Mensagens escrita por WinnieCooper


Capítulo 25
Uma pergunta sem resposta




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Uma pergunta sem resposta

“Rony,

Você já acordou alguma vez com a sensação de que é um estranho neste mundo? Que as coisas simplesmente não se encaixam? Quero dizer, eu sei quem sou, o que fui e o que quero ser, tenho consciência que as coisas um dia irão mudar, mas sabe quando você está cansado? Cansado dessa vida que nunca muda?

Desculpa pelo desabafo no inicio eu só queria te contar como as coisas estão:

Aqui está tudo igual e isso é que o que está me enlouquecendo a cada dia.

Eu queria diversas coisas. Queria estar ai do seu lado te ajudando, pois sei que o que está passando não é fácil. Queria pegar uma “Chave de Portal” agora e ir para a Austrália e encontrar meus pais, eu mesma. Na maioria das vezes, eu só queria voltar a ser aquela garotinha de 11 anos, dentuça e com os cabelos esvoaçantes. 

Queria... Verbo no passado, nunca irá acontecer.

Quando eu deito de noite na cama querendo dormir, fecho os olhos e as lembranças surgem na minha mente. Lembro de ser uma sabe-tudo insuportável onde minha única preocupação era acertar sempre todas as respostas. Lembro de quebrar as regras sem pensar nas conseqüências quando fazia isso pelos meus amigos. Lembro de ter meus pais em casa simplesmente chamando meu nome. Lembro nas nossas brigas que me tiravam o sono. Lembro de ser eu mesma sem forçar nada.

Onde essas coisas simples foram parar?

Eu queria mesmo era deitar e dormir completamente sem precisar de poções para me acalmar. Preciso apreender a dormir de novo, acho que esse é meu maior problema, se fosse eu sua missão nessas “Mensagens” seu maior problema seria me ensinar a dormir de novo.

Não queria me sentir uma estrangeira dentro de meu próprio corpo. É possível eu viver aqui e meus pensamentos estarem bem longe deste lugar? Preocupada com meus pais e pensando em você o tempo inteiro. E essa angústia por notícias e tentar ter uma perspectiva de um futuro me corroendo por dentro.

           

            Às vezes eu só queria usar algum feitiço, ou alguma poção, ou qualquer outra coisa ainda não inventada pelos bruxos e simplesmente olhar alguma cena do meu futuro. Será que estarei com meus pais? Será que estarei na carreira que sempre sonhei? Será que os Elfos vão ser finalmente livres? Será que estarei casada e com filhos? Será que você vai estar lá? Se eu desse uma espiadinha que fosse, ficaria aliviada ou talvez preocupada, imagine se o cenário não for aquilo que sempre desejei?

Isso é o que me preocupa, minha vida agora: Cheia de expectativas. Sei que as coisas são piores quando imaginamos e esperamos demais por elas.

E lá estou eu imaginando o futuro. Como te disse: O futuro é agora e não no mundo dos sonhos, certo?

É bom viver, pelo menos é nisso que quero acreditar, e eu aqui nesse meu exílio particular, vejo pouca coisa, sinto tanta coisa. Vivo em constante briga com meu “eu” interno. Uma exilada em mim mesma.

Sei que toda essa carta vai te dar sono, e que você provavelmente não conhece algumas palavras do vocabulário que coloquei. Escrevi demais, porque estou sentindo coisas demais. No fim, se você conseguiu ler até agora, só quero que saiba que sinto sua falta, mesmo quando está comigo sinto sua falta. Isso é normal? Querer ter você o tempo todo comigo? Sei que é egoísmo querer te querer mesmo quando o físico me permite te ter.

Hermione”

Preciso pensar.

Não que eu não faça isso com muita freqüência. Olhe minhas missões cumpridas nesse jogo de xadrez maluco que entrei. Já salvei cinco pessoas pensando numa melhor solução. Mas isso se trata da Hermione.

Então eu preciso pensar.

Preciso responder á altura às palavras que li na carta dela, cada palavra perfeita que ela escreveu. Algumas desconhecidas, confesso, o que é “exílio”?

Enfim, fui para o jardim de casa e sentei num banco perto da garagem. Peguei pergaminho, pena e tinteiro. Vou tentar:

“Querida Hermione...

Querida?

Posso chamá-la de querida numa carta?

O que ela pensaria?

“Ele me chama de querida e nem tem coragem de me beijar”

Riscando o “querida”.

“Cara Hermione...

Cara?

Parece que não a conheço com esse “cara”, muito formal.

Riscando o “cara”

“Hermione,

Sei que não sou muito bom com palavras, na verdade não sou muito bom em muitas coisas, aposto que irá pensar que estou me subestimando (na verdade não sei o que isso significa, mas é que você sempre me fala isso, quando digo que sou inferior a maioria das pessoas, acho que significa algo parecido com isso).

Engraçado você falar que acordou com a sensação de que é uma estranha nesse mundo. Como assim uma estranha? Porque para mim uma pessoa estranha é aquela que ninguém tem sentimentos, ninguém sente falta, e que pessoa não teria sentimentos bons por você? Pois eu sinto. Não sei direto o que sinto, é diversas sensações que vem sempre que te vejo e te toco, sensações que não consigo descrever aqui. Mas eu sinto Hermione, e como sinto.

Bom, aqui as coisas estão até que mudando. Voltei a ajudar o Jorge nas “Gemialidades Weasley”. Acredita que a Angelina está nos ajudando? Os olhos do Jorge sorriem quando olham para ela, não sei que tipo de olhar é esse Mione, mas é o mesmo olhar que você lança para mim assim que me vê. Eu gosto desse olhar.

Eu duvido que se você fosse uma das minhas missões fosse tão simples assim: Fazê-la dormir, sem ter pesadelos. As coisas mais simples na maioria das vezes são aquelas que mais dão trabalho. Essa é uma das lições que levei de tudo isso que faço. Eu cheguei a pensar que abrir os olhos resolveria tudo, as coisas são muito maiores do que parecem ser.

O futuro é agora e não no mundo dos sonhos? Mais fácil falar do que realmente realizar. Eu queria que você soubesse tantas coisas, mas tantas. Queria que soubesse que me irritou desde a primeira vez que vi, com aquele seu jeito autoritário e mandão. Eu sei que nossa primeira conversa foi uma discussão, mas é isso que somos. Vozes ditas em voz alta no meio de todos em forma de: Rony e Hermione.

Já disse que sinto falta das brigas? Era nosso refugio particular. Era onde dizíamos que nos amávamos.

Amor?

Eu te amo.

Acho que nunca te disse isso, mas é o que sinto por você. Eu sei que devia te dizer isso olhando nos seus olhos, mas sabe que sou um covarde, não é?

Rony”

Pronto. Eu sei que não ficou a altura da carta dela e eu estou quase para tirar as ultimas frases do “Eu te amo”.

Melhor enviar antes que eu apague.

Amarrei o pedaço de pergaminho nas pernas de Pichí. A ave pequena ganhou altitude no céu. Fiquei a observando. De repente se curvou e desceu em alta velocidade.

Merlin! Será que Pichí não agüentou essa pequena viajem e sucumbiu a morte?

Minha pergunta foi respondida quando o vi entregar minha resposta a uma pessoa parada nos jardins de casa a poucos metros de distancia de mim.

- Hermione – saltei do banco que estava sentado e cheguei perto dela que estava desamarrando a carta que tinha acabado de enviar – O que está fazendo aqui?

Foi quando reparei nos olhos dela. Estavam vermelhos e molhados. Ela tinha chorado.

- Você está bem?

E então ela me encarou. Não agüentando mais me abraçou e começou a derramar lágrimas em mim desesperada.

- Rony estou com medo – disse em meio aos soluços.

Reparei na mão direita dela que segurava minha resposta com as palavras que havia acabado de escrever. O “eu te amo” estava lá. Não que eu não quisesse que ela soubesse o que eu sentia, lógico que quero, mas é que não esperava que ela soubesse ali na minha frente. Então num ato de coragem tirei o pedaço de pergaminho com minhas palavras da mão dela.

- Porque tirou a carta de minha mão? – ela perguntou esticando o rosto e me encarando.

- Ah... bom... – pare de gaguejar estúpido – eu havia te respondido... mas posso... posso te falar pessoalmente... é... o que aconteceu? – tentei desviar o assunto.

Ela suspirou esquecendo-se de me confrontar e disse:

- São meus pais. A auror acabou de me avisar que procurou em todas clinicas odontológicas de Sidney e não os encontrou. Estou com um aperto no peito. Sinto que algo aconteceu.

- Não fique criando teorias, isso só piora as coisas – disse a verdade que sabia.

- Eu sei, mas é que, e se...

- Não – a calei com meu dedo indicador sob seus lábios – Não pense nos “e se”.

Hermione enxugou o restante das lágrimas que haviam caído e me encarou um pouco mais confiante.

- O que tem escrito nessa carta?

- Nada de importante – menti descaradamente.

- Então me dê, ela é minha – ela tentou pegar de minha mão. Ergui o pedaço de pergaminho no alto afim que ela não alcançasse.

Enquanto eu e a Mione batalhávamos pelo pedaço de papel com palavras constrangedoras um barulho ensurdecedor veio da garagem.

- O que é isso? – ela me perguntou intrigada.

É o que quero saber também. Meu pai está trabalhando e ninguém além dele mexe nessa garagem. Eu disse: ninguém além dele.

Barulhos novos surgem, parecem coisas e mais coisas caindo no chão.

- Talvez tenha um animal lá dentro.

É o que quero que seja enquanto empunho a varinha com a Hermione atrás de mim fazendo o mesmo.

Seguimos a passos curtos em direção a grande porta entreaberta.

Vejo dois vultos, estão tentando passar pelas quinquilharias que caíram no chão. Um está segurando algo na mão e sempre leva a boca mastigando.

Não, não pode ser.

- Lumus – sussurrei.

- Não, Rony – implorou a Hermione.

Só um louco acenderia a varinha no escuro para revelar o lugar que está. Mas eu preciso saber quem são eles. Preciso ter certeza.

- Tu é um escroto mesmo, Miller – um diz – Olha ai! – ele aponta para mim – Nos descobriram!

- Eu disse pra você pra gente aparatar sem arrumar as coisas, mas não – o outro reclama.

- Olha aqui! Não é porque sou um “capanga” que vou ser destrutivo. Já disse que nosso lema é sermos civilizados.

Eu sorri largo. Esses dois são muito babacas mesmo.

- E ai Rony? – um deles diz assim que chegam perto da porta para saírem na luz do dia.

A Hermione olha para mim com os olhos arregalados. Sei que ela está tendo um monte de teorias na sua cabeça que não para de trabalhar.

- Beleza? – o outro me cumprimenta como se fôssemos amigos de longa data.

Eu sei que é estranho, mas é realmente bizarro reconhecê-los sem as máscaras de lã.

- Miller é você? – pergunto.

- Ahan – um rapaz de mais ou menos minha idade confirmou com a cabeça. Seus cabelos eram castanhos enrolados e seus olhos pretos.

- Marvin? – perguntei olhando para um rapaz de cabelos pretos e lisos e olhos da mesma tonalidade.

- Isso mesmo – confirmou sorrindo.

- Em nome da nossa velha amizade – Miller entrega o sanduíche que estava comendo em sua mão para mim.

- Valeu – respondo abalado. Ele não espera que eu coma, certo?

De repente me lembro claramente da ultima vez que os vi. As últimas palavras que deixaram no ar para que eu pensasse e que hoje me davam pesadelos.

- É mais alguma mensagem de “para o bem da humanidade”? – eu ri forçado.

- Não, Rony – o Miller ri – O que pensa que somos?

Duas pessoas assustadoras que dizem coisas sem nexo e me fazem ter pesadelos – respondi por pensamento.

- Na verdade não era pra você ter pego agente, sabe? – o Marvin explica – Mas já que nos encontrou.

- Rony – Hermione sussurrou do meu lado pegando no meu braço.

Ela me lançou um olhar indagador e eu logo identifiquei sua pergunta muda.

“Quem são eles, e como assim você os conhece?”

- Essa é a menina do dia que a gente te estuporou? – o Marvin pergunta na inocência.

Porque tinha que dizer isso em voz alta?

- Que história é essa, Rony? – ela perguntou abalada.

- Cadê o Ketchup? – perguntei tentando desviar da pergunta da Hermione.

- O Miller não come com Ketchup – explica o Marvin – Ele tem medo.

- Medo? – questiono sem entender.

- Ketchup é perigoso – Miller disse seriamente.

- Mas aquele dia que vocês me... – parei de dizer assim que notei o olhar cortante da Mione sobre mim – Bom, você estava comendo com Ketchup.

- Não era eu, era o Marvin.

- Ele é neurótico – disse o outro.

- Não me sacaneia! – Miller grita de repente.

- E quando é que te sacaneio maluco?!

- Tipo agora com esse “neurótico”.

- Você sabe o que significa neurótico? É tipo... – então o Marvin parou de falar não encontrando a resposta.

- Basicamente, neste caso, pessoa que fica preocupada demais com alguma coisa – respondeu a Hermione.

- Isso! – exclamou o Marvin – Mina inteligente essa sua, heim? – ele ergueu as sobrancelhas sorrindo para mim – Eu só disse a verdade, que você é muito preocupado com o Ketchup.

- E não é para estar? – Miller apontou para mim – Qual a cor da camisa do Rony?

- Branca – Marvin responde.

- Exatamente – grita com energia – Sabe o tanto que é difícil tirar uma macha de Ketchup de uma camisa branca? Ainda não inventaram uma poção capaz de fazer isso por completo.

Que ótimo! Os dois capangas que me fazem ter pesadelos são mais pirados que imaginei.

Um preza a civilidade e o outro a limpeza.

- O que estavam fazendo na garagem de casa? – perguntei fazendo-os se calarem da discussão que tinham por causa da minha camiseta branca.

- A gente conta? – Miller perguntou cúmplice ao Marvin.

- Acho que não tem problema – Marvin decide virando-se e me encarando – Precisávamos da peça de xadrez para a sua próxima missão.

Ele ergueu sorrindo no ar uma torre branca daquele meu jogo de xadrez que estava na garagem.

- Espera aí! - exclamei me dando conta de um novo fato – Toda nova missão vocês vem aqui pegar uma nova peça?

- É claro! – Marvin confirmou – Não pensou que a gente erguia a varinha e dizíamos simplesmente: Accio torre de xadrez.

De dentro da garagem veio voando uma torre preta do meu velho jogo de xadrez parando na mão do capanga de cabelos pretos.

- Funciona! – gritou olhando para o Miller – Teria nos poupado um trabalho enorme!

Hermione agora passava as mãos pelos cabelos nervosa. Não sei como ela está agüentando tudo isso calada.

- É melhor agente ir embora – Miller lembrou – E Rony – virou-se para mim – Já que nos descobriu.

Depositou em minha mão um envelope lacrado e duas torres (uma branca e outra preta) do meu tabuleiro de xadrez.

- O que está escrito na missão da Torre? – perguntei com o coração aos pulos.

- Não sabemos Rony – Marvin diz pacientemente – Só nos encarregamos de entregar as “mensagens”.

- Por favor, me digam quem está... – comecei a implorar, mas eles aparataram me deixando com a dúvida e aflição novamente.

Dei um chute com raiva na porta da garagem e olhei para a Mione que me encarava com os braços cruzados.

Sei que vou ser bombardeado de perguntas agora.


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Notas finais do capítulo

N/B: Sou a única aqui que começou a rir como maluca principalmente na parte de "Accio torre de xadrez"? Hahahahahahaha! Marvin e Miller! Amo esses dois! Os piores capangas do mundo, adoro eles s2
Ahh, finalmente cap novo e sem falar que lindo e engraçado.
Ahh, Rony! Deveria ter entregado a carta, seu tosco! Coisa mais linda e que está nas alturas da carta que Mione te escreveu!
Aquele foi um dos "Eu te amo" mais sinceros que já li.
Espero que estejam gostando porque eu AMEI esse cap. *-*

N/A: Então, sei que esse cap foi totalmente enrolação, mas espero que tenham gostado...
Agora eu só volto em Agosto mesmo (não me abandonem)...
Preciso dizer que faltam exatamente 7 capítulos para a fic acabar :’(
Quero desejar para vocês um lindo filme na próxima sexta-feira dia 15, que vocês chorem do começo ao fim... e dêem risada, e chorem de novo... É a última vez... Só eu estou triste com o fato de ser a última vez?
Como diz a música Days Of Summer do Musical A Very Potter Sequel: “Eu não quero ver você ir, Mas não é para sempre, não é para sempre! Mesmo que fosse, Você sabe que eu nunca deixaria isso me desanimar. Você é a parte de mim que me faz melhor, Onde quer que eu vá! Então eu vou tentar Não chorar - Mas ninguém precisa dizer adeus...”

Ninguém precisa dizer adeus ;)

Espero que tenham gostado...

Até agosto!

beijinhos