POV Karine

Minha festa estava simplesmente demais. Nunca pensei que em tão pouco tempo Alice e Rosalie fossem fazer algo dessa magnitude.

Luzes, som, serviços. Tudo.

Meus amigos, meus primos todos ali me dando os parabéns. Cada um curtindo a festa do seu jeito, de sua própria forma.

Eu não parava de dançar com todas as minhas amigas. Tem tempo que não vou a uma festa e sendo o meu aniversário? Mais raro ainda.

Minha amiga Marcella, sempre insistia para fazermos alguma coisa. Como moramos juntas ela sempre apronta algo. Sou mais caseira – pegar um livro aleatoriamente na estante sentar e ler até o fim por exemplo.

Mas eu não podia negar de jeito algum que adoro festas. Minhas pernas doeriam amanhã, mas eu não estava nem ligando.

Apesar de toda alegria e satisfação eu tinha a leve impressão de estar esquecendo algo, mas não sei bem o que.

Todos estavam ali se divertindo, cantando, bebendo, dançando e eu preocupada com algo que nem sabia direito o que era. Não fazia o menor sentido.

Desisti de lembrar o que me atormentava inconscientemente e voltei a me focar na festa, eu estava sendo observada por um cara e eu realmente não sabia muito que fazer. Ele apenas sorria e me olhava o tempo todo. Parecia um cara legal, mas o que eu iria fazer?

“Oi, tudo bem? Porque você fica me olhando tanto? Está interessado?”

Descartei a hipótese de primeira. A melhor coisa seria “deixar rolar” como Rose diz.

POV Samantha

As coisas não estavam dando certo. O cara que me fez questão de fornecer o “boa noite cinderela” estava tendo problemas e só poderia me entregar daqui a umas semanas.

Mas isso não podia ficar assim. Vai saber o que pode acontecer em algumas semanas? O meu plano era ótimo – como tudo que sai da minha cabeça – e não podia falhar por uma incompetência de um drogadinho.

Mas não teve jeito, o plano furou.

Fui obrigada a voltar para casa, onde acontecia a maior festa que eu já vira. Realmente Alice e Rosalie sabiam arrumar uma comemoração, mas depois da péssima notícia nem ânimo para festa eu tinha.

A única coisa que queria era trancar-me em meu quarto e começar a pensar em algum outro plano. E assim fiz. Estava deitada em minha cama jogando o celular para cima.

Seria impossível ganhar a confiança de alguém, para tentar aprontar algo astronômico. Todos sabem como sou nunca fiz questão de esconder o que quero. O que gosto de fazer, o que me dá prazer, irritar as pessoas à minha volta.

Foi ai que a ideia surgiu. Peguei o telefone e sentei na cama rapidamente. É isso, eu havia conseguido, um novo plano para detonar com a vida de Bella.

POV Bella.

Pelo visto a festa iria rolar até o amanhecer, mas eu não aguentaria.

Já estava abraçada em Edward e duvidava que conseguisse dançar por muito tempo, meus olhos ardiam e meu corpo estava cansado.

Minhas mãos em seu pescoço e meus lábios em seu ouvido quase pedindo socorro.

–Que horas são? – sussurrei no ouvido de Edward.

–Tem alguém com sono? Quatro horas em ponto. – ele respondeu olhando para o relógio no pulso.

–Uhum, quase desmaiando, acho que vou beber alguma coisa para acordar. – eu disse me afastando dele.

–Não precisa, é melhor dormir.

–Não. – insisti teimosamente.

Sem dizer mais nada fui até o bar.

–O que a senhorita deseja? – o barman perguntou.

–Uma Coca-Cola pelo amor de Deus! – disse bocejando. Como em uma festa dessa eu poderia estar com sono? Pelo amor de Deus Isabella!

–Isabella! – Uma voz masculina me chamou. Eu mesmo meio grogue me virei e lá estava ele.

Doutor Fernando.

–Que, que você está fazendo aqui? – perguntei pegando a latinha de coca.

–Rosalie me convidou e eu vim. – Só podia ser coisa da Rosalie, ela convidou o médico? O meu oftalmologista?

Carreguei a latinha e sai andando atrás de Rosalie.

Ela estava dançando com Karine e algumas pessoas da nossa faculdade.

–Rose! – eu a chamei. Ela virou em direção a mim.

–Vem aqui. – eu fiz sinal com a mão.

Ela falou alguma coisa no ouvido de Karine e veio até mim toda sorridente.

–O que foi?

–Você convidou o Fernando? Doutor Fernando?

–Claro! Ele que cuidou da sua miopia.

–Eu mereço, meu Deus. – levantei as mãos para o alto. Ainda bem que a lata estava fechada.

–Não faça escândalo, além do mais ele está de olho na Karine, e ela parece gostar dele.

Virei-me indiscretamente para olhar os dois.

Foi ai que percebi as trocas de olhares.

O Fernando não era feio, muito pelo contrário. Mas não é o tipo de cara que eu queria para minha prima. Ele ficou me olhando quando fui ao seu consultório. Parece mulherengo, não quero minha prima sofrendo.

Eu a deixaria se divertir, mas se a coisa ficasse mais séria eu teria uma conversinha com esse Doutorzinho.

Minha prima é preciosa e a não ser que ele esteja aos pés dela, saiba respeitá-la, não pode haver nada entre eles. Ela não é idiota sabe se cuidar, então por enquanto eu ficaria quieta.

(...)

Eu não me lembro de como fui parar na cama, mas descobri assim que me remexi sobe o colchão.

Edward estava deitado ao meu lado. Sua camisa no chão. Seu peitoral a amostra para minha observação. Visão do paraíso.

Eu rolei cuidadosamente para longe dele e me levantei. Ele merecia um bom café da manhã.

Uma das coisas que aprendi com a minha mãe mesmo sendo muito pequena era a arte de cozinhar, obviamente eu só a via preparando as coisas.

Mamãe nunca foi do tipo “temos empregada” sempre que podia cozinhava para nós.

Mas aprendi mesmo com a tia Paam, mãe de Karine. Ela certamente me ensinou muitas receitas para várias ocasiões, lembro-me de quantas vezes fiz coisas erradas e a receita acabava saindo um grude.

A guerra de comida entre nós... Armários sujos de massa e caldas, ovos quebrados, mão com cheiro de alho, olhos lacrimejando por cortar cebolas...

Alice ainda era pequena para se importar com essas coisas e Rosalie apenas não se importava. O máximo que ela saberia fazer é um miojo. Ela sempre dizia “Meu marido vai viver a base de miojo e se reclamar nem isso eu faço”

Tadinho do Emmett, foi o grande escolhido.

A única coisa que nunca aprendi muito bem a fazer foi a incrível torta de maçã, essa, Edward dominava. Ele teria que me ensinar um dia, eu iria apostar nisso.

O doce que minha tia Paam mais apreciava era o mousse de frutas vermelhas. Realmente é uma beleza.

Para a minha surpresa não passava das nove da manhã, o que era um absurdo porque com certeza era para estar desmaiada na cama, pela hora que fui dormir. Que nem lembro, diga-se de passagem.

Como estava com tempo para preparar uma receita diferente para meu namorado resolvi investir nisso.

“Panquecas de frutas vermelhas” foi o que procurei no livro de receitas de nossa família.

Incrivelmente eu vim de uma família bem original, onde receitas eram passadas de gerações e “ingredientes secretos” também. O livro estava em pose de minha tia, mas logo veio parar em minhas mãos.

A receita era simples aos meus olhos, mas e em prática?

Vasculhei os armários atrás de todos os ingredientes. Uma vez selecionados era só começar.

POV Edward

Bella desmaiou literalmente em meus braços que fiquei surpreso por ela acordar tão cedo.

Não abri meus olhos enquanto ela saia da cama.

Eu tinha uma surpresa para ela esta tarde e precisava ficar sozinho para planejar.

POV Samantha

Tirei toda a minha maquiagem escura de sempre, procurei a roupa mais clara e “fofa” que tinha e vesti. Tirei a franja do olho e coloquei para trás com uma presilha. Catei uma sapatilha dentro do closet, e pronto, o começo da minha farsa estava pronto.

No final eu realmente parecia uma boa garota. Uma menininha inocente.

Esse era o meu plano perfeito.

Daqui para frente eu parecerei à menina perfeita, ideal. A prima amada, a garota fofa.

Adquirir um pouco de confiança é a chave para meu plano dar certo.

Obviamente eu não havia mudado da noite para o dia, continuo a mesma e sinceramente esse look rosa é de dar enjoo. Mas esse era o preço que eu teria que pagar para acabar com o relacionamento de Bella.

Será um prazer imenso quando meu plano der certo. Mal posso esperar.

Tudo era muito simples, daqui em diante eu passaria a imagem de uma moça simples e confiável, que se preocupa com os outros.

Tipo a idiota da Karine.

Um pouco de confiança de todos ou ao menos de alguns, já é o suficiente.

Esse não tem como falhar.

POV Bella

Graças ao mais maravilhoso dos Deuses, a minha receita deu certo.

E bem na hora por que Edward estava descendo as escadas. Sorri de lado ao vê-lo com o peitoral a amostra, apenas com uma calça bege com cordões. Minha linha do pensamento se perdia... O que aquele homem faz comigo?

Terminei de pôr a última panqueca no prato e fui até ele.

–Estou tendo pensamentos nada puros nesse momento...

Ele deu seu famoso sorriso torto que tanto adoro e sem dizer uma única palavra, me puxou para si, me beijando profundamente.

–Bom dia. – ele murmurou ainda com seus lábios nos meus.

–Bom dia. – disse de volta quando um grito feminino soou no andar de cima. – Meu Deus o que foi dessa vez? – perguntei a mim mesma.

Edward tirou as mãos de minha cintura e foi até lá em cima e como sou curiosa, fui atrás.

A cena era realmente chocante, Samantha estava na porta de seu quarto, com um ar feliz, rosto angelical e um modelito totalmente novo. Parecia uma garotinha. Aquela definitivamente não era a minha prima.

Quem havia gritada era a Alice, que visivelmente ainda estava chocada. Até a franja de Samantha estava presa ao lado. Isso nunca acontece. Nunca mesmo.

Ou ela estava aprontando alguma coisa – o que eu acho que é – ou ela bateu a cabeça muito forte.

–Samantha o que aconteceu com você? – Emmett perguntou com os olhos arregalados.

Ela corou um pouco pela atenção e esfregou seu braço, como se estivesse frio.

–Eu poderia falar com vocês primos? – ela disse com um ar gentil.

Samantha? Gentil? Doce? Envergonhada?

–Eu já sei o que está acontecendo aqui! – Emmett disse todo cheio de si.

–Sabe? – Samantha perguntou com a testa franzida.

Emmett abriu a boca, mas nada disse.

–Fala logo criatura. – Alice disse.

–Ela foi abduzida! Chame os caça fantasmas! Kebi, pega! – ele disse para a iguana.

Kebi e Samantha começaram a se encarar, um capeta contra outro.

–Corre. – Rosalie avisou.

Não deu outra. Kebi partiu atrás de Samantha.

–Ele obedeceu! – Jasper disse pasmo.

–Claro mané, ele foi treinado. Deve ser mais inteligente que você.

–Olha quem fala.

Samantha saiu correndo pelas escadas.

–Emmett pega aquela COISA! Ele vai acabar mordendo a Samantha! Não queremos ninguém ferido aqui, certo? – Edward disse.

–Tem certeza? Nem um pouquinho? – Karine perguntou sorrindo.

Eu sorri pra ela.

–Emmett, agora. – Rosalie mandou.

Ele deu um suspiro pesado mais foi atrás do “Kebi”.

POV Emmett

Samantha daquele jeito?

Não poderia estar normal, não tinha cara de doente e do nada fica o inverso do que costuma ser.

Conclusão? ABDUZIDA claro! Os marcianos a pegaram para estudo no meio da noite, mas aí viram que não prestava e trouxeram de volta.

Kebi é um animal treinado para me proteger desde aquele fantasma do Barney.

“Descanse em paz vovô”

Mas meu irmão tinha que me fazer pegar o Kebi? Ele estava quase chegando ao pé de Samantha que corria desesperadamente pela casa.

–Bicho possuído! Tira isso daqui! Socorro!

Exagerada...

–KEBI! – gritei.

Agachei e engatinhei até conseguir pegá-lo.

POV Bella

Graças a deus Emm pegou aquela coisa, antes que os dois capetas destruíssem a casa inteira.

Karine estava vermelha de tanto rir com os gritos da Samantha, bem e eu... Eu não conseguia não rir. O resto da gangue desceu e ficamos eu e Karine ainda rindo.

–P-RII-MAA. – Ela tentou dizer.

Eu respirei fundo para tentar me controlar.

–Fala.

Ela conseguiu se acalmar e conseguiu falar.

–Eu quero falar com você vem. – ela ainda estava com um meio sorriso, mas me puxou para dentro de seu quarto.

Eu fechei a porta de seu quarto e ela caminhou em direção ao banheiro.

–O que você achou da nova Samantha? – eu perguntei.

–Não mudou nada, garanto que é o mesmo capeta de sempre. – rimos.

–Sério Karine, é de assustar. Ela simplesmente deu à louca. Você já viu Samantha Swan se vestir de rosa? De rosa?

–É isso está estranho, está me cheirando à encrenca, cuidado Bella.

–Eu não duvido nada, a mim ela não engana.

–Ótimo. Eu vou me vestir e a gente desce.

–Tudo bem.

Ela se trancou no banheiro.

Fui até sua varanda que dava para parte de trás da casa.

A vista é excepcional. O céu azul, chamava a atenção por seus pássaros que voavam. O sol ainda não estava forte.

Me perdi naquela simples paisagem e fechei os olhos lembrando de momentos felizes da minha infância.

Quando eu era pequena todos diziam. “Você quer crescer agora, mas espera mais um pouco...”

Eu não dava a menor bola, mas em certo ponto é verdade. Quando se é criança, não existe preocupações, brigas sérias, corações partidos e nem uma inveja tão mortal.

Ser egoísta quando se é pequeno é natural, ser chorão quando é contrariado é normal. Brincar e não se preocupar com mais nada é normal. Brincar com seus pais de guerrinha é normal.

Mas quando se cresce, muitas coisas se perdem. E vemos como é bom ser criança. Quando estamos no jardim de infância e chegamos a uma nova escola, não conhecemos ninguém, mas dali a dez minutos já sabemos o nome de todos.

São coisas simples como essas que me fazem pensar em como tenho sorte na vida.

Meus amigos são de ouro e nada e nem ninguém poderia atrapalhar uma amizade como essa.

Abri os olhos sentindo o calor aumentar em minha pele. Hoje estava um lindo dia e preferia que continuasse assim.

–Pensando prima? – Karine perguntou me abraçando.

–É. Na nossa família. Nossa esquisita família. – eu ri.

POV Edward

Samantha reuniu todos na sala, Bella e Karine desceram juntas conversando alegremente.

–Bem então pra que essa reunião? – perguntei.

Bella parou de falar com Karine e veio se sentar ao meu lado.

Peguei suas mãos e juntei às minhas em seu colo.

–Eu queria conversar com vocês... -Samantha começou. – Por favor, não me interrompam até eu terminar.

POV Bella

Ela estava aprontando. Por favor? Essa palavra não estava no vocabulário de Samantha a não ser que fosse uma ironia.

–Eu... Queria me desculpar com vocês, eu sei que já aprontei muito, mas cansei. A única coisa que sempre quis foi atenção, mas não assim com vocês me odiando. Vocês são a minha única família, nem minha mãe me quer! – ela abaixou a cabeça – Eu sei que também sou uma chata, mas está na hora de crescer, de mudar. Eu queria pedir uma chance a vocês, um voto de confiança. Confiem em mim e eu prometo que tudo irá mudar. Tudo será completamente diferente. Vamos começar essa minha estadia novamente. Só peço uma chance.

Com certeza minha cara foi ao chão. Como ela conseguia ser tão falsa? As palavras soaram tão verdadeiras que se não a conhecesse de verdade, eu acreditaria.

Olhei em volta e todos pareciam surpresos.

O que é que aquela garota estava aprontando?