Do lado de fora do quarto, o sol predominava fortemente no céu de Konoha. As pequenas crianças brincavam pelas ruas, deixando os adultos nervosos pelo barulho que faziam. A paz já se fazia presente há um bom tempo na Vila, apenas no coração de uma kunoichi que não.

Hinata estava em seu quarto, deitada olhando para fora da janela, questionando-se em pensamento, qual seria o motivo para Uzumaki Naruto não se interessar por ela.

Levantou-se, sentando-se na beirada na cama e passou a observar-se no espelho. Não, ela não era feia. Talvez apenas quem ela desejasse que olhasse de uma maneira diferente, estava cego para a beleza dela.

– Pare de pensar besteiras Hinata! Meu filho nunca que deixaria passar despercebida essa sua beleza única.

Assustada, Hinata não necessitou virar-se para trás, bastou olhar um pouco mais atrás de si no espelho para ver uma mulher sentada em sua cama.

Era uma mulher muito bonita, que ria com gosto. Com certeza deveria ser pela feição de estranheza no rosto de Hinata.

– V-Você é a...

– Sim, eu sou a mãe daquele homem por quem você se apaixonou quando ainda era apenas um garotinho.

A confirmação de Kushina fez Hinata levar seu olhar para chão. Mais uma vez a ruiva ria, dessa vez o motivo era a transformação do rosto da Hyuuga, de tão branco para um vermelho quase igual ao de suas madeixas.

– Ah Hinata... - Disse ela levantando-se de onde estava indo para mais perto da garota encabulada. - Só quem nunca percebeu isso é um baka. Sei que dizendo isso eu estou afirmando que meu filho é um, mas isso é porque ele não poderia puxar tudo da mãe, alguma coisa ele teria de ter do pai, concorda?

– Então a senhora quer dizer que o pai do Naruto-kun era um baka? - Hinata voltou a olhá-la, enquanto sorria divertida.

– Sem sombra de duvidas, ele foi o baka número um do mundo no passado, mas pelo que vejo logo Naruto tomará posse desse título. - Hinata parou de sorrir ou perceber que Kushina estava séria. - Você pretende deixar as coisas como elas estão Hinata?

– Eu já me declarei para ele. Quase morri para salvá-lo, não que esperasse receber algo em troca por isso, mas nem ao menos vir conversar comigo ele veio. Acho que não há mais nada que eu possa fazer. Às vezes penso que não deveria ter me declarado naquele dia, se não o tivesse feito, ainda teria pelo menos a amizade do Naruto-kun, pois nem isso eu tenho mais. - Respondeu tristonha.

– Se a montanha não vem até Maomé, Maomé vai até a montanha.

– Nani?

– Não fique aí sentada esperando uma atitude da parte dele, tome a frente da situação você!

– Mas e se ele disser que...

– Pelo menos você irá saber. É bem melhor do que ficar triste sem motivo algum. Vamos, arrume-se e vá conversar com meu filho.

– Agora? M-Mas eu...

– Mas nada! Agora! - Ordenou ela de uma maneira que Hinata não se atreveu a retrucar.

– H-Hai!

[...]

Naruto estava parado em frente ao Memorial Hogake. Olhava para o rosto de Minato. Se ao menos o pai estivesse ali para aconselhá-lo, seria tudo mais fácil. Fazia-se de forte e feliz na presença dos amigos, mas quando estava sozinho, sua máscara caía. Deixando a mostra sua face deprimida.

– Você sabe muito bem que pode dar um fim a essa tristeza quando quiser Naruto.

Aquela voz familiar fez o loiro virar sua cabeça para o lado. Sorriu surpreso, ao constatar a presença do único que poderia ajudá-lo naquele momento.

– Como você...

– Não pergunte como. Eu apenas não aguentava mais te ver dessa maneira, filho. Se bem que você parece gostar de sofrer, porque poderia ter dado um fim nisso há muito tempo se quisesse.

– Há tempos atrás seria diferente, muito tempo se passou pai, ela pode não me amar mais. Eu fui um baka em não ter dito nada a ela depois daquela declaração.

– Eu duvido que os sentimentos dela em relação a você tenham mudado. - Minato colocou sua mão sobre o ombro do filho, fazendo o mesmo encará-lo. - Mulheres não assim filho, não mudam de sentimento de uma hora pra outra, diferente de alguns homens, não é mesmo?

– Mas eu não mudei de sentimento pai, apenas me dei conta de que o sentimento que sinto pela Sakura-chan não é o que eu pensava. E demorei a perceber como a Hinata-chan mexe comigo de uma maneira diferente...

– Pode continuar filho. Eu quero saber de que maneira ela mexe com você.

Naruto desviou os olhos do pai, pois estava corado.

– Bom... É que ela é diferente... Quando eu era pequeno, achava estranho o jeito que ela agia quando estávamos próximos, mas depois de crescidos eu comecei a gostar daquilo que antes achava estranho. Todas as vezes que estava perto dela, sentia algo diferente, só não sabia o que era. E depois de tudo o que ela fez por mim e daquela declaração, eu finalmente consegui notar a diferença entre o que eu sentia pela Sakura-chan e pela Hinata-chan.

– Então agora que você sabe a diferença, vá até a Hinata e converse com ela. Como já lhe disse, duvido que os sentimentos dela tenham mudado.

– É pai, você tem razão! Vou ir atrás da Hinata-chan agora mesmo e dizer que eu a amo! - Disse Naruto animado e sorridente, mas ao virar-se e se dar conta de quem estava parada o observando, ficou sério. - H-Hinata-chan?

– N-Naruto-kun me desculpe... - Ela estava corada, pois havia escutado as últimas palavras do loiro. - Me falaram que você estava aqui e... E-Eu gostaria de falar com você.

Com alguns passos, o loiro aproximou-se dela, tomando posse de uma de suas mãos.

– Eu também tenho algo pra falar, Hinata-chan, algo que eu deveria ter dito há muito tempo, mas estava com medo da sua reação.

Ela engoliu a seco, estava nervosa. Havia esperado tanto por aquele momento e agora que estava ali, o vivendo, sentia seu corpo mole. Iria acabar por desmaiar e estragar tudo.

– D-Diga você primeiro Naruto-kun. – Juntou toda coragem e força que possuía dentro de si para falar. O encarava, olhando-o nos olhos embora fosse algo difícil de se fazer para alguém como ela. Mesmo em meio a dificuldade, sentia-se feliz por fazê-lo, como era bom a sensação de se perder naqueles olhos azuis aquela curta distância.

– Eu não sei por onde começar, mas eu já deveria ter dito isso há muito tempo, então não vou ficar com delongas. Não tive coragem de conversar com você após a sua declaração Hinata-chan, por isso eu gostaria de saber se você ainda me ama.

Não era necessário o uso do Byakugan para enxergar o medo e receio de uma resposta negativa nos olhos de seu amado. Isso fez com que um sorriso bobo se forma-se no rosto de Hinata.

– Eu te amo Naruto-kun, sempre te amei e para sempre irei te amar. Como pôde pensar que esse sentimento pudesse sumir de uma hora para outra? – Esforçou-se ao máximo para deixar de lado a sua timidez, ela apenas iria atrapalhá-la naquele momento. Levou sua mão até o rosto de Naruto, acariciando-o delicadamente.

– Me perdoe por não ter falado nada antes Hinata-chan, imagino o quanto eu lhe fiz sofrer por isso. Mas eu também sofri por não ter coragem de falar com você. – Repetiu o ato de Hinata, a acariciava da mesma maneira, enquanto seu rosto, como se estivesse sendo atraído por um imã ia aproximando-se cada vez mais do dela. – Não quero desperdiçar mais nem um segundo Hinata-chan, se você me ama e eu te amo nada mais certo do que vivermos esse amor, concorda? – Perguntou, não dando muito tempo para ouvir uma resposta, já sentindo seus lábios se encostarem aos dela.

Ela nada disse, apenas assentiu gesticulando um sim com a cabeça. Nenhuma palavra mais se fazia necessária, e como seus lábios já estavam colados o que mais eles poderiam fazer além de se beijar? As bocas dos dois moviam-se lentamente uma sobre a outra em uma sincronia única, deles. Lábios que se movimentavam tentando expressar através daquele beijo, todo o sentimento guardado que ambos tinham um pelo outro. Aquele fora o beijo pela qual Hinata ansiava desesperadamente tanto tempo, o beijo com o qual Naruto sonhava todas as noites.

– Vejo que fez a sua parte muito bem. – Falou Kushina.

– Você também não se saiu nada mal, querida. – Como sempre Minato estava sorridente, envolveu a mulher em seus braços.

– Eles não formam o casal mais bonito do mundo?

– Não. Eles formam o segundo casal mais bonito, nós sempre seremos o primeiro!

– Baka! – Falou abraçando-o fortemente. Encostou sua cabeça sobre o peito dele, sorrindo de maneira abobada.