Além do Destino escrita por AnaBonagamba


Capítulo 23
Objeções.


Notas iniciais do capítulo

Este eu dedico à kharoline (Minha quase-xará!), pois ontem foi aniversário dela. Palmas para ela, pessoal, porque se não fosse por essa comemoração, eu ia esperar o outro capítulo ter 50 reviews! (mentira, não sou tão má!)
Kharol, parabéns *outravez*, que todas as coisas boas venham correndo em sua direção! Beijinhos, boa leitura!



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Malfoy,

Preciso que retorne à Hogwarts imediatamente, junto com Black e Lestrange. Não ouse recusar meu pedido.

Parto ainda hoje e os encontro lá, antes do almoço. É bom que tenha chego, ou já sabe o que acontece.

Tom Riddle.

- Precisa mesmo ir embora? – perguntou Tom Sr., vendo a coruja pequena distanciar-se de sua casa.

- Recebi um recado urgente de Hogwarts e, como monitor, é necessária a minha presença. – respondeu o filho com frieza. –Vovó?

- Sim, querido? - Mary estava acordada para despedir-se, mas não ousou acordar seu marido.

- Mandarei um amigo meu buscar Hermione. – disse Tom. – Ele se chama Abraxas Malfoy, tem meu tamanho em altura e cabelos loiros. É importante que a senhora somente deixe-a partir se for ele quem a trazer para mim.

- Por que não partirá com você? – questionou Mary, logo completando: - Não que a presença dela aqui não seja extremamente agradável, mas achei que voltariam juntos.

- Filho, aconteceu alguma coisa? – questionou Tom Sr., sentindo a maneira rude como ele falava. – Você e Hermione brigaram?

- Não, pai, não se preocupe. Asseguro que está tudo bem, mas infelizmente terei que ir embora. Preocupa-me a situação de saúde dela, é bom que descanse mais. – sorriu falsamente triste. – Ele vem busca-la em breve, no máximo em dois dias.

Logo a carruagem que o levaria a Londres chegou. Mary pediu para Charlotte preparar um lanche, sem fazer barulho algum para não acordar o marido e a moça. Foi pegar o pequeno embrulho enquanto seu filho e neto se dirigiam para a porta.

- Estou confuso com relação a tudo isso, mas... – disse o mais velho. – Espero que volte para cá nas próximas férias. – sorriu. – É meu menino, agora. Não vai se livrar tão fácil de mim.

Tom Jr. não pode conter o abraço que o pai lhe deu. Passou seus braços pela cintura dele enquanto sentia a mão do outro bater de leve nas suas costas.

- Tome conta dela enquanto eu estou ausente. – murmurou. – Ela não sabe que estou partindo.

Tom Sr. o olhou confuso.

- Não disse nada a sua noiva? – murmurou de volta, vendo Mary se aproximar.

O filho somente negou com a cabeça antes de receber o embrulho da avó.

- Veja, se sentir fome não estará desamparado. – abraçou-o com força. – Tome cuidado no caminho, e principalmente em Londres.

- Vovó, fiz esse trajeto várias vezes sozinho. – sorriu, vendo a incredulidade nos olhos da avó. – Sei bem cuidar de mim mesmo, obrigado. – beijou-lhe a face delicadamente e entrou. – Mande meu adeus ao vovô e diga que o verei em breve; no final deste ano.

Tom Sr. sorriu abertamente: Tom voltaria para casa nas próximas férias, ou, pelo visto, tinha isso em mente.

- Adeus. – disse, por fim, quando o cocheiro empunhou os cavalos.

- Adeus...filho. – sussurrou Tom Sr. enquanto a carruagem partira.

- Acredita mesmo que não aconteceu nada? – perguntou Mary, enlaçando seu braço em Tom.

- Espero que não, mamãe. – disse. – Sinceramente eu espero que não.

A viagem seria longa até o caldeirão furado. Engraçado voltar para Londres sozinho, sem a imagem da garota observando a paisagem, ou fazendo alguma pergunta.

O silêncio estava começando a incomodar.

Deveriam ser, no máximo, cinco horas da manhã. Pelos seus cálculos, chegaria em Londres quase onze horas. De lá, aparataria para Hogsmead onde arranjaria algum meio para voltar à Hogwarts.

Não tinha como errar. Passara a madrugada inteira planejando sua partida... que fora melhor planejada do que a vinda.

Não podia acreditar no que estava acontecendo. Depois de tudo o que fizeram juntos, depois de todas as informações que ela tinha... todos os sentimentos que por ela guardava, simplesmente, com uma revelação, isso foi dado aos anjos, arrancado de seu peito com um misto de orgulho e raiva.

Apesar de que, se olhasse bem para si mesmo, veria a inutilidade desse orgulho: sua família paterna era completamente trouxa, e agora sabiam de seu segredo.

Não que isso fosse um problema: jamais contaria a ninguém sobre o paradeiro de seu pai e avós. Cumpriria sua palavra em relação à Morfino, jamais voltando a vê-lo.

Pois, se o visse, matá-lo-ia sem pensar duas vezes.

O problema era que toda a família dela era trouxa, e dessa forma, seu sangue era mais sujo que o dele. Ela era pior do que ele, e ele não sabia disso.

Não merece o sangue que tem! Salazar não merece um descendente com sangue sujo, como o seu!

As palavras de Morfino Gaunt tomaram sua mente mais uma vez. Tom fechou os olhos, sentindo o incomodo balançar da carruagem sobre os buracos na terra. Tinha que dar um jeito na sua situação com Hermione.

Tinha que se livrar dela, mesmo que isso o machucasse profundamente.

- As pessoas que muito querem, pouco tem. Eu sempre tive pouco, sempre tive nada. Se anseio por muito, tenho que pensar alto. – sussurrou para si mesmo. – Tenho que pensar grande.

“Lembre-se Tom, o poder pode trair você.”

A magia mentollis e suas remedições: até onde pode chegar?

Pegou o último livro que restava em sua bolsa e começou a lê-lo. Se queria mesmo ser grande e dominar suas expectativas, deveria começar agora, enquanto tinha tempo para isso.

Pois seu tempo era raro, escasso e ocupado com seus planejamentos e seus destinos.

    * * *

A mansão Malfoy era grande, talvez a maior de toda a redondeza. Escura, ostentava a luxúria e o poder em seu interior, de uma forma quase grosseira. Era difícil alguém aproximar-se de seus enormes portões sem sentir um frio na espinha.

A coruja foi ágil, entregando ao destinatário sua carta em apenas três horas. Abraxas acordou com o picar do animal em sua janela, enquanto este tentava, sem sucesso, chamar sua atenção.

Afinal, por quê lhe mandariam uma carta em plenas férias?

Abriu a janela majestosa e deixou o bicho entrar. A coruja piou assim que tirou a carta de seu pico, logo dando as costas e indo embora.

Malfoy estremeceu ao ver a letra caprichosa e encorpada de seu mestre.

O pedido espantou-o um pouco, como era esperado. Tom não podia saber que seus companheiros estavam juntos, Lestrange e Black, passando o restante dos dias de folga na mansão do colega rico.

Pela maneira que escreveu, estava constatado que era mais que uma ordem, era uma obrigação.

Desceu as escadas, afoito, até o quarto dos amigos. Escancarou a porta atrás de si, acordando os rapazes que dormiam confortavelmente, um em cada cama com dossel verde musgo. Lestrange o encarou com raiva.

- É assim que trata suas visitas? – perguntou, levantando-se.

- Carta do mestre. – respondeu simplesmente, erguendo o papel em sua mão. – Devemos estar em Hogwarts antes do almoço.

- O que? – questionou Black, confuso e incrédulo. – Qual o intuito?

- Eu não sei. – respondeu Abraxas com sinceridade. – Tenho uma impressão ruim.

- Se tratando do nosso adorável amigo Tom Riddle, – arfou Lestrange, começando a se vestir. – não há impressões boas. Vistam-se, que devemos partir logo.

                                       * * *

Hermione acordou exausta, como se não tivesse dormido esta noite. Levantou-se da cama e sentiu seus pés formigarem ao tocar o chão.

Era cedo, pois o sol mal nascera no horizonte, e ainda estava frio. Abriu levemente a janela, sentindo o ar faltar-lhe.

Havia algo errado.

Com um roupão emprestado, abrigou-se, colocando as pantufas que um dia pertencera a Mary. Sonhou, nesta noite, com a bela história que Thomas havia contado antes de dormir. A história de Márcia e Paul.

Um gemido escapou de sua garganta: assim como Paul e Márcia, não duvidava nada que o orgulho de Tom separasse-os para sempre.

E, se isso ocorresse, sua vida estaria perdida. Ou não.

Dumbledore lhe deixara opções, caso coisas horríveis acontecessem. Deixou uma opção crucial, no caso, ela poderia voltar para seu tempo e tudo o que avaliara um dia salvar seria perdido, tendo que cumprir sua tarefa mais uma vez, em outros tempos...

E com uma versão de Tom, seu futuro, o temível Lord das Trevas.

Sentiu-se incapaz de usar o anel para regressar, pois, ao se deparar com a repugnante face ofídica se lamentaria eternamente por um dia ter desistido de salvá-lo em quanto podia. Se lamentaria por ter recebido beijos e carinhos tão doces vindos dele...doces de uma forma que era difícil imaginar...

E impossível de esquecer.

- Que bom que acordou, querida. – disse Mary, quando ela descia as escadas para a cozinha. – Charlotte já fez seu café.

Hermione sorriu nervosa.

- Tom já desceu? – perguntou. – Onde ele está?

- Ora, meu anjo, ele partiu ainda cedo, umas três horas atrás. – informou a senhora.

- Ele... partiu? – repetiu sem acreditar.

- Sim. – disse Tom Sr., puxando-a pela mão levemente. – Por que não tomamos café juntos, na minha sala? – perguntou cortês.

Hermione apenas assentiu, sentido a cor escapar de seu rosto.

- Charlotte! – gritou Mary, se afastando para a cozinha. – Leve o café da menina e do meu filho na sala vermelha, depressa!

Hermione foi guiada por entre muitos aposentos para uma porta grande de madeira, que ostentava um brilho incomum. Tom abriu-a e revelou seu ninho particular, onde por muitas vezes ficava pensando e resolvendo seus problemas mentalmente.

O que entrava ali, ali permanecia.

- Sente-se. – indicou uma poltrona para a menina e se sentou na outra, oposta. – O que houve entre vocês dois?

- Não entendo o motivo de sua partida. – murmurou sem vida, ignorando a pergunta do outro.

- Houve uma briga?

- Sim.

Tom respirou longamente e encarou Hermione.

- Quer me contar? – sorriu leve. – Eu não vou dizer para ninguém.

- Acho que seu pai ouviu. – disse ríspida. – Ele foi aconselhar-me noite passada, e me contou uma bela história.

- Meu pai tem várias histórias. Conte-me o que houve, e se puder ajuda-la...

Hermione sorriu sinceramente para o pai da pessoa que mais amava nessa vida e o encarou. Seus olhos, preciosamente azuis e peculiarmente iguais aos de Tom fascinaram-na mais uma vez.

- Preconceito. – sussurrou, esperando que o outro não ouvisse.

- Preconceito? – repetiu sem entender. – Por que ele teria preconceito?

- Sua ex-mulher, a mãe de Tom... – começou calmamente, explicando para que o outro entendesse. – ela pertencia a um elo de magia eterno, que enlaçava em seu sangue o sangue de um dos maiores bruxos de todos os tempos.

“Merope foi recriminada pela família quando se apaixonou por você, pois não possuis nenhuma magia em se sangue. Tom, por muito tempo, julgou essa mistura uma lástima ao seu antepassado. Por isso o odiava tanto.”

- Continuo sem entender. Por que teria preconceito com você?

- Minha mente é magica, senhor Riddle. Um talento. – uma lágrima escorreu por seu rosto. – Mas meu sangue é tão trouxa quanto o seu. Sou tão normal em questões familiares quanto você e sua família são. Não há magia na minha linha de antepassados.

Tom Sr. olhou-a sinuosamente.

- Ele não quer manchar o orgulho que guarda com tanto préstimo. – disse nervoso. – Que rapazinho estúpido!

- Ele não é estupido, senhor. Seu mundo também passa por uma crise dessas, exatamente como o meu e de Tom. Preconceito, exclusão, morte... é comum no nosso cotidiano, dos dois lados.

Hermione baixou a cabeça e deixou de encará-lo assim que Charlotte trouxe o café.

- Não tem o que fazer. Ele foi embora. – disse a menina, ainda chorosa. – O orgulho dele é maior, sua sede por poder supera qualquer ação minha. Achei que fosse diferente.

- E pode ser! – interrompeu o outro, puxando suas mãos para ele. – Se você desistir agora, menina, se arrependerá para sempre! Pensa que ele não está sentindo dor, ou arrependimento? Ele se arrependerá por tê-la deixado... assim como me arrependi por ter deixado Cecília.

- Onde ela está? – questionou a garota, sentindo falta da presença constante da loira.

- Partiu para Paris ontem, quase de madrugada. Cecília tem uma prima francesa que está muito doente. Aposto que adorou a ideia no começo, sabendo como iria me sentir sem ela, mas depois chorou comigo e sofrerá tal qual eu sofro.

Hermione deu um sorrisinho murcho para Tom. Era exatamente o que o filho dele estava fazendo.

Ou pelo menos, pensava isso.

- Ele lhe disse alguma coisa? – perguntou ela, bebericando seu café.

- Disse que pedirá para um amigo vir busca-la. – comentou, também começando a comer. – O nome dele, se não me engano, é Abralas...Abravas...hmm... Abraxas.

Abraxas Malfoy?

- Avisou minha mãe para entrega-la somente as mãos dele. – completou. – Parece confiar nesse rapaz.

Mas ela não confiava. Não mesmo.

- Seu pai não sabe da partida do neto? – perguntou ela.

- Não, mas já deve saber. Minha mãe nada guarda por muito tempo, sabe disso.

- Devo partir em breve, então. – disse ela, enxugando as últimas lágrimas que desciam.

- Hermione... – sussurrou Tom Sr. – sei que é completamente impróprio o momento, mas fico muito contente em, um dia, saber que será membro de minha família.

- Eu sei, Tom Riddle, e como sei. – sorriu suavemente, deixando que o outro lhe beijasse a face como um pai.

A menina não ouviu passos enquanto dirigia-se para o quarto que, a este tempo, estava totalmente arrumado. Tomou um banho quente e vestiu-se com o vestido de veludo verde que um dia Tom escolhera para ela.

“Vai passar”, pensava. Afinal, as férias estavam acabando, e sua vida no passado, sua vida real, continuaria, independente da missão que estava vedada em seus olhos.

Tom a amava, e se era raiva o que sentia, um dia a deixaria. Um dia todo o desconforto sairia de sua mente, dando lugar as lembranças que ela tinha dado para ele.

Lembranças que Voldemort carregava ingenuamente, sem entender. Pois assim que torturava um sangue-ruim, sua boca se encheu de água e suas pernas falharam. Belatrix soltou um gritinho enquanto o Lord das Trevas desmaiava, lentamente.

Que objeções teria o futuro, quando depende completamente do passado?


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Notas finais do capítulo

OMG, e agora? *coça a cabeça* Coitadinha da Hermione, Tom está muuuuuito bravo e ranheta com ela. Mesticinho ordinário!
Tom Sr, como sempre, um eterno cavalheiro. Ele está com saudades da Cecília, tadinho. *//morra*
Abraxas vai buscar a Mione? COMO ASSIM D: O que o Tom está planejando?

Ps: Lets Castelo, seja boazinha com au cours de la vie, posta para nós, seres mortais, que olham todos os seus sites de fics esperando arduosamente uma atualização! *--*
Ps²: Ariane Haagsma! Like father like son, sim? *olhos chorosos e brilhantes //Dobby on*
Ps³: Eliza! Nem tenho que te falar nada, né? .-.

Um super beijinho pra vocês, e até breve! Oh, esqueci, me desejem sorte, pois amanhã a senhorita que vos fala partirá para o 12º Festival Musica nas Montanhas, e ela quer MUITO ganhar o concurso de piano! :D