Além do Destino escrita por AnaBonagamba


Capítulo 34
Veracidade.


Notas iniciais do capítulo

Para todos aqueles que apostam na minha displicência. q-



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/112946/chapter/34

– Queria que pudessem ficar mais. – Thomas deu um beijo na testa de Hermione quando esta foi se despedir. – Não consegui saber das novidades, nem nada. Ficamos tão focados no casamento...


– Não se preocupe, Thomas. – a menina tomou em suas mãos as mãos gordinhas do idoso, sorrindo. – Vou lhe escrever quando puder, para trazer novidades sobre seu neto. Creio que Tom ficará feliz.


– Hermione? – Riddle chamou. – Está na hora, ou perderemos o trem.


– Tem certeza de que não quer que acompanhemos vocês? – Mary insistiu. – Londres é tão pertinho.


– É melhor não, vovó. Apenas avise meu pai que sentimos sua falta, e que em breve voltaremos para saber como foi a viagem.


Ambos deixaram o casal sorrindo, mesmo que meio triste, meio cansados, enquanto embarcavam para Londres.


– É estranho voltar à Hogwarts. – Tom quebrou o silêncio enquanto Hermione observava a paisagem.


– O mundo trouxa também tem a sua magia. – a garota puxou Riddle para seus braços, pulando sobre os buracos da estrada de terra.


Não demoraram para alcançar o destino: as ruas de Londres continuavam apinhadas de gente, tão diferentes da época dela e tão semelhantes aos costumeiros passeios que Riddle dava na cidade.


Charretes, carruagens elegantes, cavalos, jegues, poucos carros. Os mais afortunados sempre deixavam os carros para viagens mais longas, e os exibicionistas adoravam sair dirigindo pela cidade. Tom franziu o cenho, pensativo.


– Terão que melhorar a qualidade das ruas se mais carros aparecerem. – comentou. – O mundo moderno avança ferozmente.


– Há tempo para adaptação. – disse a menina com indiferença.


– Como pode saber?


– Intuição. – Hermione sorriu para a expressão confusa do outro e continuou a olhar a paisagem, coisa que fizera desde que saíra de Little Hangleton. – Não se preocupe com isso.


– Não estou preocupado. – arquejou. – Só não quero um caos quando precisar vir para cá.


A estação 9¾ nunca estivera tão agitada. Pais, filhos, bichos de estimação, todos conversando e se despedindo. Ao longe Hermione avistou Rebeca com a mãe, mas nem uma das duas pareceu notar o olhar da morena.


– Ficará muito brava se entramos sem ninguém perceber que estivemos aqui antes? – Tom sussurrou no ouvido da menina. – Seria muito prudente.


– Não gosta de aglomerações, Sr. Riddle Jr.? – riu.


– Gosto muito! Acho que vou começar a me despir para atrair a atenção das belas donzelas daqui. – comentou irônico.


Hermione suspirou, cansada.


– Engraçadinho. Vamos.


Tom tinha razão em querer ser um dos primeiros a entrarem no imenso trem vermelho. Aos poucos os estudantes tomaram seus lugares, e poucas foram as cabines que ficaram vazias. Ninguém se atreveu a perturbar o silêncio de Riddle, deixando a cabine dos monitores vaga apenas para a garota e ele.


– Não vai procurar Malfoy? – questionou. – Sempre faz isso.


– Malfoy que deve vir me procurar. – respondeu apático. – Se não o fez, é porque não está aqui.


– E onde mais ele estaria?


– Eu não sei, sinceramente. – Tom sorriu de lado como se risse de uma piada interna. – Te conto quando eu descobrir.


– Por que tenho a impressão de que não vai me contar? – Hermione tirou da bolsa um dos livros que trouxe da casa dos Riddle e o abriu na metade.


– Não devia ler isso. – Tom tirou a cópia de “Drácula” das mãos de Hermione, censurando-a. – Não ficaria bem para nós.


– Não tem ninguém vendo. – defendeu-se. – Pode ser um cavalheiro e me devolver o livro?


– Esconda a capa. – pediu Tom, sorrindo com escárnio. – Seria ruim para minha reputação se descobrissem que minha noiva aprecia literatura trouxa.


– Literatura clássica, e trouxa. – corrigiu ela. – Não vejo problemas nisso.


– Eu vejo.


– Mesmo? – ela abaixou o livro e o encarou profundamente. – Não pareceu quando leu quase toda a biblioteca de seu avô.


Tom sorriu satisfeito.


– Adoro quando discute comigo. Nunca levanta seu tom de voz.


– Eu não preciso. – disse com urgência, voltando a ler.


– A situação era diferente. – explicou. – Sabes bem. Não precisava impressionar ninguém ali. Já tinha feito minha parte.


– E quem você precisa impressionar em Hogwarts, além de mim? – perguntou presunçosa.


– Almejo uma carreira brilhante. Preciso de alguns contatos. – falou por fim.


– Acho engraçado como o medo mudou nesses últimos tempos. – comentou aérea.


– Mudou muito?


– As pessoas temiam esse livro. Ele chegou a ser considerado imprudente por tratar de vampiros, sangue e morte. – contou. – As mãos dos homens suavam e as mulheres desfaleciam ao ouvir essas histórias.


– A vida ensina a temer coisas piores que vampiros e sangue. Pena que não somos ensinados a não temer a morte.


Hermione continuou concentrada em seu livro antes de cair no sono no ombro de Tom.

* * *
Hermione acordou estranha. Talvez passar um bocado de tempo junto dos Riddle tenha deixado sua mente confusa em relação à magia.


Há muito deixara de abrir o diário de Tom para comunicar-se com Harry. Deixara de lado, também, o anel que Dumbledore colocara em sua responsabilidade... o mesmo estava guardado, solitário, numa caixinha de veludo vermelho coberta por magia. Ali jamais seria descoberto.


– Accio anel! – conjurou, e em poucos segundos a caixinha que pensara dantes estava em suas mãos.


A mágica feiticeira sempre fora impressionante. Levada por um lado realístico, podia surpreender a si própria sem muitos esforços. Bem utilizada era invencível, capaz de atender aos desejos permanentes de seu bem feitor, modificando-se a partir de um ego interno.


“Não há veracidade nas razões subjugadas antes de definir o que lhe parece mentira.”


Mas o que aquela inscrição significava? O anel sempre lhe dava dicas do que deveria se passar no tempo, mesmo que para ele o tempo sempre significasse uma perda. “Não há veracidade nas razões subjugadas antes de definir o que lhe parece mentira.” Isso não fazia o menor sentido! Que razões subjugadas ele falava? Que mentiras?


– Odeio essas férias de fim de ano. – Rebeca reclamou, sentando ao lado de Hermione na mesa grifa do Salão Principal. – Não dá tempo de sentir falta daqui. Onde está Tom?


– Junto com Abraxas. Você disse algo?


– Parece que apenas seu corpo está na nossa presença. – gargalhou, estalando os dedos no rosto de Hermione.


– Eu estava pensando.


– Ótimo, ficaria surpresa se isso fosse uma novidade.


– Estava pensando sobre o anel de Fitsburg. – disse displicente.


– O que? – alarmou-se a loira. – Fale baixo.


– Por quê?


– Acho que você ficou longe do mundo da magia tempo de mais! – argumentou.– Não sabe das novas?


– Pareço saber?


– Uma das relíquias dos Fitsburgs desapareceu... Te dou um doce se descobrir qual delas.


Hermione arqueou a sobrancelha, perplexa.


– O pincel.


– Sim. Felipe ainda não acredita nisso, afinal você bem sabe que o poder só funciona em cadeia hereditária.


– Acha que foi alvo de magia negra? – murmurou.


– Não sei, Mione, não sei. – respondeu sincera. – Felipe não disse nada sobre isso.


– E Marcos?


– Acho melhor conversarmos depois. Vou ao seu dormitório depois do toque de recolher. Dê um jeito no Riddle! – e saiu.


– Crusois já foi mais educada. – cutucou Tom. – O que falavam?


– E ela não poderia se sentir pior, não é? – a morena sorriu. – Você interrompeu os elos de fofoca mais quentes de toda Hogwarts.


– Meu Merlin, acho que devo proteger-me de ataques noturnos. Ela deve estar furiosa. – bradou com cinismo.


– Furiosíssima!

* * *
– Não entendo o motivo de não querer que eu fique aqui hoje. – Tom andava de um lado para o outro do quarto, impaciente.


– Apenas preciso descansar. Ficar um pouco sozinha. Você entende isso, não entende?


– Não vai fugir pra nenhuma festa do pijama, vai? – fixou os olhos nela com desconfiança.


– Claro que não, e outra coisa, sou monitora, é meu dever não ostentar esse tipo de diversão na escola. – deu uma piscadela para ele, antes de vê-lo sair, ruidoso, pela porta do quarto.


Se uma das relíquias de Fitsburg tinha sido roubada, isso significava que a mansão travaria o acesso de seus visitantes. Uma vez dentro dela, nenhuma alma poderia sair. Sem esse requisito, a magia do anel também corria riscos de ser afetada.


Será que isso afetaria o poder que a mantinha ali?


– Posso entrar? – Rebeca deu um leve toque na porta antes de fechá-la em suas costas. – Receio que Tom não tenha gostado da ideia.


– Claro que não. Ele estranhou, mas não virá nos importunar. – Hermione indicou uma parte da cama para Rebeca sentar a sua frente. – Conte-me tudo.


– Não sei de tudo com todas as letras. – começou. – E o que sei foi o que Dérek me contou.


“Comemoramos o ano novo lá em casa. Resolvemos fazer isso depois da morte de Vittorio, mas nunca dava certo. Dessa vez Felipe tinha me prometido, então eu estava confiante de que os dois apareceriam por lá antes da meia noite.
Esperei um tempão até Dérek aparecer com uma carta em mãos. Pensei que Felipe daria uma daquelas desculpas esfarrapadas com as quais já estávamos acostumados, mas não; a coisa parecia séria.


A carta não especificava muita coisa, mas dizia sobre o desaparecimento do pincel. Felipe teve que deixar o anel guardado na mansão, senão não poderia sair dali nunca mais, e nos pediu desculpas, afirmando que fora procurar Marcos.”


– Mas... onde Marcos está?


– Ele deu falta do pincel quando foi pintar o Kremlin, na Rússia. – sibilou. – Segundo as últimas informações, estava na Itália.


– Itália?


– Sim, no Vaticano. Não me pergunte o motivo, por favor, eu não faço ideia.


– Não faz o menor sentido! Não há registros bruxos no Vaticano...


Rebeca olhou a amiga profundamente.


– Não que saibamos, não é?


– Sabe quando Marcos voltará?


– Segundo a carta, não voltará até ter o pincel em suas mãos outra vez.


– E... – Hermione pensou um pouco, temendo a resposta da menina. – E Felipe?


– Se eles não encontrarem o pincel, o anel não terá mais valor algum. – Rebeca inspirou pesarosamente. – Sei o que isso significa pra você.


– Minha vida seria, definitivamente, cheia de tempos perdidos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Capítulo curto, em relação aos outros. Eu estou com as ideias dos dois próximos aqui do meu lado, prontinhas, esperando para assar no Word.
Eu nem vou me desculpar pela demora, e nem vou mentir dizendo que minha vida está uma bagunça pra justificar o atraso. A verdade é que minha falta de inspiração e interesse colaboraram para que eu quase esquecesse isso aqui.
Eu não pretendo abandonar a fic, e espero que não me abandonem também. Mandem reviews, recomendações, mensagens... podem ir jogando tomates podres em mim, mas com estilo, heim!
A história vai dar uma mudada a partir daqui. Não sei se darei a chance de Hermione ter uma "escapatória" para seu próprio tempo, e isso vai complicar um tiquinho a situação dela no futuro. Tudo bem que as pessoas não se lembram mais dela, mas a existência se tornará vaga... enfim, coisas a serem explicadas daqui por diante.
Obrigada por todo o carinho de vocês... eu estava morrendo de saudades de escrever essa fic!
Mil beijinhos...Ana.