Indiana Jones e as Relíquias de D. Sebastião escrita por Goldfield


Capítulo 6
Capítulo 5




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Capítulo 5

A nobre demanda.

 

 

CAIRO >>>>> ASSUÃ

 

A dupla no rastro das relíquias de D. Sebastião chegou à cidade de Assuã numa agradável manhã de céu azul, depois de alguns dias de viagem. Na Antigüidade, o local tinha o nome de Swenet, e era o limite meridional do domínio dos faraós. Atualmente, porém, a fronteira egípcia se estendia mais para o sul. Ali estava situada a primeira catarata do rio Nilo, na qual os britânicos haviam construído uma grande represa.

Apesar de bem menor que o Cairo, Assuã tinha ruas igualmente movimentadas. Indy e Luzia as percorriam em direção ao ancoradouro, onde conseguiriam outro barco para continuar a jornada. Conforme Jones previra, não haviam passado por mais apuros depois da malograda incursão pirata. Apenas um pequeno incidente ocorrido na altura de Luxor, quando os dois se viram no meio de um breve tiroteio entre duas embarcações de comerciantes rivais. Nada sofreram, porém.

–         De acordo com Sallah, nós devemos procurar um tal de Sahid, sócio do sogro dele... – murmurou o professor conforme andava junto com a portuguesa. – Tomara que ele realmente faça um bom desconto para nós... Temo que nosso dinheiro acabe antes mesmo de entrarmos no Sudão!

–         Já estarei muito satisfeita se conseguirmos ao menos cruzar a fronteira!

Foram logo absorvidos pela turba de pessoas, tentando abrir caminho entre elas até seu destino.

 

Não muito longe dali, no mercado, os aturdidos italianos Lorenzo e Antonello procuravam por Anis Bakr, amigo do coronel Fulco. Passando em frente de várias barracas, o segundo surrupiando uma laranja de uma delas sem ser percebido, logo chegaram a uma tenda onde vários homens animados pareciam entretidos em algum tipo de jogo. O primeiro dos fascistas disse ao amigo, que tirara uma faquinha do bolso e agora descascava a fruta calmamente:

–         Três dias procurando esse egiziano e nada! O coronel vai nos esfolar se não cumprirmos o que mandou!

–         Acalme-se, Lorenzo, algo me diz que o sujeito está no meio dessa gente! – afirmou Antonello, apontando para o grupo de jogadores.

–         É melhor estar certo...

Depois de hesitarem por alguns segundos em interromper a distração dos árabes, Antonello tomou iniciativa, avançando até a roda. O outro logo o seguiu. Perceberam se tratar de uma competição envolvendo dados, cada um dos participantes atirando dois deles por vez, e em seguida comemorando ou maldizendo o resultado dos pequenos cubos. Intrigados, e sem compreender a lógica do divertimento, os dois estrangeiros abriram espaço e penetraram no círculo, ao mesmo tempo em que um senhor de certa idade, comprida barba cinza, tinha sua vez de jogar.

–         Anis Bakr! – exclamou Lorenzo, tentando chamar a atenção de todos. – Estamos procurando Anis Bakr!

O idoso com os dados resmungou algo em árabe, provavelmente pedindo que o italiano se calasse. Em seguida atirou as duas peças e, num momento de azar, ambas caíram com a face do número um virada para cima. O ancião praguejou muito, acusando os dois forasteiros de terem lhe trazido mau-agouro, embora estes nada compreendessem. Súbito, um homem de bigode espesso e turbante aproximou-se da dupla, cara fechada. Perguntou muito desconfiado, num italiano que dominava satisfatoriamente:

–         Eu sou Anis Bakr. Quem procura por mim?

–         Oh, bom dia, senhor Bakr, finalmente! – saudou Antonello, aliviado. – Trazemos uma mensagem de nosso comandante, coronel Ezio Fulco.

Um sorriso brotou na face morena do egípcio.

 

Indy e Luzia continuavam a caminhar pelas vias de Assuã, estando já a alguns poucos quarteirões de distância do ancoradouro. Tinham os pensamentos um tanto longínquos, refletindo tanto sobre os eventos passados quanto a respeito dos que ainda viveriam. E o aventureiro aproveitava ora ou outra esses momentos para admirar sua acompanhante. Ah, como era bela! Vestia uma camiseta branca de botões, mangas dobradas, que delineava bem seu busto. As calças marrons realçavam suas bonitas e fortes pernas, principalmente as coxas, terminando nas botas pretas que trazia aos pés. E seus olhos azuis... Fabulosos olhos azuis! Caminho para intensos e inesquecíveis sonhos de amor.

Assim distraídos, os dois mal notaram uma figura totalmente coberta por um manto e capuz marrons, um tanto baixa, aproximar-se correndo por trás deles, destacando-se de repente no meio da multidão. E, num movimento rápido, puxou com um dos braços a alça da fiel bolsa que Jones sempre carregava presa ao ombro, evadindo-se com ela novamente para o meio dos transeuntes.

–         Um ladrão! – exclamou o arqueólogo, surpreso pela investida. – Droga, dentro daquela bolsa está boa parte do nosso dinheiro!

–         Minha nossa! – alarmou-se a portuguesa.

–         Não se preocupe, eu dou um jeito nisso!

O norte-americano começou a correr no encalço do gatuno, esbarrando em várias pessoas pela frente, inclusive uma senhora gorducha que, tendo derrubado uma sacola de compras no chão devido ao impacto, xingou a mãe do estrangeiro. Sem perder o criminoso de vista, Indiana seguiu-o para dentro de um beco. Teve de saltar sobre alguns caixotes pelo trajeto e desviar de algumas galinhas que ciscavam por ali, as quais se afastaram aos cacarejos devido à velocidade da perseguição. Os trajes do meliante não permitiam que nem parte de seu rosto fosse visto, fazendo o professor se perguntar se era homem ou mulher, e qual seria sua idade.

Venceram a viela e adentraram mais uma rua, o indivíduo perseguido por pouco não sendo atropelado por um caminhão. Não parecia estar muito habituado a fugir daquela maneira. Esse pequeno revés permitiu que Indy se aproximasse mais do ladrão, prosseguindo em seu rastro para dentro de uma pensão. O encapuzado enveredou-se pelos estreitos cômodos do lugar, evitando os hóspedes que apareciam à sua frente. Jones o acompanhava aturdido, passando por um recinto onde algumas pessoas almoçavam em silêncio, sequer notando sua presença. Subiu uma escada assim que percebeu que o gatuno se dirigira para o segundo andar. Atravessaram mais salas e corredores, até que o sujeito viu-se sem saída num dos quartos.

O arqueólogo se aproximava rapidamente; o fugitivo precisava encontrar um jeito de escapar dali. Chegando perto de uma das janelas, viu que ela dava para uma cobertura de telhas inclinada que terminava poucos metros acima da rua. Era a única rota possível. Saltou pela abertura, avançou agilmente pelo telhado, tomando cuidado para não escorregar ou tropeçar, e saltou para a via logo abaixo sem demais problemas, voltando a correr após um breve momento recuperando o fôlego.

Indy observara tudo do quarto e preparou-se para tomar o mesmo percurso: pulou pela janela como fizera o outro, porém pousou de mal jeito sobre as telhas, pisando em falso e conseqüentemente caindo sentado. Assim deslizou pela inclinação, ralando-se e desprendendo algumas lajotas no processo, que por pouco não caíram na cabeça de alguns cidadãos por ali passando. Apesar do descuido, conseguiu também chegar à rua, fitado por certo número de curiosos, e voltou a apressar-se em perseguição ao ladrão.

Já estavam nos arredores do ancoradouro, as águas do Nilo podendo ser admiradas logo adiante. Ao contornar uma esquina, o perseguido esbarrou num mercador, perdendo velocidade, e foi sumariamente alcançado por Jones. Estendendo um braço, conseguiu agarrar o meliante por um dos pulsos, detendo-o finalmente. Foi então que o capuz deste retraiu-se, revelando seu semblante: uma criança. Indiana foi afetado por tal descoberta, encarando-lhe os olhos suplicantes. Tinha o corpo relativamente magro e fraco, deixando crer que não vinha se alimentando devidamente há algum tempo. A conclusão veio rápida ao professor: ele furtara a bolsa na esperança de poder comprar alguma comida com o dinheiro nela contido.

Soltou então o menino, que mesmo assim permaneceu imóvel. Ele tinha plena consciência de que aquilo que fazia era errado, e parecia estar pronto para sofrer as conseqüências. Indy, consternado, continuou a fitar o garoto, quando subitamente um idoso de desgastada túnica branca e cajado numa das mãos, careca, pele bem negra e de grande barba, aproximou-se dos dois. Assemelhava-se a um daqueles eremitas que viviam em penitência vagando pelo deserto. Lançou um olhar profético para o aventureiro e falou, sua voz soando como um trovão:

–         Somente os homens de bom coração poderão alcançar o reino do Preste João, campeão da verdadeira justiça! Quando o ciclo estiver completo, os restos do rei oculto poderão ser levados de volta para sua pátria no além-mar, na qual por ele choram seus súditos de ontem e hoje!

Após ouvir tais palavras, Jones, estremecendo, voltou a cabeça de novo para o pobre mancebo, apanhou dele lentamente sua bolsa, abriu-a e retirou dela um maço de notas, que entregou para ele. A criança recebeu o dinheiro atônita, olhos muito brilhantes, sem conseguir assimilar muito bem aquela boa ação desprovida de qualquer compromisso. O arqueólogo abriu um sorriso, deixando o rapazinho mais tranqüilo, e este, retribuindo com a mesma expressão de felicidade, guardou o presente consigo, correndo para longe dali.

Quando Indy tornou a pousar os olhos no local onde se encontrava o velho de túnica, ele já havia desaparecido por completo. Quem seria ele? Como sabia da jornada que empreendia? O que queria dizer com “quando o ciclo estiver completo”? Nisso, Luzia, que seguira os passos do colega, chegava sem ter presenciado nada do que ocorrera. Cansada de tanto andar, ela indagou ao companheiro:

–         O que houve? Conseguiu a bolsa de volta?

–         Sim, está aqui! – respondeu ele, voltando a pendurá-la no ombro. – Agora vamos, temos de encontrar o tal Sahid!

–         Mas e o ladrão? Você lutou com ele? Para onde ele foi?

Jones não respondeu, apenas seguindo em frente com o rosto cheio de confiança e perseverança. Ele estava começando realmente a se convencer do nobre significado que a demanda das relíquias de D. Sebastião possuía, e sentia-se cada vez mais determinado a abraçá-la até o fim. A moça, por sua vez, deu uma risadinha amável e pôs-se junto do norte-americano novamente. A viagem tinha de continuar.

 

Após ser devidamente informado pelos dois italianos a mando de Fulco, Anis Bakr seguia sorrateiramente a dupla de aventureiros pelas ruas das imediações do ancoradouro. O árabe era como seu amigo coronel: pouco se sabia a seu respeito. Constituía, porém, nome temido em Assuã. Mercenário conhecido, capaz de tudo para atingir seu objetivo, fosse matar ou espionar. Indy e Luzia, alheios a isso, tinham sorte de se enquadrar no segundo caso.

Nem precisou ouvir as indagações que fizeram aos funcionários do porto para saber que procuravam pelo velho Sahid. Sim, eles precisavam de uma nova embarcação para continuarem subindo o Nilo. Visavam penetrar na Etiópia, de acordo com Fulco. E o trabalho de Anis seria justamente providenciar que lá chegassem em segurança. Pouco convencional para seu feitio, isso era certo, mas havia uma considerável quantidade de dinheiro envolvida, sem contar, é claro, os favores que o egípcio devia ao militar fascista.

 

Recebendo indicações por parte das pessoas no ancoradouro, os forasteiros logo encontraram o comerciante de nome Sahid: homem já de idade um tanto avançada, com “fez” na cabeça e uma extensa barba grisalha. Estava de pé sobre o tablado, costas encostadas a uma das paredes de seu estabelecimento. Segundo as informações recebidas, sabia falar inglês, e assim Indiana tratou logo de iniciar diálogo:

–         Boa tarde, senhor... Sahid, não? Eu e minha amiga precisamos de um barco. Um conhecido nosso no Cairo disse que poderia nos fornecer um por um bom preço.

–         Sim, sou Sahid... – respondeu o velho, coçando os fios brancos que lhe pendiam do queixo. – E quem poderia ser esse conhecido de vocês que me recomendou? Sallah, eu presumo?

–         Exatamente – sorriu Jones. – É sócio do sogro dele, certo?

–         Isso mesmo... Bem, se foi Sallah quem os indicou até mim, devem ser boas pessoas... Venham, tenho algo para vocês!

Seguiram-no então pelas tábuas do local, outros navegadores transitando pelo rio logo em frente, envolvidos em diversas atividades. Foi vendo tais pessoas imersas em seu cotidiano que Indy lembrou-se da universidade pela primeira vez desde que chegara ao Egito. Dado o tempo de viagem já gasto e o que ainda teriam pela frente, acabaria ficando longe da sala de aula por um período considerável, o que não era bom. E, refletindo mais a fundo, observou como todos ali tocavam suas vidas ignorando a busca que os dois empreendiam, centrados em seus próprios objetivos, suas próprias demandas de cada dia. E, mesmo visando um artefato grandioso, os restos mortais de um rei há muito desaparecido, a deles era apenas mais uma delas.

Sahid levou-os até um barco a motor não muito diferente do outro que haviam usado para chegar até Assuã: também era coberto por um toldo, porém com a vela um pouco menor, tendo a vantagem de ser mais facilmente manobrável. As cores também diferiam: as da primeira embarcação eram branca e vermelha, as da nova, branca e azul. Além disso, o casco parecia estar em melhor estado.

–         Parece-me um bom barco, quanto quer nele? – perguntou o arqueólogo.

–         Se eu levar em conta o preço dele em libras egípcias... – ponderou o ancião, mão no queixo. – Uns duzentos dólares!

Era certamente um preço generoso, mas que mesmo assim apertaria a escassa reserva financeira que os aventureiros traziam consigo. Jones tentou barganhar:

–         Que tal cento e cinqüenta?

–         Cento e oitenta! – retrucou o árabe.

–         Cento e sessenta ou teremos de procurar outro barqueiro!

Já que os negócios não andavam muito bem, Sahid foi obrigado a aceitar. Indy e Luzia compraram mais alguns suprimentos na cidade e pouco depois partiram na embarcação, o curso azul do rio se desenhando mais uma vez diante de seus olhos conforme avançavam. Uma nova etapa da jornada se iniciava.

Algum tempo depois, poucas horas antes do sol se pôr, Anis Bakr também deixava a cidade num barco adquirido do comerciante rival de Sahid. Não podia perder a dupla de alcance até que atingisse o território da Etiópia. Seu pagamento dependia do êxito nessa tarefa.

 

Anoitecia.

A embarcação na qual viajavam Fulco e seus soldados aportava num pequeno cais de Assuã localizado antes da catarata. Assim que seus ocupantes a deixaram, alguns carregadores egípcios ajudando a trazer os suprimentos, Lorenzo e Antonello surgiram para reportar ao coronel o sucesso de sua missão.

–         Muito bom... – disse este assim que ouviu os dois italianos. – Porém não fizeram mais do que sua obrigação. Agora alguém realmente competente está de olho no doutor Jones e sua amiga. Vocês dois estão dispensados por enquanto!

Eles bateram continência e foram se juntar a seus colegas de tropa. Tirando o quepe por um momento e alisando os cabelos com uma das mãos, Fulco deu um sorriso ao pensar em como o professor norte-americano tinha talento em se meter em enrascadas. Dessa vez nem estavam tentando impedi-lo, pelo contrário, desejavam que ele seguisse viagem em paz para que encontrasse as relíquias para eles, e mesmo assim tivera uma escaramuça com piratas do Nilo pouco depois de ter deixado o Cairo. O barco do coronel passara pelos vestígios fumegantes da batalha e por um momento chegara a pensar que o arqueólogo estivesse morto, mas não... Jones já havia passado por situações piores e saíra ileso!

O sorriso do militar se ampliou, seus olhos de águia contemplando o horizonte. Eles estavam realmente usando a pessoa certa e, assim que o paradeiro do corpo de D. Sebastião fosse plenamente desvendado, agiria com o máximo de astúcia para livrar-se definitivamente dela, coisa que os alemães não haviam conseguido. O triunfo do Dulce, no final, seria em dobro.

 

O início de noite e as águas tranqüilas do rio transmitiam tal calmaria aos viajantes que era difícil para eles se manterem acordados. Jones e Pessoa continuavam no esquema de revezamento, abrindo mão de algumas horas a mais de sono para manter o barco na rota. Mas, adormecidos ou despertos, o curso do Nilo embalava sublimemente seus sonhos e pensamentos.

–         Sabe, Indy... – falou Luzia num dado momento. – Vagando por estas terras desconhecidas, às vezes eu me pergunto aonde iremos realmente parar...

–         Bem, estamos na África... Eu não me espantaria se chegássemos ao local onde Allan Quatermain caçou seu último elefante!

Os dois riram. A portuguesa tinha razão. Mesmo com a evidência dos manuscritos, a busca pelas relíquias era realizada um tanto às cegas, já que elas poderiam estar em qualquer parte da Etiópia, isso se já não houvessem sido deslocadas para outro lugar. Todavia, Indiana, depois do incidente envolvendo o menino e o eremita em Assuã naquele dia, tinha o forte pressentimento de que ele e Luzia estavam realmente destinados a encontrar os despojos de D. Sebastião. Começava a deixar de lado seu ceticismo para confiar na ventura que o fizera conhecer aquela jovem e que os direcionara para aquela intrépida busca.

–         Boa noite, Indy – disse a moça, cobrindo-se com uma manta para dormir.

–         Boa noite, Luzia... – respondeu Jones, olhar perdido em meio ao crepúsculo egípcio.

 

 

Glossário – Capítulo 5:

 

Allan Quatermain: Personagem criado pelo britânico Henry Rider Haggard, aparecendo pela primeira vez em 1885 no romance “As Minas do Rei Salomão” e depois em vários outros livros. Caçador de elefantes, Quatermain reflete as experiências vividas por seu autor no continente africano. Foi interpretado por muitos atores no cinema, como Richard Chamberlain (em dois filmes na década de 80), Sean Connery (no filme de 2003 “A Liga Extraordinária”, baseado na história em quadrinhos de mesmo nome) e Patrick Swayze (numa produção de 2004 feita para TV a cabo).

 

 

Continua...


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