Mensagens escrita por WinnieCooper


Capítulo 10
Arrancando lágrimas




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Precisava de uma desculpa esfarrapada para visitar meu irmão em seu quarto, então as seis da manhã preparei um chocolate quente e fui levar para ele.

Toc toc toc

Bato na porta

Toc toc toc

Será que está dormindo?

- Entre – a voz do Percy dentro do cômodo respondeu.

Abri a porta e vi que meu irmão estava sentado numa escrivaninha com somente uma luz do seu lado acessa. A mesa estava lotada de livros.

Livros, livros e mais livros.

- Bom dia Percy – disse fechando a porta atrás de mim.

- Quem é? – ele perguntou escrevendo, sem olhar para trás.

- Eu o Rony.

- Bom dia, o que quer?

- Só vim trazer isso – coloquei o chocolate quente em cima da mesa em que ele trabalhava.

Ele nem sequer olhou para mim.

- Trazer o que? – ele perguntou batendo a mão sem perceber no chocolate quente o derrubando em cima dos livros e do pergaminho em que escrevia.

- Droga! – Percy levantou e me olhou pela primeira vez – Olha o que fez!

- Eu?

Ok! Ele estava conseguindo me deixar irritado.

- Eu não pedi chocolate quente – ele pegou sua varinha e começou a seca todo o liquido.

- Olha eu só quis ser legal.

- Eu estou aqui trabalhando, tentando achar uma solução, dando o meu máximo para ajudar todos nós e você...

- Está trabalhando por um bem maior como na época que nos deixou Percy? – joguei na cara dele.

Eu estava realmente furioso.

- Não, isso é diferente, eu estou...

- Não é exatamente igual! – gritei e sai do quarto.

Fechei a porta e a chutei nervoso.

É incrível como uma simples xícara de chocolate quente pode arruinar sua manhã.

Olho para o lado e vejo minha mãe me olhando calada como sempre.

Meu coração dispara de susto.

Fui para o meu quarto decidido.

Vou ignorar essa nova missão.

Está na cara que o Percy não quer ser ajudado.

Aliás, nem sei do que ajudá-lo.

Ele é de longe a pessoa daqui que menos conheço.

Naquela noite, no entanto, resolvo descarregar minha cabeça indo ao “Cinema de Lembranças”, afim de assistir o meu primeiro e único beijo com a Mione.

Fui tentar ser feliz uns minutos.

Quando entrei na garagem, porém, encontrei o lugar ocupado por um casal.

Um casal de jovens velhos.

Estão assistindo uma lembrança de ambos quando adolescentes.

Uma lembrança insignificante para mim.

Uma lembrança importante para eles.

Vejo meu pai acariciar os cabelos da minha mãe com aqueles olhos lacrimejados.

Os olhos lacrimejados que recebi.

Os mais importantes olhos lacrimejados.

Eu havia conseguido aquilo, recuperei a vitalidade de meu pai. Porque não conseguiria com o Percy?

No outro dia resolvo visitá-lo pela segunda vez.

Era agora ou nunca.

Desta vez não bato na porta, apenas entro e vejo meu irmão deitado na cama dormindo sobre um livro, seus óculos quase caindo de seu rosto.

Vou até a escrivaninha lotada de livros e encontro diversas anotações, gravuras, rabiscos.

Em cima, um papel na escrita do meu irmão:

“Como acabar com a dor?

Cortar o mal pela raiz.

Encontrar formas de fugir dela.

Usar o obliviate em si mesmo.

Acabar com sua própria vida.”

Merlin!

O Percy realmente estava precisando de ajuda.

Do lado vejo um pergaminho enrolado. Abro:

“Percy...

Ainda não posso acreditar que mudou tanto...Lembro quando renegou sua família se focando nos princípios que achava importante. Lembro de sua mãe lhe mandando cartas implorando sua volta, ou apenas uma visita no Natal, ou simplesmente uma resposta.

E você a ignorava...

Como está fazendo comigo agora e eu realmente não sei o motivo.

Estou cabulando meu plantão no St. Mungus, me tranquei em um armário para lhe escrever essas poucas palavras, esperando que você simplesmente as leia.

Não aguardo uma resposta sua... sei que ela não virá. Só quero que saiba que ainda o amo.

Audrey”

- Rony? – a voz rouca do meu irmão soou atrás de mim – Além de jogar chocolate quente, deu para mexer nas minhas coisas?

Ele estava furioso.

Eu sei que não é legal mexer nas coisas dos outros...

- Você é um monstro – gritei encarando o Percy.

Tive uma idéia maluca. Tomara que dê certo.

- Eu? – ele perguntou indignado.

- Sim você...Ficou anos sem falar com a gente, quase matou nossa mãe de desgosto, estava defendendo aquele ministério que apoiava no fim as idéias de uma sociedade pura.

- É mas eu era cego Rony – ele começou a se defender.

Ótimo! Estava conseguindo.

- Cego? É essa a desculpa que dá para si mesmo? A quem está querendo enganar? Gostava daquilo, sei que gostava.

- Não eu...

- Cala a boca! No fim decidiu pedir perdão para lutar na guerra. Não achou que era tarde? Chegou bem a tempo de ver o Fred morrer.

Ele ajoelhou no chão escondendo o rosto banhado de lágrimas.

- Eu sonho com o Fred morrendo em minha frente todas as noites.

Eu juro que não queria estar fazendo isso com o Percy. O que estava dizendo não era verdade.

Era a mentira em forma de culpa que meu irmão sentia sobre si mesmo.

- Eu estou tentando achar uma cura... – ele olhou para mim suplicando – Quero acabar com a dor...

- Cadê a cura? – perguntei fingindo uma falsa raiva – Quero rápido Percy! Sua família está morrendo não enxerga? Passou todo esse tempo longe da gente e agora precisa se redimir.

Ele começou a soluçar de tanto chorar, escondendo seu rosto entre os joelhos.

- Não demore – finalizei.

Sai do quarto batendo a porta atrás de mim.

Fiquei assustado comigo mesmo.

Como é fácil magoar as pessoas dizendo mentiras.

Falsas verdades criadas pela culpa.

Limpo uma lágrima que caiu de meus olhos.

Estava na hora da segunda parte do meu plano.

Estava na hora de salvar o Percy.


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Notas finais do capítulo

N/A: Ainda não consegui falar com minha beta...
Eu amo o Percy e acho que ele depois da guerra se sentiu culpado pela morte do Fred, afinal ele passou muito tempo longe da família e viu o irmão morrer na sua frente.
O Rony foi maldoso, mas tudo será explicado no próximo capítulo que é a solução do Percy ^^
Beijinhos e não me abandonem nesse Novo visual do Nyah.