– Ajuda no que? – perguntei curioso. Nico trocou olhares com Annabeth e ela riu.

– É serio Annie. – disse Nico batendo o pé no chão nervoso.  Ok. Ele esta muito esquisito. – Me ajuda, eu não posso simplesmente entregar a flor para ela assim. O que ela vai pensar de mim?

– Ah. – disse eu entendo o que ele estava falando me lembrando da “flor”. – Calma Nico. Além disso você ainda tem tempo para entregar para ela.

– Não, eu não tenho tempo. – disse ele emburrado. – Perséfone disse que é para eu entregar para ela hoje. – Nico olhou para Annabeth e fez a carinha do gatinho do Shrek. – Entrega pra mim Annie? Por favor.

– Sinto muito Nico. – disse Annabeth. Parece que a carinha do gatinho do Shrek só funciona comigo quando se trata da Annabeth.

– Ai. – gritei esfregando o braço em que Annabeth me deu um soco. – Doeu. – reclamei fazendo biquinho.

– Que bom. – disse ela e se voltou para Nico que parecia a ponto de chorar. – Perséfone pediu para você entregar para ela, Nico, não eu.

– Você esta fazendo isso por maldade, Annie. – resmungou ele e olhou para mim suplicante.

– Não vem com essa para cima de mim não. – falei abraçando Annabeth por trás. – Entrega você. Afinal ela já é quase sua namorada. – não pude evitar e ri do que eu tinha falado. – Só falta você pedir.

– Muito engraço, Percy. – disse Nico emburrado. – Vai me ajudem, não sei o que fazer.

– É simples só vai lá e entrega para ela. – falei. Mais isso não é simples mesmo, é só entregar. Não sei para que tanta confusão.

– Certo eu chego pra ela e lhe entrego uma flor e digo que a mãe dela me pediu para entregar pra ela. – disse ele de forma irônica.

– É. – falei. – Simples assim.

Annabeth olhou atentamente para Nico. Ela respirou fundo e rolou os olhos.

– Ele não vai conseguir dizer uma palavra. – disse ela. – No máximo entregar a flor e sair correndo.

– Porque? É tão simples. – falei olhando para ela.

– Nico é muito tímido e reservado. – respondeu ela. – Se ele fosse falar com ela, tudo que ele falaria é que precisa ir para o chalé com uma desculpa esfarrapada, como todas as vezes que ele faz quando eles estão sozinhos e o assunto chega a ser intimo demais. Não, ele não vai conseguir sem que isso tenha outra intensão.

Pude sentir que Annabeth estava aprontando alguma para cima do Nico, mais resolvi ficar quieto na minha.

– Sabe eu estou presente. – disse Nico levantando a mão mal-humorado.

– Relaxa, Nico. Pecy vai te ajudar. – falou Annabeth sorrindo pra mim.

– Eu? – perguntei indignado e ela assentiu ainda sorrindo. – Porque eu e não você? Sabe menina entende cabeça de menina e poderia ajudar mais ainda. Você pode ajuda-lo sim.

– Lindo, Cabeça de Alga. – disse Annabeth abraçando meu pescoço. Lá vem. – Se esqueceu do Damon?

Bati a mão na testa. Tinha me esquecido dele, que vergonha. Annabeth chacoalha a cabeça em negação e Nico também faz isso.

– Que pai exemplar é esse que você vai ser. – disse ela e me deu um beijo. Nico arregalou os olhos. – Vou indo. Quando vi Damon hoje, antes do café, ele ainda estava dormindo e provavelmente agora ele já deve ter acordado e é melhor eu ir para a Casa Grande de pressa.

– Tudo bem. – falei e dei um selinho nela.

– Tchau Caveirinha Junior. – disse Annabeth dando um beijo na bochecha de Nico.

Annabeth caminhou em direção a Casa Grande. Nico ainda parecia em choque e nem reparou que Annabeth o chamou pelo apelido que ele detesta mais que todo mundo adora chamar ele só para provoca-lo. Bom eu só o chamo pelo apelido para provoca-lo mesmo.

Reparei que Annabeth podia sim ajudar Nico e confirmei que ela estava armando alguma, mais ela tinha razão. Que tipo de pais seriamos se deixássemos Damon com uma Ninfa o tempo todo?

Agora eu me pergunto, olhando para a expressão do Nico. Será que é assim tão surpreendente eu e Annabeth termos, de certa forma, decidido cuidar de Damon?

Pensando nisso, acho que os outros campistas já devem ter sacado que Damon não é “filho” meu e da Annabeth, tecnicamente a partir de agora o Damon vai ser nosso “filho” mais isso não vem ao caso agora, ninguém mais está olhando esquisito pra mim ou me dando parabéns.

Nico vira em minha direção e gesticula apontando para Annabeth, que estava entrando na Casa Grande, e depois para mim. Entendi o que ele queria dizer com esses movimentos esquisitos. Eu acho.

– Resolvemos ontem que iriamos ficar com ele. – falei dando de ombros. – Não precisa ficar assim espantado.

– Mais, tipo vocês sabem do tamanho...

– Da responsabilidade que vamos ter cuidando do Damon. – falo interrompendo ele. – Annabeth pensa em tudo.

Nico revira os olhos concordando comigo. Annabeth provavelmente já deve ter mil e um planos para a nossa vida de agora em diante.

– Tudo bem. – disse Nico e olhou pra mim. – Vai me ajudar né, cara?

– Claro. – falei, ele já me ajudou muitas vezes porque não ajuda-lo agora? Mais como eu vou ajudar ele? – Já pensou em pedir ajuda para algum filho de Apolo?

– Você é um Cabeça de Alga mesmo. – falou Nico e me deu um cascudo na cabeça. – Eu só vou entregar uma flor, não a pedir para ela sair comigo.

– Tá vendo. Você não vai pedi-la em namoro nem nada do gênero é só entregar a flor para ela e nada mais. – falei dando de ombros. – Isso não é tão difícil.

– Você ouviu o que a Annie disse. – falou ele se sentando na areia. – Eu não vou conseguir dizer nada pra ela.

– Então escreve. – disse eu me sentando ao lado dele. – Escreve uma carta pra ela e entrega junto com a flor.

– Isso não é uma má ideia. – falou Nico suspirando. – Mais não dá. Perséfone foi bem clara dizendo que é para eu entregar a flor para a Ashley.

– Então porque perguntou para a Annie entregar para você? – perguntei sem entender.

–Bom, a Annie é minha melhor amiga e ela sempre tem um plano. Pensei que ela poderia entregar ou me ajudar em alguma coisa. – respondeu ele deitando na areia.

Não iria comentar sobre minha certeza de que Annabeth está aprontando alguma para cima do Nico em relação a não ajuda-lo até porque isso não ia ajudar em nada agora.

– Tenho uma ideia. – falei me levantando.

Bom, não é “nossa que ideia demais” mais já é alguma coisa para ajudar nessa situação pra lá de esquisita.

– Qual? – perguntou Nico ainda deitado na areia.

– Levanta dai emo. – falei ajudando Nico a ficar de pé.

– Eu. Não. Sou. Emo. – disse Nico entre os dentes e me deu um soco no ombro.

– Calma ai Caveirinha Junior. – falei sorrindo e Nico bufou impaciente. – Você quer saber da minha ideia ou não?

– Ok. Me fala qual é a sua ideia. – disse Nico cruzando os braços e arqueando uma sobrancelha desconfiado.

– Primeiro pega a flor da Perséfone. Vou procurar a Ashley e nós encontramos no refeitório. – falei e Nico riu.

– Fala serio. – disse Nico rolando os olhos. – Esse é o seu plano?

– Claro que não né. – falei e comecei a empurrar ele para o lado da ala dos chalés. – Pega a flor que eu te conto o resto.

– Mais ai você só vai me contar quando ela estiver perto da gente. – disse ele desentendido.

– Acredite em mim assim vai ficar mais fácil. – dei mais um empurram nele, de leve tá. – Vai logo pegar a flor.

– Tudo bem. – disse ele emburrado. Nico esta muito emburrado hoje.

Nico foi pisando duro no chão indo para o chalé dele, aposto que ele vai abrir algum buraco se ele continuar a pisar desse jeito.

Deixei Nico de lado e fui procurar Ashley. Procurei um pouco e logo a encontrei treinando arco e flecha. Gostaria de saber se algum dia vou acertar uma flecha em um alvo sem a ajuda divina. Chacoalhei a cabeça dissipando os meus pensamentos. Porque estou pensando nisso afinal de contas?

– Te encontrei. – falei quando cheguei perto da Ashley.

Péssima hora para falar com ela. Ashley estava com uma flecha no arco pronta para solta-la. Assim que falei ela olhou pra mim e sem querer soltou a flecha que foi em direção à coxa de um filho de Ares que urrou de dor quando a flecha o acertou.

– Desculpa. – disse Ashley correndo na direção dele.

Prestei melhor a atenção em quem era o filho de Ares e vi que ele era familiar. Atanagildo. O marrento que lutou comigo quando voltei para o acampamento. Agora lembrando do nome dele cai na gargalhada.

Muitos campistas olharam para mim me achando um louco, provavelmente sou. Fiz um esforço e parei de rir. Mais serio, esse cara tem um nome muito cômico principalmente um nome desses para um filho de Ares.

– Como vai Atanagildo? – cumprimentei ele que me olhou mortalmente.

– Não é da sua conta Jackson. – falou ele carrancudo. – Ui.

Esse final foi por canta de que um filho de Apolo tirou a flecha da coxa dele. Não parecia ser nada muito grave para um filho de Ares que adoram se machucar, ou machucar os outros, tanto faz.

– Pelo jeito está bem. – falei e olhei para Ashley que tentava esconder o sorriso, na verdade muitos que tinham visto o ocorrido estavam segurando o riso. – Ashley, posso falar com você?

– Claro. – disse ela.

– Me segue, por favor – falei e ela assentiu.

Andamos até o refeitório, que praticamente estava vazio se não fosse o emo Caveirinha Junior sentado na mesa de Hades.

Quando Nico viu a gente chegando perto dele ele ficou de pé e estático, parecia que nem respirava e nem se movia. Vi a flor na mão dele.

– Que flor é essa? – perguntei, já estava mais do que na hora de eu saber que flor é essa.

– É um Manacá da Serra Branca. – quem me respondeu foi Ashley olhando admirada para a flor. – Ela é linda. A onde conseguiu uma dessas? – perguntou ela com os olhos brilhando olhando para Nico.

– Hã... Dã... Hum... – foi Nico quem falou essas palavras inteligentes.

O emo Caveirinha Junior estava quase babando, ele parecia hipnotizado pela Ashley. Respirei fundo, tenho que ajudar ele afinal de contas.

– Essa flor é um presente para você. – falei e Ashley e Nico olharam para mim.

Nico me lançou um olhar de gelar a alma, mais eu deixei quieto.  Dei um empurram para ele falar alguma coisa.

– Perséfone. – foi tudo que Nico falou. Rolei os olhos entediado. Fala serio.

– Minha mãe? – disse Ashley não acreditando.

– Nico entrega a flor para ela e fala alguma coisa. – disse dando um peteleco na cabeça dele o que o fez despertar.

Meio atordoado ainda Nico pegou a mão direita de Ashley mais em vez de colocar a flor na mão dela ele enrolou o caule da flor em torno do pulso de Ashley.

Já ia dizer que Nico não estava bem da cabeça quando a flor começou a se transformar. O caule se transformou em uma tira que envolveu o pulso de Ashley umas cinco vezes e a flor virou um broche que prendia a pulseira no pulso.

– Por Perséfone. – falamos eu e Ashley juntos.

– Se você soltar a flor e puxar a tira ela se transforma em um chicote estilo Indiana Jones só que como esse chicote é feito de caule de uma flor ela pode reagir ao que você quiser. Já entreguei a flor, te falei o que ela faz, mais ou menos mais falei, então já vou indo. – despejou Nico num folego só, o que me assustou um pouco.

Não deu tempo de falar nada pois Nico saiu em disparada do refeitório praguejando alguma coisa sobre amigos e suas ideias idiotas.

– Isso foi...

– Lindo. – disse Ashley me interrompendo, mais ela estava olhando para sua pulseira flor nova. – Vou agradecer a minha mãe e depois o Nico por ter mi dado ela.

Assim Ashley saiu sorrindo do refeitório me deixando sozinho. Pois é, é melhor eu ir treinar é o melhor que eu faço, ou eu posso ver o Damon e a Annabeth.

Fico com a segunda opção.