The Bakery escrita por melisica


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Juízo mandou lembranças...



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Quando falei para o meu pai que eu iria ao um show com um amigo meu da faculdade ele apenas riu e disse para que eu tomasse cuidado para não ficar bêbado e não engravidar nenhuma garota. Isso seria válido se eu estivesse saindo com uma garota. Para o meu pai, eu só iria a um show, para os meus amigos, eu teria um show regado a sexo depois da ação citada.  Fui para casa a pé já que eu morava a dez minutos do trabalho.

Liguei para Frank avisei que passaria em sua casa um pouco mais cedo, as quinze para as sete. Tomei um banho rápido e coloquei uma roupa e um sapato confortáveis para agüentar ficar naquela muvuca que todo show tem. Arrumei meu cabelo e antes de sair, enviei por e-mail meu trabalho da faculdade para o professor já que iria faltar a aula dele. Peguei minhas coisas e desci as escadas ruidosamente, trotando. Dei um beijo na minha mãe que estava vendo alguma coisa que não me dei ao trabalho de identificar na TV e avisei que não tinha hora para voltar. 

Peguei meu carro e dirigi até a casa dos Iero numa velocidade mediana. Apertei a campainha e a Sra. Iero abriu. Olhou-me um pouco espantada e talvez tenha demorado alguns segundos para se lembrar quem eu era. 

 -Gerard! -disse sorrindo -Não quer entrar?

-Não senhora... Só diga a Frank que eu já estou o esperando, sim?

-É com você que ele vai ao show? 

Assenti com um movimento positivo. 

-Oh... Graças a Deus! –exclamou -Finalmente Frank está arranjando boas companhias, não gosto de seus amigos. 

-Então estamos quites, também não gosto de certo amigo dele. -comentei 

-Quem?

-Ah, Synyster Gates. -informei. 

-Synyster é claro... O pior dos dois. -falou consigo mesma -Espero que tenham um bom show e que não cheguem muito tarde. 

-A parte de chegar muito tarde eu não posso garantir, mas juro que vou tentar. 

 -Ótimo! -pausou ouvindo trotes vindos da escada -Deve ser Frank. 

-Mãe! -a voz gritou da escada, entre o andar térreo e o segundo -Você sabe onde está o meu tênis? Você disse que ia mandar pra lavanderia e depois eu nunca mais vi e... -viu-me encostado à porta e eu o sorri -Droga... Te fiz esperar? 

Eu neguei com a mão direita. 

-Eu juro que fico pronto em cinco minutos. -prometeu juntando as mãos como quando se reza.  -Tudo bem, vou te esperar lá no carro -respondi e ele saiu correndo escada acima -Bem Sra. Iero... -Me chame de Linda, por favor. -pediu interrompendo-me. 

-Como eu estava dizendo Linda, prometo que trago Frank a salvo. -ri -Talvez possamos chegar um pouco tarde, mas se deixar, ele pode dormir na minha casa. 

-Na sua casa?! -repetiu -Se seus pais não acharem ruim tudo bem, só não quero Donna dizendo que vocês ficaram bagunçando a noite toda. 

Revirei os olhos. Não somos mais crianças para ficar "bagunçando" a noite toda. 

-Na verdade, meus pais estão na casa da minha vó. -falei -Vão passar o fim de semana lá. Só meu irmão está em casa. 

-Ah, por que não me disse logo? Então ele pode ir sim. Vou levar um muda de roupas lá tudo bem? Só que quero que ele esteja em casa amanhã à noite.

-Ah sim, dê para Mikey. E ele estará. -afirmei indo em direção ao carro e vi-aela acenando um tchau fraquinho. 

Esperei alguns minutos e ouvi a porta da casa dos Iero fechar como um estrondo. Vi que Frank caminhava em passos largos até meu carro. Entrou e depois de colocar o cinto, mostrou-me dois pequenos papéis dobrados, os ingressos. 

-Este é o endereço. Sabe chegar lá? Li o rodapé do ticket e calculei mais ou menos quanto tempo levaríamos para chegar ao local: vinte minutos. 

-Claro, isso é na interestadual, sem erro. -disse já virando a esquina da rua dele -Está animado? 

-Muito! -seus olhos brilhavam -Kings é minha banda favorita sabe... Ver ao vivo deve ser demais. 

-Você nunca foi num show deles?

-Não... E você?

-Eu fui em um a dois anos. Eles eram bem desconhecidos pra falar a verdade. Tinha umas cinco mil pessoas no máximo. Mas agora é num estádio, vai ter umas cinqüenta mil com certeza. 

Ele assentiu olhando para a janela. Começou a brincar com os dedos batucando alguma música. O silêncio começou a imperar. 

-Abra o porta-luvas, por favor. -indiquei com a mão ainda no volante e ele o fez -Pegue o Only By The Night, quero ao menos me lembrar dos refrãos na hora de cantar. -ri. 

Ele procurou entre os diversos títulos e colocou no rádio. A primeira música que tocou foi "Closer" que era mais calma. Eu e ele nos dividíamos entre refrão e letra respectivamente, já que ele era o mais fã e conhecia muito mais a fundo as letras. Depois foi a vez de Crawl, Be Somebody, Frontier City e Revelry. 

Chegamos ao estádio e não havia lugar para estacionar, tudo lotado e a fila da entrada dava voltas no quarteirão. O mais perto que conseguimos foi a quase uns seiscentos metros da entrada.

-Nossa, eu não sabia que estaria tão lotado... -comentou Frank saindo do carro. 

-E qual a graça de um show vazio hm? -perguntei me aproximando dele e dei alguns beijos em suas bochechas escorregando para seus lábios que tomei com volúpia. Ele aconchegou-me num forte abraço colando nossos corpos e eu retribuí passando meus braços em volta de sua cintura. 

A rua deserta em que estávamos o deixou mais a vontade para brincar com os dedos na minha pele. Senti-o me empurrar com delicadeza contra o muro de uma construção logo atrás de nós, prensando-me com força. 

Ele pressionava seus braços envoltos em minha nuca para baixo, trazendo-me para mais perto de si. Seus dedos brincavam com a base de meu pescoço causando-me arrepios intensos. Sua língua movia-se com destreza dentro de minha boca que desfrutava de seu singular sabor doce. Eu estava sem fôlego, mas ele continuava no pique, sem demonstrar nenhuma pista de que soltaria-me. Minhas mãos foram involuntariamente para debaixo de sua camiseta azul, explorando seu quadril. 

Nossos lábios cálidos se devoravam com voracidade como se as línguas buscassem um espaço inexistente dentro das nossas já bocas tão juntas. Eu sentia as mãos dele sobre meu pescoço, tocando, explorando com uma delicadeza paradoxal à violência do seu beijo. Seu quadril ainda era segurado e inevitavelmente acariciado por mim, que logo subi as mãos pelas costas dele até alcançar sua nuca, fechando os dedos no local e pressionando com a palma da mão.

-Hey, acho melhor irmos para a fila... -ele disse quebrando o ósculo -Deve estar enorme. 

Na realidade, eu tinha uma outra coisa enorme. 

-Tudo bem. 

Nos dirigimos até o local e nos posicionamos no fim da fila. Inevitavelmente acabamos por conversar com algumas pessoas na nossa frente e percebi o quão animado Frank realmente estava com o show. Quando entramos, o estádio já estava tomado de gente. O palco tinha uma mega estrutura de aço e estava há quase cinco metros do chão. Não conseguiríamos chegar nem no meio da platéia se não fosse minha ignorância e a sutileza de Frank. Ele ia se enfiando no meio das pessoas e eu que não tenho paciência para isso, simplesmente saía empurrando aquele mar de gente à minha frente. Lembro que em dez minutos, estávamos colados a grade. Ele se manteve na minha frente e eu o abracei por trás. De vez em quando eu brincava com os dedos sobre sua barriga por dentro da camiseta ele ria ou ofegava baixinho. 

De repente as luzes se apagaram e um forte clarão veio do palco. Então o eco de uma guitarra distorcida foi ouvido e quatro sombras podiam ser distinguidas com dificuldade entrecortadas na luz. 

A introdução foi função do baterista Nathan, que deu um show a parte na bateria. Criava seqüências sem lógica, tempo e difíceis de serem acompanhadas em seu instrumento. O público ia ao delírio assim como o pequeno em meus braços que gritava incansavelmente. Então o baixo se fez soar nas mãos de Jared, fazendo com que as quatro cordas dispersassem notas graves, longas e pesadas pelo local aberto. 

A guitarra de Matt voltou a brigar por espaço entre os outros três instrumentos: a bateria, o baixo e a segunda guitarra tocada pelo vocalista Caleb. 

-Hey Jersey! -a voz de Caleb Followill se fez soar em meio a gritos histéricos da platéia. Começou a cantar McFearless com um público muito empolgado o acompanhando:

So I know I must show

Yes my show

I must go

With my soul

By my hand

Where I stand

It's my role

It's my soul

Depois de cinqüenta minutos de pé, pulando, cantando, tocando, gritando e animando a platéia, a banda tocava a última música do show: My Party.

Uuuuuuuh

So my party

So my party

Uuuuuuuh

So my party

So my party

Uuuuuuuh

Depois que o último toque foi dado na caixa da bateria, a última toque na corda do baixo, o último acorde feito em ambas guitarras e a última palavra cantada, a platéia explodiu em aplausos fortes, gritos roucos e pulos, praticamente endeusando a banda. Eles agradeceram com um "Obrigado" em conjunto e antes de deixarem o palco, os guitarristas jogaram suas palhetas e o baterista as baquetas. 

Como estávamos colados a grade, me estiquei o máximo que pude e peguei uma das baquetas que Nathan havia jogado. Gritei eufórico e vi que Frank me olhava incrédulo, como se o objeto em minhas mais fosse irreal. 

-Você pegou a... -disse apontando para a baqueta -Oh meu Deus, isso é incrível!

 -Não é? -respondi igualmente incrédulo -Na verdade, agora é sua, o fã número um é você. 

Seus olhos brilhavam quando tocou pela primeira vez no objeto de madeira. Gritos chamando a banda para um bis começaram e depois de quase dez minutos, quando quase todos já estavam desistindo, eles voltaram e cantaram mais três musicas, entre elas, True Love Way. (n/a: Quem for espertinho e souber o básico de inglês, vai entender que eu usei a música também num outro sentido, fazendo o Way ser um aposto, ou seja: Amor de verdade, Way). Depois desta canção, foi a vez de 17 e por último, Use Somebody. 

O som se arrastou ecoando pelo grandioso estádio, os pratos liberando um som displicente e gostoso de se ouvir, a voz agradável do vocalista, o tom perfeito dos instrumentos de cordas que cada um dos músicos dedilhava, os acordes regrados da guitarra base e os acordes aleatórios da solo.

Tudo se encaixava perfeitamente, tudo combinava, assim como eu e o garoto que eu abraçava com força. 

You know that I can use somebody

You know that I can use somebody 

Someone like you 

Ooooooh ooooooh 

Todos cantavam assiduamente a letra entoada por Caleb e pelos backing vocais de Jared e Matt. Esta canção foi magnífica e inesquecível porque durante o coro do "Oooh" do último refrão daquele oceano de pessoas, Frank deu-me um beijo um incrível, daqueles que entram para a memória para sempre. Senti meu coração palpitar e o oxigênio faltar em minhas células, mas a única coisa que eu conseguia fazer naquele momento era correspondê-lo com fervor. 

-Esse beijo foi... O melhor de todos não acha? -ele falou lendo meus pensamentos. 

-Com certeza. -concordei dando-lhe um selinho. 

Então, finalmente a banda deixou o palco em definitivo. A multidão aglomerada começou a se mover em direção à saída e a se dispersar. Passamos por um bar daqueles improvisados pela organização do evento. 

-Eu to morrendo de sede, vou comprar alguma coisa tudo bem? -ele disse puxando a manga de minha camiseta tirando minha atenção do céu povoado por estrelas diamantinas. 

-Certo, eu vou te esperar aqui. Tenho que ligar pro meu irmão... 

Ele assentiu e foi para a pequena fila que se tornava no caixa. Peguei meu celular no bolso e disquei o número de casa. Logo Mikey atendeu emburrado. 

-Droga Gee! O que foi? -perguntou irritado -Eu vou sair com os meninos agora e to atrasado em uma hora. 

-Era exatamente o que eu queria. Queria que a casa estivesse vazia mas você está fazendo o favor sem eu ao menos pedir... 

-Tudo bem então, boa noite com seu "amorzinho". 

-Garanto que vai ser boa. -minha voz saiu maliciosa de propósito. Então desliguei. 

-Falou com ele? -perguntou entregando-me uma lata de energético. 

-Sim, ele vai sair com os meus amigos. -respondi indo em direção ao carro. O assunto do trajeto foi sobre o show incrível que havíamos acabado de presenciar. 

Quando peguei a interestadual, o trânsito estava considerável. Demoramos quase meia hora para chegarmos ao nosso bairro. Eu estava indo para minha casa quando Frank diz:

-Esse não é caminho da minha casa...

-Esse é o caminho da minha casa, meu amor. -lhe informei batendo os dedos no volante no ritmo de My Party que havia grudado em minha cabeça esperando o farol abrir -Você vai dormir lá hoje. E não se preocupe, já falei com sua mãe. 

-Você o que? -seus olhos se arregalaram dramaticamente. 

-Hoje você vai dormir comigo pequeno. -estiquei-me até seus lábios e ali depositei um selinho demorado-E mais ninguém. 


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