Ensina-me a Viver escrita por Graziele


Capítulo 13
Desmoronando


Notas iniciais do capítulo

Big thanks to: ivis, Stefannymarie, Yara Bastos, CarolinaChuff, ShaiyaCullen, Ruthmasen, GraaziCWH, Jeniffas2, Cammy, Marie May, liviagabi4, bonno, sheilaalves, SerenaVDW, balardim, LilyX, Bloon.



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– Meu Deus, Bella! – Alice exclamou; seus grandes olhos azuis estavam impossivelmente arregalados e infestados de medo. Medo esse que era espelhado nos olhos amendoados de Bella. – E você fez o quê depois que o soldado saiu?

Isabella havia acabado de narrar os fatos da noite anterior à amiga. Não tinha esperança de que Alice lhe desse alguma solução, mas apenas dividir essa situação com alguém lhe dava um alívio descomunal.

– O que você queria que eu fizesse? – Bella respondeu retoricamente. – Eu o acompanhei na inspeção do porão e, quando ele saiu, tranquei as portas, as janelas e quase cheguei a pensar em nunca mais abri-las! Meu Deus, se esse soldado resolve voltar... – estremeceu ao apenas cogitar tal possibilidade.

– Eu não sei porque você está tão amedrontada – Alice tentou tranquilizá-la, com um dar de ombros despreocupado. – O tal soldado não disse que tinha ido lá ver se o porão era fundo o suficiente? Então ele só foi lá fazer isso, ora! Acontece que você está com tanto medo que essa sua tal “felicidade” em ter aquele soldado em sua casa acabe, que está colocando caraminholas em sua cabeça. Isso pode ser psicológico, sabia?

Bella suspirou. Talvez sua amiga estivesse certa. Talvez todo esse medo fosse apenas paranóia sua, afinal o soldado tinha ido lá apenas ver o porão! E, mesmo que ele estivesse ido checar se alguma provável denuncia procedia, ele não conseguiu ver o inglês, porque ele estava escondido no quarto dele, no segundo andar – onde o alemão nem sequer passou perto.

– É, talvez seja apenas isso – Bella condescendeu.

– É claro que é apenas isso! – Alice sorriu tranquilizadoramente. – Esqueça isso, certo? – Bella assentiu temerosamente. – Vamos dar um jeito nessa floricultura porque essa bagunça ta me agoniando.

Bella queria esquecer o que acontecera, queria seguir o conselho da amiga e deixar pra lá. Queria desesperadamente.

Mas não podia, pois as imagens lhe assaltavam a mente todo momento, e vinham junto daquelas que sua própria imaginação fabricava. Imagens de uma tropa entrando em sua casa e a levando presa, enquanto atiravam na cabeça do soldado sem o menor titubeio. Daquela vez, podia ter escapado. Mas e da próxima? Haveria próxima, ela sabia, e então o que aconteceria? Esconderia o homem pelo resto de suas vidas?

Naquele momento, a ideia de fugir com ele para qualquer lugar do mundo não lhe pareceu tão assustadora assim. Ansiou alucinadamente escapar de tudo aquilo; de todo o medo, de toda a apreensão, de toda a culpa... Ansiou ficar só com seu soldado, lívida todo o nervosismo que lhe acometia naquele momento.

– Então... – Alice começou cautelosamente, como uma cobra que rodeia o terreno antes de dar o bote. – Fiquei sabendo que vocês dois se acertaram finalmente...

Bella corou e maldisse a amiga internamente. Pronto, agora ela seria infernizada pelo resto de sua vida com isso!

– Quem... te disse isso? – Isabella sussurrou.

– O próprio Edward, acredita? – Alice riu delicadamente, enquanto colocava algumas rosas em um vaso. – Eu o encontrei hoje mais cedo e ele me disse que está feliz por finalmente poder te beijar sem se preocupar em levar um golpe de colher de pau!

– Ai, meu Deus... – Bella lamuriou, passando a mão pelo rosto, completamente descrente. – Ele te disse isso? Assim, com todas essas palavras?

– Disse! – respondeu a outra, rindo ainda mais. – Bella, eu sempre soube que vocês davam certo. Desde o dia em que vi aquela cena da banheira... Bem, você se recorda.

E como se recordava!

Ah! Mas ela também ficou sabendo de certo podre da amiga na noite passada que a envergonharia tal como estava agora. E Bella não deixaria esse trunfo de lado.

– Então... Também fiquei sabendo que você e Whitlock se acertaram – a alemã comentou, sorrindo com malícia e vendo como Alice corara impossivelmente.

– Jesus... Quem te disse isso? – Alice repetira a pergunta que Bella havia feito a pouco com o mesmo tom sussurrado e vexado,

– O Edward, acredita? – E Bella repetira a resposta, arqueando uma sobrancelha com uma sombra zombeteira. – Ele me disse que você havia se declarado pro construtor, dizendo que o queria como seu par no seu casamento e tudo! Que feio, Alice Brandon! – repreendeu Bella de brincadeira, adorando ver o semblante da amiga. Quem estava como um tomate agora, hã? – Se declarando dessa forma pra um homem! Sua avó, tão conservadora como era, deve estar se revirando no túmulo uma hora dessas!

– Mas pelo menos Jasper Whitlock não é um soldado inglês! – Alice arrematou, sorrindo vitoriosa.

Touché. – Bella murmurou; seu sorriso completamente morto.

Fora uma zombaria, mas Bella não pode deixar de notar o fundo de seriedade daquelas palavras. Ela e Edward nunca poderiam ser como Alice e Jasper. Eles não poderiam morar juntos, não poderiam sair por aí e gritar o que sentiam, não poderiam ser par um do outro em seus casamentos. Essa conclusão deixou o coração de Isabella melancólico e apertado. Porque ela percebeu que ela e Edward nunca poderiam ser normais. Nunca poderiam ser felizes.



Já se passavam das seis quando a alemã irrompeu pela porta, com uma blusa de gola alta marrom e uma saia xadrez por cima de uma meia calça preta. Ela trazia na mão seu casaco super grosso e inúmeros papeis. Entrou toda atrapalhada, derrubando as chaves e o casaco e os deixando pelo chão mesmo enquanto praguejava o céu e a terra. O soldado levantou-se e foi até ela, ajudando-a a recolher os pertences sem dizer nenhuma palavra, entretanto, sem nenhum aviso prévio, ela jogou todos os papeis no chão com uma raiva tremenda, para logo depois abraçá-lo com todas as forças que continha em seu ser.

Ele retribuiu o abraço, sabendo muito bem o porquê dela ter feito isso. Não era somente saudade. Ele sabia que a alemã havia ficado muito amedrontada com o que ocorrera na noite passada e que precisava ser tranquilizada. E ele queria poder fazer isso, por isso a esmagou impossivelmente mais contra si, aspirando, aliviado, o cheiro de flores que provinha de seu cabelo. Ela ficou na ponta dos pés para conseguir esmagá-lo mais fortemente, desejando que tudo de ruim que poderia acontecer a partir dali fosse apenas parte de um pesadelo que logo teria fim.

– Você foi trabalhar? – ela balbuciou, ainda com a cabeça enterrada em seu pescoço.

– É claro que fui – o soldado respondeu, meio confuso. – Não da pra simplesmente parar com a nossa vida porque um soldado veio ver o porão.

Bella sorriu minimamente, gostando de como ele disse ‘nossa vida’. Ouvir o soldado fazendo referências a sua vida como se a compartilhasse com a dela, dava-lhe uma felicidade inenarrável.

– Soldado... – ela começou, finalmente fixando-o – você acha que estão desconfiando de alguma coisa?

Ele torceu o nariz, numa careta torturada.

– Não sei... – respondeu sinceramente. – Mas é melhor ficarmos alertas. Se algum outro soldado vir ver o porão ou qualquer outra coisa semelhante, deixe-o entrar sem relutar. Se você ficar plantada na porta impedindo-o de fazer o trabalho, vai gerar desconfianças.

Bella assentiu. Ela teve a percepção de estar protegida. Todo o exército alemão poderia colocar sua casa abaixo, mas ela se sentia bem, porque sentia que o soldado a protegeria.

– E... se descobrirem... – ele não concluiu a frase, fazendo a alemã estremecer.

– Se descobrirem, nós fugimos – ela solucionou. – Se descobrirem, a gente vai embora. Pra qualquer lugar. Eu aceito até o Pólo Sul!

– Mas não foi você mesmo que disse que não podia? – ele indagou, a sombra brejeira estava de volta a sua expressão e isso alegrou-a. – A floricultura e sei lá mais o quê...

– O que eu não posso é te perder – ela confessou de repente, corando tempestuosamente depois. – E também não posso ser presa! – tratou logo de consertar, se desvencilhando do abraço dele e indo pra cozinha. Ela arrependeu-se amargamente de ter feito tal declaração. Logo ela que havia julgado Alice de ter feito o mesmo com Jasper Whitlock!

A alemã sentou-se numa cadeira e encostou os cotovelos na mesa, apoiando seu rosto neles. Seu coração acelerou ridiculamente ao notar que o soldado se aproximava. O que ele faria? Censurá-la-ia? Diria que ela era uma tola por nutrir tais sentimentos e ainda dizê-los em voz alta?

– Por quê? – ele perguntou com a voz rouca, sentando na sua frente e penetrando-a com aqueles orbes verdes e brilhantes.

– Hein? – ela disse, abobalhada e vexada. Não queria respondê-lo, mas ele não iria desistir. Edward aproximou-se mais a ponto de tocar-lhe as mãos e, com um brilho ainda mais intenso nos olhos hipnotizantes, voltou a indagar:

– Por que você não pode me perder?

Bella suspirou, desviando os olhos. Seria infinitamente mais difícil resistir se ficasse a fitar aquelas duas esmeraldas.

– Responda-me, alemã – ele pediu num sussurro suplicante. – Eu preciso saber.

Ela fixou-o e viu que não tinha o que fazer a não ser dizer-lhe a verdade:

– Porque eu gosto muito de você – sua voz veio num sussurro quase inaudível. – Muito mesmo.

Uma centelha brilhou nos olhos dele. Felicidade, da mais pura e preciosa. Daquela que a gente só sente uma única vez na vida... Quando encontramos alguém especial. Alguém que compartilhamos os segredos, os medos, as felicidades e conquistas, as doenças e desonras... Alguém que aceitaríamos como nosso par em nosso casamento.

– Eu também gosto muito de você, alemã – ele admitiu, sorrindo lindamente. – Muito mesmo.

Edward deu a volta na mesa e, pegando nas mãos femininas, a fez levantar-se, para logo esmagá-la em um abraço forte e protetor. Sem pretensão alguma, a não ser mantê-la perto.

– Eu sempre achei seus olhos tão lindos – ela declarou, acariciando as bochechas dele enquanto fixava as duas bolas brilhantes. – Eles dizem muito mais coisas do que você.

– E o que eles estão falando agora? – ele quis saber, sorrindo tortamente e infiltrando suas mãos nos cabelos dela.

– Estão falando que você quer me beijar – ela respondeu, de forma completamente decidida e desavergonhada.

– Com são espertos – brincou o homem, achegando seus lábios nos dela e selando-os de forma calma, mas que, de certa forma, descarregava todo o desespero e o medo que sentiam.

Ela desceu suas mãos até o peito dele e as espalmou ali, para logo depois fechá-las em punho em torno da camisa azul que ele usava. O soldado, por sua vez, apertou-a tão intensamente pela cintura que chegou a inclinar o corpo pequeno na sua direção até o momento em que não existisse nenhum espaço entre os dois.

Ela nublou a sua mente de todas as preocupações que estava tendo até então, dizendo para si mesma que o soldado estava com ela e que só isso importava naquele momento. Se as complicações viessem, ela as enfrentaria com toda a coragem que tinha, porque ele estaria ao seu lado. E assim ele ficaria. Nada mudaria isso.

– Eu sei que nada de ruim vai acontecer – ela disse no momento que cessaram o beijo para procurarem por um ar bem vindo. Edward esquadrinhou seu olhar e sorriu um pouco com a convicção que ali encontrou.

– Eu também sei disso – ele concordou, ainda que longe de sentir a certeza que demonstrou nas palavras. – Mas, então... como foi seu dia hoje? – ele perguntou por fim, para desviar o assunto.

Bella sorriu minimamente, agradecendo, em silêncio, a ideia de distraí-la.

– Comum – ela deu de ombros, se soltando do abraço apertado dele para se dirigir a sala. O casaco e os papeis em sua mão foram logo jogados no sofá. – Muitas contas a pagar e nenhum cliente. Não sei por que ainda nos damos ao trabalho de abrir a floricultura... Ninguém, em tempo de guerra, se dá ao luxo de gastar dinheiro com flores – bufou.

O soldado sentou-se ao seu lado e aconchegou o corpo delicado ao seu, de forma que ficassem entrelaçados, apenas desfrutando do calor que ambos os corpos emanavam.

– Não desanime. Não é possível que não exista mais nenhum homem romântico na face da terra! – Edward se indignou.

– Todos estão na guerra. – Bella lembrou melancolicamente, encaixando seu rosto na curva do pescoço do homem.

Edward a fitou e sentiu, pela primeira vez em tantos anos que nem poderia se recordar, seu coração amassado com algo bom. Olhando para aquela mulher de cabelos e olhos marrons, com um corpo esguio e frágil e de aparência bondosa, o soldado sentiu que seu peito se enchia de um sentimento agradável que o fazia ansiar tocá-la, abraçá-la, beijá-la... Amála.

Edward sorriu, apertando-a ainda mais, desejando fundir-se com ela. Beijou os cabelos cheirosos fervorosamente e murmurou:

– Nem todos. Eu ainda estou aqui.


Edward resolveu ir buscá-la na floricultura naquele dia.

Um aperto insano e indescritível lhe assomava o coração e ele só conseguia pensar que causa daquilo era a preocupação com sua alemã.

Uma semana se passara desde aquela fatídica noite onde quase toda sua vida fora por água abaixo e, desde então, não mais conseguira parar de se inquietar. Sempre tinha a sensação de que esse aperto se dissipava na presença dela, como se ela lhe fosse seu calmante; seu remédio do qual ele era dependente.

Quando a tinha tão seguramente nos seus braços, grandes e fortemente protetores, sentia que não existia nada. Nem guerras, diferenças entre países, inimigos... Somente os dois, numa bolha particular, quase que impenetrável.

Entretanto, anuía com pesar que essa sensação boa só acontecia quando estavam juntos, porque, quando se separavam, as preocupações, inquietações e apertos voltavam, num baque sinistro, como que os lembrando cruelmente que a realidade os esperava, ansiando por atenção.

Não sabiam se haviam sido descobertos e essa expectativa os aniquilava aos poucos. Não faziam ideia do quão consciente o governo e o Partido Nazista estavam daquela situação e isso era torturante, porque não faziam ideia do que poderia lhes acontecer. Edward preferia que uma infantaria alemã inteira tivesse arrombado a casa, com fuzis e homens treinados, pois, se assim fosse, saberia como reagir. Fugiria com a alemã, mataria a todos que interceptassem seu caminho e, então, viveria feliz, sem preocupações lhe picando como abelhas ferozes.

Mas não. Ele estava fadado a esperar. Não podia fugir daquele país, como desejavam ardentemente, pois isso seria esfregar na cara de todo mundo que ele não era exatamente um alemão nato, e sabia que o governo seria capaz de ir procurá-lo até no inferno, não exatamente para matá-lo, mas para conseguir arrancar-lhe certas informações privilegiadas sobre estratégias inglesas.

O que faria, então? Continuaria seu teatrinho imbecil de que era primo de Bella. Algumas raras vezes, quando saia pra trabalhar, senhorinhas da Rua Frieden o interceptavam, perguntando-lhe coisas sobre a mãe de Bella e elogiando sua atitude vir de tão longe para ajudá-la. Edward apenas sorria torto, deslumbrando suas questionadoras e deixando-as sem o fio da meada para mais interrogatórios.

Nos dias posteriores, soldados fizeram o favor de vasculhar outros porões das casas da rua, o que o fez pensar que, talvez , a situação não fosse tão grave assim.

Mas ele sabia que não podia abaixar a guarda, porque os alemães eram espertos. Lembrava-se de todos seus colegas do Exército que morreram, subestimando-os e não queria também ser mais um. Por isso, quando se deitava, enrolado nos lençóis macios de algodão e no corpo quente de sua alemã, ficava com o ouvido atento a qualquer movimentação.

Ele deveria ter ido embora! Não deveria ter deixado que a situação chegasse a esse ponto! Ao ponto dele se envolver tanto com a doce alemã e não poder sequer pensar em deixá-la...

Se ele tivesse ido embora no momento em que recebera seu primeiro salário, toda essa consternação teria sido evitada. Ele na colocaria sua alemã em risco e ele estaria... Provavelmente, estaria num campo de batalha, sem nunca ter experimentado sentimentos novos, conflitantes e... Bons... Provavelmente, estaria deitado numa tábua dura, olhando para as estrelas ou, pior, estaria em alguma ilha distante do pacífico, numa missão de tomada de pontes ou linhas férreas importantes para o inimigo... Nunca teria conhecido o lado bonito da vida, o lado que ele esquecera...

– Pára de pensar, Masen! – ralhou consigo mesmo, socando sua cabeça. Ainda bem que a rua da floricultura estava vazia naquele horário, pois, do contrário, já seria tachado de louco.

Respirou fundo e empurrou a porta de vidro da floricultura de sua alemã, logo sendo assaltado pelo cheiro inconfundível de flores.

Alice e Bella estavam escoradas no balcão, fofocando sorridentes. Ela nem sequer notaram sua presença e ele logo encostou-se no umbral da porta e ficou a observar sua alemã ao longe, captando fragmentos da conversa onde as duas mulheres diziam algo sobre “o moço que traia a esposa com uma mulher da vida”, fazendo com que Edward sorrisse minimamente ao ver que a alemã estava até se submetendo as torturas fofoqueiras da amiga para esquecer suas preocupações.

– Posso saber de quem estão falando mal? – Edward se pronunciou finalmente. Alice se sobressaltou levemente e Bella logo estampou um imenso sorriso em sua face. As bochechas coradas e os olhos amendoados denunciavam o quão estava ridiculamente feliz em vê-lo.

Tinha conhecimento de que aquela preocupação de como ele estava passando o dia eram bobas, porque o soldado sabia muito bem se defender sozinho, mas não podia deixar de pensar se ele estava bem e devidamente... vivo.

– Sabe muito bem que estávamos falando da sua total falta de tato para se mostrar gentil ao entrar num recinto, sem assustar senhoras. – Bella respondeu formalmente, mas com um ligeiro sorriso brincalhão nos lábios.

– Então, talvez eu devesse beijar as mãos das senhoras presentes e me curvar diante delas – Edward devolveu, franzindo o cenho, falsamente pensativo.

– Concordo plenamente – Bella então se encaminhou até o seu soldado e o enlaçou pelo pescoço, beijando-lhe ardente e apaixonadamente.

Alice revirou os olhos, sentido um grande castiçal em cima de uma mesa de um jantar romântico.

– Meu Deus, respeitem minha floricultura – resmungou, rancorosa.

– Ora, a floricultura é minha também, tenho tantos direitos quanto você, senhorita conservadora. – Bella provocou a amiga.

– Oh, esse fato não lhe da direitos de praticamente copular em minha frente! – Alice soltou, causando uma vermelhidão ardente no rosto de Bella e uma gargalhada profunda no soldado. Edward riu tanto, mais tanto que ele teve que se soltar da alemã para poder se envergar para frente a procura de ar. Ele sempre se divertira com a completa falta de noção e acanhamento da melhor amiga de Bella.

– Sumam da minha vista! Não quero ter que presenciar a consumação do ardor que possuem!



– Você acha que Alice algum dia vai conseguir parar de ser tão assanhada daquele jeito? – Bella perguntou, quando ambos já caminhavam em direção a casa. – Quer dizer... ela tem tantos pensamentos que... Jesus, não são próprios pra alguém como ela.

Edward sorriu discretamente, enquanto enfiava seu nariz nos cabelos de sua alemã.

– É o jeito dela, alemã – ele explanou simplesmente, dando de ombros. – Você condena o... descaramento dela e ela condena sua bondade ao me abrigar. Estão quites.

– Mas ela vai se arrepender de ser tão... descarada, como você mesmo diz. E eu não vou me arrepender de ser boa.

Edward parou de caminhar e Bella fez o mesmo, olhando-o nos olhos e surpreendo-se ao ver como eles eram mais impossivelmente magníficos em contraste com a noite clara que se fazia.

– Não mesmo? – ele indagou. – Nem sabendo que pode ser presa?

Ela negou lentamente, mas com veracidade.

– Vai ter valido a pena – respondeu, determinada.

Ele sorriu e Bella viu que as estrelas tinham beleza em páreo naquele momento.

– Alemã... – ele disse em certo tom lamuriado. – Você vai acabar comigo... – abraçou-a, como se sua vida dependesse daquilo. E talvez dependesse.

Os dois continuaram o caminho abraçados e em silêncio, curtindo o outro e aproveitando aquela nova fase que o relacionamento deles estava passando.

Logo chegaram na casa que os aconchegaria, depois de tantas preocupações. Bella pegou sua chave e, alheia ao risco que corria desde que colocara o soldado para dentro de sua casa, abriu-a.

No entanto, o que seus olhos castanhos captaram no momento seguinte fez com que seu sangue gelasse em suas veias e seus joelhos tremulassem; um arfar desesperado e amedrontado escapou por entre seus lábios secos chegando rapidamente aos ouvidos do soldado que logo deixara de acariciar um cachorro que por ali passava para ver o que tanto assustara sua alemã.

Edward petrificou-se, com os olhos esverdeados arregalados e injetados de sangue. Injetados de raiva.

Porque ali, diante do casal mais proibido daquele tempo, estava a casa de Bella, revirada, com seus móveis rasgados e quebrados, denunciando a raiva de quem fizera aquilo.

E, no chão, com letras garrafais e escarlates estava o aviso que demonstrava que aqueles dois estavam perdidos:


Eu sei o que você esconde.

Não é mais seguro. Tome cuidado.


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Notas finais do capítulo

Desculpem a demora ): Eu tentei postar na quarta, juro que tentei, mas eu não consegui o capítulo do jeito que eu queria e aí deixei pra hoje. Ainda assim eu não o achei muito bom, rs, mas seviu como uma capítulo ~de passagem ~para os próximos acontecimentos, heheheh. QQ
E agora? O que vai acontecer? O:
Ah! Na última postagem eu nem falei da capinha nova *---* Bonitona, né? rs. Foi feita pela Purple Design e, quem estiver precisando, da uma passada lá: http://purpledesigns-lp.blogspot.com/
As capas são lindas e as designers super simpáticas e atenciosas. Sei que vocês vão amar :)
Agora vou indo :**
Até o próximo! O/