Everybody Loves The Marauders escrita por N_blackie


Capítulo 3
Episode II


Notas iniciais do capítulo

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Episode II

“Geek Squad”

Narrado por: Sirius Black

Filme do Momento: Nenhum, maldita escola.

Ouvindo: Sinal.

"Hey!" James sorriu enquanto eu tirava os livros de física do armário, batendo a porta e começando a andar pelo corredor. Remus e Peter nos alcançaram na metade do caminho, olhando para os lados.

"E aí, algum sinal do Nate?"

"Rem, ele vem nos bater toda manhã sem falta desde a segunda série. – Pete suspirou e tive de concordar com ele. " Se a gente não encontrar com ele, ele encontra a gente.

Naquela manhã, no entanto, a porta parecia tão próxima, como se Nate tivesse se perdido (muito possível, não estou brincando) no caminho ou simplesmente esquecido a gente... Estava quase abrindo um sorriso esperançoso quando, na porta da sala, senti alguém puxar minha mochila. Ai, ai.

Senti alguém me virando para frente, e o rosto feioso de Nate apareceu diante de mim.

"E aí, Black? Curtindo ser um perdedor?" ele rosnou para mim, e senti meu sistema imunológico tremer quando vi gotículas de saliva saindo da boca semiaberta dele. Dei meu melhor sorriso, torcendo para meu nariz não querer se vingar escorrendo na boca dele exatamente nesse momento.

"O-Oi, Nate! Como vai?" Pete gaguejou atrás de mim, provavelmente escondendo os chocolates em algum lugar para não serem roubados. Nate me deu um empurrão, e senti a parede atrás de mim antes de o ver virando para Peter e pegando os ombros dele para dar um cascudo na cabeça do meu amigo.

"Melhor agora, cabeça de tigela. Já percebeu que esses quatro caras de Manchester morreram pra parar de usar esse corte ridículo na tua juba?"

"Eles... São... De Liverpool." Peter ainda teve tempo de dizer, antes de ser largado no chão. Quis avançar em cima do Nate, fazer qualquer coisa. Mas eu sabia que não iria conseguir, mesmo se tentasse revidar, ele ia acabar quebrando o meu pescoço, e ficar numa cadeira de rodas o resto da vida não estão nos meus planos. Remus colocou a bolsa no chão, esperando parado pelo golpe. James e eu nos olhamos, confusos, e Nate pareceu mais perdido ainda.

"Que bosta é essa, Lupin?"

"Estou preparado, Nate. Todos os anos você nos bate diariamente antes da primeira aula, e hoje resolvi deixar de lado a estratégia romana do casco e confiar na batalha aberta dos nórdicos, abrindo um campo de indefesa para evitar qualquer tipo de atrito entre você e alguns dos meus pertences, já que-."

Muito longo, Remus, muito longo. Nate deu um soco na lateral da cabeça dele antes que pudesse terminar o discurso, mas quando pegou James pelo colarinho, uma mão delicada agarrou o pulso dele, com mais força do que eu jamais terei.

Depois de tanto tempo nos vendo levar na cabeça, a maioria da população da escola já meio que desistiu de contrariar Nate e sua gangue. Só de ver alguém – ainda mais uma menina, de verdade! – evitando um ataque desses já surpreende, então imagine a nossa cara quando vimos que quem agarrara Nate era a tal de Lily, e que ela olhava bem brava para ele (com uns olhos verdes chocantes, diga-se de passagem).

"O que está fazendo, Nate?"

Por um segundo ficou um silêncio constrangedor, e ninguém disse nada (me preparei para atacá-lo com uma régua se demorasse mais, James estava ficando roxo...). Mas não porque ele estava com vergonha, claro, foi um silêncio mais do tipo “Hey, que coincidência você aparecer enquanto eu cumpro meu ritual de arrebentar esses quatro otários, a água acabou de ferver!”.

"Lily!" depois desse segundo, Nate largou James, que caiu no chão com um barulho abafado. Os meninos e eu corremos para ajuda-lo a levantar, e foi com uma mistura de surpresa e alívio que vimos Nate se afastar, aborrecido. Lily se aproximou tímida, e sorriu.

"Ele machucou muito vocês?"

"Não!" James interrompeu Remus, que já começava a mencionar o fato de que nos estamos constantemente “machucados” por conta daquele trasgo, e ignorou completamente nossa expressão de indignação, visto que eu ainda tenho a cicatriz da vez que ele me empurrou da escada e Remus ainda fica ansioso perto do banheiro nojento do segundo andar. "Você é nova por aqui, erm?"

"Sou sim, nem me apresentei! Lily Evans, prazer." ela continuou sorrindo daquele jeito estranho, como se estivesse mesmo preocupada com o nosso bem-estar, mas tentei não ser muito evasivo, pelo menos não jogou nada líquido na gente, né.

Quando ouvimos o sobrenome dela, Peter soltou um guincho do meu lado, balançando a mãos ansiosamente. Mal Evans foi um roadie dos Beatles, mas é claro que ele e essa Lily não têm nada a ver! Pisei com força no pé dele, até ouvir o guincho de excitação se transformar em dor, e ele me bater para parar. Esse provavelmente é um dos poucos bons momentos de que James vai poder lembrar, não quero estragar tudo perguntando algo imbecil como “com licença, você por acaso é parente de um cara doido que seguiu os Beatles nas turnês deles?”.

"James. Potter. Quero dizer, James Potter. Faz a classe de física?"

"Faço, foi meio que uma recomendação... Hum, bom te conhecer, James. Vou entrando, até mais tarde! Até mais tarde, meninos!"

"Sim... " ele olhou incrédulo enquanto ela entrava, e ficou me lançando olhares de realização profunda quando entramos na sala da Professora Bines. Ela é uma das mais jovens que dão aula, e até Remus, que está mais para historiador do que para físico, gosta da aula que ela dá.

Antes que pudéssemos começar efetivamente a trabalhar, vimos uma silhueta pela janela da porta, e ela sorriu enquanto abria a passagem.

"Pessoal, antes de tudo, Senhor Spence tem um aviso para dar."

Nosso secretário é um cara gorducho que está sempre de bom humor – acho que isso explica um pouco o fato de Nate nunca ter sido pego, além do pai dele doar um bando de dinheiro pra escola, claro – e parece seriamente com um vilão de Dragon Ball.

"Bom-dia a todos! Estou passando para avisar que, a partir dessa semana, estão abertas vagas para as atividades extras e monitoria, para ajudar os alunos com dificuldades. O Treinador Mason pediu para avisar que as seletivas para o futebol estão livres também, e a Professora Rice disse que precisa de novas dançarinas para a equipe, então estão convidados para estas modalidades também. E mais uma coisa, os Dragões de St. George estão precisando de novos membros para tocar com eles, se inscrevam!"

Depois de ir embora, a Professora deu um sorriso amarelo, começando a aula com entusiasmo e avisando que escolheria o monitor no fim da lição. Eu não sou muito de física – gosto mais é de uns bons choques moleculares – mas mesmo assim uma ideia teimosa ficou me assombrando durante os exercícios.

Não vou ser arrogante e dizer que nós quatro somos a única fonte de vida inteligente do colégio, porque não somos. Claro, se comparar com a turma do Nate nós provavelmente mereceríamos um Nobel, mas temos colegas que conseguem chamar bastante atenção. O problema de verdade é que física, por mais interessante que seja, ainda é física. E ninguém quer ser o monitor de física.

Eu disse ninguém? Opa, desculpa.

"Eu sabia, eu sabia!" James dançou para fora da sala, segurando o crachá que a Professora tinha entregado assim que decidiu dar a monitoria para ele. Tentei não parecer muito revoltado com a emoção dele, amigos dão apoio, afinal.

"Em que atividade vão entrar?" perguntei discretamente, agradecendo mentalmente pela minha pergunta ter interrompido o monólogo de James sobre como muitos cientistas bem sucedidos tinham começado ajudando as mentes menos brilhantes e todo esse blábláblá que ele sempre repete. Peter sorriu satisfeito, estufando o peito.

"Vou entrar para os Dragões. Segundo os meus cálculos, se eu entrar na banda da escola e me sair bem, a probabilidade de eu conhecer Paul McCartney sobe para dez por cento!"

"Bons cálculos, Pete, mas ainda apoio a ideia de batermos na casa dele."sorri sarcasticamente." Rem?

"Bom, fiquei refletindo sobre isso, e acho que o grupo de estudos avançados de História e os caras do xadrez serão bem empolgantes e energéticos. E você, vai para os estudos de química?"

Olhei para o chão, para o teto, para os meus sapatos (eles precisam de uma máquina de lavar urgentemente, meu pai nunca repara nessas coisas...) e para a cara azeda de uma menina que estava desligando o celular com raiva, tudo antes de conseguir colocar pra fora o pensamento que tive.

"Eu tive uma ideia meio maluca, sei lá, pareceu legal na hora..."

"Não adianta vir com a proposta de abrir um clube secreto no porão do colégio, já pedimos isso umas três vezes e ninguém aceitou, acho melhor desistir." Peter levantou as mãos, como se abanasse a ideia para longe."

"Verdade, se pedirmos isso de novo acho que Spence vai mandar o serviço social internar os quatro."

"Não tem nada a ver com isso!" retruquei, quase desistindo de contar para eles. "Vou me inscrever no clube de teatro."

Parei em frente à sala de matemática, esperando a reação deles. Por uns dois minutos os três simplesmente me olhavam como se eu tivesse dito algo absurdo, ou confundido o Link com a Zelda. E depois James e Pete começaram a rir loucamente, como se eu tivesse realmente feito algo imbecil.

"Nunca ouvimos você cantar, vai fazer aulas para se preparar?"

"Eu toco piano... Cala a boca, é sério."

Remus deu um peteleco na orelha de Peter e tirou os óculos de Jim, fazendo os dois parar.

"Você é um bom pianista, eles vão gostar. E vocês dois podem parar que a banda não é a coisa mais respeitável do mundo e, perdoe a sinceridade, não tinha basicamente ninguém concorrendo para a monitoria de física."

"Humpf, tinha muita gente, só estavam tímidos." James parou de rir, mas ainda sorria." Nos chame quando for apresentar o Cisne Negro, por favor."

Assim que sentei e puxei o caderno, comecei a fazer os exercícios, conferindo as respostas com Peter (ele sempre arranja um jeito de terminar tudo antes de todo mundo, e ainda fica fazendo piada se alguém se esquece de arredondar alguma casa decimal, esse rato) e assoando o nariz ocasionalmente. O Professor pode ter mencionado qualquer coisa sobre precisarmos esperar a explicação para começar, mas resolvi ignorar e aproveitei para refletir sobre maneiras de fazer meu nariz parar de escorrer enquanto toco na frente de tanta gente.

Narrado por: Peter Pettigrew

Primeira Impressão: Vamos sentar no mesmo lugar durante o resto das nossas vidas.

Ouvindo: O acúmulo de decibéis da cantina.

O sinal do almoço tocou, e seguimos para os mesmos lugares na mesma mesa do mesmo refeitório que sempre usamos, prontos para mais uma reunião do nosso clube de somos-idiotas-e-por-isso-não-temos-mais-amigos.

"Nós deveríamos começar a socializar mais, afinal somos quase membros de múltiplas atividades. Como o seu pai fazia, Sirius?"

"Meu pai existia, e isso já era o bastante." ele resmungou, equilibrando o pudim na colher. "Ambiciosos não devemos ser, caros colegas jedi. A sociedade gostar não muito de nós."

"Entender nós sabemos, amigo." James riu pelo nariz, como sempre faz quando o espírito Yoda se espalha no almoço. "Pudim boa sobremesa é, saber não consigo como está controlando-se para atacar não a ela."

Em meio à bagunça que criamos na mesa, Lily apareceu, e congelamos no lugar, imaginando se ela notou que somos quatro imbecis.

"Oi! Atrapalho alguma coisa? Ela notou."

"Não!" James disse pela segunda vez no mesmo dia, tentando esconder dela o fato de nós conseguirmos ultrapassar os limites de uma internação psiquiátrica em quase qualquer situação possível. "O que está fazendo aqui? Digo, desculpa, não quis dizer... Eu, ah, quis dizer o que você faz aqui, não! É que ninguém, erm, quase ninguém vem aqui, os seus amigos não vem, não que eles sejam ruins, é só que..."

"Você é o novo monitor de física, não é?" ela interrompeu, sorrindo calmamente. Como ela consegue se manter fria numa situação tão tensa é um mistério, só espero que não tenha notado que os outros três amigos do cara com quem ela está conversando estão quase desmaiando de ansiedade. James balançou a cabeça para confirmar o óbvio, ela faz aula conosco seu tapado, e logo tentou parecer descontraído rindo de uma forma estúpida e passando as mãos pelos cabelos, deixando-os mais espetados do que já são."

"É, mas ninguém nunca procura o monitor de física, né. Estou de boa."

Péssimo. Lily ergueu uma sobrancelha ruiva para ele, e eu quase pude ler os pensamentos dela. O que diabos esse cara tá fazendo.

"Eu preciso de ajuda, queria saber se você poderia..."

"Claro! Quero dizer, hum, claro que sim."

Ela sorriu, e James apoiou o rosto nas mãos, sem perceber que estava com os cotovelos em cima do sanduíche que estava comendo. Revirei os olhos quando ela se virou e percebi que Sirius tinha ficado pálido, olhando para a mesa da qual ela tinha vindo. Nate e Mintch, o melhor amigo dele, nos encarava estralando os dedos. Ficaram nos observando por um tempo, e quando os dois se levantaram Remus jogou a mochila nos ombros e se levantou de um pulo.

"Precisamos ir agora, James."

"Como assim, eu nem terminei..."

"AGORA!" Remus arregalou os olhos, e cutuquei James casualmente, apontando para Nate. James se levantou rapidinho, balbuciando alguma coisa sobre resolver negócios perigosos no laboratório, e saímos correndo dali.

Seguimos direto para a biblioteca, que é cuidada pela Srta. Helen Foster, uma moça muito simpática de Kent que sempre nos ajuda a escapar do Nate e ainda nos deixa ficar um pouco mais quando precisamos. Assim que entramos como se estivéssemos fugindo de uma horda de lobisomens famintos ela sorriu, fechando a porta com muito mais calma do que eu faria.

"Se escondendo de novo, certo?"

"Parece?" Sirius se jogou embaixo da porta, colado na madeira para que ninguém o visse pelo vidro. Srta. Foster riu, abrindo uma gaveta da escrivaninha e jogando alguns chocolates para a gente.

"Não sujem os livros, mas eu sei que devem ter perdido um pouco do almoço lá atrás."

Sorrimos agradecidos e começamos a comer. Fechei os olhos, aproveitando os momentos de alegria proporcionados por umas boas calorias, e Remus foi o primeiro a sair do nosso esconderijo, olhando em volta como se analisasse a biblioteca.

"Os caras que jogam xadrez se encontram aqui, né?"

"Aham, por ali, olha." ela apontou para umas mesas meio isoladas no fundo. "Vai se inscrever?"

"Vou, e pro grupo de estudos avançados em história também."

"Que bom! Imagino que James será monitor de física e Sirius de química."

"Alguém me valoriza!" James exclamou com os dentes ainda colados pelo chocolate. "E o Sirius, bom... Desculpa, fala você."ele riu, e não pude evitar acompanhar."

"Vou tentar o grupo de teatro." Sirius rosnou baixo, e a Srta. Foster ergueu as sobrancelhas com surpresa.

"Não sabia que cantava!"

"Esse é o ponto! "interrompi, revirando os olhos. "Ele não canta!"

"Já tentaram ouvi-lo cantar?"ela sentou na cadeira giratória, grampeando alguns papéis distraidamente.

"Não exatamente." Remus justificou, olhando com aquela expressão de mordomo que ele faz quando pensa que está defendendo alguém que precisa. É como se o rosto dele inteiro dissesse “eu avisei” enquanto estala dedos invisíveis em forma de “z” na sua frente. Bastante chato.

"Inocente até que se prove o contrário, então." ela sorriu. "Só que vai precisar corrigir esse nariz, não é?"

"Estou tentando." Sirius puxou o lenço e esfregou-o no nariz. "Estou usando o inalador há muito tempo, o médico falou que pode ter um remédio que ajude a melhorar. Mas vou tocar piano, então estou menos preocupado."

"Então vou esperar sua primeira apresentação."

O sinal tocou, droga. Adeus proteção.

Narrado por: Remus Lupin

Camiseta do Dia: I Wish I Were Dead (Gostaria de estar morto)

Ouvindo: Nerdy - Busted

Naquela tarde, juntei minhas coisas o mais rápido possível e corri para a biblioteca, me esforçando para parecer hábil e capaz para entrar nesse círculo do mal que é o grupo de xadrez. Assim que cheguei Helen ergueu o polegar para mim, olhando meio inconformada para a minha camiseta. Tudo bem, eu concordo que não foi uma boa usar uma camiseta tão depressiva num dia em que eu precisava de força, mas foi a primeira que encontrei, então só tenho o destino a culpar.

Nas mesas do fundo, aquelas que Helen já tinha me apontado mais cedo, vi um círculo meio sinistro, formado por mais ou menos umas sete pessoas (eu disse que esse negócio é restrito!), sendo que no meio, segurando as aplicações, estava o “líder” deles: Marvin MacMillan. Como sempre fazia, me olhava de um jeito arrogante, e sua voz estava uma nota acima de um sussurro quando me cumprimentou:

"Lupin, esperamos por você. Chegou a grande hora. Desligue esse corruptor de concentração e sente-se."

Demorei um pouco pra perceber que ele estava falando do Tudor (meu ipod, coitado), e tirei os fones, meio contrariado. Marvin pareceu satisfeito, e quando sentei em frente ao tabuleiro ele continuou sorrindo.

"Estive observando você jogar... Perguntei-me quando o veria por aqui."

Ah, não, ele pensa que sou um gênio do xadrez por causa da vez em que eu joguei contra James na hora do almoço. James é péssimo em xadrez, ele sempre se distrai com algo mais interessante e deixa os outros ganharem! Claro, eu jogo bem, mas se Marvin espera o mesmo show...

Cada peça que movi pareceu levar um pouco da minha alma, e estava querendo esganar Marvin toda vez que ele me lançava aquele sorrisinho irritante dele. Quando finalmente ele ganhou (claro que vai

ganhar, ele é o líder por um conjunto de razões bem consideráveis), ficou me olhando com um ar de superioridade, até Helen encher o saco e intervir:

"Faça o favor de dizer ao Remus se ele está aceito ou não!"

"Está, Lupin. – ele revirou os olhos, como se ela tivesse estragado o sonho dele de me fazer parecer um idiota esperando. Reunimo-nos de segunda e terça para treinar, esteja em forma para os campeonatos. Não aceitamos perdedores."

"Tá legal, Marvin. Eu vou indo então..." comecei a levantar, mas logo percebi que os outros me olhavam de um jeito desesperado, então esbocei um sorriso bem cordial (as sessões de meditação fazem bem nesses casos, e o fato de eu não ter autorização do governo para andar armado com uma clava também ajuda) e perguntei. "Posso?"

"Claro, adeus." Marvin sorriu satisfeito (não comigo, com ele mesmo!) e fui embora, piscando para Helen e tentando fazer o máximo de barulho possível no caminho de volta. Quando sai os caras já estavam me esperando, e Pete segurava uma sacola com o chapéu dos Dragões dentro.

"Eu pareço George em Sgt. Pepper’s!"

"Não, ele parece um palhaço." Sirius corrigiu, e James soltou uma risadinha pelo nariz. Nossa amizade é muito bonita, vivemos de zombar uns dos outros. Olhei no relógio e suspirei, já me arrependendo de ter resolvido entrar no xadrez e no grupo de estudos de história ao mesmo tempo.

"Já são três e meia..." murmurei, e logo percebi que James tinha dado um salto duplo e saído correndo, olhando para trás só para acelerar a gente.

"Anda! Lily marcou comigo às quatro!"

Resultado disso: quase derrapei quando vi o número da sala da História, sem nem conseguir olhar para trás antes de bater. Na verdade esse grupo de estudos é bem recente, e não me lembro muito bem se eles têm algum fanático de verdade. Logo, são bem menos seletivos que os caras do xadrez (o fato do Marvin ser um pouco psicótico também conta, mas enfim...). Quando entrei, estava tão nervoso que não consegui ter a presença de espírito para olhar para baixo, e acabei derrubando uma “camponesa” no chão.

"Ah, desculpe... " murmurei enquanto a ajudava a se levantar, sentindo todo o meu rosto ferver quando ela me encarou com dois grandes olhos castanhos.

"Oi, tudo bem?"

"Ahm... Aham. " gaguejei, já esperando que ela saísse correndo pelo contato com os meus germes de perdedor. Ela, por outro lado, abriu um sorriso.

"Veio para a inscrição?"

"É... Aham."

"Vou chamar o Charlie, só um segundo." ela apoiou a cesta que segurava no chão, e antes que eu pudesse me preparar virou a cabeça para trás e gritou. "CHARLES! Tem gente nova aqui!"

De trás de uma arara cheia de roupas (tenho a impressão de que encontrei um lugar com pessoas tão loucas por Horrible Histories quanto eu, que alívio), veio um garoto um ano mais novo do que eu, muito ruivo e cheio de sardas, que segurava uma coroa mal pintada e um cobertor que acho que está sendo consertado, mas que parecia ter sido roubado de algum morador de rua.

"Quem vem lá? Dorcas, traga esse forasteiro para a minha presença."

Ela sorriu e ajeitou a franja, que cobria até suas sobrancelhas, me guiou até ele. Fiz uma pequena reverência, achando que seria melhor saber lidar caso esse fosse outro lunático.

"Alteza." saudei, imaginando o que James e os garotos diriam se me vissem prestando reverência para Charlie Coyle.

"Um estrangeiro educado, finalmente. Gosto de você. Que desejas?"

"Entrada no grupo, alteza."

Percebi que Charles se controlava para não rir empolgado, e Dorcas ria baixinho enquanto ele puxava uma espada de papelão e tocava meu ombro.

"Bem – vindo aos nossos..."

"Lupin. Remus Lupin."

Assim que terminamos, ele voltou a organizar as araras, e Dorcas estendeu a mão para mim:

"Charlie é assim mesmo, não se assusta. Dorcas Meadowes, prazer."

"Prazer." tentei não tremer enquanto apertava a mão dela. "Que dias vocês se reúnem?"

"Bom, desde que Marvin expulsou Charlie do clube de xadrez nos reunimos basicamente todos os dias, então qualquer hora que quiser ou precisar..."

Sorri automaticamente, imaginando o que uma garota tão bonita estava fazendo ali, com Charlie e sua gangue de idiotas fanáticos por história, e sai com essa dúvida na cabeça, distraído. James já tinha saído correndo, claro, mas Sirius me esperava fielmente sentado no chão, resolvendo um pouco de sudoku para passar o tempo.

"Porque não foi junto com Pete para o teatro?" perguntei, e ele deu de ombros, erguendo os olhos do papel e se apoiando no extintor para levantar.

"Pra que esperar todo mundo ser selecionado? O pessoal do teatro vem depois da banda, e sinto muito, mas não tenho a mínima intenção de espirrar durante o ensaio inteiro. Peter ia me matar!"

Tentei não revirar os olhos, mas isso custou muitos Hps da minha parte. Começamos a andar para o teatro, e logo na entrada já vimos o Professor Davis, de geografia, esperando animado pelos concorrentes a vagas no teatro.

"Garotos!" ele se sobressaltou, e dei um passo para trás automaticamente. De malucos já estou suficientemente guarnecido, obrigado. Sirius sorriu desajeitado, e quase pude sentir o arrependimento dele exalando por todos os poros.

"Vou tentar uma vaga para o piano, professor."

"Sabe tocar?" ele pareceu entusiasmado, mas até aí, esse professor está sempre muito alegre, então não se sabe.

"Sei."

Acenei enquanto Sirius entrava praticamente arrastado por Davis, e a última coisa que consegui ouvir antes da porta bater na minha cara foi a proposta dele, que deve ter feito Sirius contrair asma, além da rinite:

"Vamos, então, e me mostre."

Narrado por: James Potter

Meta Atual: Ensinar física [bem] à Lily Evans

Ouvindo: O silêncio profundo dos meus pensamentos e ansiedade palpitando nas orelhas.

Assim que entrei na sala de estudos, que fica adjacente à biblioteca, vi Helen erguer o polegar, me desejando boa sorte, através do vidro que separa os dois lugares. Em resposta ergui o dedinho, porque como diria Patrick Estrela: na dúvida, erga o dedinho. Lily chegou as quatro em ponto, quando eu estava ajeitando todos os livros de física que consegui reunir em cima da mesa.

Assim que ela sentou, lancei um olhar suspeito para a janela, respirando fundo para não gaguejar.

"Onde está o Nate?" perguntei o mais desinteressado que consegui, puxando um papel para ocupar as mãos.

"Na casa dele, por quê?" ela pareceu confusa, e me arrependi de ter perguntado. Idiota, James, idiota. Limpei a garganta e mentalmente tentei reconstruir a paz de espírito e postura profissional.

"Nada, curiosidade. Vamos começar?" estendi minhas anotações da sala diante dela, usando o verso da caneta para apontar. Ela piscou aqueles olhos verdes fantásticos para mim, e apoiou a cabeça nas mãos, parecendo muito confusa.

"Não sei como o seu cérebro funciona, James. Isso tudo é grego pra mim!"

Bom, teoricamente, aquilo era grego, mas não sou um completo noob, então não iria desmentir. Sorri paratranquilizá-la. “Vamos traduzir, então.”

Conforme os minutos passavam, comecei a me sentir mais à vontade. Afinal, física é fantástica, simplesmente explica tudo o que existe e o que poderá existir no mundo! E, além disso, também, claro, tem o fato de que explicar uma matéria que eu amo para Lily é ainda melhor, porque além de ser a garota mais bonita que já vi a menos de dez metros de distância é tão doce e simpática... Só preciso me concentrar melhor, o perfume dela deve ter tóxicos dentro, alucinógenos, sei lá.

Quando passamos para os exercícios senti uma espécie de satisfação, e entendi o que Remus sempre quis dizer quando tentava definir o “amor do professor”. Quando estávamos terminando, Lily parecia muito satisfeita, e tentei disfarçar minha ansiedade quando ela tocou minha mão para me perguntar:

"Você dá aulas particulares? Estou precisando tanto aprender isso, e você ensina tão bem, sério!"

"Ahm, aham, claro..."

"É quanto?"

"Não!" me censurei mentalmente por ficar repetindo essa palavra para Lily o tempo todo. "Quero dizer, não precisa, é de graça. Eu nunca cobrei, eu..."

Ela pereceu duvidar um pouco da minha generosidade, mas como poderia cobrar por algo assim, ainda mais dela? Ergui as sobrancelhas e olhei fixamente para ela (Sirius disse que isso demonstra sinceridade, vamos ver se funciona), até que Lily deu de ombros e agradeceu, continuando os itens até o último, quando eu já estava ajudando mais na matemática do que em física.

Quando terminei de vez eu me levantei, pronto para sair correndo dali e contar aos meninos, e me assustei ao sentir os braços de Lily rapidamente me puxarem, me abraçando.

Ela. Me abraçou.

Nunca fiquei tão feliz e paralisado na minha vida. Era a primeira vez que uma garota bonita, que não fosse parente minha, sequer falava comigo, quanto mais com tanta educação e graça, e sem contar que ela me abraçou! Meio sem jeito, alisei os cabelos acaju dela, sentindo as curvas que ele fazia nas suas costas e sentindo o cheiro bom de lírios que eles exalavam.

"Muito obrigada, James." ela me soltou e deu um beijo estalado na minha bochecha, pegando a bolsa e os papéis em que ela resolveu os exercícios. Fiquei simplesmente parado ali, sorrindo estupidamente para ela.

"Ma-Magina."

"Achei que iria reprovar em física nesse ano, Stovington é muito mais difícil do que minha escolha antiga... Mas agora tenho você como professor, obrigada de verdade! Minha mãe vai adorar! Ah, e outra coisa..."

Senti meu ânimo se transformar em nervosismo. Depois de um abraço e um beijo, não imagino mais o que essa menina poderia querer comigo socialmente.

"Desculpe pelo Nate, eu já disse pra ele parar de bater em vocês, é horrível isso."

"Ah! Estamos acostumados, tudo bem." dei de ombros, tentando rir, e saímos juntos da sala.

"Isso não é certo, James, não mesmo. Ele me prometeu que vai parar, ok?"

"Hum, ok." parei em frente à escada, já que eu iria subir para esperar Sirius sair do teatro. Duvido muito que Nate vá cumprir a promessa e parar, mas não quero perder o orgulho e simplesmente dizer isso a ela. Lily sorriu (de novo) e me deu um beijo na bochecha (de novo!).

"Obrigada mesmo, venha me ver ensaiar um dia desses!"

"Ensaiar?"

"Nem contei! Entrei para a equipe de dança, Emme foi tão legal em me colocar lá dentro... Ela não é ótima?"

"Claro que é... Demais." sorri amarelo, desejando que ela parasse de querer ser legal comigo só porque ajudei em física. Está tudo bem, pode voltar para sua vida popular e me deixar aqui, agora.

Ainda sorrindo – não sei como ela consegue manter o maxilar no lugar! – Lily foi embora, e subi até o teatro ansioso para contar a Sirius o que tinha acontecido.


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