Assim que meu pai deixou a mim e Ben em frente ao lugar onde aconteceria a festa – sim, ele insistiu em nos trazer, segundo ele por “questões de segurança” – eu já podia ouvir o som alto e algumas pessoas bêbadas no jardim da casa. Meu pai olhou pra mim como se tentasse me convencer que ir para casa seria a melhor solução, mas eu apenas o olhei como se tudo fosse ficar bem. Dei-lhe um beijo de boa noite e sai do carro. Ben repetiu o ato e postou-se ao meu lado.

A cada passo que eu dava a música aumentava. Quando abri a porta o som já estava insuportavelmente alto e pessoas dançavam loucamente conforme o ritmo mandava.

Pensei em dar meia volta e ir embora, mas nesse momento seria impossível já que Alex havia nos avistado. Ela estava dançando com uns caras que eu nunca havia visto no colégio, deviam estar na faculdade. Parecia estar se divertido. Pelo menos alguém aqui tem que fazer isso.

- Ágata, você veio! – Ela fala alto para que eu ouvisse. Estava visivelmente alterada. – Ben! Você também veio. Ótimo, agora a festa está completa!

Alex dizia rindo e Ben não pareceu ter gostado de vê-la “alegrinha”, saiu segurando ela pelo braço dizendo que a levaria para tomar um ar fresco. Às vezes eu pensava que Ben tinha uma quedinha pela Alex, mas acho que é pura loucura minha.

Segui em direção ao bar, para suportar tudo aquilo eu precisaria de um pouco de álcool em meu sangue. Enquanto bebia algo que eu nem sabia o que era, mas que em minha opinião era muito bom, um idiota apareceu com aquelas cantadinhas baratas. Ele era bonito, mas isso não diminuía sua idiotice. Devia ser do time de futebol do colégio.

- Você parece entediada, o que acha de eu alegrar a sua noite? – Ele perguntou galante. Ou pelo menos em uma tentativa frustrada.

- Prefiro furar meus dois olhos. – Respondi indiferente, me levantei e sai. Mas sem antes ver a expressão furiosa do “Dom Juan”.

A festa estava uma droga, pessoas bêbadas e chatas de um lado, pessoas se agarrando como loucas de outro, a música ruim me deixando surda. Só a Alex fazer com que eu me submeta a isso. Por falar em Alex, onde será que aquela doida se meteu com o Ben? Resolvi procurar no jardim já que Ben disse que a levaria pra tomar ar puro.

A situação do jardim não estava muito melhor que dentro da casa, podia ver um casal de namorados (ou ex namorados) brigando ali, uma garota vomitando de tão bêbada em um dos canteiros do jardim – a mãe de Chuck provavelmente vai surtar quando descobrir isso. -, gente se agarrando nos cantos mais escuros e afastados do jardim. Eu podia ver de tudo ali, menos Alex e Ben.

Onde é que eles se meteram? Por um momento, pensamentos nada puros invadiram minha cabeça e eu só pude sorrir com isso. Mas logo meu sorriso desapareceu quando senti alguém pegar meu braço com certa brutalidade e me empurrar contra uma parede. Era o mesmo idiota do bar, só que desta vez ainda mais bêbado que antes.

- Então a garotinha resolveu me dar um fora, não é? Só tem uma coisinha, NINGUÉM dá um fora em Ryan Adams! – Ótimo, agora eu sabia o nome do panaca pra registrar uma denuncia na primeira delegacia que aparecesse.

Ele segurava meus pulsos com força e estava me machucando, ele começou a distribuir beijos pelo meu pescoço e eu só consegui dizer palavras em protesto, já que ele era muito mais forte que eu. Até que então eu já não sentia mais as mãos dele segurando meus pulsos e nem seus beijos nojentos em meu pescoço. Quando o vi estava no chão e ninguém mais ninguém menos que Christopher Rodriguez o havia jogado lá.

- Te dou três segundos para levantar daí e sumir da minha frente se não quiser ter essa sua cara mais deformada do que já é. Um... Dois... – Christopher começou a contar, mas no três já não havia nem sinal do cara.

Eu estava aliviada por ter me livrado daquele monstro, mas estava com raiva por ter sido Christopher Rodriguez o meu salvador. Meus pensamentos foram interrompidos com ele me perguntando:

- Você está bem? – Havia certa preocupação em sua voz, achei isso muito fofo. Ah meus deuses não acredito que disse FOFO. Retiro o que disse, retiro.

- Estou ótima e eu podia muito bem ter me livrado daquele idiota sozinha. – Eu disse com indiferença e já havia me virado para ir embora, mas fui impedida quando ele se colocou rapidamente em minha frente.

- Um simples "Obrigada" já estaria de bom tamanho. – Ele disse divertido e com um sorriso lindo no rosto. LINDO? Ah que droga Ágata, cadê a sua sanidade mental? Primeiro fofo e agora lindo.

- Bem, então muito obrigada por ter salvado a minha vida senhor, superman, vou ficar te devendo essa pro resto da minha vida. – Eu disse com certa ironia na voz. – Agora se não se importa eu preciso sair pra procurar meus amigos que me abandonaram aqui, estou cansada e com vontade de ir pra casa...

- Eu te levo pra casa. – Ele disse rapidamente, me interrompendo. Como assim ele me leva pra casa? Até parece que eu não sei que ele vai tentar se aproveitar de mim dentro do carro.

- Não, não precisa mesmo, eu só preciso achar a Alex e o Ben...

- Hey! – Ele me interrompeu de novo. – Eu não vou tentar abusar de você no meu carro, fica tranquila. Você vai demorar pra encontrar seus amigos no meio dessa gente toda.

Ele me olhou de uma forma que eu senti que podia confiar nele, então apenas assenti e o segui até onde estava seu carro. Ele abriu a porta do carona para mim e eu apenas sorri em agradecimento. Eu ainda não conseguia acreditar que estava fazendo aquilo. Aceitar uma carona de Christopher Rodriguez definitivamente não estava nos meus planos.

Indiquei onde ficava minha casa e seguimos o resto do caminho em um silêncio agradável. Ele não tentou nenhuma vez qualquer contato corporal, e isso me surpreendeu bastante vindo dele. Logo o carro parou em frente a minha casa e me virei para agradecê-lo mais uma vez.

- Obrigada mais uma vez por tudo, vou ficar de devendo essa. – Eu disse. Ele apenas sorriu e disse:

- Que nada, você acha que eu realmente fiz isso sem esperar nada em troca? Eu vou cobrar. – Olhei para ele assustada e ele sorriu mais ainda. – Estou brincando, foi um prazer ajudá-la, senhorita. Tenha uma boa noite.

Sussurrei um ‘boa noite’ sorrindo, sai do carro e fiquei na calçada o vendo dar partida com seu carro. Assim que o fez, atravessei o jardim bem cuidado de minha mãe e abri a porta silenciosamente com medo de acordar meus pais. Meu pai principalmente, me mataria por estar chegando a essa hora em casa.

Assim que abri a porta e tirei meus sapatos para que não fizessem barulho, a luz se acendeu e eu pude ver meu pai e minha mãe sentados no sofá, me esperando com uma cara não muito boa.