Esse foi o momento perfeito, elas se distraíram e eu aproveitei. Desarmei a outra caçadora e chutei Thalia a afastando de perto de mim.

Olhei em direção de onde vinha a voz e vi Nico sorrindo para Thalia. Nico indicou com a cabeça para as outras três caçadoras que estavam paradas, na verdade elas pareciam que estavam com os pés grudados no chão e moviam o corpo tentando se soltar.

– Truque novo. Gostou? – perguntou Nico sorrindo.

Agora fiquei impressionado, não entendi bem o que o Nico fez mais foi o suficiente para Thalia ficar muito nervosa e com raiva dele.

Vi também que a caçadora que lutava contra Peggy estava parada como as outras, assim como as que lutavam contra Morgan e Kayla. Nico estava fazendo tudo isso com elas? Mais como? Pelo que eu me lembre ele não tem nem um poder de paralisar, ou sei lá o que, as pessoas.

– Que tal dormirem um pouco. – disse Peggy e com um estalo de dedos as seis caçadoras caíram no chão desacordadas.

Peggy teria caído no chão também se Morgan não fosse mais rápido e a tive pegado no colo. Kayla correu para ajudar os irmãos Stoll, que pareciam muito machucados.

Sobraram somente Thalia, a caçadora que estava lutando comigo agora a pouco, Nico e eu. Nico veio para o meu lado e Thalia e a caçadora ficaram lado a lado também.

Me espantei olhando melhor para a caçadora ao lado de Thalia. A caçadora se parecia muito com o Nico. Pele pálida, cabelos e olhos pretos, parecia ter 13 anos. Nunca havia percebido ela antes.

– Reparou nela, não é? – perguntou Thalia olhando mortalmente para Nico. – Ela é sua irmã, Nico. Ela tem mais de 100 anos. Ela esteve um pouco ausente, pois estava fazendo um trabalho para Ártemis mais voltou antes da luta contra Cronos.

Qualquer pergunta que eu fosse fazer, não foi preciso. Só de saber a idade dela e do pequeno esclarecimento de Thalia já tinham me respondido todas as perguntas.

– Oi maninha. – disse Nico simpático.

Tive uma tremenda vontade de rir agora quando vi a careta que a caçadora fez com o que o Nico havia dito, só não ri porque se fizesse isso seria o momento perfeito para Thalia me atacar em um momento de distração.

– Não podem amarrar ninguém, sabia? – perguntei apontando para os irmãos Stoll.

– Elas são novas, não sabiam dessa regra. – respondeu Thalia sorrindo inocentemente.

– Sei. – disse Nico olhando para a irmã dele, que não estava gostando de ver Nico a encarando.

– Vão lutar, ou vão ficar batendo papo? – perguntou Morgan colocando Peggy, com cuidado, encostada em uma arvore.

– Para o seu bem, filho de Atena, fique bem longe disso. – disse a caçadora com raiva, Morgan encolheu um pouco os ombros.

– Deixa essa com a gente. – falei apontando para mim e para o Nico.

– Então. – disse Thalia sorrindo. – Já que é assim.

Ela levantou a mão direita e um raio cai na mão dela se transformando aos poucos em uma arma. Meus olhos se arregalaram. O raio na mão de Thalia se parecia, igual na verdade, com o raio mestre de Zeus. Um cilindro de metal de sessenta centímetros de comprimento, com uma ponta de cada lado, zumbindo de energia.

– Você já sabia que os poderes se desenvolvem mais com o passar do tempo. – falei olhando acusadoramente para Thalia.

 – Em uma luta, não é uma boa estratégia contar para seu adversário o poder que você tem. – disse Thalia.

– Ponto pra você. Convivência com Annabeth sempre deixa as pessoas assim. – disse Nico apertando o pingente de sua espada, em segundos a espada estava formada na mão direita do Nico.

– Que comece a luta. – disse Thalia e me atacou.

Bloquei seu ataque mais assim que contracorrente tocou no cilindro faísca de eletricidade saíram do contato entre os dois objetos e me fizeram perder um pouco a concentração.

Isso foi tempo o suficiente para Thalia me acertar com um chute e para minha felicidade eterna, ela usou seus poderes e esse chute veio com uma descarga elétrica de brinde me fazendo cair de joelhos no chão.

Sou invulnerável a qualquer coisa que queria me machucar superficialmente, mais não a descargas elétricas. Me lembro que os rios Hudson e East queriam me eletrocutar quando descobriram que eu era filho de Poseidon e que ainda por cima carregava a maldição de Aquiles.

Thalia avançou para cima de mim de novo. Me levante e estendi a mão na direção de Thalia para testar uma coisa nova que acabou de me ocorrer.

O corpo humano é constituído por mais de 70% de agua e eu sou filho do Deus do Mar.

O pouco tempo que tive me concentrei, senti um repuxo no meu abdômen e quando abri os olhos Thalia voo longe se chocando, coincidentemente, com a irmã do Nico fazendo as duas caírem no chão.

Sorte para o Nico, porque, pelo que deu para eu ver, a irmã dele já iria lhe dar o golpe final com sua faca. Reparei que Nico estava com um machucado no braço e respirava ofegante. Dois esqueletos apareceram ao seu lado.

Corri até o lado dele e os esqueletos se postaram na minha frente me impedindo de me aproximar mais dele.

– Relaxa, ele não faz mal a uma mosca. – Nico falou divertido e os esqueletos saíram do meu caminho me deixando passar.

– Só a monstros e a quem me atacar. – falei me postando ao lado dele.

– Que no caso agora são duas caçadoras raivosas. – disse Nico apontando para Thalia e a irmã que se levantavam com muita raiva. – O que você fez?

– Uma coisa que já deveria ter me ocorrido a muito tempo. – falei sorrindo. Poxa, como eu não pensei nisso antes? Meus Deuses. – Mais e você com o truque das sombras prendendo os pés das caçadoras. – comentei e dei dois tapinhas nas costas dele que sorriu envergonhado.

– Depois eu te falo como tive essa ideia, tem duas malucas avançando em nossa direção – disse ele olhando para a onde vinham Thalia e a outra caçadora.

Thalia apontou o cilindro de raio em nossa direção e disparou um raio do raio. Pulei para o lado e estiquei minha mão um pouco empurrando Nico para o outro lado desviando assim a gente do ataque da Thalia.

– Valeu. – disse Nico ficando de pé e se preparando para o ataque da irmã dele.

– De nada. – me postei também me preparando para o ataque da Thalia.

Mais antes delas chegarem até a gente a irmã da Thalia parou bruscamente o que fez Thalia parar também e olhar preocupada para a caçadora dela. As duas falaram alguma coisa e pelo jeito era muito importante, pois Thalia e ela ficaram em alerta se esquecendo completamente do Nico e de mim.

Nico ficou rígido ao meu lado e olhou para a nossa esquerda ao mesmo tempo em que a irmã dele olhava para o mesmo lugar que ele, me deixando nervoso.

– Tem alguma coisa aqui. – disse Nico, mais acho que ele estava falando com ele mesmo pois sua voz não passava de um sussurro.

– Chamem o Quíron imediatamente. – gritou Thalia olhando para o irmão de Annabeth, Morgan que a olhou sem entender.

– Vai logo moleque. – gritou a irmã do Nico sem nem se quer olhar para ele.

– Vai Morgan. – falei quando percebi que ele estava hesitando em aquecer ao pedido das caçadoras.

Ele assentiu pra mim e sai correndo em direção ao riacho. Tudo ficou em um completo silencio. Peggy foi para junto de Kayla e dos irmãos Stoll que se postaram para lutar vendo que a situação esta ficando mais perigosa.

– Acorda as outras caçadoras. – falei olhando para Peggy que assenti. Ela falou alguma coisa e as caçadoras acordaram na hora.

– Se preparem. – disse a irmã do Nico olhando atentamente para as sombras a sua frente.

As caçadoras logo perceberam o que estava acontecendo e foram para perto da Thalia e da irmã do Nico. Elas se ajoelharam na frente de Thalia e da irmã do Nico com seus arcos em punho apontando para na direção das sombras.

– Eles chegaram. – disse Nico apertando com mais força o cabo de sua espada.

Mal ele terminou de falar e um monte de monstros aparecendo por entre as sombras a nossa frente.

As caçadoras soltaram suas flechas em direção aos monstros que foram virando pó à medida que as flechas lhe acertavam.

Assim que eles estavam perto da gente contra atacamos. Nico conjurou mais três esqueletos e a irmã dele fez a mesma coisa.

Respirei fundo e deixei meu corpo livre, deixei minha mente em piloto automático como das varias vezes que eu lutei contra os exércitos de monstros que me atacaram: fincar, esquivar, golpear, desviar, rolar.

– Devia tomar cuidado com suas costas. – ouvi a voz de Annabeth atrás de mim.

Sorri, Annabeth devia estar aqui a algum tempo mais não me importei e voltei a lutar. Annabeth e eu estávamos ombro a ombro destruindo os monstros que pareciam não ter fim.

– Como eles entraram aqui? – perguntei alto para Annabeth me ouvir.

– Algum idiota, imbecil deve ter convocado esse pequeno exercito. – falou Annabeth e ela parecia com muita raiva.

– Pequeno exercito, sei. – falei cortando a cabeça de um monstro.

De repente os monstros começaram a recuar voltando para as sombras de onde vieram. Poderá ser só impressão minha, mais parecia que assim que eles pulavam para as sombras eles desapareciam. Tipo, não faziam ruídos de que estavam se afastando somente, eles desapareciam.

Tudo ficou em silencio novamente, somente a respiração dos campistas eram ouvidas. Olhei para os lados e vi que todos os campistas e caçadoras estavam aqui. Um zunido soou alto, mais não consegui decifrar do que era e nem deu tempo de pensar.

Novamente um monte de monstros voltou a nós atacar, mais dessa vez com humanos, meio-sangues, se juntaram ao ataque. Já estava pronto para atacar eles também quando algo me faz mudar de ideia.

– Damon. – disse Annabeth olhando desespera para mim e saiu correndo pela floresta.

– Annabeth espera. – gritei e sai correndo atrás dela.

Assim que Annabeth falou do Damon me desesperei também, afinal agora ele é meu filho. Muitas coisas se passaram na minha cabeça enquanto eu seguia Annabeth e destruía os monstros que apareciam no meu caminho, cada coisa pior que a outra.

– Malcolm libere o caminho. – gritou Annabeth que estava lutando com alguns monstros.

De repente o caminho de Annabeth ficou livre e somente pó de monstro estava no caminho. Annabeth disparou pela floresta voltando para o acampamento.

Minha cabeça martelava mais falando que o ataque que sofremos agora a pouco era uma distração e já estava aceitando essa hipótese, pois, pensa bem. Todos os campistas e as caçadoras também estavam lá lutando, “distraindo” assim a todos.

Não pensei que Anfitrite queria tanto assim o Damon. Para um ataque grandioso desses ela queria alguma coisa, mais importante.

Ouvi barulho de hélices que me despertaram dos meus pensamentos. Olhei para cima, mas não vi nada por causa das arvores que me atrapalhavam a visão. Corri mais rápido e fiquei ao lado de Annabeth, ela parecia aflita, muito aflita.

Quando saímos da floresta e vi dois helicópteros sobrevoando a Casa Grande com algumas cordas penduradas para fora. Peleu tentava pegar os helicópteros mais eles davam evasivas desviando das garras de Peleu.

– Atirem neles. – gritou uma voz. – E nem pensem em parar, a não ser para recarregar as armas.

Olhei para frente e vi que tinha algumas pessoas armadas em frente à Casa Grande mirando para mim e para Annabeth. Quando ouvi o primeiro disparo não pensei me coloquei na frente de Annabeth e recebi todos os tiros.

Como não ia me machucar respirei fundo e estendi a mão, como fiz com Thalia. Me concentrei nas pessoas que estavam na minha frente e fingi dar empurram com os braços. Os caras todos foram ao chão parando de atirar na hora.

Annabeth saiu de trás de mim com seu arco apontado para eles. Soltou uma flecha acertando o ombro de um cara que estava na porta da Casa Grande que caiu de cara no chão afundando mais ainda a flecha no ombro dele.

Me concentrei e com um movimento das mãos joguei todos os caras para o mais longe que eu podia da Casa Grande.

– Uau. – disse Annabeth colocando a mão sobre o meu ombro. – Essa é nova para mim. – completou sorrindo pra mim. Sorri de volta.

– Aprendi agora a pouco. – falei. – De mais né?

– Muito. Agora vamos para a Casa Grande. – disse ela e começou a correr em direção a Casa Grande.

Ouvi o barulho de passos atrás de mim e olhei para trás e vi todos os campistas e as caçadoras vindo em minha direção.

Um rugido chamou minha atenção e eu olhei para cima. Vi Peleu acertando uma “rabada” em um dos helicópteros jogando ele bem longe em direção ao mar, uma explosão se sucedeu quando o helicóptero se chocou com a agua fazendo uma grande onda, na qual eu me concentrei e a fiz se amenizar chegando à praia do acampamento tranquila.

Peleu virou-se para o outro e deu outro rugido, mais dessa vez ele lançou chamas da sua boca. As chamas envolveu todo o helicóptero que circulou um pouco no ar até cair como uma bola de chamas na arena.

Não quis ficar ali para ver no que ia dar. Me virei e comecei a correr seguindo Annabeth, que a essa hora já estava dentro da Casa Grande, mais não corri muito. Minha vista ficou embaçada e minha respiração acelerada. Meu coração batia tão rápido que achei que iria sair do meu corpo.

– Percy. – gritou Annabeth e essa foi a ultima coisa que eu ouvi antes de tudo ficar escuro.

E, com certeza, eu tive os piores sonhos/pesadelos de meio-sangue da minha vida.