Indiana Jones e as Relíquias de D. Sebastião escrita por Goldfield
Capítulo 11
No reino do Preste João.
Dor, fraqueza... Febre... Visão turva, lampejos de visão e espasmos de consciência...
Ele era conduzido em cima de uma maca... Conseguiu enxergar Luzia... Linda como sempre, mas parecia tão preocupada...
Eram guiados por um homem de roxo... O bispo do Preste João! Mas por onde seguiam? Seria uma caverna?
Não... Um labirinto de cavernas! Passagens tortuosas, desvios, bifurcações...
Ia falar algo para revelar que recuperara os sentidos, mas quando acabara de pensar em fazer isso, a cabeça tornou novamente a pesar-lhe imensamente, e seus olhos foram novamente selados...
Indy acordou num sobressalto.
Sentou-se, erguendo o tronco, sobre o que parecia ser uma cama. E bem confortável, era de se convir: um colchão extremamente macio, coberto por um lençol de tecido fino e incrivelmente sedoso, cor azul. Havia também dois travesseiros ornamentados, em sua costura, com imagens religiosas e de guerreiros etíopes. Foi analisando essas figuras que o arqueólogo, um pouco zonzo, porém aliviado da febre e da imobilidade trazidas por sua misteriosa doença, concluiu para onde fora levado... Seria mesmo verdade?
Levantou-se da cama, observando o quarto: paredes de barro, sendo que um dos lados do cômodo parecia ter sido talhado diretamente numa rocha... Havia peças de tapeçaria por quase toda parte, algumas delas impressionando pela riqueza de detalhes. Sobre uma mesinha próxima ao leito, encontrou uma bacia de ouro maciço contendo água e uma toalha, uma jarra de prata com algum tipo de suco de fruta e, por último, seu inseparável chapéu de aventuras. Aliviado por encontrá-lo, Indy colocou-o de volta na cabeça.
Caminhou então até algumas janelas de um dos lados do recinto. Eram cobertas por placas de madeira contendo pequenos orifícios em forma de losango, pelos quais penetravam fachos de luz solar fragmentados . Lá fora o céu era azul, isso Jones conseguiu perceber, porém não pôde distinguir mais nada na paisagem exterior, já que era difícil enxergar algo em panorama através daquelas superfícies. Voltou-se para trás, e ao mesmo tempo uma porta do lado oposto do quarto foi aberta, Luzia Pessoa adentrando-o, um sorriso brotando em sua face ao ver o amigo de pé.
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Logo que disse isso, Indy deu alguns passos de costas para se apoiar na borda de uma das janelas, mas perdeu o equilíbrio e, se não houvesse sido amparado pela parede, teria caído sentado.
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Jones riu de leve. Ela se preocupava mesmo consigo! Pensar nisso o reconfortava, e assim já pôde se sentir um pouco mais disposto. Ajeitando a roupa, o aventureiro perguntou à jovem:
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Era um forte argumento, ainda mais vindo de um arqueólogo. Luzia abriu a porta, esperando que Indy se aproximasse para junto com ele deixar o local. Do lado de fora, desceram por uma longa escada em espiral, toda feita de pedra. No caminho, o norte-americano perguntou à companheira:
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O trajeto terminou numa outra porta, e assim que a atravessaram, os dois ganharam um lugar ao ar livre... Bem, não era um lugar qualquer ao ar livre, como rapidamente Indy percebeu...
O que existia logo à frente se assemelhava à rua de uma cidade, mas não de modo convencional. Encontravam-se numa pequena plataforma rochosa natural, à beira de uma fenda que aparentava ter muitos metros de profundidade, não sendo possível enxergar sua extremidade inferior. Sobre ela fora construída uma longa passarela de madeira, que servia como via, ligando as duas bordas do buraco e assim ramificando-se em outras pequenas pontes e travessias, de acordo com a distância entre os dois lados, que variava. E, em cada um deles, via-se várias construções esculpidas na própria montanha, com portas, janelas, colunas e até alguns telhados. Era comum algumas daquelas habitações terem de dois a três andares, interligados por escadas em seus interiores. Por toda a extensão daquela estrutura vagavam muitas pessoas, ocupadas em diversas atividades e afazeres, todas súditas do Preste João.
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Passaram a percorrer a passarela, tão sólida quanto as rochas que a circundavam. Havia beirais para que apoiassem as mãos, reduzindo o risco de uma queda na infindável fenda. Seguiram até uma construção próxima, diante da qual enxergaram uma figura conhecida, vestes roxas... Sim, o bispo Samuel Davi, que parecia aguardá-los já há algum tempo.
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Samuel pôs-se a caminhar, os dois visitantes do reino o acompanhando. Entraram pela porta do local logo adiante, ganhando uma espécie de pátio interno. Nele, Indy e Luzia puderam observar uma enorme variedade de pessoas: alguns outros sacerdotes, vestidos praticamente do mesmo modo que o bispo, com suas túnicas roxas e medalhões dourados, outros indivíduos de trajes vermelhos, comerciantes, que cuidavam de barracas e manuseavam moedas de ouro e prata, e um outro grupo, a maioria, entre homens e mulheres, os primeiros andando quase nus, usando apenas calções e peles de carneiro presas às costas, e as segundas trajando saias e vestidos bastante simples, mas que realçavam as bonitas formas de seus corpos, todos trabalhando em diversas ocupações, desde carpinteiros a ferreiros.
Era assim possível esboçar uma provável hierarquia social da sociedade do Preste: primeiro os sacerdotes, depois os comerciantes e então o resto do povo. Havia também, todavia, dois grupos que pareciam não se encaixar em nenhuma dessas camadas. Primeiramente, os pigmeus, presentes nas lendas sobre aquele reino. Com cerca de um metro de altura, assemelhavam-se a anões, mas tinham um desenvolvimento corporal mais condizente com o de uma pessoa normal, reforçando seu aspecto de humanos em miniatura. Um deles se aproximou, conforme o bispo guiava os estrangeiros, e abraçou com força as pernas de Luzia, impedindo-a de continuar andando. Olhando para baixo, a portuguesa se deparou com os olhinhos brilhantes do pequeno homem, que parecia disposto a nunca mais soltá-la!
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Rindo admirada, a moça não sabia ao certo como lidar com a situação, até que o clérigo trocou algumas enérgicas palavras com o pigmeu na língua local, fazendo-o se desvencilhar da jovem aos resmungos, e distanciou-se caminhando de forma engraçada. Uma experiência no mínimo curiosa, além de fantástica. Mas, em meio a tudo aquilo que viam, a presença daqueles seres tornava-se quase que natural. O trio retomou o trajeto, Samuel explicando:
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Fitando alguns dos pigmeus que trabalhavam, Indy percebeu que se encarregavam principalmente de atividades auxiliares às demais, atuando como assistentes ou criados. O outro grupo que parecia não se encaixar nos três principais eram composto por anciãos aparentando ser extremamente velhos, com cabelos muito brancos e barbas enormes, algumas até chegando aos seus pés. Vestiam túnicas brancas sujas, alguns portando cajados, e eram vistos aqui e ali pregando à população ou transmitindo ensinamentos às crianças.
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Indiana teve vontade de cuspir. Cobras! Por que tinha que ser cobras? Ele preferia a mortalidade e todos os seus infortúnios a ter de ingerir por toda a vida aqueles répteis asquerosos! Entretanto, saber a respeito daqueles anciãos era muito interessante. Devia ser por conta de seu trabalho de evangelização que muitas das informações sobre o reino do Preste João tenham sido propagadas na Europa medieval...
Passaram por mais passagens, escadas e portas, até chegarem a um ambiente bastante amplo. Logo concluíram se tratar de uma suntuosa igreja subterrânea. Avançaram pelo corredor central, Indy e Luzia admirando toda aquela grandeza. Quase tudo no templo era feito de ouro e pedras preciosas. Até as imagens dos santos eram incrustadas de jóias, as pupilas das estátuas sendo compostas de esmeraldas e safiras. Os candelabros reluzentes, os instrumentos de celebração valiosíssimos, os bancos de madeira nobre, o púlpito rodeado de esculturas de anjos e querubins... Tudo ali demonstrava incomparável riqueza. Nas paredes e no teto havia belas e detalhadas pinturas mostrando diferentes episódios bíblicos, e numa delas estava retratado um idoso branco de longa barba, auréola em torno da cabeça, pregando o cristianismo para um grupo de etíopes devotos. Jones logo deduziu se tratar do apóstolo lendário que teria evangelizado a região.
Chegaram ao altar, de frente para um grande crucifixo. De cada lado deste havia uma porta que levava aos fundos do santuário. O bispo guiou-os pela entrada da direita, porém a da esquerda intrigou bastante Indy: parecia estar firmemente selada, e junto dela existia uma espécie de mecanismo envolvendo engrenagens metálicas e um fino cilindro vertical. Gravou aquele local em sua mente, e continuou a seguir os passos de Samuel Davi...
Os dois viajantes pensaram que em seguida encontrariam uma sacristia, no entanto chegaram a um lugar bem diferente: abarrotado de livros, esboços, pergaminhos e instrumentos de cálculo, perguntaram-se se não teriam encontrado um ateliê perdido de Leonardo da Vinci. Existiam ali até um telescópio desmontado e dicionários de diversas línguas, o que explicava o domínio do inglês por parte da população dali. Em meio a tudo aquilo, junto a uma mesa, um idoso de túnica branca desgastada e grande barba folheava um grosso exemplar que era certamente originário da Idade Média, as páginas repletas de letras ornamentadas e iluminuras. O bispo chamou-o através do dialeto do reino, fazendo com que ele se virasse para os recém-chegados. Indiana estremeceu ao reconhecê-lo de imediato: era o mesmo misterioso ancião que ele vira em duas ocasiões ao longo da viagem até a Etiópia, sempre desaparecendo sem deixar rastro!
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Agora tudo se encaixava... Desde o Egito aquele sacerdote vinha seguindo os passos de Indy e Luzia! A aparição dele em Assuã, depois no primeiro vilarejo etíope... Provavelmente havia inclusive sido ele quem roubara os camelos do grupo, para testar até que ponto persistiriam! Um dos próprios súditos do Preste acompanhara o tempo todo a expedição à procura do reino!
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Caminhou então até um globo terrestre que ali havia, suporte feito de ouro, a forma dos continentes ainda remetendo ao início das Grandes Navegações. Girou-o de leve, e enquanto fitava o movimento da esfera, disse, como que hipnotizado por ela:
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Esticou então uma das mãos, interrompendo o girar do planeta em miniatura. Andou até uma estante próxima, apanhando alguns papéis amarelados. Mostrou-os aos estrangeiros: neles estavam desenhadas diversas figuras circulares, decompostas em vários ângulos e cálculos. O idoso simplificou tudo:
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O raciocínio do estudioso fazia muito sentido. Jones, principalmente, estava deveras interessado pela explicação, que teve continuidade:
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Agora Indy e Luzia compreendiam o motivo de, segundo o documento de Gaspar Almeida consultado em Lisboa, os abexins terem fugido à noite com as relíquias do rei depois de encontrarem a expedição portuguesa: o povo do Preste João acreditava que ainda não era o momento certo de D. Sebastião voltar! Isso só poderia ocorrer depois que se passasse o tempo necessário para o fechamento do ciclo!
Foi quando fizeram as contas... Segundo o sacerdote, uma era terminava depois de transcorridos trezentos e sessenta anos... 1578... 1938... Trezentos e sessenta anos exatos! Chegara o momento de transportar as relíquias de volta a Portugal, e eles, mais especificamente Luzia, seriam incumbidos disso! Era essa a profecia, e por isso requeria tantos testes e preparação! Quem diria... Com o mundo à beira da eclosão de uma guerra, uma antiga tradição de um povo místico oculto nas montanhas da Etiópia seria finalmente consolidada!
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Agora ficava evidente por completo o nobre e importante caráter daquela missão. Tudo conspirara para que ela fosse concluída, e eles estavam mesmo a um passo de conseguirem! Os despojos do rei oculto seriam reconduzidos para seu antigo lar... Nada mais parecia agora capaz de impedir isso.
As horas passaram, e veio o entardecer.
Indy e Luzia foram instruídos por Samuel a começarem a se arrumar para o banquete que seria dado pelo Preste logo à noite. Maputo ainda não havia dado as caras, porém, segundo o clérigo, ele estava muito cansado e decidira passar o dia todo dormindo. A portuguesa estava muito zangada com o norte-americano: ele ainda se recusava a ir ver os médicos do reino. Naquele momento, os dois caminhavam por um corredor até o local onde, de acordo com o bispo, poderiam banhar-se, a moça ainda discutindo com o arqueólogo:
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Os dois se contemplaram nos olhos por alguns instantes, cada um exprimindo diferentes sentimentos sem precisar empregar palavras: Luzia transparecia uma imensa preocupação com Indy, ela se afeiçoava a ele cada vez mais. Ele parecia muito mais obcecado pelas relíquias do que ela, que teria muito mais motivos para isso! Já o professor parecia pedir maior confiança da parte dela, queria que ela deixasse seus temores de lado ao menos temporariamente, e acreditasse que poderia dar certo fazer as coisas do jeito dele... Se bem que nem ele mesmo acreditava nisso às vezes!
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Tornaram a andar, até chegarem a uma bifurcação. De acordo com o que Samuel dissera, o caminho da esquerda levava à “casa de banho” feminina, e o da direita, à masculina, ambas preparadas especialmente para os hóspedes. Poderiam banhar-se à vontade, e antes que terminassem, alguns criados pigmeus lhes levariam as roupas que vestiriam para a cerimônia. Assim se separaram, prontos para se lavar, e de quebra quem sabe também relaxar um pouco...
A higiene pessoal com certeza era um hábito muito valorizado no reino do Preste João. O ato de tomar banho ali revelava isso: cada “casa de banho” era um verdadeiro termas. Havia piscinas contendo água em diferentes temperaturas, isoladas entre si para garantir a privacidade dos usuários. Além de sabão, estavam à disposição frascos contendo os mais diversos tipos de perfumes, alguns com aromas bem exóticos, trazidos por caravanas vindas do outro lado do mundo. No teto e paredes, pinturas representando o cotidiano daquela terra e as pessoas que nela viviam. Indy e Luzia passaram bons minutos se banhando, o que contribuiu para restaurar suas energias.
Logo que terminaram, enxugaram-se com macias e suaves toalhas, que, de acordo com o bispo Samuel, eram feitas de um tecido fabricado a partir dos casulos de uma espécie de salamandra existente somente naquelas montanhas. Tal processo era realizado numa oficina especial do reino, onde os alvéolos desses animais eram expostos ao fogo, resultando na excelente fibra que compunha praticamente todas as peças de vestuário utilizadas nos domínios do Preste. Segundo se dizia, as roupas desse tipo eram atiradas de volta ao fogo para serem limpas, já que a água não era suficiente para lavá-las, e que elas eram retiradas intactas das chamas logo depois. Os visitantes não haviam testemunhado tal processo, porém, depois de terem presenciado tantas coisas fantásticas ali, não havia razão para duvidar...
Jones concluiu seu banho, amarrando uma das toalhas na cintura. Numa bancada próxima das piscinas, os pigmeus haviam deixado os trajes para o banquete: uma bela túnica azul com fitas brancas, e sandálias de couro. Seria um alívio vestir algo limpo depois de tanto tempo com as mesmas roupas, elas estavam até criando piolhos! O arqueólogo ia começar a se trocar, quando ouviu um grito. Era Luzia:
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Apesar da distância, o aventureiro notou um quê de urgência na voz da companheira. Ainda envolto apenas pela toalha, correu até a casa de banho feminina, temendo que a moça estivesse em apuros. Bem, ela na verdade estava mesmo, mas não da maneira que Jones pensara...
Os criados pigmeus haviam feito uma de suas travessuras: ao invés de levarem a Luzia as vestimentas para a cerimônia, deram um sumiço em suas roupas, deixando no lugar os trajes sujos de Indiana! Para não ficar nua, a portuguesa acabara por colocá-los no corpo, e a imagem era simplesmente hilária: a camisa, jaqueta e calça eram muito grandes para ela, e por isso ficou parecendo uma criança que cismara em experimentar as vestes de um adulto! O chapéu também não se ajustava bem à sua cabeça, caindo sobre seu rosto e tampando tudo acima do nariz.
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O norte-americano virou-se para sair, segurando a toalha que lhe envolvia, quando Pessoa notou algo que a deixou muito assustada. Deteve o amigo sem pensar duas vezes:
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De fato, não só as costas, mas várias partes do corpo de Jones estavam cobertas por pequenas marcas negras. A doença se manifestava agora com maior clareza. Tanto ele quanto ela ficaram sem reação, a jovem olhando desesperada para Indiana enquanto este se examinava surpreso e estarrecido. Afinal de contas, que praga era aquela? Por que aquele empecilho justo no momento em que estavam mais perto de triunfar?
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A porta da casa de banho se abriu, surgindo o bispo Samuel. Parecia muito apressado e agitado, nem notando o aspecto físico preocupante do doutor. Apenas exclamou, antes de se retirar rapidamente:
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A dupla assimilou a frase, trocando um olhar. Pelas pupilas molhadas da portuguesa, Jones compreendeu que ela não queria que ele desse mais nenhum passo que não tivesse como meta o tratamento de sua moléstia. Infelizmente Indy teria de desapontá-la novamente. Achava que poderia agüentar ao menos mais uma noite. Depois que eles estivessem com as relíquias, aceitaria até passar um mês inteiro numa barraca hospitalar. Mas não antes daquele banquete... Não antes do fim da jornada!
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Luzia permaneceu imóvel durante alguns instantes, até que tirou o chapéu da cabeça... Deixando que caísse no chão.
Glossário – Capítulo 11:
Leonardo da Vinci: Um dos grandes gênios do Renascimento italiano, atuou nos campos da pintura, escultura, engenharia, física e arquitetura, para citar alguns. Considerado uma das maiores mentes da História, sua obra mais conhecida é a tela “Mona Lisa”, do início do século XVI.
Iluminura: Desenho decorativo freqüente em páginas de livros medievais, geralmente com temas religiosos.
Termas: Do latim Therma, estabelecimentos da Roma Antiga onde eram realizados os banhos públicos. Hoje, a designação se refere a estâncias turísticas ou medicinais envolvendo terapia com banhos e imersões.
Continua...
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