Além do Destino escrita por AnaBonagamba


Capítulo 18
Ele é um Riddle.


Notas iniciais do capítulo

Mais um, escrito com cheirinho de chuva. Espero que gostem!



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- Vejo que não ganhei somente um filho, no dia de hoje. – disse Tom Sr., guiando Hermione num ritmo calmo. – Ganhei também uma filha, e fico feliz por isso.

- Por eu estar com seu filho? – arriscou a menina.

- Parece que você não compartilha o ódio pelo qual meu filho me observa agora.

Do outro lado do salão, Cecília observava Tom Sr. dançando com a jovem, enquanto afagava a mão da senhora a seu lado.

Mary Riddle estava estática. A única coisa que ousava fazer era respirar.

- Minha Nossa Senhora... – sussurrava constantemente. – Não me sinto bem, a qualquer minuto, acho que...eu vou...desfalecer. – disse, olhando para Cecília. – Chame Thomas, chame-o!

Cecília olhou significante para Maggie, que tirou Mary do meio da multidão e levou-a para uma sala mais tranquila, sentando-a em um confortável sofá de couro negro. A mais jovem cruzou o salão até o círculo de pessoas, chegando ao seu destino.

- Thomas, por favor, Mary não se sente bem. – disse, quando o velho a olhou.

- Me esperem aqui, vou ver o que ela tem...deve ser a surpresa que a deixou tão sem palavras! – empolgou-se, porém Cecília somente revirou os olhos.

Por um momento, deixou-se observar o garoto a sua frente. Era jovem, porém aparentava ter seus 20 e poucos anos, em vez de 17. Simplesmente idêntico ao seu Tom Riddle, que o chamava assim internamente, num momento anterior à impostora mãe do rapaz. Tão parecido, tão altivo, frio e cortante. Sentiu seus dedos suarem suavemente, então se virou e saiu para o salão.

Tom Jr. continuava a conversar com quem o rodeava, assuntos impertinentes que julgou interessante. Alguns falavam de política, outros de dinheiro; e sabia bem como entretê-los.

Não soube dizer nada apenas quando entraram no mérito de seu passado, sua mãe e sua infância.

- Está feliz? – perguntou Hermione ao futuro sogro.

- Não sei, na realidade não entendo o que estou sentindo. – disse simplesmente.

- Tom esperou muito por este momento, senhor Riddle. – disse ela, tentando animá-lo de alguma forma. O homem parecia ter perdido toda a vivacidade nos olhos.

- Não minta, minha jovem, sei bem o que ele está sentindo. – replicou.

- Sabe?

- Ele deve me odiar, é claro. Eu abandonei a mãe dele e é por minha causa que ela está morta. Não o culpo por sentir-se assim, pois eu também me sentiria.

Hermione lembrou-se da conversa que teve com Tom tempos antes, a qual ele pediu para que ela pensasse como seu pai.

- O maior medo dele é sua rejeição. Estranho o seu medo ser o mesmo.

Tom Sr. parou a dança e a olhou profundamente.

- É demasiada jovem para se casar.

- Tom também é.

- O primeiro pedido de casamento que fiz, tinha 17 anos, também. – disse, olhando para o filho que ria alegremente...falso.

- Como sabe a idade exata do Tom? – perguntou. – Acho que em nenhum momento lhe disse.

- Lembro-me como se ontem mesmo chegasse aqui nesta casa, depois de não reconhecer nada que tinha vivido durante dois anos. – Ela tinha dito que estava grávida, mas não acreditei.

- Achava que ela era uma aberração, não é? Somente porque era desprovida de beleza? – a menina estava tentada a entender o ponto de vista do outro.

- Se beleza fosse o problema, não teria que me preocupar. Ela era capaz de fazer coisas, coisas que nós, criaturas normais, somos incapazes.

- E se eu e seu filho formos capazes de realizar as mesmas coisas? – falou um pouco mais agressiva.

- Não, vocês não seriam capazes. – disse por fim, vendo Cecília se aproximar.

- Seu pai pediu para chamar-lhe, querido. – disse ela, acariciando levemente o ombro de Tom. – Ah, Srta., fico feliz que esteja se divertindo. – falou falsamente.

- Obrigada. – respondeu Hermione, saindo da visão dos dois e indo até seu noivo.

Cecília guiou Tom onde Mary estava, juntamente com Thomas e Maggie. Estava completamente desfocada.

- Eu tenho um neto... – começou, acusando o filho com o olhar. – E você, sua criatura horrenda, nunca me disse!- gritou,

Tom estremeceu.

- Ele não sabia, meu amor. – interveio Thomas, vendo a esposa exaltar-se. – Eu mesmo não sabia, se não fosse a Srta. Granger me avisar.

- Quem é a Srta. Granger? – perguntou Cecília.

- Aquela mocinha que eu estava dançando. – disse Tom, cabisbaixo. – Ela é futura esposa dele.

A boca de Cecília formou um “O” perfeito.

- Mãe... – disse Tom. – Por Deus, diga alguma coisa.

Mary olhou pacificamente para ele, enquanto Thomas segurava-lhe a mão.

- Eu não sei o que dizer, olhe para ele! – ela disse, olhando por cima do ombro de Cecília, vendo o menino conversar abertamente com os convidados, juntamente de Hermione. – Ele é...perfeito. É lindo, e... é tão parecido com você! – completou.

Isto era completamente inesperado. Thomas beijou o rosto da esposa alegremente, levantando-a e levando-a até o neto. Maggie acompanhou sua senhora, sem antes olhar para Cecília como se pedisse desculpas.

É claro que Cecília estava odiando a aceitação da família Riddle para com o novo membro. Ele seria bem capaz de estragar todos os seus planos.

- Espero que esteja bem. – disse para Tom, pegando de leve a sua mão. – Mas mais uma vez a sombra daquela fedelha se coloca entre você e eu.

- Cecília... – começou o outro. – Eu nunca acreditei que realmente fosse verdade...um filho! – disse, descrente. – Eu tenho um filho!

- Sim, um que eu jamais terei. – acusou-o, saindo de perto dele. – Você, mesmo que não queira ou não perceba, continua me traindo, continua me magoando.

Vendo a moça se afastar, Tom surrou a mesa e caiu sentado, sem ações e sem palavras. A noite seria longa, constatou, mas não poderia negar que se sentia extremamente atraído pela ideia de possuir um filho, apesar de também amedronta-lo.

- Tom, - disse Thomas, afastando-o dos outros e guiando-o até uma senhora de vestido vermelho. – esta é sua avó, Mary.

Tom Jr. sorriu levemente, ao ver os olhos de Mary lacrimejar.

Esta, com certeza, foi uma das cenas mais impressionantes que ele poderia guardar na memória. A senhora não pediu permissão nem disse uma palavra, somente o abraçou carinhosamente e beijou-lhe o rosto, erguendo-se. Ele, assim como o filho, era bem mais alto que ela.

Hermione não conteve a emoção e deixou uma lágrima quente e solitária escorrer pelo seu rosto. Sentiu uma leve chacoalhada de Thomas.

Mary demorou a soltar o neto, e este demorou a compreender o que se passava; não tinha o que dizer, mas a avó também não queria ouvir. Tinha os olhos azuis esverdeados fixos nos azuis acinzentados do outro.

- Mary, querida. – disse Thomas, abraçando os ombros da esposa.

- Tom Riddle II. – sussurrou para o jovem. – Eu jamais imaginei que viveria para ver você, meu querido.

Os olhos de Tom vacilaram. Hermione podia jurar que ele deixaria uma de suas lágrimas presas ser liberta.

- Eu...nunca pensei que tinha uma avó. – disse calmamente, vendo Mary sorrir.

Tom Riddle Sr. levantou-se. Era hora de arcar com seus feitos.

- Seja muitíssimo bem-vindo entre nós, meu neto. – disse ela, pegando uma das mãos do rapaz e estendendo a outra para Hermione. – Para mim, e para todos aqui presentes – disse em alto e bom tom. – vocês são parte da família.

Uma salva de palmas ecoou por todo o salão da mansão Riddle.

             * * *

Hermione sentou-se confortavelmente em uma das poltronas enquanto conversava com sua futura sogra. Em apenas horas, Mary Riddle mostrou-se altiva, mas cheia de bondade. Contou-lhe sobre o jardim e toda sua tradição, mostrou-lhe alguns retratos e perguntou sobre a escola e a família da menina. Esta conseguiu esquivar-se da verdade, misturando fatos reais com outros falsos.

- E sobre o pedido de casamente de meu neto? – ela sorriu, vendo a aliança. – Quando lhe pediu?

- Antes de partirmos, para ser exata. Estávamos na escola.

- Entendo. Creio que ele teve de mentir para ficarem juntos no hotel. – Hermione corou.

- Sim, acho que sim. – ela sorriu envergonhada para a senhora a sua frente.

- Isso não será mais problema, vocês ficarão aqui de qualquer forma, é uma ordem! – disse, balançando o corpo.

Hermione sorriu sinceramente.

- Não creio que seja uma boa ideia. – disse. – Tom tem muito carinho agora pela senhora e seu esposo, mas creio que seu filho, o pai dele, não tenha ficado muito feliz com a novidade.

- Não julgue Tom, querida. Ele está surpreso, talvez até afoito, devemos dar um tempo para colocar os pensamentos em ordem. Vi vocês dois dançando. Conversou algo com ele? – perguntou Mary, aceitando uma pequena taça de vinho.

- Pouco, mas falamos sobre isso. Ele ficou surpreso com a ação do filho ter me pedido em casamento... eu não entendi.

- Foi por causa da idade. – Mary explicou. – Meu filho pediu Cecília, aquela adorável moça que já conheceste, em casamento na mesma idade que meu neto lhe pediu. Foi meses antes de completar 18 anos e ser praticamente raptado por Mérope Gaunt. Cecília ficou desolada, pobrezinha, e até hoje lembra meu filho do ocorrido.

- A senhora a conhecia...a mãe de Tom Jr.?

- A família era desprezível, mas a pobrezinha nunca abria a boca. Moram longe daqui, e depois de voltar, Tom nunca mais teve problemas com eles.

- Ainda tem algum Gaunt aqui em Little Hangleton? – perguntou Hermione, corroendo-se de curiosidade e uma estranha sensação de perigo.

- Tem um, o irmão de Merope, tio de Tom. – falou a senhora, com destreza. – Depois do pai, é o mais irredutível ser que habita a face da Terra. Deve estar velho e desenfreado.

- E o avô de Tom...Marvolo? – questionou novamente. – É um dos nomes que Mérope colocou no filho. – explicou, quando Mary a olhou exasperada.

- Marvolo morreu na cadeia, segundo alguns policiais muito gentis que defendem nossa segurança. – bebericou o vinho. – Ele era totalmente agressivo, vivia ameaçando nossa família. Vejo que, pela graça do bom Senhor, meu neto não tem nada daquela família horrenda. – adicionou.

Hermione não conseguiu deixar de pensar em toda a magia que circundava Tom, herdada pela família de Mérope. Todos eles, sem exceção, eram descendentes do grande Salazar Sonserina e, assim, possuíam um grau mágico em questão.

- Acha que faria mal se contasse a Tom sobre o tio? – perguntou Hermione.

- Não, é a família dele também, de qualquer forma. Mas tome cuidado, - alertou-a. – com a face que tem, lembrando tanto do meu rapaz, seria quase previsível a raiva do outro. Ele acusava meu filho de ter corrompido a graça da família dele quando, na verdade, a irmã tinha praticamente enterrado a nossa. – ela parou. – Agora só posso rezar pela pobrezinha, que morreu para colocar meu neto no mundo.

Hermione olhou nos olhos de Mary, pois os dela estavam desfocados pensando na morte dolorosa de Mérope Riddle.

- Aposto que ela está feliz neste momento. Aposto que ela desejou isso. – disse a menina.

- Sinto-me culpada, sabe? – uma lágrima escorreu no rosto da mais velha. – Sou mãe e sei bem o que estou sentindo. Eu sempre julguei a moça e nem percebi que talvez ela também tivesse algo a declarar, mas jamais teria essa chance... ela me deu o maior tesouro que eu poderia querer, depois de um filho.

- Creio que ela perdoará a senhora, Mary, depois de tamanha e sincera declaração de afeto. – disse Hermione, pegando nas mãos da outra.

Escondido na entrada da pequena sala, Tom Senior observava e ouvia sua própria mãe, e não pode deixar de sentir um nó em sua garganta.

- Observando? – perguntou Tom Jr. – Não esperava ouvir isso, também.

Tom Senior congelou. Olhar para o filho era olhar para ele mesmo.

- Entendo que esteja surpreso. – continuou, vendo o pai sem reação. – E não o culpo.

- Não estou surpreso. – disse finalmente. – Surpresa é uma palavra fraca para o que estou sentindo.

- Por que não conversamos, então? – perguntou o mais jovem, vendo a confusão nos olhos do pai.

Tom Riddle se aproximou, passando uma das mãos pelos ombros do filho, temeroso, guiando-o.

- Acho que esta é uma ótima ideia. – disse com um sorriso, enquanto andava até os jardins.

O mais novo teve a capacidade de observar cada detalhe, e focou-se na mente do pai com facilidade. Era trouxa e desconhecia toda a magia, sendo fácil de manipular. O jardim estava pouco iluminado e, se desejasse realizar alguma maldade, ali seria o lugar perfeito.

Num ímpeto esse pensamento esvaziou-se de sua mente. Sentia-se, de alguma forma, incapaz de machucar o homem a sua frente.

- Sempre venho aqui quando preciso pensar. – indicou um banco ornamental, um pouco úmido pelo sereno. Tom Senior sentou-se nele. – Então...você é meu filho.

- Engraçado ouvi-lo falar assim. Desacreditava da minha existência? – perguntou o mais novo de forma irredutível.

- Simplesmente achei que não existisse. Arrependo-me ardentemente por isso.

- Você sempre teve tudo. – acusou Tom. – Eu nunca tive nada.

- Se eu soubesse, eu...

- Nem se atreveu a procurar, nem passou pela sua cabeça, um dia, que minha mãe falava a verdade quando lhe disse que estava grávida! – interrompeu o jovem, e seus olhos azuis fecharam-se em fendas.

Não que isso representasse ódio ou raiva. Estava levemente misturado com tristeza e solidão.

- Você é tão orgulhoso quanto eu. – disse Tom Jr, vendo seu pai apoiar o rosto nas mãos. – Tem alguma ideia de como eu sofri?

- Tom... – chamou o mais velho, e ele estremeceu. Era uma sensação nova ouvir o pai chamando-o pelo nome, pela primeira vez.

- Você não tem nenhuma ideia do quanto eu sofri. – concluiu. – Você jamais terá ideia, pois sempre estará confinado ao seu ninho de luxo.

- Sei que é inútil pedir desculpas... – disse Tom Sr., levantando o rosto e olhando para o filho. – mas o farei mesmo assim.

- Ninguém pede desculpas para mim, Senhor Riddle, a não ser que esteja realmente arrependido... e o senhor não está. – disse com uma voz lasciva, que lembrava Lord Voldemort.

- E como posso provar meu arrependimento? – perguntou, levantando-se e encarando o menor.

- Morrendo. É uma boa maneira de começar. – disse Tom Jr., dando-lhe as costas e saindo do jardim.

Tom Riddle Sr. olhava o filho caminhar apressadamente para dentro do salão com tristeza e medo. Não entendendo mais do que já sabia, as últimas palavras do rapaz corroeram seu íntimo ao achar que poderia ganhar o perdão dele somente por existir.

- Não... – sussurrou para si mesmo. – Ele é um Riddle. Pensa, age e sente-se exatamente como um. Traído por alguém.

Levantou-se com determinação a provar a seu filho que realmente se arrependia por tudo o que tivera de passar. Mostraria para ele que as coisas ainda não estavam perdidas e que por trás de toda a confusão que o consumia internamente, ele se sentia ligeiramente feliz. Uma felicidade que apostava que cresceria a cada dia que convivesse com ele.


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Notas finais do capítulo

Não gostei, sinceramente. É meio dificil não imaginar o Tom matando o pai... é quase tentador deixar que essa maldade aconteça *extintoriddleon*
Para Eliza_Walls, o concurso é em Poços de Caldas, chama-se música nas montanhas. Tem tudo quanto é instrumento que você sonhar, hahaha.
Tom Sr, você é tão tapado que me dá raiva, achou mesmo que conseguiria conquistar o nosso tudo-de-bom-riddle com palavrinhas amáveis? Se ferrou, otário! (hahaha)
Infelizmente não prometo um amanhã, tenho que pensar no que farei agora. A história ficará bem drabble, disso eu já sei, mas preciso arrumar um final feliz, pow. o//
Um super beijinho, e até breve!