Além do Destino escrita por AnaBonagamba


Capítulo 24
Mãe.


Notas iniciais do capítulo

Este vem com mil pedidos de desculpa. Prometi que o faria antes de fevereiro. Está aqui, dia 31-01, meu primeiro dia de aula, mais um cap. pra vocês. Obrigada pela espera.



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- Como assim Tom Riddle está no colégio? – perguntou Rebeca, incrédula, vendo Dérek corar pela altura de sua voz. – E como assim está sem a Hermione? – falou mais alto.

- Eu não sei, não sei! – repetiu pela décima vez, aos sussurros. – Marcos me disse que o viu andando pelos corredores do sétimo andar com a gangue dele. Estão todos aqui.

- Isso não me cheira bem. – disse ela, meditando. – Achei que passariam as férias juntos! Será que aconteceu alguma coisa? – preocupou-se.

Dérek franziu o cenho.

- Eu não vou perguntar pra ele. – alertou-a. – E, se quer saber, acho que você deveria conter sua curiosidade. Aposto que não é nada.

Rebeca revirou os olhos e puxou-o pelo braço.

- Se dependesse da sua opinião eu estaria jogada na rua da amargura. Algo está errado. – disse convicta, indo na direção do sétimo andar. – Vamos logo!

                                     * * *

- O que houve aqui? – perguntou Abraxas, referindo-se à água que escorria por todos os trincos da parede.

- Um vazamento. – respondeu Tom simplesmente. – Concentre-se, Malfoy, precisamos abrir a passagem.

Abraxas soltou todo o ar que ainda prendia em seu corpo e olhou fixamente para a parede que os levaria até a Sala Precisa.

Respirava tranquilo, pedia... e nada. Simplesmente nada.

- Algo errado? – questionou Lestrange ao ver a expressão horrenda na face de Tom.

- Não preciso da sala. É por isso que não está dando certo. – disse Malfoy. Rebeca parou no meio do corredor ao ouvir as vozes dos rapazes e indicou para que Dérek ficasse quieto. Malfoy prosseguiu. – Não há ninguém aqui. Diga, por que nos chamou tão eufórico.

- Quero que todos estejam cientes da decisão que acabei de tomar, ou melhor, tomei a algum tempo, mas agora vos informo. Malfoy, - disse, virando-se para Abraxas. Black empalideceu. – Deixei Hermione Granger em uma casa ao oeste de Londres, numa cidadezinha chamada Little Hangleton. Quero que vá busca-la e livre-se dela.

As pernas de Rebeca fraquejaram e Dérek soltou um muxoxo fraco, sendo repelido pela mão da amiga que pressionava seus lábios. Malfoy olhou para Tom, desacreditando.

- O que? – perguntou sem entender. Tom sorriu.

- É simples, Malfoy. Ela é uma sangue-ruim, e não posso mais sujar o poderoso sangue de Slytherin com um sangue como o dela. Deixei me envolver e sei das consequências. – disse ao prever que Lestrange o interromperia. – Você é inteligente, vai dar um jeito nela sem que ela perceba. Aposto que não prevê nada.

Rebeca sorriu de lado, percebendo que Riddle não era tão esperto quanto pensava.

Se existia uma coisa que Hermione tinha muito e que Tom jamais teria eram amigos de verdade. E nada aconteceria a sua amiga enquanto ela pudesse impedir.

- Pode pegar a carruagem amanhã de manhã e chegará ao lugar um pouco antes do anoitecer. Leve roupas de frio. Planeje sua estadia e não...machuque-a de mais. Somente se assegure de que Hermione não vai voltar para Hogwarts enquanto eu estiver aqui.

Tom virou-se um pouco depois de Rebeca e Dérek correrem com passos silenciosos pelo chão molhado. Caminhou com destreza, tentando não pensar no que estava fazendo.

Concentrou-se somente no que estava sentindo: raiva.

- Não acredito, não acredito! – chorou a menina, sentando-se no chão sem se importar em molhar seu novo uniforme. – Ele... ele não pode fazer isso!

- A Hermione... uma sangue-ruim? – sussurrou Dérek, quase abismado.

- É com isso que se preocupa? É nesse fato que você se apega?! – disse com raiva.

- É claro que não! É que, - começou ele. – nas circunstancias... quer dizer, ela é um dom de inteligência. Normalmente nascidos trouxas não possuem tanta facilidade e coerência em magia.

- Sabe o que isso significa, não é? – Rebeca olhou-o, procurando a resposta para sua pergunta.

- Sim. – disse Dérek simplesmente, ajudando a menina a se levantar. – Hermione não estudava em Beauxbatons.

     * * *

Hermione esperava que o tempo passasse mais depressa. Não ousou, por sequer uma vez, abrir o diário de Tom para, possivelmente, encontrar Harry com novas perguntas.

Perguntas que ela não saberia responder.

Na realidade, era a sua mente que trabalhava com as mais diversas perguntas a serem respondidas. Com a partida do filho, Tom Senior passava a maior parte do tempo tentando distraí-la, brincando com ela, ensinando-a coisas que jamais pensou em aprender.

Abriu um sorriso pequeno: coisas que, talvez, sua avó teria aprendido.

Não usou magia, também. Deixou que a monotonia de seu destino atracasse como um navio em pouso ao porto, trazendo coisas novas, boas ou ruins, mas esperadas.

Tinha certeza que Malfoy não lhe traria bom agouro, mas talvez, somente talvez, seria este o navio que, finalmente, daria um ponto final nessa história para que voltasse diretamente para o lugar que pertencia.

Como disse, não ousou abrir o diário. Embrulhou-o caprichosamente, assim como Tom fazia, sobre um delicado paninho de seda.

Tudo estava pronto para a chegada de seu “amigo”.

- Arrumada, já? – perguntou Thomas ao entrar no quarto. – Me sentirei vazio sem ninguém para contar histórias.

O sorriso que se desenhou na face da menina foi esculpido por uma grossa lágrima.

- Pode me contar mais uma, antes de eu partir? – questionou o mais velho, sentando-se sobre sua mala e vendo o outro acomodar-se na cama.

- Era uma noite muito fria de inverno, aquela... – começou, observando cada traço da menina à sua frente. – Doze frades rezavam calmamente, acolhidos pela chama de uma grande lareira, quando o silêncio foi interrompido por um chorinho ingênuo de criança. – Thomas sorriu. – Quando o frei mais velho se aproximou, viu um menininho abandonado sobre alguns tecidos sujos e gelados, ostentados pela neve que caía.

“Os frades decidiram que procurariam uma família para a criança na aldeia, mas nenhuma parecia se importar com o caso, não oferecendo amor e proteção. Os próprios se reuniram para cuidar do bebê, uma vez que ele estava fraquinho e talvez não sobrevivesse.

Passaram-se os anos, até a criança completar cinco. Seu nome seria Marcelino. Ele amava os fradezinhos como se fossem seus pais, mas uma coisa incomodava-o”.

Hermione suspirou, contendo o choro.

- O que, Thomas?

- Não tinha mãe! – Thomas jogou as mãos para cima involuntariamente. – Marcelino sentia falta de algo, e ficava triste ao ver alguns meninos com suas mães do lado. Contou para o frei que o viu primeiro, e este chorou baixinho.

Uma lágrima escorreu no rosto de Hermione. Quente e solitária.

- Marcelino – continuou. – abraçou o frei. No dia seguinte, as coisas mudaram. O menininho começou a ouvir uma voz cansada e faminta pedindo por pão e vinho.

“Seguindo os pedidos, subiu até o último andar do monastério, onde o sino batia aos domingos, e lá estava a imagem do próprio Senhor Jesus, esperando-o. Marcelino teve medo no começo, mas depois aprendeu a subir em um alto banco para alcançar a boca do Salvador, e a ele dar de comer.

Passado um tempo os frades sentiram falta de um pouco de alimento e começaram a seguir o menino. Este, sempre feliz e alegre, jamais notou. A rotina de alimentar o Senhor foi como o encontro com seu novo melhor amigo, uma diversão para a criança.

Até que, um dia, Marcelino subiu no banquinho e tirou a coroa de espinhos da cabeça de Jesus – deve estar doendo muito. – dizia a criança.

Então Jesus perguntou a Marcelino o que ele mais queria na vida. Os frades, da escada que levava até a imagem do Santíssimo, ouviam atentamente presenciando o milagre. Marcelino respondeu: ‘Eu queria ver minha mamãe. ’ ”

Hermione não conseguiu conter o choro e desabou sobre seu próprio braço, enquanto as lágrimas caiam impertinentes. Thomas olhava para cima, como se contemplasse algo imaginário. Continuou, com uma voz fantasiosa.

- Jesus, assim, concedeu o pedido. Uma vez que a mãe de Marcelino morrera, ele morreria também. A última coisa que os frades viram foi a imagem de Jesus abraçar o garotinho, que saiu sem vida aos pés do Salvador. Em seu rostinho infantil havia um sorriso, e aquele sorriso nenhum milagre pode comprar. – terminou, deixando que uma lágrima também lhe corresse a face.

- Deus... – sussurrou a menina. – É lindo!

- Sim. – disse o outro, ainda fantasioso em mistério. – Marcelino foi enviado aos frades como uma prova de que tudo o que buscamos está além do que temos por real. As coisas, coisas sem sentido, querem ser coisas que não são, e isso interrompe o papel do destino. Não que o destino comande a nossa vida, mas ele traça os caminhos que devemos escolher, e estes, querida, são muitos!

Hermione entendia muito bem o que Thomas estava lhe falando.

- As coisas certas vão além do destino. – murmurou chorosa, com um leve sorriso.

- Leve contigo a ingenuidade de Marcelino, mas também sua fé e seu amor ao próximo. Leve pão e vinho para aqueles que precisam. Leve pão e vinho ao meu neto. – sussurrou o outro, enquanto ela enxugava as lágrimas. Thomas levantou-se. – Ele precisará de sua força, criança, e de sua fé. É isso que falta nele.

Até que a porta tremeu levemente belas batidas delicadas de Mary.

- O rapazinho chegou. – disse ela, abraçando a menina. – Volte logo, não quero ficar tão sozinha. – pediu.

- Eu voltarei, não se preocupe.

- Cuide bem do meu outro Tom. – Mary sorriu. – Faça com que ele tenha muito sucesso.

- Ele terá. – disse convicta, pois tinha certeza que não o abandonaria. – Eu prometo.

Alguns criados desceram com a pequena bagagem enquanto Tom Sr. puxou-a para um abraço.

Hermione beijou-lhe a face como costumava beijar a de seu pai. Riddle suspirou.

- Adeus, filha. – disse ele, mais uma vez naquela época. Sorriu, dando à menina uma caixinha de embrulho. – Espero que use.

Hermione abriu a caixinha e, dentro dela, um colar dourado com um pequeno “H” brilhava intensamente.

- É um presente de casamento. – Tom sorriu. – Infelizmente mulheres são mais fáceis de agradar.

- Obrigada. – murmurou, carregada de sofrimento pela partida. Thomas a olhou significante, antes de desaparecer para o salão, junto com o filho.

Abraxas entrou até o pequeno hall, elegantemente vestido de azul, contrastando com o cabelo quase cinza. Seu rosto estava morto. Não olhou nada em volta, não reconhecendo a família de Tom.

Parecia enfeitiçado.

- Vamos. – disse frio, assim como Tom fazia. – Não temos muito tempo.

Mary revirou os olhos e seguiram Malfoy até a saída da casa.

- Adeus. – disse ela, dando um último abraço na moça. – Cuide-se, menina.

- Obrigada por tudo, Mary. – disse sinceramente, retribuindo o abraço caloroso. Separaram-se e Abraxas ajudou-a a subir na carruagem.

- Boa viagem. – disse a mais velha, enquanto a carruagem andava em direção à Londres.

Mas uma vez Mary Riddle via alguém querido partir para longe dela.

                                      * * *

- Algo errado, Malfoy? – perguntou ela de dentro da carruagem, enquanto o próprio rapaz assumira como cocheiro.

- Sim. – respondeu simplesmente, sem qualquer emoção. – Estou bem.

- Vamos para Londres, e de lá para Hogsmead? – questionou.

- Não. – respondeu com ainda mais simplicidade. – Não sei o que irei fazer.

- Mas eu pensei...

- Você não pensou nada, Granger. Estas são ordens de Tom, não minhas. Agora cale-se, durma, se quiser, mas não me perturbe mais. – disse exaltado.

Hermione suspirou e olhou para fora da janelinha.

Aquela viagem seria mais longa do que imaginara, e mais dolorosa do que previra.

Por fim acabou adormecendo. Não teve sonhos que se lembrassem, mas algo ocorreu-lhe na mente enquanto vagava. Repassou a belíssima história que Thomas tinha lhe contado, uma vez que várias ele deveria ter, pensou em quais ela tinha para contar. Encostou a cabeça ao lado da janela e viu a lua brilhando no céu fortemente, envolvida por nuvens frias e claras.

Abriu mais os olhos e fez algo que não esperava fazer.

Com um gesto simples da varinha, abriu a porta do coche e passou para o lado do cocheiro. Sorriu ao ver Malfoy encolhido em seu belo casado, deixando apenas os cabelos loiros e o nariz empinado para fora. A carruagem estava sendo guiada por magia para o destino que fora selecionado, e este Hermione não tinha ideia.

- Malfoy? – chamou-o, empurrando de leve. – Quer ouvir uma história?

- O que? – disse Abraxas, ajeitando-se no desconfortável banco do cocheiro. – Quero dormir, se não se importa.

- Ouça, sei que não vai se arrepender. – pediu empolgada.

Abraxas abriu os olhos azuis e observou-a curioso. Por fim, deixou-se vencer, esperando pelo início.

- Conte. – falou rude.

- Havia em uma cidade uma moça muito bonita, porém pobre, e um rapaz belíssimo, mas rico. Um dia, diante de uma procissão da Igreja, os dois se viram frente-a-frente, e se apaixonaram! – sorriu.

Malfoy moveu-se e aproximou-se dela.

- Romance, Granger? – disse com desdém.

- Somente ouça. – pediu ela. – Era primavera e o amor deles floresceu como uma das orquídeas que ornamentava os jardins da casa dele. Porém, quando o frio chegou, congelou ainda mais os passos dados para abaterem o preconceito e serem felizes. Ele, sofrendo por ter que fazer o que faria, pediu que ela fosse embora e que deixasse sua vida em paz. Dizia que era pobre, modesta, pequena, e que isso não era suficiente, mesmo sendo rica de amor e mocidade.

“Naquela época a vida era serena, onde a juventude criava sonhos. Toda a saudade daqueles dias veio em seu coração depois do adeus que deu à ela. O adeus que significou para sempre a incerteza da felicidade.

E assim, compôs-se a canção da saudade. Cheia de dor da partida.”

Hermione olhou para Abraxas, que se encolhia de frio. O rapaz a olhou também, entendendo onde ela queria chegar.

- Tom a ama, sei disso. Por isso não vou fazer o que ele pediu que fizesse. – começou ele, encarando-a.

- O que ele pediu?

- Que me livrasse de você, de alguma maneira. Sinto muito, Srta. Granger, mas mesmo que tenha um voto eterno com Riddle, jamais seria capaz de fazer mal a uma pessoa, principalmente alguém como você.

- Como eu? – questionou confusa.

- Sim. Você vê nas pessoas coisas que elas não conseguem ver em si mesmas, acredito nisso. Minha mãe também era assim.

- Mãe... – sussurrou.

- Ela morreu. – disse Malfoy. – De desgosto, de dor e de raiva.

- Sinto muito. – disse a menina, segurando de leve as mãos do rapaz.

- Não sinta tanto. Ela está melhor agora.

- Acredito mesmo nisso. – Hermione sorriu.

Ficaram em silencio por alguns instantes até que ouviu-se um barulho. Parecia distante, mas Hermione conhecia muito bem o que era.

- Abaixe-se! – gritou para Abraxas, que pulou da carruagem segundos antes desta explodir em mil pedaços. Hermione correu para levantá-lo, empunhando a varinha e já defendendo algumas azarações que vinham em sua direção.

- O que é isso? – berrou Malfoy.

- Grindelwald. – respondeu, defendendo-se novamente.


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Notas finais do capítulo

OMG. Apareci por aqui, sim, não é meu fantasma. Bem, tenho que dar uma explicação por toda essa demora.1º Voltei de Poços de Caldas e já tive aulas dois dias depois. É, uma P*** falta de sacanagem. (Sharis?)2º Eu ganhei o concurso, o/, então tive que comer os cadernos para aprimorar meu prêmio (mil partituras e master classes com professores da USP e OSESP, de São Paulo.)3º Minha mãe não quer colaborar, adógo.4º Fiz esse capítulo 3 vezes e as 3 vezes eu deletei. Quem o formatou pra mim foi a Natália linda.Por ENQUANTO são essas, hahaha.Me desculpem MESMO. Não, jamais, em hipótese alguma abandonarei vocês e esta fic linda. Já tenho ela montada aqui na minha mente [i]racional.
Ah, a histórinha que Thomas contou não é nada mais nada menos do que "MARCELINO PÃO E VINHO". Sinceramente eu chorei nessa parte, culpa da Aris e de Like Father Like Son.
Procurem no youtube : canto da saudade. É a cançãozinha que a Mione transformou em história. PS: estou aprendendo a cantá-la e em breve posto meu adorável video.

Comentem, brinquem, joguem os tomates. Obrigada pela paciência e tentarei não prolongar mais!