E se Fosse Real? escrita por Ina sama


Capítulo 35
Capítulo 34: O Cometa Hoshi (FINAL)


Notas iniciais do capítulo

E para a alegria do povo e felicidade geral da nação, digam ao povo que A TIA INA TÁ DE VOLTA, BEBÊS!!!

Caramba. Último capítulo. Eu sabia que esse dia chegaria. Ta até batendo uma dorzinha no kokoro, sniff sniff.

(Acharam que eu ia largar de mão, né, bobinhos? Eu disse que ia voltar pra terminar sabagaça, não disse?)

Nossa, foi muita treta, muito choro, muitos momentos kawaii, muitos reviews, recomendações, votos, muito tudo. Isso aqui tá uma droga, mas é o melhor que eu posso fazer no momento. Enfim, Vamos à leitura!



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—Como você sabe meu nome? Quem é você, -ttebayo? – O loiro perguntou, franzindo o cenho para a mulher a sua frente. O sorriso dela era paciente e gentil, tendo a cabeça ligeiramente inclinada enquanto o encarava de forma profunda. Ela arriscou um passo em direção a ele, mas o movimento de Naruto foi imediato, erguendo os braços em frente ao corpo, afastando as pernas e flexionando os joelhos. Ele estava em modo de defesa. A moça fechou os olhos e suspirou profundamente, permanecendo em silêncio por um momento antes de falar.

—Entendo que esteja sobressaltado. Mas não lhe desejo nenhum mal. – O tom de voz era calmo e reconfortante. – Eu só vim alertá-lo. Em breve terá de fazer uma escolha. Terá de decidir se continuará no fluxo deste mundo... Ou do outro. – A expressão do loiro suavizou-se ao ouvir as palavras, tornando-se uma máscara de surpresa. Como ela poderia saber sobre aquilo?

—Como você sab...? – Ela ergueu um dedo, impedindo-o de terminar.

—Você saberá na hora certa. – E sorriu. Naruto aprofundou a carranca que fizera, sacudindo a cabeça em tom de negação. O corpo da mulher começou a brilhar, desfazendo-se em luz. Ao perceber que ela estava indo embora, ele estendeu a mão em uma tentativa de alcançá-la, mas sua interlocutora já se esvaíra em luz branca. Naruto ficou parado perto do ponto onde ela desaparecera, tentando achar algum nexo em suas palavras. Quem era aquela pessoa? O que ela queria dizer com aquilo?

Seus pensamentos foram interrompidos por Shikaku, que pousou suavemente ao seu lado no telhado. O loiro se surpreendeu ao vê-lo, levantando a mão em um cumprimento sem graça. Afinal, ele ainda estava perplexo.

—Shikaku-oosan! O que você tá fazendo aqui? – Ele sorriu, mas este se desfez assim que o loiro prestou maior atenção ao semblante maculado do moreno. Shikaku estava tenso. Parecia apreensivo e um tanto zangado? Naruto se sentiu ainda mais perdido quando o Nara falou.

—Naruto, o Hokage requisita sua presença. Acompanhe-me à mansão imediatamente.

—Eu não entendo. O que tá rolando, tio?

—Você entenderá quando chegarmos lá. – O Nara respondeu em um tom controlado. Naruto deu de ombros e o seguiu, curioso para saber o que seu pai queria.

O clima estava pesado quando os dois chegaram ao gabinete do Hokage. Assim que a porta se abriu, a cabeça de Minato, que estava sentado em sua cadeira tentando organizar os pensamentos, levantou para acompanhar o movimento tão rapidamente que o pescoço chegou a estalar. Kushina estava de pé ao lado dele, encarando o vazio. A cor parecia ter sumido completamente dos rostos do casal.

—Naruto. Entre, por favor. – Pediu Minato educadamente, gesticulando para que ele adentrasse a sala. Shikaku deu um passo para o lado, liberando o caminho para o jovem passar. O loiro mais novo encarou o pai com uma expressão confusa, se perguntando o motivo de tanta seriedade.

—O que tá rolando, -ttebayo?

Minato entrelaçou os dedos, olhando profundamente naqueles olhos tão iguais aos dele. O jovem sentiu-os penetrando profundamente em sua alma, em seus pensamentos. Aquilo o deixou inquieto.

—Naruto, você lembra que há uns meses eu te designei para uma missão no País do Barro? Eu gostaria que você me dissesse o que houve durante aquela missão. – O tom de voz de Minato era calmo, como esperado do pai. Mas havia algo nele. Algo errado. Naruto não lembrava daquela missão porque não havia participado dela. Aquilo fora antes do Cometa. Antes daquilo tudo começar. Tudo o que ele sabia era que ele havia liderado um time pra conter uma bomba e parece que os pais estavam bem preocupados se ele voltaria vivo.

—E-eu não lembro direito, -ttebayo. É tudo meio confuso... – Ele coçou a bochecha, desviando o olhar enquanto tentava formular uma resposta. Kushina, que estivera calada até então, cerrou o punho e bateu na mesa, fazendo um buraco perfeito na madeira e espalhando pela sala a papelada que estivera organizada segundos atrás em pilhas perfeitas. Minato sobressaltou-se e Naruto deu um pulo para trás. Os olhos verdes faiscavam de fúria, e o rosto antes lívido fora tomado por uma cor avermelhada.

—NÃO MINTA PARA NÓS! QUEM É VOCÊ, DATTEBANE?! O QUE FEZ COM O NOSSO FILHO?!!

Os olhos de Naruto se arregalaram.

—O QUE? Que raio de pergunta é essa, okaa-chan? Eu sou o Naruto!

—VOCÊ NÃO É O NOSSO NARUTO! – Lágrimas escorriam dos olhos dela enquanto ela berrava. Naruto estava aturdido. Eles haviam descoberto? Como ele poderia explicar o Cometa e toda aquela história?

—Kushina, acalme-se. – Minato disse calmamente. Shikaku, que havia desaparecido da sala, voltou trazendo a maca onde o embrulho trazido do País do Barro se encontrava. O Hokage prosseguiu. – Dois sobreviventes da missão relataram o que aconteceu durante ela: ao que parece, o líder do esquadrão, Uzumaki Naruto, se sacrificou pelo time, penetrando as defesas do inimigo para detonar a bomba dentro da fortaleza. Eles trouxeram algo com eles durante a viagem. – Minato gesticulou para o embrulho na maca. Naruto, curioso como era, aproximou-se. Mas o que vira era difícil de acreditar. E explicava perfeitamente a reação deles.

Era ele. Era o corpo dele.

Metade do corpo estava queimado, e a outra metade já exibia um estado inicial de putrefação. A pele azulada e sem vida fez o estômago do loiro menor se retorcer. Ele cobriu a boca com a mão, para refrear a ânsia de vômito. Shikaku cobriu o corpo com o lençol e voltou pelo caminho de onde veio. O rapaz podia sentir o olhar fuzilante da mãe em sua nuca e se virou para o pai, que abandonara a expressão neutra. A mágoa nos olhos de Minato e as lágrimas de Kushina o despedaçaram por dentro. Era isso. Ele tinha de dizer a verdade.

—Quem é você? O que ganhou se fazendo passar por nosso filho todo esse tempo? Informação? Você é um espião de outra vila? Diga logo por que eu não deveria te submeter a uma seção de interrogatório para arrancar a verdade de você?! – O tom do Relâmpago Amarelo começou a ficar exaltado. Ele levantou em um pulo, batendo com as palmas das mãos na mesa com um baque surdo. O jovem recuou um passo. Ele estava acuado.

—Otou-chan... Okaa-chan...

—NÃO NOS CHAME DESSE JEITO! QUEM É VOCÊ?!!! – Bradou Kushina, faiscando de raiva. Naruto respirou fundo. Era isso. Hora da verdade.

—Eu sou Uzumaki Naruto. Eu...

—MENTIROSO!! – Rosnou a ruiva, começando a avançar contra ele. Minato segurou-a pelo ombro, dando espaço para o garoto terminar.

—Prossiga. – Disse o Hokage. Naruto respirou fundo.

—A história pode parecer meio louca. Acreditem, eu também não acreditei. Achei que isso tudo era um sonho, -ttebayo. – Ele deu uma risadinha sem graça. Eles acreditariam na verdade? Ele tinha que tentar. Ou isso ou sua mãe o faria em pedacinhos. Ele suspirou. – Eu sou Uzumaki Naruto. Mas de algo vocês estão certos. Eu não sou o Naruto que vocês criaram. Eu vim de um lugar, uma dimensão, sei lá, em que vocês morrem no dia do meu nascimento. A raposa foi libertada da mamãe e atacou a vila. Vocês dois morreram para selá-la. Em mim. – Ele tocou a própria barriga, onde o selo da Kyuubi se encontrara. – Eu cresci sendo odiado pela vila inteira. Nunca tive ninguém por perto para me mostrar amor ou carinho. Nunca tive vocês dois ao meu lado. Eu cresci. Adquiri amigos e fiquei mais forte. Ganhei respeito. Para um garoto que era desprezado, até que eu consegui tudo... – Lágrimas começaram a se formar nos olhos dele. A agressividade da mulher foi se esvaindo conforme ele falava. Os olhos de Minato se tornaram mais suaves. – Menos o que eu sempre quis, -ttebayo. Eu queria uma vida normal. Queria saber como era ter pais lá para mim. Queria saber como a minha vida seria se vocês estivessem ao meu lado. Por isso, eu desejei ao Cometa Hoshi que vocês estivessem vivos. E eu fui transportado para cá. Essa história pode parecer bem louca. Mas é a verdade, -ttebayo.

O casal se entreolhou surpreso quando ele terminou de falar. O olhar do loiro menor, cheio de dor, buscou o dos dois, tentando, com apenas aquele contato, fazer com que acreditassem na verdade. O punho de Kushina relaxou e ela abaixou os ombros, retirando a tensão a que eles estavam submetidos. Sua expressão suavizou-se.

—O Cometa Hoshi, você disse?

—Sim. – Naruto assentiu. Por um instante as expressões de Minato e Kushina se tornaram sombrias, ficando indistinguíveis nos dois segundos seguintes. O jovem começou a se preocupar enquanto eles se entreolharam, permanecendo por um longo tempo em silêncio. A seriedade no olhar do casal fazia borboletas voarem em seu estômago e suas glândulas sudoríparas mostrarem toda a sua potência. Ele sentia os dedos das mãos e dos pés gelados, como se a expectativa sugasse o calor de seu corpo, começando pelas extremidades.

Minato, depois de um longo tempo, tornou a olhar nos olhos azuis tão idênticos aos seus.

—O dia em que recebemos o relato da missão foi o mesmo em que o Cometa passou. De acordo com Kenji e Yoshiro, Naruto havia se sacrificado pelos demais. Nós ficamos arrasados. – Ele abaixou o rosto para olhar para suas mãos. Aquilo era uma espécie de sinal de culpa. Se Minato não houvesse mandado ele para aquela missão, seu filho ainda poderia estar vivo. Este foi o pensamento que passou por sua mente no dia. Os punhos do Hokage cerraram-se, assim como os olhos. Kushina pôs a mão no ombro do marido. Reviver o terror daquele dia, o que eles sentiram com aquela notícia... – Em nosso desespero, nós oramos à estrela que trouxesse nosso Naruto vivo. A lenda dizia que se você orasse ao cometa com fé suficiente, seu pedido seria atendido. Eu não acreditava muito nisso. Mas foi um ato de desespero. – Ele suspirou, tomando um pouco de ar antes de continuar. Naruto sentiu-se mal por tê-los feito passar por toda aquela agonia. Mesmo que não tivesse sido ele realmente, um Naruto fora responsável por aquilo. – E então, como mágica, nosso filho apareceu a nossa porta. Nós nos sentimos aliviados, mas ele estava muito mal, muito ferido. Como se fosse desaparecer a qualquer momento. Não parava de dizer que sentia muito, que nos amava e que não se arrependia de nada... – A voz do loiro mais velho começou a ficar embargada. Seu rosto fino se contorceu enquanto lágrimas silenciosas escorreram por seu rosto. O semblante da esposa era, assim como o dele, uma máscara de tristeza. – E então, na manhã seguinte ele acordou tão cheio de energia... Tão cheio de alegria... Parecia um milagre. Um verdadeiro milagre. – Minato sorriu tristemente, encarando o filho com os olhos marejados. – Aquele Naruto que acordou... Aquele que esteve conosco todo esse tempo... Era você, não era?

Naruto assentiu, sentindo um nó na garganta. Quando falou, sua voz saiu trêmula por causa das lágrimas.

—Me desculpem. Eu realmente sinto muito, -ttebayo. – Ele limpou o rosto com a manga da camisa, tentando refrear as lágrimas. Os soluços vieram logo em seguida, e Kushina andou calmamente até o rapaz, pousando uma mão no seu ombro. Isso piorou os soluços do loiro, embolando as palavras que saíam de sua boca. – Eu tentei... Eu tentei tanto contar a vocês. Mas eu estava tão feliz... Tão feliz que eu simplesmente... – Ele ia continuar, mas um abraço repentino da mãe o calou. O rapaz retribuiu o gesto, apertando-a com força contra si. E finalmente, chorou com todo o coração. Minato contornou a mesa para se juntar aos dois. – E-seu s-s-sinto muito, -tt-ttebayo! Eu... Eu..

—Nós te amamos, Naruto. Estamos felizes por você ter entrado em nossas vidas. – Respondeu a mulher calmamente, apertando ligeiramente o corpo do rapaz. A história do jovem era absurda. Mas havia algo nele que dizia que ele não estava mentindo. Chorar daquela maneira, chorar toda a sua alma, não era sinal de um mentiroso. Espiões eram frios demais para aquilo. Como um espião poderia ter enganado eles durante todo aquele tempo? Como um espião poderia ter a mesma energia, a mesma alma contagiante, o mesmo sorriso e brilho no olhar que seu amado filho? O melhor ator do mundo não poderia reproduzir aquilo que ele tinha. Por mais que se pudesse imitar um gesto, um tique, uma maneira de falar, não era possível reproduzir uma alma. Não por tanto tempo.

Ela sentiu-se mal por duvidar dele a princípio. Por mais louco que fosse, aquele era sim seu querido menino. E todo aquele tempo que passaram juntos fora resultado de um milagre. Os dois abraçaram-no com força, não querendo nunca mais soltar aquela pessoa que tanto amavam.

—Então o onii-chan não é o onii-chan... E é o onii-chan? – Touya perguntou, piscando os olhos. Aquilo era muita informação para sua cabeça. Naruto riu, esfregando a nuca de maneira encabulada.

—É, tipo isso, -ttebayo.

—Você poderia ter nos contado tudo antes, Naruto. – Resmungou Yuuki, fazendo uma carranca. – Mas por que você contou para a Hinata e nos deixou no escuro?

—É o amor, Yuuki-san. – Sakura piscou, esbarrando em Sasuke ligeiramente com o ombro. – Namorados precisam ter confiança um no outro. – Sasuke sorriu levemente, enfiando as mãos nos bolsos.

—Eu acho que a minha namorada está certa neste caso.

Houve muito poucas vezes em que o apartamento dos Namikaze estivera tão cheio. O time 7 estava presente em sua plenitude, assim como os times 8, 9 e 10. Jiraya, Tsunade e Iruka também se encontravam ao redor da mesa, onde os os 5 membros da família estavam sentados. Hinata pousou uma mão sobre o ombro do loiro menor enquanto os outros absorviam a história. Guy e Lee choravam.

—I-isso foi t-t-tão to-tocante, Naruto-kun! – Soluçou o sobrancelhudo mais novo. Guy o acompanhou.

—Isso mesmo. Essa determinação... Essa paixão... É a FORÇA DA JUVENTUDE!! – O professor exclamou empolgado, empertigando-se em uma pose estranha junto com seu fiel aluno e companheiro. Neji e Tenten esconderam os rostos, cheios de vergonha. Kakashi suspirou, mantendo a mesma expressão entediada de sempre.

—De qualquer forma, fico feliz que esteja aqui conosco, Naruto. E a salvo. – O garoto abriu seu melhor sorriso colgate.

—Obrigado, Kakashi-sensei!

—Bem, eu acho que isso explica por que o garoto tem estado tão esquecido nesses últimos meses. – Jiraya cruzou os braços, sorrindo de canto. O loiro menor não podia se conter de felicidade. Ele poderia ter dito a verdade bem antes. Assim não ficaria carregando a culpa.

Mesmo que ele não fosse o Naruto que eles todos conheciam, ele ainda era o mesmo. O tempo que passou com eles naqueles meses só serviu para fortalecer os laços com seus amigos, mentores e parentes. Eles o reconheciam e amavam apesar de tudo. O fato de que aceitaram bem rápido o que havia acontecido deixara o loiro aliviado. Afinal, é como se Naruto nunca os tivesse deixado. E o loiro sabia que se passasse por uma situação daquelas, não faria diferente do seu sósia. Ele havia morrido fazendo a coisa certa.

Claro, não era a mesma coisa. A verdade deixaria as coisas um pouco estranhas, mas eles iriam se acostumar. Mesmo que estivesse se passando por seu eu daquela realidade, ele fora honesto quanto a quem era. Não mentiu e nem enganou. Isso tornaria tudo mais simples dali para frente. Tudo o que ele precisava era de mais tempo. Só mais um pouco de tempo...

—O tempo acabou. – Uma voz interrompeu as risadas, o som das conversas paralelas e o movimento que o número grande de pessoas em um espaço pequeno produzia. Ele se levantou bruscamente da cadeira e piscou, olhando confuso ao redor. A cena parecia paralisada, como se fosse congelada no tempo. A moça de cabelos brancos estava parada no meio da sala, olhando para ele com aquela mesma expressão paciente. – Olá, Naruto.

—Você de novo? O que fez com eles?! – Ele rosnou, colocando-se em posição de ataque. Ela sorriu, abrindo os braços.

—Eu apenas nos dei um pouco de privacidade. E vim dizer que seu tempo se esgotou. Lembra que eu te disse que teria de fazer uma escolha? A hora é agora.

—Que escolha? Do que está falando?

—Se ele vai ficar aqui. Ou vai retornar para o seu mundo. Seus amigos estão preocupados contigo. – Ele arregalou os olhos. Então ele estava mesmo em outra realidade. E enquanto estava ali, seus amigos sentiram sua falta. Ele os preocupara. Ele os abandonara. A culpa formou um nó em sua garganta.

—Quem é você? Como sabe de tudo isso, dattebayo?

Ela sorriu, levando a mão ao peito e se curvando em um gesto teatral. O kimono inteiramente branco acompanhado da palidez de sua pele e cabelos faziam a moça parecer um fantasma. O brilho suave e etéreo que ela emitia não ajudava em nada a apaziguar essa impressão.

—Eu sou o Cometa Hoshi. Ou pelo menos, o espírito dele.

—Oi? Você é o Cometa? – Naruto piscou. Aquilo não fazia muito sentido. A jovem assentiu.

—Por séculos eu tenho observado os humanos, ouvindo os pedidos mais desesperados de seus corações. Cada evento, cada coisa que poderia acontecer, acontece em um universo. A realidade não segue uma sequência linear, mas toma diversos caminhos que são resultantes das escolhas ou desfechos de cada segundo. Eu tenho poder sobre estas dimensões. Sobre diferentes linhas do tempo. Com o meu poder, eu posso conceder desejos aos humanos que rezam para mim com todo o coração. Aqueles com os apelos mais desesperados, emocionados o suficiente para me comover serão atendidos. Meu objetivo é garantir a felicidade daqueles que acreditaram em mim. – Ela sorriu gentilmente. – Garantir a felicidade de pessoas como você, Naruto. Junto com o apelo de seus pais, você fez o seu. Eu dei a eles o que eles mais queriam e a você também, já que não poderia mais fazer nada pelo Naruto daquela realidade. Ele já fora uma vítima de sua própria escolha. Um herói.

—Entendo... Mas tem uma coisa estranha nessa história. Tipo, o eu desta linha do tempo morreu na explosão, certo? Mas meus pais disseram que ele voltou pra casa ferido. Como isso pode ter acontecido? – Um sorrisinho torto apareceu nos lábios da Estrela.

—Eu não sei. Responda-me, é possível para você estar em dois lugares ao mesmo tempo? – Uma sobrancelha erguida da moça e aquela sentença fizeram com que tudo se tornasse claro para ele.

—Um bunshin! – Ela assentiu.

—Sim. Ele também fez um pedido naquele dia. Ele me pediu para dar-lhe uma oportunidade de dizer o quanto sua família era importante para ele. Ele queria que eles soubessem que ele os amava. Em um último esforço, Naruto concentrou todo o seu chakra para criar um último clone. Este clone voltou para Konoha rapidamente, para dizer aos pais o que havia acontecido. É claro, houve um pouquinho de ajuda de minha parte para manter o bunshin inteiro até lá. Naruto o manteve até o meio da noite, enquanto o bunshin estava a salvo aqui em sua casa e seus pais estavam dormindo. Dizem que quando um kage bunshin é destruído, o usuário absorve todas as experiências que ele passou. Durante a noite, Naruto desfez seu bunshin e então, só então, ele faleceu, levando consigo seu último desejo realizado. – Naruto sentiu a garganta seca, o estômago com uma sensação estranha devido à tristeza. – Toda esta conjuntura possibilitou que você estivesse aqui. Mas agora, não posso perturbar mais as linhas do tempo. Elas precisam seguir um fluxo. Se você resolver voltar, seus amigos esquecerão de sua presença aqui. Lembrarão somente do Naruto desta dimensão, que se perdeu entre os destroços da base inimiga. Se ficar, seus amigos ficarão sem você em sua linha do tempo. Escolha sabiamente.

Naruto sentou-se novamente na cadeira, analisando toda a situação. Em um gesto de tristeza ele confessara à estrela seu desejo mais profundo, que lhe fora atendido. Ali ele conseguira tudo o que mais profundamente quis. Em sua linha do tempo, em sua casa, ele teve que batalhar arduamente para conseguir chegar ao lugar onde estava. Porém ele perderia a todos aqueles que ele reencontrou neste doce sonho.

A vida que ele sempre quis e a vida que ele conquistou. A escolha era injusta. As palavras da Estrela martelavam em sua cabeça, tentando levá-lo a tomar uma decisão. De repente, uma luz veio a sua mente. Sim. Aquilo era o que ele queria.

Ele levantou-se, com um olhar determinado.

—Eu tomei minha decisão. Mas antes, eu gostaria de te pedir um favor.

A Estrela assentiu. O pacífico firmamento estrelado que cobria Konoha permaneceu indiferente aos eventos daquela noite. O tecido da realidade foi manipulado pela última vez naquele universo, resultante da escolha feita pelo coração de Uzumaki Naruto.

 

...

 

—Hinata! – Sakura corria ao ver a amiga sair da costureira, carregando consigo a capa de Naruto que só naquele momento ficara pronta. A azulada sorriu para a rosada, parando para cumprimentá-la. A rosada trazia a tiracolo uma menina de cabelos muito negros, olhar arrogante e óculos vermelhos.

—Oh, olá, Sakura, Sarada. Estão indo para a cerimônia? – A garota assentiu. Sakura respondeu, com um sorriso radiante nos lábios.

—Sim. Naruto deve estar bem nervoso, né? Não é todo dia que se vira Hokage. Aliás, onde ele está?

—Está em casa, se preparando. Eu vou levar a capa para ele e iremos todos juntos.

—Entendo. Nos vemos lá então.

A rosada e a moreninha se despediram da azulada, que rumou para sua casa. Assim que Hinata adentrou o local, ela pode ouvir a voz grossa do marido brigando com as crianças.

—Boruto! Himawari! Parem já com isso, dattebayo!!

—Mas otou-chan, ela quer me fazer carregar isso por aí! Eu não quero levar, dattebasa!

—Onii-chan é mau. Eu quero levar o ursinho, ele é fofo!

—Parem com isso, droga! Anda, me dá isso aqui. – Naruto gritou, tentando arrancar o ursinho que estava sendo usado como um cabo de guerra entre o loirinho e a azulzinha. Hinata parou no arco que dava para a sala para espiar a cena.

—O que está havendo aqui?

—Hina-chan! Me ajuda! – O loiro mais velho choramingou, lançando um olhar desesperado à esposa. Hinata sacudiu a cabeça, entregou-lhe a capa e pegou o ursinho da mão das crianças.

—Eu levo o ursinho. Assim está bom? – Ela sorriu para os dois, arrancando um sorriso radiante da baixinha e um muxoxo de Boruto. Naruto riu, vestindo a capa feita sob medida para ele.

10 anos haviam se passado desde então. Hinata e Naruto casaram-se, gerando duas crianças desta união. A cerimônia de posse dele como Hokage aconteceria em meia hora, então a família tinha de se apressar.

Assim que todos ficaram prontos, o quarteto se dirigiu à mansão do Hokage lentamente, cumprimentando as pessoas que passavam. O casal andava de mãos dadas, um pequeno contato físico para gerar conforto ao loiro naquele dia tão importante. Encontraram um crescido Konohamaru à porta da mansão, que os recebeu com um largo sorriso.

—Naruto-niichan! Pronto para o seu grande dia? Todos já estão te esperando.

—Oe, Konohamaru! Cadê os outros?

—Moegi e Udon já estão no meio da multidão, assim como o sensei. Hokage-sama tá no escritório, esperando por você.

—Ta, avisa pra eles que eu já to indo. – Naruto depositou um beijinho na bochecha da esposa, que foi na frente junto com as crianças para o terraço. O homem pegou um caminho diferente, se dirigindo ao escritório do Hokage. A porta estava entreaberta, então ele foi entrando, murmurando um “sumimasen” baixo. O Hokage estava de costas para ele, contemplando a janela que dava vista para o morro das estátuas. Acordado de seus próprios pensamentos pela entrada de Naruto, ele se virou para encarar com emoção e orgulho aqueles olhos similares aos seus.

—É o seu grande dia. Está nervoso?

—Um pouco. Como ela está? – Os dois sabiam exatamente a quem ele estava se referindo. Os sorrisos tão idênticos desabrocharam no mesmo instante, parecendo, por um momento, cópia um do outro.

—Uma pilha de nervos. Está pra lá e pra cá tagarelando a todo tempo. Yuuki a levou para o terraço para se juntar aos outros. – As rugas de expressão não apagavam a jovialidade do rosto de Minato. Mesmo velho, o Relâmpago Amarelo ainda brilhava. Naruto caminhou até o pai, que depositou uma mão em seu ombro. Os dois se encararam por alguns segundos, antes que uma voz à porta cortasse ao silêncio.

—Então, eu deveria te chamar de Godaime-sama agora? – O olhar dos loiros seguiu a voz, caindo sobre a jovem que folgadamente tinha os braços cruzados e o ombro apoiado ao encosto da porta.

Os cabelos longos e carmesim desciam pelas costas, presos em um rabo de cavalo. Um vestido verde claro era sua vestimenta, assim como meias de renda e sandálias ninja pretas abertas. Um cinto cinza atava sua cintura, e o símbolo da vila se encontrava na luva longa esquerda, do mesmo tecido do vetsido. Um sorriso genuíno e travesso iluminava o rosto fino de Touya.

—Eu acho que seria bom um pouco de respeito, dattebayo. – Naruto sorriu enquanto ela se aproximava, pronta para dar-lhe um forte abraço.

—Se é assim, acho que vou ficar com onii-chan mesmo. Se eu te chamar de Godaime-sama, você vai ficar muito convencido. – O loiro riu, erguendo uma sobrancelha.

—Você é irritante, sabia?

—E você é velho. Praticamente um ancião. Mas acho que você já sabe, né? Te falo isso há 10 anos.

—Ha! Pestinha. – Naruto fez uma careta. Já havia dez anos desde sua vinda para aquela realidade. Para aquele sonho. Sua vida ali fora difícil. Mas pelo menos, ele tinha pessoas que o amavam ao seu redor. Isso o fez superar qualquer dificuldade.

—Eu acho que já está na hora de irmos. – Disse o Yondaime. Os dois assentiram e o trio subiu lentamente até o topo, onde estava o resto da delegação e da família.

Kushina correu imediatamente até o filho, agraciando-lhe com um grande abraço. A mini raposa a seguia de perto, e assim que a ruiva largou o loiro, a bijuu pulou no ombro de Naruto. Ele riu, correndo os olhos por quem mais estava no terraço.

Yuuki agora tinha quase todos os cabelos brancos, o rosto não tão castigado pelas rugas quanto se era esperado de uma mulher da idade dela. Hinata e as crianças estavam mais a frente, junto com Neji, que se tornara padrinho de Boruto. O Hyuuga vigiava as crianças com o mesmo zelo que passara a vigiar Hinata desde o Chuunin Shiken, o que serviu para que o nome do primogênito fosse uma homenagem a ele. Minato se adiantou até a ponta do terraço e a cerimônia teve inicio com o discurso do loiro mais velho.

—... E é com grande honra que eu, Namikaze Minato, Yondaime Hokage, entrego o posto e a responsabilidade de passar adiante a vontade do fogo a Uzumaki Naruto, Godaime Hokage! – Naruto se adiantou, sendo ovacionado fervorosamente pela população lá embaixo. Entre as cabeças ele podia identificar muitas, como Shikamaru, que se tornaria seu acessor, junto da esposa, Temari de Suna; Gaara, o pessoal de Kumogakure, Itachi carregando Sarada no colo de mãos dadas com a esposa; Sasuke e Sakura; Mikoto, Fugaku, Hoshi e o resto do clã; Kakashi, Rin, Karin, Asuma, Kurenai e Mirai; Os times 8, 9 e Rock Lee, que finalmente havia encontrado uma moça pela qual se apaixonara além de Sakura. Tsunade, Jiraya, Shizune; Nagato, Konan e Karin; Sandaime Hokage, Iruka, os Hyuuga e o resto de Konoha. A comemoração demorou horas a fio, com todos os bons amigos da família se divertindo. Assim que todos foram embora e as crianças foram dormir, Hinata encontrou o marido encostado à sacada, observando as estrelas.

—Você parece pensativo. O que está em sua mente? – Ela perguntou, encostando-se ao lado dele. Naruto abaixou o olhar para fitá-la, sorrindo levemente.

—Eu só estou feliz, dattebayo. Foi muita emoção para um dia só. Só que às vezes eu me pergunto se o meu outro eu está tendo a mesma felicidade que eu. – Ele fitou o firmamento, pensativo.

 

—---------------------------[Flashback]---------------------------

—Eu tomei minha decisão. Mas antes, eu gostaria de te pedir um favor.

A Estrela assentiu.

—E o que seria?

O loiro encarou-a por uns segundos, antes de se preparar e fazer o selo de sua principal técnica:

—Kage Bunshin no jutsu! – Um clone do rapaz apareceu ao seu lado em uma nuvem de fumaça. Ele relaxou os braços e deu um largo sorriso para a Estrela. – Eu escolho ambos, -ttebayo.

Hoshi olhou do loiro para o seu clone por alguns segundos antes que sua expressão desabrochasse em um sorrisinho. Ele não abandonaria por completo nenhum dos mundos. Não abandonaria seus amigos, não importava onde estivessem. Seu coração era muito puro. Esse era o motivo pelo qual ela resolvera atender seu pedido.

—E como você chegou a essa conclusão?

—Você me perguntou se eu não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo. Eu posso, dattebayo! – Ele pôs a mão na cintura e soltou uma grande gargalhada, orgulhoso do que havia pensado em tão pouco tempo. Era simplesmente genial. O sorriso de Hoshi se alargou, sua luz se tornando mais forte.

—E imagino que você queira que esse clone seja mais resistente, não é? – Naruto assentiu. Hoshi tocou a cabeça do clone levemente, banhando-o em luz branca. A luz se intensificou até englobá-lo por inteiro. Quando a luz se esvaneceu, o clone havia sumido. – Seu espírito foi dividido entre os dois mundos. E é assim que eu lhe deixarei, Naruto. Espero profundamente que você encontre toda a felicidade que procura... E que merece. – E a luz branca mais uma vez se fez presente, englobando tudo ao redor dele. Quando ela desapareceu, a cena uma vez parada ganhou vida novamente, e não havia mais nenhum traço da estrela.

 

—-----------------------------[flashback off]----------------------------------------------

 

Hinata sorriu perante o comentário do loiro.

—Ele com certeza está.

—E como você sabe, -ttebayo?

—Porque ele é você. E você nunca desiste. É o seu nindo, seu caminho ninja, não é?

O loiro riu, abraçando a azulada pela cintura.

—Você está certa. Eu jamais desisti dos meus sonhos. Vai tudo ficar bem, dattebayo. – Ele se inclinou suavemente sobre ela e a beijou, tendo somente as estrelas como testemunhas. No céu, uma estrela brilhava mais do que as outras, e se uma pessoa pudesse dizer, diria que ela estava observando, guardando os passos do ninja que um dia fizera um pedido.

 

Dizem que quando um kage bunshin é destruído, o usuário absorve todas as experiências que ele passou. Todas as lembranças, atividades, todos os sentimentos. Informações de uma vida inteira que um dia retornarão ao seu legítimo dono.


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Notas finais do capítulo

Essa foi a primeira fanfic que escrevi no Nyah. Aliás, foi a primeira fanfic que já escrevi na vida. Quando vejo os primeiros capítulos, vejo o quanto a minha narrativa evoluiu. Para vocês, bebês tesudos da tia Ina que acompanharam até aqui, só resta o meu carinho e mais profundo agradecimento.

Para os leitores recentes, ela pode ser meio confusa. Para os leitores antigos, ela dá um gostinho de todas as emoções que tivemos com a maravilhosa obra do titio Kishi. Uma fic que partiu de um sonho que eu tive e se tornou uma história com vida própria. Ainda lembro das tardes em que eu ria sozinha quando uma ideia para uma cena de comédia me ocorria. Lembro das noites que passei em claro, tentando trazer pelo menos dois capítulos em seguida porque minha net caia e eu demorava meses para postar. Lembro de me espantar com a obra Naruto em si, e trazer as discussões para os reviews que respondia. Lembro-me de desanimar com a fic, e a cada novo comentário ou recomendação a força voltava. Lembro-me dos momentos bons e dos amigos que fiz com a E se fosse Real?.

E é aqui, bebês, que nos despedimos dos nossos queridos Uzumaki. Suas histórias, suas confusões, o amor que sentiam um pelo outro vão deixar saudade. E Se Fosse Real? vai deixar muita saudade.

Essa fic é para os que ousaram imaginar o que teria acontecido se o nosso loiro favorito tivesse o apoio da família. O que teria acontecido, como ele teria se desenvolvido. Essa fic é para aqueles que ousaram sonhar, soltar sua imaginação.

E para terminar, é aqui que eu também me despeço. E com a saudação original que vocês não vêem há muito tempo,

Ja ne

Kissus, Ina-sama



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