Além do Destino escrita por AnaBonagamba


Capítulo 35
Sabedoria.


Notas iniciais do capítulo

Para os que esperaram, meu muito obrigada.



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- Descansada? – Tom perguntou dando um beijo na garota em frente à sala de Dumbledore.

- Sim. – respondeu com simplicidade. – Precisava dormir, recuperar as forças.

- Não digo que fez mal.

- Você é que parece cansado. – comentou ela. – Não se sente bem?

Tom deu uma risada de deboche.

- Digamos que eu não consegui dormir.

- Por quê?

- Senti sua falta na cama. – disse por fim, entrando na sala.

- Sabe que isso é de extrema fofura, não, Sr. Riddle? – Hermione riu, passando as mãos pelos cabelos impecáveis de Tom.

- Não seja ridícula. – esbravejou. – Foco, Srta. Granger. Foco!

Dumbledore parecia mais jovem do que nunca. Sua barba estava menor, e suas vestes mais brilhantes. Usava uma túnica vermelho vinho, com ornamentos dourados, bem diferente das que usava na época de Hermione. Fechou todas as janelas da sala, deixando apenas um cisco de luz por entre as entranhas dos vitrais, que regozijavam ferozmente em tão curto espaço.

Tomou seu lugar na frente, e pediu por silêncio. Todos o observavam com atenção.

- Fui informado pelo ministério da magia que deveria ser imprudente – começou. – e esconder de vocês o que está se passando por aqui.

Os alunos chiaram uns para os outros num misto de estranheza e medo, mas, sobretudo mostraram-se mais atentos ao discurso de Dumbledore.

- O poder de Grindelwald cresce a cada dia. É dever da escola prepara-los para lidar com as trevas por fora dos muros, mas não é bem isso que está sendo orientado. Não concordo, e para isso preciso do apoio de vocês. A mágica que vem sendo usada por Gerardo Grindelwald é um pouco diferente da que aprendemos em Hogwarts.

- Magia feiticeira, professor. – apontou um aluno da Lufa-Lufa. – Meu pai sempre fala sobre isso.

- Exatamente. A magia feiticeira é dotada dos mesmos artifícios da magia bruxa, mas sem a utilização da varinha.

- Vamos aprender a fazer magia com a mente, professor Dumbledore? – questionou uma aluna da Sonserina entusiasmada. – Dizem que é impossível para um bruxo que não possui feiticeiros na sua linha hereditária.

- Nada é impossível, mas temo que seja mais complicado. Primeiro temos que entender o que são ondas direcionadas.

A sala ficou em silêncio total, esperando pela mão atenta de Riddle erguida para dar a resposta. Porém, abruptamente, a porta da sala se escancarou.

- Direção de pensamento. É uma força eletromagnética que, se perfeitamente direcionada, pode mover ou agir sobre qualquer coisa. – Felipe respondeu rapidamente, tomando seu lugar na carteira. – Perdoe-me o atraso, professor.

- Correto, Sr. Hutter. Sei que parece algo complicado de ser feito, mas vocês têm capacidade e nível de intelecto bem aprimorado e espero que todos sejam capazes de direcionar seus pensamentos para um único ponto em duas semanas!

Tom riu levemente, chamando a atenção da garota ao seu lado.

- O que foi? – cochichou.

- Dumbledore acha que é capaz de tornar esses vermes bruxos supostamente tentados em magia feiticeira em duas semanas... creio, minha cara, que esta será para mim as aulas mais divertidas que já tivemos em toda a história dessa escola. – disse debochadamente.

- Acha que é impossível?

Tom apenas sorriu confiante e levantou os olhos para Dumbledore, que continuava seu discurso com categoria.

- Não é impossível, só não vai funcionar.

                                               * * *

- Por que não vai funcionar? – Hermione entrou na frente de Tom, bloqueando seu caminho para o Grande Salão. – Sabe de alguma coisa a mais?

- Sei. – disse o outro, simplesmente. – A mágica feiticeira é complexa. Fácil de se entender os termos, e explica-los, como seu amiguinho Hutter fez, mas não acho que ele seja bom o suficiente para realizar a brilhante denotação que nos deu ali, na sala.

- Saiba que Felipe é muito bom. – ousou ela. – Eu já vi.

- Eu sou melhor. – orgulhou-se com raiva. – Felipe não é bom, mas sim razoável, porque tem que ser.

- Tem que ser?

Tom sorriu.

- Ás vezes me esqueço de que você é consideravelmente nova aqui. – continuou a andar, desviando-se dela.

- Tom, eu não gosto desses jogos de diz e não diz. Sei que você é tentado em continuar, e eu propositalmente te estimulo, mas... Por favor, trata-se de algo mais sério.

Riddle parou e voltou-se para ela. Seus olhos não expressavam curiosidade, mas sim medo. Um medo diferente do medo comum, como se fosse um receio medíocre. Ela sabia de alguma coisa, coisas que ele julgava ser totalmente insanas para alguém como ela. Mesmo trouxa, Hermione era tão esperta quanto ele, e tinha uma experiência muito maior do que aquela que ele imaginava, e a escondia com destreza.

- Venha aqui. – pediu Tom, abrindo os braços. – Venha.

Hermione não entendeu a reação do noivo, mas não lhe negou o pedido. Chegou-se nele, e abraçou-o também, deitando sua cabeça no ombro do rapaz.

- Olhe para mim. – já deixara de ser um pedido, dessa vez. Soava ali uma doce ordem, fácil de ser admitida.

- O que há? – olhou Hermione para seus olhos azuis profundos, calmos e perseverantes.

- O que você está escondendo de mim?

A garota ficou em silêncio, apenas observando os olhos do outro.

- Nada. – disse segura. – Não há nada que eu esconda de você.

- Tem certeza? – Tom parecia saber toda a verdade sobre sua vinda ali, todo seu passado, e consequentemente todo o futuro dele se ela não estivesse com ele naquele momento. Todos seus feitos, seus crimes, tudo. Como se ele estivesse lendo o livro de sua própria história na mente dela. Tinha o rosto frontalmente colado ao dela, os olhos e a boca entreaberta, tentando alcançar seu objetivo final...

- Mione! – gritou Rebeca ao ver os dois parados no corredor.

A menina se desvencilhou dos braços de Riddle e correu para Rebeca, que parecia assustada. De longe podia-se ver Abraxas aproximando-se de Tom com um sorriso astuto.

- Algum problema? – Rebeca parecia eufórica, porém controlava a respiração.

- Felipe pediu para que eu a chamasse. É meio urgente, espero não ter atrapalhado você e o Riddle...

- Não se preocupe. Me leve até Felipe.

Há muito tempo Felipe Hutter deixara de ter medo. Questão simples de estado: quando não se tem nada a proteger, nada se tem a temer. Os olhos azuis do rapaz estavam apáticos, tal qual seu belo rosto, atento ao movimento, apesar de parecer exteriormente inerte. Suas mãos geladas não demonstravam receio, e sim vontade, uma vontade louca que poderia ser confundida com raiva ou um desejo absorto de vingança.

Era tarde, mas não tão tarde a ponto de passar da hora de chegar à própria casa. Luzes, de todos os lados, derrapavam através das varinhas dos inimigos, mas um se destacava dentre os vários, estes ausentes da maestria que driblava o Senhor, concorrente e altivo.

- Eu avisei, Hutter. – Grindelwald sorria ferozmente, como uma fera em pontifício, não alegre, mas letal.

Seus seguidores tentavam, de todas as formas, penetrar pelas janelas da mansão, mas era inútil. A mágica ali era soberana e muito altiva, talvez inócua, forjada para esconder ali toda a grandiosidade do império construído por Vittorio e seu pai. Não pensou duas vezes antes de tirar a varinha das vestes e apontar direto para Grindelwald, que se defendeu.

- Onde está Marcos? – berrava com angústia. – O que você fez com ele?

O mago sorria e delineava seus ataques.

- Seu meio irmão está perdido, garoto. – informou ele. – E você também.

- Ora seu...

Felipe fora atingido em cheio, caindo estupefato a metros e onde estava. Sentiu o sangue quente escorrer de sua cabeça, fazendo um rastro pelo seu cabelo dourado.

- Eu não vou te matar agora, Felipe Hutter. Você é mais interessante, para mim, vivo, mesmo que seja tentador mata-lo assim como eu matei...

- Marcos... – suspirava o rapaz. – Onde está Marcos?

- Numa jornada inútil. Traidor.

- Felipe? – Rebeca chamou pelo amigo, tirando-o de seus pensamentos. – Hermione está aqui.

- Rebs., obrigado. Pode ir, agora. – O rapaz levou a mão até o corte na cabeça inconscientemente, enquanto Hermione entrava na sala.

- O que aconteceu? – perguntou desesperada, vendo o amigo pálido. – Você parece doente, Felipe, o que há?

- Não vou te contar agora, e peço que não se preocupe. – aproximou-se dela, pegando sua mão. – Preciso da sua ajuda.

- Qualquer coisa! – adiantou-se. – No que posso ser útil? Rebeca me contou sobre o sumiço do pincel...

- O pincel não sumiu, e sim foi roubado. Grindelwald roubou a relíquia de Marcos. Foi ele quem sumiu.

- O que? – surpreendeu ela. – Marcos sumiu?

- Sim. Não me pergunte o que houve, a história que eu inventei para Rebeca e Dumbledore soou bem convincente. Marcos sumiu, e preciso da sua ajuda para encontra-lo.

- Ainda não entendo como posso te ajudar. Não tenho forças nem poder suficiente para lutar contra Grindelwald... – disse apreensiva, apertando os dedos de Felipe.

- Não venho a te pedir isso. É um favor mais onisciente.

- Pois diga!

- Hermione, você confiou em mim, e eu confio totalmente em você. Contei-te a minha história, e de como sou interligado com essa façanha de destruição e ódio que a comunidade mágica está passando agora. Chega o momento de olhar adiante e ter noção das revelias que se travarão daqui pra frente.

A garota olhou para o amigo com tristeza, mas entendia o que se passava ali. Felipe era maduro o suficiente para entender a magnitude de um pedido como aquele, e era também capaz de manter aquele segredo como se dele dependesse a vida.

Dependia, sim, a vida dela.

- O que você quer saber?

- Uma vez você me disse que Dumbledore morreu, no seu tempo. Por intuição, eu lhe disse que fora assassinado, e não me negou a hipótese. Se isso for certo, ele sobreviveu e este holocausto e ainda tomou uma porção de grande valor no ministério da magia. Diga-me... Dumbledore tomou uma atitude em relação a isso, não tomou? O que ele fez?

Silêncio.

Hermione sabia bem a resposta. Era um marco histórico: a derrota de Grindelwald para Dumbledore. Não sabia ao certo como fora feita, mas os resultados no mundo da magia eram celebrados ano após ano, e o triunfo classificada não apenas a vida do professor, como também determinara todo o sucesso de sua carreira. Um dos fatores mais importantes para apontar Alvo Dumbledore como o maior bruxo do século.

Deveria dizer tudo isso? Mal sabia ela. Confiava, sim, em Felipe e todas as suas palavras, entendia o propósito de suas perguntas, mas questionava-se, também, internamente, se era aquilo o que considerava certo. Dumbledore agira, sim, mas isso não é difícil de supor. O que mais esperava o outro era, ouvir e descobrir, que Alvo Dumbledore fora o responsável pela aniquilação de Grindelwald, restituindo a lenda apenas a seu nome.

- Você viu, hoje mesmo, que Dumbledore está treinando seus alunos em magia feiticeira. Não creio que ele queira criar um exército, mas sim nos dar a chance de defesa caso sejamos atacados. Você o conhece, Felipe. Conhece-o muito bem, sabe do que ele é capaz. Junto dele, seu pai, o pai de Marcos e Grindelwald, nada era dito impossível.

- Você é focada na história, mas nem meu pai, nem Vittorio estão aqui para lhe contar tudo. – interrompeu. – Só sobraram Dumbledore e Grindelwald. Desde que foi expulso de Durmstrang, ainda jovem, Grindelwald tinha um extremo fascínio pela magia negra feiticeira como também símbolos mortos da mitologia bruxa. Ele se aprimorou nestes, e Dumbledore não era muito leigo. Um pode com o outro. O que eu preciso saber é quem tomará o primeiro passo.

- Isso é destino, Felipe. Não sei se devo dizer, não sei mais o que é certo!

- Vai além do destino, Hermione, vai além da própria vida. Você veio até aqui, sabe de todos os seus riscos, mas apesar de tudo continua sua jornada, continua com seus objetivos intactos. Você é o anjo da guarda dessa era, e se você souber algo que possa nos ajudar em prol da defesa de todos que amamos, por favor, eu não sei mais o que esperar de minha própria força!

Hermione olhou para Felipe e analisou-o. Mais uma vez, ele não estava errado. Se tivesse a oportunidade de perguntar a Dumbledore o que era certo, ela tinha quase certeza de que ele diria “siga o seu coração”. Se tivesse de o fazer, faria. Se tivesse de o fazer novamente, não pensaria tanto.

- Espere! – ela soltou-se da mão de Felipe e pegou sua varinha.

- O que vai fazer?

- Accio anel! – conjurou.

A caixinha de veludo surgiu flutuando no ar, caindo em suas mãos logo em seguida. Abriu-a, e tirou dali o Anel dos Tempos Perdidos, que brilhava quase contente.

- Pegue-o. – pediu Hermione. – Vamos ver o que ele diz a você.

Com a mão esquerda, Felipe tomou o anel em mãos. Imediatamente, os escritos tomaram forma, e esquentou a ponto de queimar a palma do rapaz. Hermione pegou-o de volta.

- ”A razão nunca submete a emoção se esta for concebida de sabedoria.”

- Sabe o que isso quer dizer? – Perguntou Hutter.

- Sei. Dumbledore derrota Grindelwald. Estamos todos a salvo.


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Notas finais do capítulo

OK, eu falhei. Tinha jurado para mim mesma que não demoraria tanto pra postar mais um capítulo dessa joça. Falhei em dobro, pois nem foi um cap. decente. :{
Finalmente estou de férias. O dia amanheceu e já peguei minhas anotações dessa fic, li as partes mais importantes, fiquei nhé nhé nhé de ter recebido novos reviews...OUN! Vocês são uns amores, sério :3
Agora que eu tenho tempo e sei aonde estou, vou tentar atualizar com mais frequencia e com mais alegria. O rumo a partir de agora é o final, unfortunally.
Boas férias para todos {os que estão de férias, claro}, e obrigada por desperdiçarem seu tempo comigo. Bjs bjs :*