E se Fosse Real? escrita por Ina sama


Capítulo 21
Capítulo 20: Marcas da violência


Notas iniciais do capítulo

VOLTEI PESSOAS!!SENTIRAM SAUDADE DEU?...(cri, cri, cri)POOOXA, NINGUEM SENTIU SAUDADE? *indo pro cantinho da depre*ingratos.ta, pareibem, eu fiquei um tempin sem net (tipo assim, um mes, né), mas deu pra atualizar todas as minhas fics. pessoas, senti sua faltaaaaaaaaaaaaaaaaa.....buaaaaaa.......ta legal. como foi meu niver semana passada, resolvi mandar esse pequeno presente pra vcs. esse cap é triste, mas o outro é mais legal. resolvi dar um baita susto em vcs, muahahhaaha.ta legal...bem, espero que gostem e blablabla...VAMOS AO QUE INTERESSA!!boa leitura



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Shurikens e kunais voavam pelo céu muito nublado e negro. Havia fogo, água e sangue por toda parte, cadáveres putrefatos jogados no chão. As casas pegavam fogo e as ruas estavam alagadas, parecia que havia tido uma grande enchente no local. Cheiro de morte e corpos carbonizados se espalhava por todo canto. O lugar parecia ter terminado em puro fogo e água.

Dois ANBU corriam para escapar da chuva de armas. O ANBU de máscara de águia escondeu-se debaixo de uma tábua e puxou o parceiro de máscara de raposa pelo braço repentinamente, fazendo o outro tropeçar, bem a tempo de impedir que fosse morto. O ANBU raposa suspira de alívio e agradece.

-Obrigado, cara.

-De nada. –Respondeu o outro. Assim que o ataque cessou, águia saiu de baixo da madeira e olhou para os lados atento, procurando o inimigo. –Fique de olho. Ele ainda está por aí.

-Hai. –Assentiu, saindo do esconderijo também. Olhou para os lados. –Cadê os outros?

-Aqui. –Disse uma voz masculina atrás deles. Viram-se e deparam com dois ANBU mais altos e outro afoito correndo para alcançá-los. Um era um homem de voz grave e máscara de sapo e a outra uma mulher de corpo esguio e máscara de condor. A outra que vinha correndo ao encontro deles, usava uma máscara de gato, gritava e acenava para os companheiros. Quando chegou, o ANBU sapo repreendeu-a:

-Não pode sair acenando assim no campo de batalha. Denuncia nossa posição.

-Gomen... nasai... –Disse a ANBU gato, cruzando as mãos a frente do corpo e encarando o chão, envergonhada. O ANBU sapo bufa e diz, com sua voz muito grave e grossa:

-Ele deve estar por aqui. –Virou-se para o ANBU raposa. –Você consegue sentir o chakra deles?

-Não. –Respondeu o outro. Sua voz também era grave, mas não tanto quanto a do companheiro. –Mas ele deve estar por aí. Afinal, se tivesse partido, teríamos sido avisados pelo jutsu de isolamento que colocamos sobre a cidade.

Os outros concordam. ANBU gato olha com pesar para os corpos no chão.

-Devíamos ter chego mais cedo. Quem sabe assim evitava essa carnificina... –Lamentou ela. O ANBU águia colocou a mão em seu ombro, consolando-a.

-Não poderíamos ter feito nada. Não enquanto ele estiver em posse do pergaminho. Estamos de mãos atadas. –Suspirou o moreno de máscara de águia.

-Não. Não estamos. –Disse ANBU raposa, contradizendo o colega, que se irritou.

-Ótimo, e o que o gênio vai fazer, ein? Chegar lá e explodir o inimigo, é isso? Não se esqueça de que temos que levar o pergaminho intacto, tá bem?

-Tá, tá, tá legal, que seja. Só fiquem atrás de mim. –Disse ANBU raposa, fazendo um gesto vago com a mão, como se estivesse espantando uma mosca. Não dando muita atenção para o que o amigo dissera, virou-se e começou a procurar. ANBU gato resmungou:

-Ora, seu impulsivo idiota!

E saiu correndo atrás do amigo, a fim de evitar que este se metesse em encrenca, o que geralmente acontecia devido a sua mania de improvisar em situações de risco. Ela o achava um inconseqüente e estúpido, mas tinha de reconhecer que era um ótimo ninja. Olhou para ANBU águia que concordou com a cabeça, como se estivesse compartilhando seus pensamentos.

Chegando perto do centro da cidade, a parte que mais estava devastada, ANBU raposa se escondeu atrás de um prédio, sentindo uma grande quantidade de chakra emanando daquele lugar. Os outros quatro pousaram ao seu lado em silêncio. Os prédios estavam destruídos, mais corpos espalhados entre os escombros, e uma enorme cratera no centro, como se fosse proveniente daquele lugar a força que destruiu o local por completo. No centro da cratera, havia um homem ruivo de máscara e bandana da Aldeia da Névoa curvado sobre um enorme rolo de pergaminho, lendo-o com atenção. Exclamou para si mesmo, sua voz alterada de excitação:

-Foi realmente difícil roubar esse pergaminho de Konoha, mas agora, posso ver quanto poder existe aqui. Foi uma excelente idéia testar meu poder nessa cidade. Agora sei que realmente funciona, hahahah!!

ANBU raposa tremia de raiva. Queria avançar, dar uns bons tabefes no inimigo e deixá-lo semi-morto, mas ANBU sapo colocou a mão em seu ombro e sussurrou:

-Calma. Espere só mais um pouco.

Com dificuldade, o loiro relaxou. Ouviram o pensamento do ninja da Névoa outra vez, agora este colocando o dedo no queixo, pensativo:

-Acho que agora vou testar se consigo destruir uma cidade maior, tipo Konoh... GAAAAH!!!

-RASENGAN!!

O ruivo foi atingido em cheio pelo ataque do ANBU raposa, que o jogou metros de distância. Os outros chegam e aterrissam ao lado do loiro impulsivo, ANBU gato dá-lhe um cascudo:

-Naruto, seu idiota! Pain-san disse pra esperar!

-Aiii, Sakura-chan, não me bateee!! Eu não ia ficar parado enquanto esse idiota dizia coisas sem sentido, dattebayo! Isso me irrita! –Defendeu-se o Uzumaki.

-É mesmo? –Sakura cruzou os braços, incrédula e com um tom de sarcasmo na voz. –Pois então devia se irritar com as coisas que VOCÊ MESMO FALA, POIS DA SUA BOCA SÓ SAI BESTEIRA, SEU IMBECIL!!

-Sakura! Já chega! –Bradou a outra ANBU. Sakura vira-se para ela e a encara. Konan continua. –Eu e você vamos tirar o pergaminho daqui. Naruto, Uchiha-san e Nagato vão capturar o inimigo. E Nagato, Naruto... –Disse ela para os dois de cabelo arrepiado. –É pra deixar o corpo intacto está bem?

-Tentaremos. –Disse o ruivo com certo tom de diversão na voz. Ela e Sakura assentem com a cabeça, mas antes que pudessem tocar o pergaminho...

-SUITON: TSUNAMI NO JUTSU!!! –Brada o nukenin ao fazer uma seqüência de selos complexa, e ao bater a mão no chão, uma onda gigante se forma e avança contra as duas, mas Pain coloca-se rapidamente na frente das kunoichis e ordena:

-SINRA TENSEI!!

A onda recua bruscamente com a força do jutsu, que a empurra para longe, afastando-a das moças. O ninja da Névoa, surpreso, estava com a guarda completamente baixa, estupefato com a força do ruivo. Quando a onda de água se dissipou, este somente encarou Pain com um olhar frio.

-“Parece que achei um oponente a altura.”

Sasuke e Naruto concordam com a cabeça e investem contra ele, que percebe os dois e depois de mais uma sequência de selos, dois paredões de água aparecem reduzindo o dano dos ataques taijutsu dos garotos. Estes são jogados para os lados, enquanto Sakura e Konan enrolam o pergaminho. Ele aparece à frente delas.

-Aonde pensam que vão? –Pergunta ele, mas ao fazer mais um selo é acertado pelo rasengan de Uzumaki e o chidori de Uchiha bem no peito, e cai derrotado no chão. As kunoichis suspiram de alívio.

-Ufa. Chegaram na hora. –Disse Sakura retirando a máscara, logo depois levantando e indo até o corpo inerte do inimigo. –Bem, vou analisar o corpo dele. Enquanto isso, Konan-san, Sasuke-kun, verifiquem se há mais sobreviventes. –Ordenou ela enquanto começava a trabalhar com o corpo. Sasuke e Konan dispersam-se, obedecendo ao pedido da rosada. Pain tomou o pergaminho nas mãos e começou a analisá-lo, logo depois olhou em volta percebendo os estragos que o pergaminho havia feito.

-Este pergaminho com as técnicas suiton de Nidaime Hokage é realmente poderoso. Vou selá-lo só até chegarmos à vila. –Colocou-o no chão para começar o selamento, mas Naruto chegou perto como uma criançinha curiosa e perguntou:

-Ô Pain-san...

-Que foi? –Perguntou o ruivo sem encará-lo.

-Posso selar o pergaminho? Onegai! –Pediu Naruto, juntando as mãos. Pain o encara.

-Pra quê? –Pergunta ele.

-Okaa-chan pediu pra que eu treinasse as nossas técnicas de selamento. Ela até me ensina, mas eu pego melhor na prática, sabe como é? Hehe... –Respondeu o loiro, retirando a máscara de raposa e coçando a cabeça, sem graça. Pain suspira, retira a sua e sai de perto do rolo. Naruto sorri e se agacha. O ruivo adverte, com as mãos nos bolsos e uma expressão entediada no rosto:

-Tome cuidado. Isso é um documento muito antigo da vila, e qualquer erro nesse jutsu ele desintegra. Entendeu?

Uma pontada de pânico percorreu o peito de Uzumaki. Ele puxou a gola da camisa, suando frio.

-H-hai.

E tratou de começar, com muito cuidado para não danificar o pergaminho. Porém, quando foi reunir o chakra...

*booom*

O selo explode em seu rosto. Pain riu-se dele e completou:

-Eu avisei.

...

Os cinco andavam pela vila, Naruto carregando o corpo do ladrão enrolado em papel e Sasuke segurando o pergaminho. Olhavam ao redor e seus estômagos reviravam ao ver aquela quantidade de cadáveres, homens, mulheres, crianças, velhos, todos mortos. Às vezes ainda ouviam gemidos de pessoas agonizantes, corriam para ajudar mas já era tarde. Caminharam até certo ponto da vila, até que em sua frente apareceu uma garota se arrastando, completamente ferida, ensangüentada e fraca. Tinha por volta dos 16 anos, era ruiva e usava óculos, trajava uma espécie de terno rosa claro e um short preto bem curto, com botas ninja cano alto. Desmaiou, mas ao cair foi segurada por Sasuke, que a amparou antes que chegasse ao chão.

-Sakura! –Gritou ele, pedindo para que a rosada o ajudasse. Ela correu até a jovem, que abriu os olhos por um momento e deparou-se com o Uchiha.

-Hei, menina. Não desmaia. Faça o que fizer, fique acordada por favor! –Pedia o Uchiha tentando evitar que a ruiva desfalecesse, dando-lhe tapinhas no rosto. Esta porém corou um pouco ao encarar aos orbes cor de ônix do moreno.

-Eu... –Disse e desmaiou. Sakura chegou perto dela e começou a examiná-la.

                                       [pov. Naruto]

Sei o que vocês devem estar pensando. Tipo, VOCÊ É ANBU, CARA??

Sou. Legal né? Foi difícil, mas finalmente consegui, dattebayo! Porém, meu pai geralmente nos recruta para missões em que o time sete possa ir todo. Então, basicamente ainda fazemos missões juntos. Mas a verdade é que meu pai não dá ponto sem nó. Ele sempre tem um motivo maior, e este seria me livrar da influência dos conselheiros da vila, que estavam me mandando para missões um tanto arriscadas demais. Segundo ele, estavam com raiva pela pequena “escapulida” dele depois da missão contra a Akatsuki mês passado e resolveram chutar o balde geral, -ttebayo.

Então, como o velho estava ficando grilado, colocou a mim, Sasuke e Sakura como ANBUs, para que ficássemos beeeem debaixo dos olhos dele. To dizendo? Interesseiro, metodista, chato!

Falando sobre a Akatsuki, até hoje eu nem sei o que aconteceu direito. Otou-chan disse que okaa-chan fez uma pasta de Madara, mas eu não sei se é verdade. Eles não sabem do que aquele monstro é capaz. Eles não viram o que ele e o verme do Kabuto/Orochimaru fizeram. Não viram quantos mortos eles ressuscitaram para combater seus entes queridos. Não viram o número de mortos que aquela guerra trouxe. Pain, otou-chan e okaa-chan têm razão. Guerra só traz dor e sofrimento, dattebayo.

Eu duvido que ele tenha morrido. E se morreu, talvez o diabo não se dê bem com ele e cuspa ele do inferno. Mas se morreu mesmo, deixe aquela peste no inferno mesmo. Lá ele faz menos estrago, -ttebayo. E fica longe da minha família, o que é mais importante.

Não sei por que, mas tive muito medo quando okaa-chan e otou-chan foram enfrentá-lo. Talvez, somente talvez, acho que o meu maior temor fosse que ele libertasse Kyuubi e que o Nove-Caudas os matasse novamente. Tenho medo por eles, -ttebayo. Não quero perdê-los.    

Mas, considerando a atual situação entre ele e okaa-chan, acho que seria impossível ele matá-la daquele jeito horrível dessa vez. Os dois estão tão amiguinhos que okaa-chan afrouxou o selo para deixá-lo mais à vontade. Conseqüência: agora é normal você acordar de manhã e ver uma mini-Kyuubi enroscada ao seu lado dormindo. Até que ele é bonitinho, quando não está me enchendo o saco. Ainda sou seu alvo favorito. É, nem mesmo deixando de ser o jinchuuriki essa bendita raposa larga do meu pé, -ttebayo.

Mais uma pergunta que não quer calar: POR QUE KONAN E PAIN TÃO JUNTO COM VOCÊS??

Konoha deu-lhes anistia total em troca de seus serviços, já que são ninjas ranking S. Eles andam com um selo projetado pela okaa-chan ao pescoço, [roubado pelos conselheiros, é claro. Larápios covardes!] que se traírem a vila, o selo injeta em seu organismo um veneno tão ácido que os queima de dentro pra fora. É uma espécie de “coleira de choque”, uma morte lenta, dolorosa e desonrada. O pior destino para qualquer pessoa, creio eu.

Mas não acredito que Pain e Konan nos traiam desse jeito. E sei que se quisessem trair-nos, já o teriam feito, pois sei muito bem que aqueles dois não temem a morte. Eu confio neles.

Mas esse selo é do mal. Agora entendi porque o clã Uzumaki era tão temido por seus selos, -ttebayo.

Obaa-chan agora mora perto da gente. Ela é super legal, boazinha com a gente, mas... Digamos que ela não vai muito com a cara do meu pai. Este, porém, é super delicado com ela e tudo o mais, mas a velha é mais teimosa que uma mula, -ttebayo.

Meu pai é muito estranho. Calmo, sereno, gente fina, não esquenta com nada. É quase impossível vê-lo irritado.

Soube que quando mais jovem ele era tão temido na guerra que os inimigos tinham ordens de fugir ao vê-lo. Mas ao conviver diariamente com ele, mesmo sabendo de suas habilidades, é difícil imaginá-lo matando alguém, quanto mais exércitos inteiros.

Mas a única vez que meus olhos o viram mesmo como o tão temido Yondaime Hokage foi durante a missão na Uzukagure no Sato. Ele estava tenso, e com o poder que tem, parecia que poderia explodir a qualquer momento.

Já minha mãe é mais fácil de visualizar como assassina. Agora saquei por que meu pai tem um medo que se pela dela. Ela é do mal. Que gênio horrível, -ttebayo!

Perto dela a Sakura-chan é calma e doce como a Hinata! Até a própria Sakura-chan e, acreditem se quiserem, Tsunade-baa-chan dizem que temem okaa-chan quando está estressada!!

Mas quando está calma, minha mãe é a gentileza em pessoa. Ela é bastante legal, como a obaa-chan. Por isso, conclui o fato de que ela é meio bipolar, só pode, -ttebayo! Ou então tem uma TPM dos infernos!

Kakashi-sensei diz que okaa-chan era seu terror de infância, pois era a única que encarava meu pai de igual pra igual, competia com ele para ver quem era o melhor ninja e conseguia empatar a disputa! Isso quando ele já era jounin, prestes a virar Hokage, -ttebayo!

Só quando ele me contou isso que me toquei do quanto okaa-chan é forte, -ttebayo.

Ah, sim. Ainda tem a Hinata.

Não consigo me pegar sozinho com ela um mísero minuto que seja. Queria parar e conversar com ela, falar o que está guardado dentro de mim desde a luta contra Pain, quando ela quase morreu para que eu tivesse uma chance de escapar.

E pra coroar, desde a missão na caverna da Akatsuki, Hinata tem me evitado. Eu sei que é a timidez dela falando mais alto, mas mesmo assim fico meio sentido quando a vejo tentando fugir de mim.

É engraçado viver em família. Acordar toda manhã e ver seus pais sentados à mesa, discutindo sobre problemas da casa e sobre nós, o amor com que se tratam, a atenção que nos dão, a preocupação que têm comigo. Por mais neuróticos que sejam, eu gosto que se preocupem com meu bem-estar, pelo menos uma vez.

Durante a conversa com minha mãe durante o selamento da Kyuubi, eu havia entendido o que era o amor dos pais pelos filhos quando ela me contou que eles haviam morrido para me proteger. Mas agora eu consigo sentir esse amor diariamente, e com todos os problemas e brigas, para uma criança órfã, eu estou no paraíso.

                                      [pov. Touya]

Estávamos os quatro voltando de uma missão enjoada pra caramba. Sensei vinha despreocupada atrás da gente. Agora, era só ir lá ver o otou-chan e dizer que cumprimos mais uma. Hoshi-kun me lançava olhadas tímidas e toda vez que eu o encarava este corava. Ele e Konohamaru-kun não se dão muito bem, mas agem do mesmo jeito perto de mim. Ah, Kami! Será que...

Não. Touya, tire isso de sua cabeça agora. Mas que esses dois vão me dar uma explicação, ah se vão!

Satoshi não estava nem aí pra nada, como sempre, tratava andar de seu jeito estranho e de olhar a paisagem verde ao redor da vila. Eu também estava calma, já que havíamos completado uma tarefa ridícula daquelas. Cuidar de cachorros. Affe. Hum, o nii-chan sumiu em missão faz uns três dias. Mamãe e papai estão preocupados com ele. É estranho chegar lá em casa e não vê-lo lá. O ambiente chega a ficar mais triste.

Falando em nii-chan... Tenho que fazer alguma coisa pra juntar ele e a sensei. Por que se depender deles, vão morrer nesse chove não molha. Ai, Kami. Me dá nos nervoooooos!!!

Olhei para ela, e como de costume, corou. Sorrio. Sensei é tão fofaaaa...

É sério, ela se inspirou no nii-chan mesmo?

------------------------------------[flashback]------------------------------

-Sensei, você é apaixonada pelo ni-chan, não é?

Ela cora. Desvia os olhos.

-Sim. Eu admiro muito o Naruto-kun. Ele é especial para mim, pois o sorriso dele me salvou de mim mesma.

-Como assim?

-Eu sempre chorava e desistia. Eu ia pelo caminho errado até que Naruto-kun me mostrou o caminho certo. Ele me mudou. Me fez mais forte, me ensinou a gostar de mim mesma. Me ensinou a ser uma ninja melhor. Eu sou o que sou hoje, uma jounin, por causa dele. Ele me ensinou a nunca desistir, a perseguir meus sonhos, a lutar pelo que me é importante. Eu luto por quem amo. Luto por você e Naruto-kun. Esse é o meu nindo, meu caminho ninja.

Hinata-sensei... Ela me abraça de novo.

-------------------------------------[flashback off]------------------------

As palavras que ela me disse enquanto estávamos naquela cela escura ainda estão gravadas em mim.

--------------------------------[flashback]-------------------------

-Eu nunca desisto, nunca me rendo e nunca volto atrás com a minha palavra. Esse é o meu nindo, meu caminho ninja, dattebayo!

-Eu luto por quem amo. Luto por você e Naruto-kun. Esse é o meu nindo, meu caminho ninja.

-------------------------------[flashback off]------------------------

...

Chegamos à sala do Hokage, e lá estava ele sentado revisando uma pilha de documentos. Levantou os olhos para nós e sorriu.

-Yo, musume. Como foi a missão?

-Chata. –Respondi me sentando em sua mesa. Otou-chan me olhou torto.

-Ora, Touya, o que você queria? Já dei uma missão ranking C pra vocês, o que mais vocês querem, ein?

-Uma ranking B ou A. Tipo as que você dá pro aniki. –Respondi simplesmente, sorrindo e balançando as pernas.

-Seu irmão é ANBU, Touya. Ele tem mais experiência que você. –Disse ele baixando os olhos para os papéis e entortando um pouco a boca.

-Não tenho culpa se nii-chan é velho.

-Seu irmão não é velho, Touya. –Repreendeu-me ele, sem desviar os olhos dos papéis.

-Pra mim ele é um ancião. –Rebati. Otou-chan dá um suspiro cansado e dirige-se á sensei:

-Obrigado, Hinata. É só isso por hoje.

Sensei se curva ligeiramente e diz:

-Hokage-sama, eu gostaria de falar-lhe sobre aquele assunto... –Hm? Que assunto? Otou-chan a encara e assente com a cabeça. Sensei sorri. Então se vira para nós e diz:

-Bem gente, por hoje é só, então podem ir. Tenho assuntos a tratar com o Hokage-sama... –É claro que eu não poderia ficar quieta, não é?

-É sobre o que? Seu casamento com o nii-chan, não é sensei? Confessa!

Hinata-sensei não gostou nadinha. Ficou vermelha que nem um pimentão. Meu pai explodiu:

-Touya!!! O que eu já disse sobre essas indiretas!!?? Deixe Hinata e Naruto em paz!!!!

-Aii, tá bom, você é tão chato. –Bufo e cruzo os braços, mas corro da mesa e me escondo atrás de Satoshi quando meu pai levanta a mão pra me bater. Sensei estava escondendo a cara com a mão, de tanta vergonha que estava. Não posso evitar zoar a sensei e o nii-chan, é mais forte que eu!

Meu pai não estava nem um pouco feliz. Aliás, só faltava soltar fogo pelas ventas. Assustador. Eu que não ia ficar ali, né? Peguei Hoshi e Satoshi pelos braços e saí correndo dali antes que ele desse uma de okaa-chan e me matasse ali mesmo.

                                      [pov. Minato]

Santo Kami! Onde foi que eu errei com essa menina, senhor?

Escondi a cara de tamanha vergonha que sentia. Tinha que pedir desculpas à Hinata por isso. Touya está terrível ultimamente.

-Desculpe por isso, Hinata. Continue.

-Eu... Eu... –Começou ela. Sério. Vou ter que dar um corretivo nessa menina. Pobre Hyuuga-san. –Eu já havia falado isso com o senhor antes e bem... Hm, o que o senhor acha? –Levantou os olhos para mim, pedindo minha resposta. Suspirei. Aquele assunto, como diz Shikaku, era muuuuito problemático.

-Eu acho que não é uma boa idéia, Hinata. Mas você passa mais tempo com eles e acompanha seu treinamento diariamente, coisa que ultimamente eu não tenho tido tempo para fazer. Você acha... Não. Você tem absoluta certeza de que eles estão prontos? –Tentei fazer pressão, mas Hyuuga-san não cedeu. Quando lhe convém, ela consegue ser tão turrona quanto Naruto.

-Sim. Tenho treinado combate com eles, Hokage-sama, e tenho que admitir que suas habilidades estejam muito bem desenvolvidas. Acho que é uma boa hora para colocá-los no Chuunin Shiken, só para ver o quanto eles melhoraram. Testar seus limites, entende?

Ah, entendo, Hinata. E como entendo.

-Perfeitamente. Mas ainda acho que é má idéia.

Hyuuga pareceu compreender. É minha filha, caramba! Posso estar sendo super protetor demais, mas não sei não. Não é que eu não confie em Touya e nem que duvide de sua capacidade, mas não quero que ela se machuque. Sem falar que Fugaku vai ficar falando no meu ouvido que o filho dele não está preparado, porque não despertou o sharingan ainda e blábláblá. Obito só despertou o sharingan no dia de sua morte, e foi graças a isso que Kakashi e Rin estão vivos hoje. Aliás, faz tempo que não vejo Rin. Entrarei em contato com ela mais tarde. Aluno é aluno. Nesse caso, aluna, né?

Inspirei e expirei profundamente. Fechei os olhos. Estou até imaginando quando Kushina souber. Ela vai apertar meu pescoço e Yuuki me recriminará mais ainda, principalmente agora que arranjou um motivo para me criticar. Massageei o cenho.

-Muito bem. O time 4 de Konoha pode participar do Chuunin Shiken.

Os olhos de Hinata brilharam.

-Não vai se arrepender, Hokage-sama! Ja ne!

-Ja ne, Hinata. –Respondi. Ela se curva respeitosamente e vai embora.

Hyuuga Hinata é uma boa garota. Realmente, por mais que Touya fique batendo nesta tecla, tenho que concordar com ela. Seria uma boa namorada para Naruto. E dá para perceber, pelo jeito que os dois voltaram da missão na Uzukagure no Sato, que Naruto não ignora os sentimentos de Hinata. Ele sabe o que ela sente por ele. E no fundo, acho que sente o mesmo. Tenho que conversar com ele sobre isso mais tarde, mas sem chegar aos ouvidos de Kushina ou Yuuki, porque senão elas fazem alarme e assustam o garoto.

Falando nele...

A porta se abre com um estrondo e lá vem Naruto e companhia, voltando da missão. Sorri ao vê-lo. Confesso que era algo fácil, mas mesmo assim não pude deixar de me preocupar.

-Yo, otou-chan! –Chegou gritando como sempre. 16 anos na cara e ainda não aprendeu a controlar o tom de voz.

-Fale baixo, Naruto. Eu estou do seu lado, pra que gritar? –Digo calmamente. Ele coloca a mão livre atrás da cabeça e ri, sem graça. Ele segurava um corpo enrolado em papel, o que eu sabia que era coisa de Konan. O papel estava manchado de sangue, então imagino que eles tenham matado o ladrão. Largou o corpo no chão, que caiu com um estrondo. Moleque escandaloso. Tinha que ser filho da Kushina!

Konan vinha com o pergaminho debaixo do braço. Depositou-o com cuidado sobre o espaço livre em minha mesa, como se aquilo fosse uma granada sem o pino. Sorrio.

-Parece que a missão foi bem-sucedida. –Digo. Mas ao perceber a expressão de Sakura e Konan, notei que não fora bem um mar de rosas. Meu sorriso se desfez e corri os olhos pela sala, talvez tentando dar falta de algum membro do time que foi requisitado para a missão, mas estavam todos ali: Naruto, Haruno Sakura, Konan, Nagato Pain e... Espere. Onde está Uchiha? O que raios acontecera?

-O que houve? Onde está Uchiha? –Perguntei. Elas se alarmaram, mas logo entrou ele na sala. Sasuke vinha com uma garota ruiva ensangüentada nos braços e seu semblante estava triste. Lágrimas formaram-se nos olhos de Haruno. Chamei os médicos imediatamente, que recolheram a menina ferida às pressas, que graças à Haruno Sakura ainda estava viva. Sasuke abraçou a Haruno com ternura, enquanto esta enterrou a cabeça em seu peito e começou a soluçar. Pain estava irredutível, mas consolava Konan, dando-lhe tapinhas nas costas. Naruto me olhou com tristeza.

-Quando chegamos ao vilarejo, já era tarde demais. Todos já haviam sido mortos. Só sobrou aquela garota, e ela está muito ferida. Foi um massacre, dattebayo. –Disse ele, fitando o chão com dor no olhar, como se lembrasse de tudo o que vira. Agora eu entendo. Realmente, isso é bem difícil de suportar. Nem eu consigo ficar impassível a uma cena de guerra. A destruição que ela causa é algo difícil de presenciar, muito menos esquecer. Fica marcada em sua alma a vida inteira. Assenti com a cabeça.

-Entendo. Podem se retirar. Obrigado por recuperarem o pergaminho de Nidaime. Graças a vocês, o estrago não foi maior. –Digo calmamente tentando amenizar as coisas, mas não é possível. Uchiha assente com a cabeça e conduz a Haruno soluçante até o lado de fora. Konan seca as lágrimas com o braço, ela e Pain me fazem uma reverência e saem. Só sobramos o corpo do ladrão, Naruto e eu na sala. Ele olhava com tristeza para a porta.

-E você, está bem? –Perguntei-lhe preocupado. Mas sabia que não estava. Conheço-o como a palma de minha mão e sei muito bem como ele reage a qualquer sinal de crueldade ou injustiça. Naruto tem o caráter da mãe.

Vira o rosto para mim e me encara. Diz calmamente com a voz embargada de tristeza:

-Não é algo fácil de presenciar, -ttebayo. Foi horrível, otou-chan. Os idosos, as mulheres, as crianças... Foi cruel demais! Eles todos morreram por um motivo mesquinho, somente para TESTAR O PODER DE UM MALDITO PERGAMINHO!! –Começou a colocar pra fora seus sentimentos, e logo as lágrimas umedeceram sua face. Coloquei a mão em seus cabelos, e percebi-o se assustando com minha aproximação repentina. Ele encostou a cabeça em meu peito e começou a chorar, extravasar seus sentimentos. Abracei-o levemente e deixei que continuasse.

Quantas vezes eu fizera aquilo diante do horror da guerra? Quantas vezes meu consolo foi Kushina, me acalmando daquela mesma maneira, tomando meus lábios com carinho e me dizendo que iria passar, que um dia aquele sofrimento terminaria. Mas será que realmente acabou, Kushina? Eu pergunto a você. Ainda falta muito para que cheguemos à paz. Mas te digo uma coisa: enquanto houver injustiça e dor no mundo, eu não descansarei até erradicá-la.

...

Andávamos lado a lado sem dizer uma palavra. Naruto já havia parado de chorar, mas seus olhos ainda estavam inchados. Era noite e a brisa soprava suave. Chegamos perto de casa. Já estávamos subindo as escadas quando perguntei sem encará-lo:

-Está melhor?

Naruto fungou.

-H-hai. –Concordou ele. Abrimos a porta e adentramos a sala. Ouvimos vozes da cozinha, e na sala de jantar estavam sentadas à mesa Yuuki e Touya, Kushina estava de pé. Esboçava um sorriso triste. Ao nos ver, correu direto para Naruto e o abraçou, afoita. Ela esteve preocupada com ele todo o tempo da missão, e realmente eu também estava. Logo vieram Yuuki e Touya. Naruto dizia que estava bem, que não fora nada, mas seus olhos o denunciavam.  

Durante o jantar foi pior. Kushina tinha feito o lámen favorito de Naruto, mas este nem tocou na comida. Estava de estômago embrulhado. Somente recolheu-se ao seu quarto, para pensar. Precisava ficar sozinho. Não o culpava. Muito pelo contrário. Eu o entendia.

“A ponte que nos levará até a paz será aquele que é portador de uma alma pura.”

“Uma alma pura...”

Eu fui até o telhado e fiquei observando as estrelas. Senti algo leve posando ao meu lado, e não precisei olhar para descobrir quem era.

-Ele está muito abalado. –Disse Kushina. Encarei-a, finalmente. Seu semblante transbordava em preocupação. Coloquei meu braço em volta dela, puxando-a mais para perto. Voltei meu olhar para as estrelas.

-Sabe, Kushina... Pain me disse uma coisa um dia, que não sai da minha cabeça. –Digo. Ela levanta os olhos para mim, curiosa. Continuo. –Ele disse que acredita que Naruto possa ser nosso salvador. A ponte que nos levará até a paz. –Ela se surpreende. –Você pode achar ridículo, qualquer coisa, mas eu concordo com ele.

-Minato, mas o Naruto é só...

-...Um garoto? –Completei e olhei-a de canto. Esta assente com a cabeça. –Por isso mesmo. Jiraya me disse uma vez que um de seus alunos seria aquele que iria arrebentar nosso caminho para o futuro. Aquele que traria a paz ao mundo shinobi. Ele pensou que este fosse eu. –Coro um pouco, fecho os olhos e rio com a lembrança. Kushina se espanta. –Mas não. É o Naruto.

-Como pode ter tanta certeza? –Perguntou-me ela, desafiando-me.

-Eu simplesmente sei. –Respondo. –Eu sinto isso. E nosso dever é prepará-lo para esse dia. Ser os pilares que sustentam a ponte. Nosso dever é protegê-lo até que chegue a hora de cumprir seu destino.

Kushina fica em silêncio um pouco, refletindo. Encosta a cabeça em meu ombro e seus braços enlaçam minha cintura. Era bom ficar ali com ela, sentir seu cheiro, seu corpo perto do meu. Peguei uma mecha de seu cabelo e fiquei brincando com a mão. Eu adorava seus cabelos rubros. Sempre gostei. Como diz Kushina, é nossa “linha vermelha do destino”.

-Estou com medo, Minato. –Disse ela em um sussurro, finalmente. Encarei-a. esta me olhou, e havia dor e preocupação em seus olhos. –Tenho medo de perdê-lo. Tenho medo que ele sofra. É muito para uma pessoa só. Se ele for realmente o tal salvador que Jiraya tanto fala...

-Kushina... –Eu sorrio, confiante. –...Tenha um pouco de fé. Ele é nosso filho, afinal de contas.

Seus olhos se arregalaram um pouco, mas depois relaxaram.

-Sim... –Uma lágrima teimava em cair. Limpei-a com meu dedo, tocando sua pele aveludada. Estávamos perto um do outro, segurei seu rosto nas mãos e tomei-lhe os lábios com calma, devagar, aproveitando aquele pequeno momento, sentindo seu gosto. Temos nossa vida toda para ficarmos juntos. E mesmo que não tivermos, faremos assim, desse jeito, sem pressa. Descolei meus lábios dos seus e logo beijei-lhe a testa. Um beijo demorado, fechei os olhos, aproveitando.

-Tenha fé. –Sussurrei. Ela colocou a cabeça em meu ombro novamente e ficamos ali, encarando simplesmente as estrelas.   

                                      [pov. Naruto]

Admito que aquelas cenas da missão me chocaram. Fiquei de estômago revirado, simplesmente indignado com tamanha injustiça. Achei que já estava acostumado ao sofrimento, mas isso é algo a que você nunca se acostuma inteiramente.

Otou-chan ficou comigo um bom tempo ontem sem nos falar, somente ali. Acho que ele percebeu que eu não estava muito animado.

Acordei no meio da noite, aquilo ainda estava entranhado em minha mente. Sentei-me na cama e coloquei a mão na cabeça, tentando organizar as idéias. Só então meu estômago me lembrou de que eu não tinha jantado.

Esgueirei-me pelo corredor escuro, somente banhado pela luz do luar proveniente das janelas. Quando cheguei à sala, tive uma pequena surpresa.

Haviam roupas jogadas por todo canto, pergaminhos, potes de lámen vazios, resumindo: um ninho de ratos. Nossa, devem ter feito uma festança enquanto me recolhi ao quarto, mas o estranho que quando fui recolher as roupas em cima do sofá, percebi que a maior parte da bagunça era composta por meus pertences. O que meus pais estariam fazendo com minhas roupas?

Talvez, okaa-chan tivesse colocado para lavar, mas ficou com sono, tropeçou, caiu tudo e ela deixou assim mesmo. Do jeito que ela é, não é muito difícil ter acontecido. O que não agradará muito o otou-chan, com certeza, pois este já é mais organizado. Com certeza ele vai reclamar amanhã.

E os pergaminhos...? Já sei! Touya devia estar estudando, foi dormir e os largou em qualquer canto! É isso. Perfeitamente explicável!

Mas e o resto? Percebo que são todas coisas minhas, que esquisito! De qualquer jeito, vou comer mesmo porque minha barriga tá começando a doer.

Corri para a cozinha e abri a geladeira. Essa hora o lámen do jantar já deve estar mais do que frio. Não tem problema, eu esquento!

Procurei o lámen por toda parte, mas não encontrei. Engraçado, okaa-chan disse que ia guardar um pouco pra mim, mas acho que se esqueceu.

Sentei no sofá, pensando no que fazer. Fui ver o que a pirralha estava fazendo. Você deve estar pensando: meio da noite. Ela deve estar dormindo, né, sua anta?

Eu sei, mas me ferro demais, então suspeitava que aquela peste fazia vodu pra mim no meio da noite, agora vou tirar a prova, hehe. Vou pegar a pestinha no flagra.

Fui até o quarto dela e abri a porta com muuuuito cuidado. Porém, um monte de coisas caiu em cima de mim. Ao me recuperar do choque, olho para o lugar que abri e vi que o quartinho enjoativamente feminino de minha imouto em que estive algumas vezes fora substituído por um armário de entulhos.

NANII???

Não, não pode ser...

Um frio percorreu minha espinha. Corri até o quarto de meus pais e abri a porta de correr com violência, chamando por eles. Porém, ao adentrar o quarto de paredes verde-pêra, vi que todos os móveis estavam cobertos por lençóis brancos. Lembro que quando era pequeno nunca me atrevi a entrar nesse cômodo. O quarto bonito coberto com aqueles lençóis dava uma aura fantasmagórica e lúgubre ao lugar. Eu sei muito bem o que significa cobrir os móveis de uma casa daquele jeito.

Não...

Minhas pernas bambearam e perderam a força tamanho meu desespero. Desmoronei, aos prantos no chão. Meu maior temor se concretizara. Eles se foram. Morreram. Nunca mais vou vê-los de novo. Nunca mais...

-“Haahahhahahahahahaha.”

Reconheci a voz às gargalhadas em minha cabeça. Ria divertidamente, porém de modo frio que há muito tempo não percebia em sua voz. Lágrimas caíam de meus olhos sem parar, socava o chão, ajoelhado de bruços e soluçando. Quanto mais eu soluçava, mais as gargalhadas aumentavam. Só consegui dizer baixo, com a voz falhando...

-D-do que está rindo?      

-“Meu único divertimento é ver seu sofrimento, menino. Mamãe e papai morreram, foi?” –Sua voz fria era carregada de deboche. –“Ótimo, pois agora voltou á realidade, Naruto. eles se foram e não podem voltar. Eu sei, porque eu mesmo os matei. Senti suas espinhas quebrando enquanto minha unha dilacerava sua carne, senti seu sangue quente sumir de seus corpos enquanto os via lutar para respirar, lutar inutilmente para salvar sua vida desprezível. Eu amaldiçôo aqueles dois por terem a audácia de me prender, mas ao pensar que minha vingança contra minha antiga jinchuuriki foi realizada, estou muito satisfeito.”

Ódio e frieza eram perceptíveis em sua voz. Kyuubi voltara a ser a mesma coisa: aquele demônio frio que habitava meu corpo, que matara meus pais e metade da vila. Meu ódio voltou com ferocidade, voltei a minha mente para encará-lo.

-Nunca mais fale assim deles! Eles dois valem dez mil vezes mais do que você, raposa maldita! Acha que ficar dentro de mim é um castigo? Pois bem! Então um castigo será! –Rosnei. Kyuubi me olhou indignado.

-Você está me ameaçando? Não brinque comigo menino! Você não viu nem 1% do que eu posso fazer!! –Bradou ele. Logo, envolveu-me com seu chakra e tudo ficou escuro. Logo depois, uma imagem se formou:

Era noite, estávamos na floresta perto de Konoha. Kyuubi estava em seu tamanho natural, acorrentado e lutando para se libertar das correntes de minha mãe. Esta estava sentada no chão, e seu estado, acredite ou não, estava ainda pior do que quando Madara quase a matara. Sua boca sangrava, ela ofegava e se esforçava ao máximo para contê-lo. Mais à frente, havia uma espécie de trono cerimonial, e por cima dele estava meu pai, que também não estava em suas melhores condições, lutando contra o peso do próprio corpo enquanto colocava algo ali em cima. Espichei os olhos para ver e vi uma criaturinha minúscula de olhos fechados. Era eu. Quando acabara de nascer. Kyuubi rosnou. Meu pai virou-se para mamãe e andou até ela, dizendo:

-Kushina, fique comigo...

Porém, quando ele estava na metade do caminho, Kyuubi libertou uma de suas patas e estendeu sua garra para mim, tentando me matar. Pequeno, indefeso, seria morto facilmente. O medo da morte e o pânico afloraram em meu peito, gritei “cuidado!!!”, mas ninguém poderia me escutar. Meus pais olharam a garra de Kyuubi se aproximando de mim...

Mamãe e papai, usando as poucas forças que tinham, arremessaram-se com tudo em minha frente, recebendo o golpe e sendo perfurados os dois de uma vez pela garra do demônio de nove caudas. Kyuubi soltou um urro de insatisfação e forçou mais, tentando perfurar-me também, porém os dois lutaram contra ele, tentando afastá-lo mais de mim, sendo perfurados ainda mais. Seu sangue escorria por toda a parte, até que a ponta da unha de Kyuubi parou a poucos centímetros de meu rosto, o sangue de meus pais caindo em cima de mim.

Eu estava em choque. Aquilo era horrível!

Claro, okaa-chan já havia me contado como eles morreram, mas ver ao vivo, sentir o cheiro de seu sangue, era ainda pior. Mais lágrimas correram em minha face e comecei a chamá-los, gritando-os a plenos pulmões. Mas eles não vão ouvir, não é?

Por mais estranho que fosse, eles sorriram.

-Se o pai pode fazer esse trabalho... –Começou otou-chan. Okaa-chan completou:

-... A mãe pode fazer ainda melhor, certo?

Kyuubi rosnou, frustrado.

-Malditos humanos!!!

Eu estava em choque. Meu corpo não se movia e meu queixo estava caído. O terror havia me dominado.

Mamãe olhou para trás e começou:

-Você venceu... Primeira vitória, você, que nunca havia ganhado. Acho que você está realmente certo...

-Obrigado, Kushina. –Sorriu meu pai. Ele pegou um pouco de seu sangue e fez um selo de mão.

-Kushiose no jutsu!

Gamatora apareceu, e ao ver o estado deles se espantou:

-AAAAAH, A KYUUBI!!! YONDAIME, O QUE DIABOS ACONTECEU COM VOCÊ!??

Meu pai não respondeu ao sapo, simplesmente ordenou:

-Gamatora... Estou confiando a você a chave do selo... Entregue rápido a Jiraya-sensei... Guarde com ele... –Dizia com dificuldade.

-Entendido. Bom, adeus. –E sumiu.

-Então é isso... –Senti um frio horrível, o que diabos estava acontecendo??

Otou-chan olhou para okaa-chan e disse:

-Chegou minha hora, Kushina. Eu irei realizar o selo das oito trigramas. Tente deixar um pouco do meu chakra em Naruto também. Nós não temos muito tempo... Se você quiser dizer alguma coisa ao Naruto...

Ela parou um pouco e tomou fôlego.

-Naruto, nunca rejeite comida e cresça bastante para ser um grande garoto! Tome banho todos os dias, vá para a cama cedo e durma bastante. Faça amigos... Não importa quantos sejam, só faça com que sejam bons amigos, pessoas em que você possa confiar, mesmo só alguns são o suficiente. E estude o seu ninjutsu, eu nunca fui muito boa nisso, mas talvez você seja. Todos possuem coisas em que são bons e em que não são, não se sinta mal se você não puder fazer tudo. Tenha a certeza de ouvir os professores da academia, e lembre-se: respeite as 3 regras shinobis, tome cuidado ao emprestar dinheiro quando não se pode e guarde o que conseguir das missões. Não beba álcool antes dos 20 e não fique bêbado ou irá arruinar seu corpo. E para as mulheres... Bom, eu sou uma mulher então não sei o que falar... Só que existem apenas homens e mulheres no mundo e você pode querer uma namorada um dia... Só tente não arranjar uma pessoa estranha... Ache alguém como sua mãe...

Caraaaamba, como fala, -ttebayo!!!

Otou-chan chegou um pouco para a frente, com seu famoso sorriso colgate estampado no rosto, mesmo suportando a dor do ferimento.

Aquilo era fúnebre! Terrível!

Eles morriam, mas ainda sim estavam sorrindo!

Acho que... Morriam felizes sabendo que eu estava a salvo. Tudo isso me fez soluçar mais ainda.

-E um aviso do Yondaime: cuidado com o Jiraya-sensei!

Rio com o comentário dele, tentando controlar meus soluços, obviamente sendo um fracasso.

Okaa-chan fecha os olhos e inspira fundo. Lágrimas caem em seus olhos.

-Naruto, você irá experimentar muita dor e sofrimento... Mas lembre-se de quem você é! Tenha um sonho... Um objetivo... E não pare de tentar até que se torne realidade.

Ela fecha os olhos outra vez, as lágrimas já caíam sem pudor, fazendo-a gaguejar. As palavras dela causaram um grande baque em mim. Arregalei os olhos e encarei-os agonizando.

–Tem mu... Tem muita coisa que eu gostaria de falar, te ensinar... Eu queria estar com você... Eu te amo... –Otou-chan estava calado, somente ouvindo suas palavras. Ela olha para a garra gigante transpassada em seu peito.

-Me desculpe Minato, tomei todo o seu tempo.

-Tudo bem. –Diz ele. Chama a atenção de minha versão mais nova. –Naruto, aqui é o seu pai. –Ele chega um pouco para frente, sorrindo para mim. Mamãe chorava compulsivamente. Papai tinha sangue escorrendo dos lábios.

-Ouça... A sua mãe tagarela.

Os dois me encaram sorrindo, antes de darem o último suspiro e morrerem.

A escuridão saiu de meu corpo e voltei à sala onde Kyuubi se encontrava. Ele ria da minha expressão. Olhei meu próprio reflexo na água. Meus olhos estavam inchados, eu perdi toda a cor de meu rosto. Meus olhos eram puro terror. Eu tremia e ofegava.

-E agora garoto? Gostou do que viu? –Perguntou debochadamente. Aquilo despertou algo em mim sim, mas não era medo. Cada célula de meu corpo tremia de ódio.

-Seu... Seu... SEU DESGRAÇADO!! COMO PODE FAZER ISSO!?? COMO PODE MATÁ-LOS DAQUELE JEITO, SEU DEMÔNIO??!! –Gritei, extravasando toda a minha fúria. Kyuubi me olhou sério, por fim disse:

-Nossa conversa termina aqui.

Pisquei, e novamente estava em meu apartamento. Caí de vez no chão, chorando violentamente.

Eles se foram daquele jeito brutal, cruel...

Nunca mais os verei de novo. Nunca mais verei Touya nem obaa-chan. Nunca mais poderei conversar com Kyuubi sem odiá-lo. Nunca mais terminarei meu treinamento, nem verei as brigas malucas dos meus pais que duram só um minuto. Nunca mais minha mãe vai me dar aqueles cascudos que quase me arrancam a cabeça, nunca mais meu pai vai me consolar quando eu estiver triste...

Eu os perdi. Para sempre.

Eu nunca vivi com eles. Aliás, vivi minha vida toda sem eles. Então por que sinto tanto assim sua falta? Por quê? Por quê?

Naruto...

-NARUTO!!!

Acordei, sobressaltado, suado e ofegante. Estava em meu quarto, e olhando para mim lá estavam eles, repetindo a cena da barraca. Ele me segurava pelos braços. Parecia que estivera me chacoalhando. Ela estava sentada em minha cama, sua mão em meus cabelos e seus rostos carregados de preocupação.

-Você está bem? Está muito pálido, Naruto! O que acontece...

-MÃE!! PAI!!!

Abracei minha mãe com toda a força, chorando. Graças a Kami! Fora só um pesadelo. Foi muito real. Me assustou de verdade. Perto deste, aquele na barraca foi um lindo sonho meloso. Foi horrível. Meu coração ainda estava acelerado.

Touya entrou no quarto e me olhou com preocupação. Abracei a ela e otou-chan também. Precisava sentir que estavam ali comigo.

Fiquei assim um tempo, até me acalmar. Quando estava mais calmo, dei um beijinho na cabeça de minha irmã e essa disse, com a voz ameaçando choro:

-Você tá bem, nii-chan?

-Sim, Touya, eu to bem. Não se preocupa não, tá? –Eu minto muito mal. Ela me olhou desconfiada, mas otou-chan colocou a mão em seu ombro e disse:

-Vá dormir, Touya. Naruto está bem. Você tem missões amanhã, tem que estar bem descansada. –Seu tom era tranqüilizador. Ela assentiu com a cabeça, lançou-me uma última olhada e saiu. Ele se virou para mim.

-Aquela missão te abalou muito, não foi?

O que?

-Nani? Não, não teve nada a ver com a miss...

-Naruto, você está muito estranho hoje. O que aconteceu, filho? Conta pra mim! –Ela puxou minha cabeça e prensou-a contra os peitos.

-Mãe... Enforcando... Ar... –Digo com dificuldade. Ela me largou. Massageei a nuca. –Eu estou bem. –Menti. Consegui até sorrir forçado. Mamãe não acreditou, mas quando ia abrir a boca par falar, meu pai colocou a mão em seu ombro e disse:

-Se você diz, quem somos nós para discutir? –Sorriu.

-Mas Minato... –Protestou ela.

-Kushina, chega. Ele está cansado, foi um dia estressante, não é nada sério. Você o conhece, logo estará sorrindo e aprontando de novo. –Explicou ele. Mamãe me olhou de canto e depois para ele, como se decidisse o que fazer. Depois bufou, levantou e saiu seguida por meu pai. Este, porém, parou na porta e disse:

-Eu não sei com o que você sonhou, não sei o que viu na missão e não sei o que você sente, Naruto. Mas guardar tudo pra si mesmo não é a melhor resposta, acredite. Não forçarei nada, pois acredito que você contará quando estiver pronto. Só quero que saiba que pode desabafar comigo, se quiser. Boa noite.

-Boa noite, pai. –Ele sai. Chamo-o de volta.

-Pai.

-Sim? –Pergunta ele, aparecendo de novo. Será que ele acredita nessa história de pedido pra estrela?

-N-não é nada. –Ele me encarou inexpressivo por alguns segundos, depois me deu boa noite e saiu. Deito de lado, tentando dormir. Mas toda vez que fecho os olhos, as imagens que Kyuubi me mostrara apareciam perante meus olhos. Eu não consegui pregar o olho tamanho susto que levei, mas meu coração estava leve, pois eles estavam ali. Senti algo subindo em minha cama e me abraçando por trás, e quando me viro, vejo dois orbes verdinhos me encarando.

-Eu vou dormir aqui, para que seu espírito não saia pra dar uma voltinha de novo. –Ela sorri. Podemos brigar, às vezes me dá vontade de matá-la, enforcá-la até a morte e fazer o que seja, mas eu a amo muito. Abraço-a e fecho os olhos.

-Obrigado, imouto. Boa noite.

Ela ajeita a cabecinha em meu peito, bocejando e fechando os olhos.

-Boa noite, onii-chan.


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Notas finais do capítulo

bem, quanto a este, nao tenho mt o que comentar, so que a ruiva que eles resgatam é a karin (eu nao gosto dela, mas resolvi colocar ela aí pra dar uma apimentadinha na coisa)viajei legal colocando eles anbu, né?e daí, ces sabem que eu viajo na maionese legal. assim a coisa fica mais interessante.hum... touya no chuunin shiken? isso nao vai prestar.o proximo será mais sobre a rotina deles. e pra variar a uzumaki chibi vai meter o nosso loirinho favorito em confusao. ^^bem, jaaaa ne Kissus, Kushina-sama