–Qual é seu problema, Ino?

–Sakura, tem um homem de um metro e oitenta e cinco de altura em sua sala.Olhos verdes claros e cabelos vermelho como sangue.Qual é o seu problema?

–É só um cara, tá legal? Baixe esse fogo e venha estudar.Olha, eu juro que não vou me importar se você ficar em algébra.

–Que mal humor, hein! O quê está acontecendo com a velha e boa Sakura?

–Nada, Ino.

Eu queria falar sobre minha vida amorosa para ela, mas não me sentia suficientemente pronta para isso.Eu sei que o amor de Ino por Sasuke é infantil, algo que ela cultivou através da admiração.Ainda assim penso na sua reação.

–Como anda seu namoro secreto?

–Muito bem, mas me sinto insegura às vezes.

–Com o quê?

–Ah, são muitas coisas... Um dia desses quase rolou 'aquele momento'.Cara, minha cabeça viajou tanto que eu quase infartei.Claro que eu não alarmei meu nervosismo, mas eu sei que ele percebeu.

–Ainn, que massa! O quê mais aconteceu? Quer dizer, por quê não rolou 'aquilo'?

–Eu sei que ele gosta de mim e deseja esse momento tanto quanto eu.Mas não é tão simples para ele dar esse passo, tem muita coisa à nossa volta.

–Como por exemplo, um cão de guarda de nome Sasuke-me senti constrangida.Ino não fazia ideia que o tal cara é Sasuke-Muito cuidado com seu tutor, Sakura, ele fica todo nervosinho quando o assunto é você.Não quero imaginar se ele descobrir que você anda envolvida com um cara secreto.Mas isso não vem ao caso.Por acaso esse cara é mais velho que você?

–É sim e isso me deixa insegura às vezes.Sabe, eu não tenho a mentalidade de Aya para certos assuntos, mas em grande parte eu me considero responsável.

–Foi uma péssima ideia fazer comparações com ela.

Então me toquei.

–Foi a única que venho à mente.

–Mas não se preocupe com isso, você é esperta, saberá conduzir esse romance.

–Obrigada, Ino.Sinto muito por não revelar o nome dele agora.

–Não se preocupe, eu sei que logo, logo, conhecerei o namorado da minha melhor amiga.

*x*x*x*x*x*x*X*x*

–Deixem as questões em cima das mesas, passarei recolhendo-as.

Toda a sala se movimentava para deixar o questionário em cima da mesa.Dez minutos antes eu terminei meu teste surpresa.Ohei para Ino, sentada na segunda fileira próxima à mim.Foi inevitável não rir da cara de descontentamento dela.

Sasuke passou ao meu lado e recolheu meu teste.Eu até que lhe lançava olhares íntimos, mas nada abalava esse homem em trabalho.Eu era apenas uma aluna, recebia o mesmo tratamento que os outros.Era desconfortável passar por despercebida aos ohos dele, mas eu conseguia evitar qualquer tipo de frustação.

–Muito bem-ficou de pé observando todos nós-Os testes serão entregues amanhã, mas as notas serão passadas por outro professor.Estou saindo da escola, e Iruka-sensei será responsável por vocês até o fim do ano.

Os cochichos se espalhavam por toda a sala.Ino olhou-me querendo explicações, mas eu dei de ombros alegando não saber de nada.O sinal do intervalo tocou, rapidamente as pessoas começavam a abandonar a sala.

–Sensei, por quê você vai abandonar a escola?

–Não deixa a gente não, por favor.

Enquanto o fã clube de Sasuke lhe interrogava, saí sendo seguida por Ino.

–Sakura você deveria ter me contado sobre isso, eu saberia respirar com o impácto.

–Mas eu não sei de nada, Ino, Sasuke não deixou escapar uma só palavra.

–É estranho, não é? Tudo bem que ele não seja um professor efetivado, mas isso não é problema.

–Eu vou descobrir o que está acontecendo.

A volta para casa foi silenciosa, assim como costumava ser.Poucas vezes falamos sbre algo superficial, mas nada que roubasse nossa concentração.Eu não parava de pensar nos motivos que o levou a tomar essa decisão radical.Tudo bem, Sasuke odeia ser professor, e está ali por minha causa, mas a grana é bem-vinda.

Tempos atrás ouvi várias conversas dele e Aya, falavam sobre escritório, investimentos e outras coisas... Só me resta descobrir se elas se agrupam à decisão dele.

Joguei a mochila em cima da mesinha de centro.Fui até a cozinha pegar um refrigerante.No caminho de volta, cruzei com Sasuke, que me agarrou pela cintura.

–Eu percebi cada olhar discarado seu-sorri ao ouvi-lo.

–Mesmo? Pois não parece, você é imcapaz de ser atingido por um simples par de olhos verdes.

–Você duvida disso, é?

–Duvido... -provoquei, falando perto dos seus lábios.Ele me beijou com desejo, como se quisesse aquele beijo há muito tempo.Correspondi o beijo no mesmo delírio, tentando as mãos dele a passear por minhas costas.Minutos passados, preguiçosamente nos separamos.Seus braços me envolveram e eu correspondi o abraço silencioso-Quê história é essa de sair da escola?

–Há tempos eu já estava pensando nisso.

–Então por quê você não me disse antes? Foi horrível receber a notícia daquela forma, como se eu fosse uma simples aluna.

–Sakura, isso não tem nada haver com nossa vida pessoal-nos olhamos-Falei como seu professor, lhe dei uma notícia que não é absurdamente do seu interesse.

–Como não é do meu interesse? Tudo que lhe diz respeito é do meu interesse.Você sempre deixou Aya envolvida plenamente em sua vida.Qual é a diferença entre eu e ela?

–Está bem, me descupe, caso encerrado.

–Você não respondeu minha pergunta.

–Porque eu não acho que seja extremamente necessário você tocar no nome dela, melhor dizendo, não tem porque me fazer dizer qual é a diferença entre vocês-se afastou-Vou tomar banho-saiu.

–Parabéns, Sakura, você foi patética!-peguei a mochila e fui para o meu quarto.

Me joguei sobre a cama.Fiquei matutando por longos segundos, até que meu celular tocou.

–Oi, Ino.

–Quê tal almoçarmos fora, só nós duas?

–Acho que é uma boa ideia, estou precisando relaxar um pouco.

–Ótimo!Nos vemos daqui meia hora na esquina.

–Está bem, até logo.

Depois do banho, escolhi a roupa certa.Um macacão curto, de estampas florais, tecido leve e sem alças.De calçado uma sapatilha delicada, que combinava com a bolsa pequena.Deixei os cabelos molhados, para que fossem secos naturalmente, deixando-os com mais volume.Um pouco de perfume e estou pronta.

–Vou almoçar com Ino, espero que você não se importe.

–Tudo bem, tenho que terminar alguns trabalhos-voltou sua atenção para o computador.

Fiquei por alguns segundos observando suas costas, pensando se ia ou não falar com ele.Resolvi deixar as coisas como estavam, afinal eu causei aquele pequeno desentendimento.

*x*x*x*x*x*x*x*x*x*

–E aí, o quê você descobriu?

–Quase nada, você sabe como Sasuke adora falar.Faz algum tempo que eu ouvi algumas conversas entre ele e Aya.Falavam sobre escritório... Não sei, mas eu acredito que Sasuke está querendo explorar suas ideias.

–Hum, faz sentido.Faz um bom tempo que não vejo Aya ao lado de Sasuke pelos corredores do colégio.Será que eles brigaram?

–Melhor que isso, eles terminaram-os olhos de Ino brilharam-Eu não te contei porque sei que você não consegue governar essa sua boca.

–Com certeza isso não teria governo!Mas por quê eles terminaram?

–Eu não sei dos detalhes e isso também não me importa-menti.

–Mas me interessa e muito!Com Aya fora do caminho tenho chances com o bonitão.Quem diria que o mundo daria tantas voltas, não?

–Pois é.

–Espera... aquele não é o tal Gaara?-discretamente olhei o movimento ao fundo.

–Sim, é o amigo de Sasuke.Eles tem muito em comum, principalmente a necessidade de vasculhar o computador-Gaara concentrava-se no seu Netbook.

–Quê tal convidá-lo?

–Acho que não é uma boa ideia, além do mais ele deve está trabalhando ou se comunicando com alguém importante... é melhor não atrapalharmos.

–Tudo bem, mas eu acho que é tarde demais, ele nos viu e está vindo para cá-Ino ajeitou-se sobre a cadeira, o que me fez achar graça.

–Olá, meninas.

–Olá, senhor Gaara, nos encontramos de novo-disse Ino, confiante.

–Sem formalidades, acho que não sou tão velho assim.

–Nem de longe-Ino sorria para ele como se fossem velhos amigos-Você não quer se juntar à nós? Notei que ainda não fez seu pedido.

–Ainda não, cheguei agora a pouco.Mas eu não vou incomodar? Algo me diz que querem conversar.

–Sim, mas nada confidencial-esclareci, pois ele poderia interpretar meu silêncio como rejeição-Falávamos sobre nossa infância, da nossa amizade... Até onde sei você e Sasuke eram velhos amigos.

–Sim, fizemos o colegial juntos e frequentamos a mesma universidade.Ah, também fomos companheiros de sala.Esperem, é melhor que eu me sente para podermos conversar-foi até sua mesa buscar o Netbook.

–Ele é um fofo, né?

–Animadinha demais com o ruivo, não é Ino?-rimos.

Fizemos o pedido.Falamos praticamente sobre tudo.Gaara comentou coisas que eu não lembrava, mal lembro dele naquela época.Conversamos um pouco sobre nossa infância, mas principalmente sobre a morte dos meus pais, o que lhe pegou de surpresa.Ele também revelou coisas sobre a época na faculdade, foi aí que eu descobri com firmesa a idade de Sasuke.Eu jurava que ele tinha seus vinte e sete anos, mas na verdade ele tem vinte e seis, o que não me deixa tão desatualizada.

–Bem, eu tenho que ir.

–Obrigada por ter aceito nosso convite, Gaara.

–Imagina, Ino, eu que agradeço a companhia.Irão embora agora?

–Ah, não, vamos pedir a sobremesa, você deveria ficar mais um pouco-respondi.

–É verdade, Sakura-comentou Ino.

–Não vai dar, mas a sobremesa ficará para outro dia-tirou a carteira do bolso.

–O quê está fazendo?-perguntei.

–Faço questão de pagar o almoço.

–Não se incomode, Gaara...

–Não é incômodo-respondeu interrompendo Ino-Até outro dia.

–Tchau-respondemos juntas.

–Hum... Certinho demais-comentou Ino, parecia está desconfiada-Minha mãe diz que homem certinho demais é sinal de encrenca.

–Não viaja, Ino.

–Você não reparou como eu o olhei todo o almoço?

–Só faltou ser mais oferecida-brinquei.

–Foi uma tática.Ele fingiu não notar.Por quê? Porque é um homem comprometido.Pessoas comprometidas não olham nos olhos de outras pessoas, ao não ser que sejam safados-ri alto com sua teoria.

–Olha, esqueça Gaara, está bem? Já que estamos aqui, precisamos falar sobre algo muito sério.

–O quê?

–O acidente naquela tarde.

Depois da alta de ambas, conversamos sobre o acidente, mas não foi algo intenso.Ino precisava saber que Aya foi a culpada de tudo, que nos atropelou de propósito, mas em consequência eu terei que lhe responder o porquê...

–Passou, Sakura, não vamos lembrar daquele dia de horror.

–Mas é preciso.Eu sei quem nos atropelou, Ino.

–S-sabe? E não disse nada pra polícia?

–Parece loucura, mas eu não posso-respirei fundo-Foi Aya, ela me procurou para me dizer isso.

–Espera um momento, Sakura.Eu sei que Aya e você se odeiam, mas acusá-la é... horrível.

–Ino, aquele monstro esteve no meu quarto com um sorriso no rosto e sem mais, nem menos jogou essa bomba em cima de mim.Eu não pude incriminá-la porque eu não tenho provas.E como farei isso se nem mesmo Sasuke acreditou em mim?

–Você contou essa loucura à Sasuke?

–É a verdade!Desde o dia daquela briga depois da festa com os populares nossa rivalidade cresceu agressivamente.Ela me odeia, nunca me suportou!Sempre morreu de ciúmes por Sasuke se preocupar tanto comigo.Depois da minha mudança ela pirou de vez.

–É que... Me desculpe, eu confio em você, mas isso é demais pra mim.Sabe, poderíamos ter morrido naquela tarde e aceitar que Aya estava atrás daquele volante é o mesmo que chamá-la de assassina ou sei lá do que.O que há entre vocês é uma competição sem sentido...

–Então eu quero que você saiba que Aya está terrivelmente enciumada.Sabe por quê? Porque eu estou com Sasuke.

–Q-quê?

Meu coração disparava como se quisesse sair do peito.Ino olhava-me tentando raciocinar, como se tentasse entender minhas palavras.Não era hora de me acovardar,ela precisa saber o que está acontecendo.

–O cara misterioso é... é Sasuke.Ino, eu só quero que você saiba que eu nunca tentei te maguar.

–Não tentou? Como acha que estou me sentindo agora?-perguntou, aflita-Minha melhor amiga está com o cara dos meus sonhos e ela não quis me maguar?-levantou-Eu vou embora.

–Você vai sentar aí e vamos conversar como duas mulheres adultas!-puxei seu braço fazendo-a sentar novamente-Olha, você sabe que eu sempre disse que não olharia Sasuke como um homem que eu fosse me interessar um dia, mas eu estava errada.Eu não percebi quando foi que eu me apaixonei por ele, só percebi quando fiquei completamente envolvida.

–Há quanto tempo vocês estão juntos?

–Faz algum tempo.Ino, eu juro que fiz de tudo para não gostar dele, mas foi mais forte que eu.

–Sakura, talvez eu a entenda em partes, mas trair minha confiança é algo imperdoável.Por quê você não me procurou e disse que estava gostando dele?

–Por quê eu não queria que nossa amizade acabasse.

–E você não pensou que ela poderia acabar agora?

–Então é assim? Você vai erguer a cabeça e apontar meus erros? E seus erros, Ino? Quando foi que eu apontei seus erros?

–Entendi! Você está com Sasuke por vingança porque eu fiquei com Joe.

–Não, eu nunca pensei nisso!Mas se eu fizesse, é porque você me deu motivos, não acha?-Ino desconcertou-se-Você sentiu inveja de mim e quando viu que eu estava sendo notada por Joe atirou-se nos braços dele.Quando Ino... quando foi que eu te apontei?

–Mas eu fui sincera.Lhe contei a verdade mesmo que doesse.

–Ino!-levantou-se e saiu sem olhar para trás.

*x*x*x*x*x*x*x*

Voltei para casa.Joguei a bolsa em qualquer canto, como de costume.A casa estava silenciosa, aproveitei o momento para pensar.Eu já imaginava essa reação, mas esperava que ela compreendesse.Para piorar, Ino enxergou meu romance como uma forma de me vingar dela, mesmo que no fundo ela saiba que eu não seria capaz de fazer tal coisa.

–Mais tranquila agora?-perguntou Sasuke, me dando um beijo no rosto.

–Desculpe, eu fui imatura.

–Não pense nisso.Como foi o almoço?

–Bem.Gaara estava lá e nos fez companhia.

–Eu sei, nos falamos agora a pouco-eu não conseguia manter a calma, Sasuke parecia perceber-O quê aconteceu?

–Depois que Gaara saiu, Ino e eu conversamos seriamente e não foi nada agradável.Eu revelei sobre nós dois e ela ficou uma fera.Saiu do restaurante e me deixou falando sozinha.O quê eu faço, Sasuke?

–Nada.Deixe ela sozinha por um tempo, tenho certeza que Ino verá as coisas de outro ângulo.

–Eu não sei, tenho medo dela não me perdoar.Eu sei de muitas histórias de grandes amigas que nunca mais se falaram... por causa de coisas banais.

–É como você diz, Sakura.É uma coisa banal, que não machucará ninguém.Ino sabe que seus sentimentos por mim é de admiração, nada mais.

–Tomara que você esteja certo.

A campainha tocou, prontamente Sasuke foi abrir a porta.Para a minha infeliz surpresa, Aya estava de pé na porta, com uma expressão que eu nunca vi antes, séria demais.

–O quê você faz aqui?-perguntou, ficando de pé.

–Desculpem por aparecer de repente...

–Você adora fazer isso, não é?Deveria trabalhar num circo, seria uma daquelas garotas que somem e aparecem dentro de uma caixa já que gosta de aparecer aqui do nada e como sempre nas horas impróprias.

–Sakura, por favor-me calei, estou interessada na visita dela-Aya, o quê faz aqui?

–Posso entrar pelo menos?

–Na minha casa?-perguntei, debochada-Eu sinto muito, mas eu não quero que você deixe pulgas em meu sofá.

–Por Deus, Sakura-disse Sasuke-Entre, Aya, seja breve.

–Obrigada, Sasuke, eu serei-suspirei, me afastando-O que eu tenho pra dizer não se fala por telefone, por isso vim.Bem, eu não sei como lhe dizer isso, Sasuke.

–Ô filha, abra a boca e fala-falei, irritada com sua presença.

–Pois bem.Sasuke, estou esperando um filho seu.

–SUA DESGRAÇADA!-tentei agarrá-la, mas Sasuke me segurou-VADIA!Agora inventou isso para não ficar por baixo!

–É a verdade!Eu já suspeitava há algum tempo, mas resolvi esperar e confirmar minhas suspeitas.Você goste ou não tem um Uchiha no meu ventre!

–Eu vou matá-la!

–Acalme-se, Sakura!-eu fazia o possível para me soltar-Vá embora, Aya!Nos falamos depois!-ao ouvi-lo Aya saiu, mas sorriu para mim sem que Sasuke percebesse.

–Não pode ser verdade!Não pode!

–Sakura, acalme-se por favor!Eu preciso saber se ela diz a verdade.

–Eu a odeio! Está fazendo de tudo para me tirar do caminho dela e vai conseguir.

–Não diga besteira!-me abraçou fortemente-Nada irá fazer que eu me afaste de você, nada!

Continua...