eu só quis reverter um pouco isso. - confessou, sussurrando.


- Está bem. Eu vou lá falar com ela. Onde nos encontramos?


- Em lugar nenhum, oras. Eu vou com você, para não se perder. - riu.


- Haha, muito engraçado. Mais do que o tribunal.



Seguiram para o grande salão, que cheirava batatas assadas. Hermione encontrou a nova amiga no meio da mesa, cheia de outros alunos que riam.


- Oi, Rebeca. - disse timidamente.


- Oi Hermione! - sorriu- Sente-se aqui!


- Ah, eu vim te avisar que não vou comer por aqui hoje, eu e o Sr. Riddle temos um assunto de monitoramento a tratar, ordens de Dumbledore.


- Poxa, é uma pena. Mas você ainda sentará aqui pra ouvir nossas histórias! Lembrei! - gritou. - Não sei se sabe, mas teremos um baile daqui uma semana. Reserve seu vestido.


- Baile? - disse confusa.


- Sim, menina, baile! - riu. - Acho que Felipe vai convidar você.


- Hum, legal. " Só me faltava essa."


- Bom, vai lá então. Boa sorte com o Riddle, vai precisar.


- Eu sei.



E saiu.



- E então, pretende aceitar o convite do Huter? - disse Tom, frio.


- Não sei se estarei aqui no dia do baile. - disse.


- Mas você nem sabe que dia é o baile. - Tom riu.


- Não, mas você vai me contar. - Hermione corou.


- É na sexta que vem. Não ligue para o que as meninas dizem dos bailes da escola. Os daqui são muito bons.


- Acostumado a ir? - levantou uma sobrancelha.


- Sim, mas nunca convido ninguém. Modestamente, eu recebo os convites. - sedutor, implacável.


- Ah, entendi. Aonde vamos comer?


- Venha conhecer meu quarto de monitor, Srta. Granger.


- O que aconteceu com o "Hermione"? - riu.


- Posso chamá-la assim? - perguntou.


- E por que não?


- Disse que era estranho. Mas farei como desejar, Hermione, afinal meu julgamento está nas suas mãos.


- Obrigada.



Tom a guiou até a masmorra comum da Sonserina, que ela já conhecia. Por entre as escadas, havia uma passagem para um grande corredor de veludo verde com pratos prateados pendurados na parede. (N/A: Parece até trava-língua. :O) Entre duas grandes serpentes estava uma fechadura polida.



- Bem vinda ao meu retiro, Hermione.


O quarto era o dobro do seu. A cama era mais requintada e tinha aveludados lençóis. Uma grande mesa tomava conta do tapete branco e um piano preto encostado perto da janela. Por cima da mesa, vários livros com as capas sujas, segunda mão.


- Nossa, muito confortável. - disse a garota.


- Sente-se. - apontou em uma poltrona de couro preta. - Vou buscar nosso almoço.


- Tudo bem.


- Espere aqui e não mexa em nada. - riu Tom. - Você é mais perigosa do que se supõe.


- Olha só, mal me conhece e já sabe que sou perigosa. - disse Hermione.


- Não disse que sabia, disse que supunha. Agora me espere.



Tom saiu em direção ao Grande Salão buscar o almoço. Enquanto isso, Hermione aproveitou para dar uma olhada nos livros jogados na mesa. Rapidamente pegou um bem conhecido, pois estava nas suas mãos ontem mesmo. O diário de Tom, escrito somente até a sétima página, na qual Hermione conhecia bem. No final dela, a frase:


" Será que haverá alguém para mim?"



Então estava tudo funcionando, finalmente. Riddle estava se sentindo brilhante, com um ponto na atenção de alguém. Como ela já supunha, ele era alvo das brincadeiras maldosas dos colegas por ser diferente. Quanta injustiça.


O que? Injustiça? Estava defendendo Voldemort? Não era possível, mas era exatamente o que acontecera: Hermione estava, bem lentamente, se apaixonando por Tom Riddle e seu jeito estranho e misteriosamente sedutor.


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Notas finais do capítulo

Comentários, beijos e abraços?! *3*