The Bakery escrita por melisica


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

a formatação tá me deixando louca >



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Já se passara uns cinco dias desde que vi o garoto no banco. Não contei para ninguém sobre o tal encontro, mas Adam insistiu até a morte de que alguma coisa havia acontecido naquela minha simples saída ao banco. Eu somente neguei.

Na sexta-feira da mesma semana, os meninos praticamente me arrastaram até um pub no centro da cidade para fazermos um esquenta e depois irmos para uma balada que havia sido inaugurada ao lado. O pub se chamava Cryons. Ross, namorado de Brendon, era sócio de ambos os estabelecimentos juntamente com um cara chamado Ray, que tinha um cabelo estranho e se parecia mais com uma palmeira.

Abusando de sua posição, Urie descolou praticamente dez vips para a tal balada e obrigou Ryan a não desgrudar dele por sequer um segundo. A balada tinha um dos nomes mais sugestivos possíveis e se chamava Queer. Estava lotada e era o primeiro dia de funcionamento. Um DJ conhecido em Jersey fora contratado para animar o público que parecia muito bem de vida, todos com roupas de marca e carros esportivos. Eu, coitado, com um jeans rasgado, camiseta de banda e all atar detonado. Pelo menos com essa minha cara de metido e drogado como o Spencer diz, eu me passava por "rocker moderninho".

Parei na fila atrás de um grupo de quatro garotas fúteis com saias menores que cintos, seios saindo de suas blusas com os primeiros dois botões abertos e saltos em que elas próprias não suportavam e se equilibravam direito.

Uma delas era loira e seus cabelos chegavam até a metade de suas costas. Olhos azuis, traços enjoados e boca desenhada que exibia um batom cor de rosa néon quem não me agradou nem um pouco.

-Oi... -tinha voz melosa e aguda demais -Qual seu nome? -ela perguntou aproximando seu rosto perigosamente do meu.

-Gerard. -respondi para não ser mal-educado afastando-me, meu interesse era zero.

-Meu nome é Emily. O prazer é meu.

Sorri sem graça com o comentário obsceno dela quando Spencer aparece agarrado a Jon e diz puxando a manga da minha camiseta:

-O que você tá fazendo aí Gee? -apontou para mim -Tem essa pulseira dourada pra isso, cortar as filas dãr.

-Você é vip? -perguntou surpresa -Além de lindo tem status?

-Ele tem vip pra não se misturar com garotas como você fofa. -Spencer deu uma cortada que doeu até em mim. Walker começou a rir descaradamente -Ross sugeriu que você grafitasse agora a parede preta que está vazia lá no mezanino. Topa?

-Sim! -e saí de lá agradecendo mentalmente Spencer e me dirigi até a porta. Dois homens do tamanho de armários verificavam as pulseiras e quando mostrei a minha, me indicaram um corredor exclusivo atrás de uma cortina preta.
Era todo iluminado por lâmpadas néon e mudava de cor constantemente. Do vermelho se transformava em laranja e de laranja em amarelo e de amarelo em verde, de verde em azul...

Sentamos numa mesa e eu já estava morrendo de vontade de beber alguma coisa, uma dose de vodca ou um drinque mais sofisticado da casa. Em um dado momento, eu não estava prestando atenção às palavras de Jon, Mikey e muito menos nas de Spencer. Fiquei olhando para os lados a fim de chamar alguém para fazermos o pedido quando vi Frank sentado numa mesa grande, acompanhado de umas quatro pessoas.

Eu até cogitei em ir andando até a mesa dele e cumprimentá-lo, sorrindo amplamente, mas seria muita invasão da minha parte. Ele provavelmente nem se lembrava de mim.

Após um extenso debate interno, falei aos meninos para me esperarem que eu mesmo iria ao balcão fazer os pedidos. Claro que era mentira, se eu falasse que estava tentando ir falar com Frank, eles me escoltariam até lá me deixando roxo de vergonha.

Quando caminhei até a mesa em que o garoto estava ele já não estava em lugar nenhum. A adrenalina começou a correr pelo meu corpo inteiro em um ataque de desespero. Então olhei para a pista de dança e ele dançava animado com um copo na mão, equilibrando para o mesmo não cair com seus movimentos.

Mikey estava dando uma de fotógrafo e tirava fotos de todos na pista, mas não sei se notou que Frank estava no meio de tanta gente. Então Ryan surgiu ao meu lado abraçando-me amigavelmente.

-Tenho alguns sprays brancos, cinzas e pratas. Você acha que consegue fazer alguma coisa naquela parede?

-Ótimas cores. -sorri -No preto ficam demais, mas tem certeza que quer que eu estrague sua linda parede?

-Gerard, eu sei que pode fazer algo incrível nesta parede. Se fizer agora o Miks pode até fotografar.

-Ok, onde os sprays estão?

-Vou pedir pra alguém trazer pra você. -falou sendo arrastado por Brendon agarrado ao seu pescoço.

Virei-me e o garoto ainda dançava freneticamente ao lado de seus amigos... Gates?! O que aquele ser idiota e desprezível fazia ao lado do filho da Sra. Iero?

De repente um homem de cabelos negros como os meus e olhos azuis intensos aparece ao meu lado com uma caixa nos braços.

-Ryan pediu da te entregar... Vai grafitar a parede?

-Sim, mas aviso que não sou nada bom... Ryan acha que eu desenho bem, mas é mentira.

Ele riu e colocou a caixa no chão ao meu lado.

-Tenho certeza que vai ficar bom, qualquer coisa vinda de você deve ser bom. -sussurrou no meu ouvido.

Foi impressão minha ou ele acabou de me lançar uma cantada muito barata?

-Acho que não, mas de qualquer forma, quero sua opinião uma outra hora.

-Ah claro... -mexeu em sua franja -Qual seu nome?

-Gerard.

-O meu é Jared. -disse indo para a pista -A gente se esbarra por aí.

-Com certeza. -disse procurando o spray prata na caixa com uma ideia já em mente.

Senti que todos os olhares se voltaram para mim quando comecei a grafitar os primeiros traços. Queria desenhar alguma coisa rocker com umas caveiras e frases conhecidas de músicas mais conhecidas ainda em letras bastão. Desenhei uma fênix em meio aos outros desenhos que ficou bárbara. Adornei a minha obra em sua volta rascunhando algumas notas, as claves de fá, de dó e de sol. Algumas mínimas, semínimas, colcheias e fusas.

Percebi alguns flashes logo atrás de mim e sorri quando vi que Mikey tirava algumas fotos de minha obra. Quando terminei, recebi vários aplausos e ouvi alguns "ficou muito foda" no meio de todas as vozes.

Deslizei meu olhar pelos rostos e encontrei o qual procurava apenas sorrindo de leve analisando o pedaço de concreto ao qual dei vida. Ele parecia cantarolar o trecho de alguma música que eu tinha escrito, pois lia e dava continuidade à letra.

Minutos depois, Adam me arrastou até a mesa em que estávamos e o tal Jared estava lá conversando animadamente com William. Quando ele percebeu minha presença virou-se para mim e pediu para que eu sentasse ao seu lado. Assim o fiz.

-Você é amigo deles? -apontou para o meu "grupo" -Eles são hilários cara, principalmente o loirinho, Spencer não é?

-Ah sim, ele é bem divertido. Mas pode ser insuportável quando quer.

-Vou pegar algo pra beber, alguém quer? -ele perguntou se levantando.

-Se não for incômodo, traz pra mim um Blue Curaçao com dose dupla de vodca?

-Não quer ir buscar comigo? -sugeriu.

Chegamos ao bar e uma bar tender nos atendeu. Pedimos as bebidas e enquanto ela as fazia, ele dava em cima de mim descaradamente.

-Já te disseram que você é lindo? -ele perguntou brincando com a ponta de uma mecha de meu cabelo.

-Sim, uma garota lá na fila.

-Você é muito lindo, ela teve bom gosto.

Sorri desconcertado e me afastei alguns passos. Senti que alguém me observava. Na minha diagonal, Frank bebia uma cerveja e encarava as mãos de Jared de deslocarem para minha nuca. Sem que percebesse, ele já estava me beijando.

De automático o correspondi mesmo que minha mente estivesse viajando no garoto que estava a poucos metros de mim. Quando nos separamos, Iero já não estava mais lá. Larguei Jared com um enorme ponto de interrogação sobre si e me dirigi até a entrada correndo.

O vi entrando em um carro com um de seus amigos. Decidi deixá-lo ir, afinal, eu ficaria assustado se o cara da padaria aparecesse do nada batendo na janela do carro que eu estava no meio da noite. Seria demasiado assustador.
Quando o carro partiu, minhas expectativas foram junto com ele. Eu estava desperdiçando muitas oportunidades e o destino não as me daria de novo. E se fosse para ser, já teria sido há muito tempo. Estivemos juntos em alguns lugares e nunca conversamos direito. Simplesmente não era para ser.

XX

(Frank POV)

Vê-lo beijando aquele cara na minha frente quase me fez passar mal e vomitar. Talvez devesse ter vomitado mesmo, eu podia dizer que fora culpa das dezenas de cervejas que tomei e libertado minha angústia.

Sim, ver o cara pelo qual eu estava apaixonado e nem sabia o nome beijando outra pessoa foi horrível. O inferno na terra. Saber que poderia ser eu no lugar daquele idiota me trazia ainda mais raiva. Poderia ser eu beijando aqueles lábios, os quais em julgava deliciosos sem limites, acariciando sua nuca, brincando com os dedos em seu corpo... Simplesmente sai correndo do club e Synyster logo correu em minha direção. Falei que não estava passando bem - o que não deixava de ser verdade - e queria pegar um táxi para ir embora.

Ele abdicou de seu próprio divertimento e me levou para casa. Lembro-me de ter me jogado na cama e sem forças, apaguei. E claro, tive mais um sonho impróprio com o garoto que acabara de machucar meus sentimentos sem saber.


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