Nossos Caminhos escrita por Gil Haruno


Capítulo 24
Família Uchiha


Notas iniciais do capítulo

Que demora!
O próximo é o último capítulo!
Beijos!



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Os próximos dias serão agitados. Sinto-me presa numa pilha de confusão. Tenho tanto que resolver, mas não sei por onde começar. Na verdade, a ideia de casamento me assusta. Me sinto ridícula admitindo isso a essa altura do campeonato, mas não tem como afastar o friozinho que circula na minha barriga e afastar certos pensamentos negativos da minha mente. Enfim, só poderei respirar quando tudo isso passar; quando Sasuke dizer Sim e me levar de vez para sua vida. Isso se ele não se arrepender e dizer o temido Não.


–Ainda acordada?


Sentei na cama apoiando as costas no travesseiro e fechei o livro que lia antes. Já era tarde para escondê-lo de Sasuke. Provavelmente ele leu a capa e sorriu. Certamente ele deve achar que sou uma noiva desesperada.


–Você demorou no banho.


–Gosto de relaxar debaixo do chuveiro.


Ele secava os cabelos distraidamente e eu aprovetei para cobiçar seu corpo molhado. Eu sentia meu coração acelerar, parecia até que nós nunca transamos. A ideia de deitar ao lado dele mais uma vez me alegrava e me intimidava. Sasuke abusava de sua naturalidade. Ele me dava as costas com muita facilidade, sabendo que eu o olhava por trás, e sequer tentava me flagrar.


–Suas costas são...


Ele virou-se para mim, esperava o resto da frase.


–São?


–Err... Nada.


Sasuke arqueou a sobrancelha e sorriu virando-se para a frente. Eu suspirei e me chamei de burra.


–Por que está tão nervosa, Sakura?


–Eu não estou.


–Vamos, não minta.


Sasuke deitou-se ao meu lado e fez questão de me encarar. Sem saída, me deitei e virei para ele.


–É que... Não é um pouco estranho dividirmos o mesmo quarto e a mesma cama?


–E por que seria? -perguntou ansioso. -Bem, também é normal algumas pessoas optar por dormir sozinho mesmo convivendo com seu parceiro. Esse é seu caso?


–Claro que não. Seria muito estranho dormir em outro quarto sem você. Eu não estou dizendo que sou pervertida -Sasuke sorriu abertamente.


–Ainda bem, pois eu seria colacado para fora do seu quarto todas as noites. E, quanto a ser pervertida, eu iria gostar dessa parte.


Eu corei visivelmente e fui pega de surpresa quando seus lábios tocaram os meus suavemente.


–Eu não quero que você se sinta dona unicamente dos nossos problemas. Aliás Sakura, não há com o que se preocupar.


–Eu sei, mas não sou de ferro. Tudo é muito novo para mim e eu sei que é questão de me adaptar a tantas novidades.


–Você já está habituada a essas novidades, mas não quer perceber isso -ele me abraçou carinhosamente e descansou minha cabeça em seu peito.


–Acho que você tem razão.


Eu o apertei fortemente contra meu corpo e cherei seu pescoço como se fosse capaz de inalar todo o cheiro do sabonete em sua pele. Sasuke jogou-me em cima dele, deixando meus cabelos cairem sobre seu rosto. Meus seios sobressairam com a pressão do tecido e o olhar deslumbrado de Sasuke ressaltava suas intenções.


–Você fica linda de branco.


Ele olhou-me nos olhos profundamente e deitou-se sobre mim. Sasuke esticou o braço e desligou a luz da abajur. A janela do quarto ficava apontada para o quintal, muito bem iluminado. E, quando a lua se exibia, facilmente clareava todo o cômodo.




–Estou ansiosa para o meu primeiro dia de trabalho.


–Ai, Sakura!Não é melhor vivermos como duas adolescentes normais?Tipo, passear, viajar, fica com garotos e fazer tudo de novo?


Abri meu armário e peguei alguns livros, Ino preferiu deixar a metade dos seus.


–Em que realidade você vive, Paty?


–Foi o que planejamos tempos atrás, lembra?


–Já sei!Você não tem um namorado e está se sentindo carente.


–Não é bem isso, mas... estou quase lá.


–E o ruivo?


–Você está mesmo botando fé em nós dois?


–Você não quer falar dele, não é?


–Vamos conversar na loja.


O telefone de Ino tocou o som de mensagem, e ela logo correu para verificar quem era. Enquanto ela lia, eu me concentrei no grupo de populares. Eles usavam as mesmas regras idiotas para aceitar alguém, e a fila de concorrentes não parava de crescer. Alguns garotos saiam derrotados, as garotas choravam. Aquilo nunca mudaria, e as pessoas achavam realmente que precisam de um grupo para serem legais.


–Os populares... isso me lembra você e eu -disse Ino me fazendo ri.


–Sinto vergonha ao lembrar de como fomos tolas.


–É, em pensar que quase nos separamos por causa de um garoto como Joe. Olha lá!


Ino apontou para Joe que se exibia no centro do grupo. Ao perceber que estávamos olhando, ele sorriu debochado e nos ignorou.


–É um idiota.


–Completo. Mas esqueça essa gente. E seu namoro com o professor?


–Caramba!Eu esqueci de te contar.


–O quê?


–Se prepara.


–Não faz suspense, Sakura!


–Sasuke... me pediu... em casamento.


Ino olhou-me surpresa e gritou em seguida. As pessoas nos olhavam curiosas, especialmente Ino, mas isso pouco a incomodou.


–Como foi isso?


–Foi de repente, mas... foi tão especial, Ino. Eu não sabia como reagir, parecia que ele também não, estava muito ansioso, mas... no final eu disse sim.


–Ah!Que romântico!Estou feliz por você.


–Obriga...


–Ora, ora! -Joe aproximou-se de nós com um sorriso falso na cara. De repente, estávamos cercadas pelos populares. -Faz um bom tempo que não conversamos, não?


–Desde a época que descobrimos que os populares são idiotas -falei.


–Quer que eu te mostre minha idiotice?


–Tem certeza que você quer brigar comigo, Amaya? -levantei jogando a mochila de lado, encarando-a como se fosse mordê-la. Kamui jogou Amaya para trás e me encarou. Emi sorriu com a proteção e aproximou-se confiante. Yuuto preferiu assistir a cena, mas não queria se envolver. -Eu não sabia que você precisava de proteção, Amaya.


–E eu não sabia que garotas como você se vendem descaradamente a um cara.


–Qual é a tua, hein cobra? -gritou Ino enfurecida. -A única garota rodada aqui é você!


–Ah, é mesmo? -Amaya sorriu descontroladamente. -Agora sabemos o porquê de suas notas serem sempre altas em algébra.


Todos sorriram com o comentário de Amaya, inclusive quem nos assistia. Ino segurou meu braço sem força, como se fosse previnir meu avanço.


–O que quer dizer? -perguntei.


–Já sabemos que você está dormindo com Sasuke, seu ex-professor.


Algumas pessoas se espantaram com o comentário de Amaya, outras deram de ombros e cochicharam.


–Mas, parece que você e ele sempre foram... amigos de infância, não é? -disse Emi. -Há quanto tempo você é amante dele?


Eu não aguentei mais e devolvi o insulto com o punho fechado. Emi caiu para trás e foi segurada por Amaya e Kamui. Alguém me segurou por trás e fez o mesmo com Ino. Me debati tentando fugir do abraço pegajoso, mas Joe mantinha-se resistente.


–Achou que esqueceríamos vocês?


–Eu vou matá-lo se você não me soltar, Joe!


Havia muita gente no lugar, eu mal podia enxergar a saída. Ino se debatia nos braços de Kamui e dizia palavrões o tempo todo. Irritada, me acalmei, logo em seguida, dei uma forte pancada com o cotovelo na barriga de Joe. O silêncio foi total. Joe desabou sobre os olhares de toda a escola.


–Me solta! -gritou Ino soltando-se.


–Vem, Ino! -peguei minha mochila e segurei a mão dela.


–Vagabundas! -gritou Joe correndo atrás de nós. Passávamos abrindo caminho na multidão, empurrando homens e mulheres. -Você não vai escapar de seus amigos, Sakura!


Meu cabelo foi segurado e eu tive que voltar para trás. Joe segurou meus ombros e fui obrigada a encará-lo.


–Tire suas mãos imundas dela.


Sasuke segurou Joe pelos ombros e, pela cara feia que ele fazia, estava a ponto de gritar de dor.


–Sensei! -Ino ficou ao lado de Sasuke e encarou Joe com ódio. -Não pense duas vezes no que vai fazer com ele!


–Chega, Ino -falei empurrando as mãos de Joe.


–Como chega?Esse malandro merece levar uma surra. E o resto dos populares também -a multidão se dissipou e os populares tentavam recuar pouco a pouco. -Estavam ridicularizando Sakura, sensei! -continuou impaciente. -E olha quem fez isso!A garota que é mais rodada que pneu de caminhão!


–Já chega, Ino -me virei para Sasuke que ainda permanecia com a mão no ombro de Joe. -Não foi nada demais, Sasuke, só um acerto de contas.


–Você não tem nada para acertar com essas pessoas -encarou o resto do grupo. -Quero os sete na diretoria.


–Você não é mais professor aqui -afirmou Joe com o peito estufado.


–Sim, é verdade. Mas eu tenho certeza que o diretor irá gostar de saber que alguns de seus alunos se acham no direito de mandar e desmandar nessa escola. Além disso, será interessante vê a cara dos pais de vocês ao saberem sobre a vida dupla que seus filhos levam por aí.


Eu exitei em segui-lo, mas Sasuke soltou Joe e com um empurrão discreto o obrigou a seguir os demais.


–O que você está fazendo aqui?


–Eu tentei te ligar a manhã inteira, mas parece que seu celular está descarregado.


–Droga! -sai e mal me dei conta do que deveria fazer.


–Bem, eu só vim avisar que seus tios chegaram, mas depois disso terei que prolongar minha visita.


–Seus pais estão... aqui?


Engoli em seco. Sasuke estava tranquilo, agia como se os pais morassem ao lado. Fazia alguns meses que eu não os via e já sentia muita saudade.


–Eles chegaram bem cedo, nem eu os esperava agora.


–Então eu só preciso respirar e enfrentá-los.


–Não será preciso, eu já conversei com eles e... -meu coração bateu fortemente ao ouvi-lo. Não me atrevi a perguntar qual foi a decisão deles, pois tinha medo de não ser o que eu queria ouvir. Mas Sasuke me tortura com sua expressão séria, e tão pacífica que me da medo. -Não foi fácil dobrar a postura do meu pai, confesso que minha mãe me deu um pouco de trabalho também, mas eles aceitaram.


–Aceitaram sem questionar?


–Eu não acabei de dizer que foi um pouco difícil convencê-los? -ele abraçou-me pelos ombros e guiou-me até a sala da direção. Antes de bater, ele afastou-se de mim e endireitou minha mochila.


–O que eu devo dizer?


–Tudo o que você sabe. Está na hora desses garotos serem disciplinados.


–Estão falando de nós, dando a entender que eu...


–Se tocarem nesse assunto deixe comigo -e bateu na porta.












X*X*X*X*X*X*X*X






–Amanhã à tarde estarei na loja, Ino, e pontualmente. Será que você pode acalmar sua mãe por mim?


–Relaxa, Sakura! -ela aproximou-se mais e cochichou. -Eu digo a ela que você está preste a se casar com o bonitão. Você sabe que minha mãe é fã da expressão séria dele.


–Rápido, Sakura! -gritou ele já impaciente, quase dentro do carro.


–Tô indo!


–Ele está impaciente hoje.


–Aquela reunião foi estressante.


–Sasuke é incrível!Bastou duas ou três palavras para ele detonar os populares.


–Estava na hora deles pararem com essa mania de invidualizar as pessoas.


–Fazendo todo mundo se sentir mal por não se encaixar no grupo.


–É.


–Sakura!


–Tá legal!Beijo, Ino.


–Até amanhã!Boa sorte!




Nem mesmo as músicas que ouvi no caminho me acalmaram. Eu imaginava qual seria o momento mais emociante, como naqueles quadros de TV recheados de surpresa. Fazia algum tempo que eu não sentia o gosto bom da comida da tia Mikoto e os conselhos duros do meu tio Fugaku. Eles eram os únicos espelhos que eu podia enxergar meus pais. Neles eu conseguia encontrar meu passado e resgatar o que sobrou dele.

O carro mal havia parado na frente de casa, e já era possível vê minha tia Mikoto dando uma boa olhada no pequeno jardim. Olhei para Sasuke e logo entendi de quem foi a ideia de plantar as flores. Desci do carro sem trocar uma única palavra com Sasuke, ele entendia minha ansiedade. Fiquei de pé a olhando, depois começei a andar ao lado de Sasuke. Quando chegamos bem próximos, ela olhou para trás com um sorriso no rosto, mas o perdeu ao me olhar.


–Sakura?


–Olá, tia.


Eu a abraçei fortemente e ela correspondeu o abraço, mas se afastou e me observou por inteira.


–Mas... o que houve com você?Está tão bonita!


–É uma longa história, depois eu te conto.


–Sim, sim. Agora vamos entrar, seu tio está estirado no sofá reclamando dos pés inchados.


–Cadê Itachi?


–Ele teve que viajar há trabalho, mas te mandou um beijo. Asaye não pôde vir por causa das crianças, mas prometeu correr para cá assim que Itachi voltar.



Meu tio nada mudou, nem seu mal humor quando algo o incomoda. Eu o abraçei e ele já foi me atacando com suas perguntas.


–Diga-nos se Sasuke comportou-se mal com você, Sakura.


–Em nenhum momento. Eu acho que eu lhe dei muito trabalho, mas ele soube ter paciência comigo.


–Hum -seu semblante pensativo demonstrava que ele não estava muito satisfeito com minha resposta.


–Tio, serei capaz de jurar diante do tumulo dos meus pais que Sasuke não me forçou a tomar essa decisão de nos casarmos. Eu... eu o amo desde que era uma garotinha e sonhava em me casar com ele.


–Você era uma menina naquela época, Sakura -disse tia Mikoto.


–É verdade, mas o que eu sentia era real.


–É melhor pararmos de interrogá-los, Mikoto. O casamento não está tão próximo, eles podem brigar até lá e perceberem o erro.


–Sim. Agora vamos cuidar desses pés.


Tanto eu quanto Sasuke achamos graça deles. Será que iríamos mesmo brigar?Não, eu acho impossível.


–Enfim, tudo resolvido.


–Falta uma coisinha, Sasuke -falei.


–O quê?


–Você precisa me ajudar a unir Gaara e Ino.


–E por que farei isso?


–Ino é uma garota legal e está sozinha. Gaara é um cara bacana e está solteiro. Eles só precisam de um pequeno empurrãozinho.


–Não vou fazer isso.


–Não seja má, Sasuke Uchiha!


Sasuke respirou emburrado e se jogou no sofá.


–Gaara vai pedir Ino em namoro hoje.


–C-como?


–Vai ser durante o jantar. E a propósito, esteja elegante essa noite. Meus pais já fizeram a reserva naquele restaurante que você acha bonito.


–Aquele rodeado de cerejeiras?


–Esse mesmo.


–E você diz isso assim? -Sasuke fechou os olhos e relaxou. -Será uma noite especial!Tenho muito o que fazer. Vou ligar pra Ino e avisá-la.


–Não é preciso, Gaara deve está na casa dela agora.


–Como ela reagiria se soubesse disso?


–Não seja tão curiosa, Sakura. Gaara quer impressioná-la.


–Ok -eu o beijei rapidamente e bagunçei seu cabelo. -Vou descansar um pouco.



Continua...



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