Everybody Loves The Marauders escrita por N_blackie


Capítulo 2
Episode I




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Episode I

“Tragam os Lightsabers”

Narrado por: Remus Lupin

Camiseta do dia: I Enjoy Yelling Things [Eu gosto de gritar coisas]

Ouvindo: Busted – Year 3000

Estava tranquilo, jogando Super Mario Bros no meu DSI quando minha mãe, já vestida para trabalhar (ela é médica, então pode usufruir das vantagens e desvantagens do trabalho! Vantagem: usar avental e parecer sério. Desvantagem: não ser John Watson e não ter um blog.) bateu na minha porta.

"Remus, querido?"

"Calma, mãe, quase passando a fase do castelo" resmunguei, meus dedos ficando brancos nas pontas de tanto apertar aquelas setinhas. Deus sabe como Mario acaba comigo.

Quando o meu caro boneco finalmente fez a bandeirinha descer e correu para resgatar a Princesa Peach finalmente pude olhar para ela. Mamãe é um amor, só não entende exatamente porque eu gosto tanto de um jogo em que um encanador salva uma princesa com a ajuda de um dinossauro prestativo e cogumelos...

"Sim?"

"Estou de plantão hoje à noite e seu pai já pegou o avião para Las Vegas, então vai ficar sozinho, ok?"

"Posso chamar os garotos para dormir aqui?"

Ela me olhou preocupada (quem não ficaria, considerando quem são meus amigos...) mas mesmo assim balançou a cabeça confirmando.

"Pode, mas nada de jogar videogame até tarde, e não se esqueça de colocar o seu aparelho antes de dormir."

Precisa lembrar o aparelho?

"Ok."

Ela foi embora e eu corri pelo quarto, procurando meu celular. Quando James finalmente atendeu, depois de uma espera considerável que eu vou ignorar para não exaurir meus nervos mais ainda, escutei a música de abertura de Jimmy Neutron no fundo. Ele gosta de desenhos animados. Bastante.

"Oi?"

"Oi, Jim. Jimmy Neutron de novo."

"Não é qualquer episódio! Meu torrent finalmente baixou as temporadas completas!"

"Interessante, só que não. Tenho Star Wars, quer assistir?"

"Seus pais não estão?"

"Não." comecei a organizar meus jogos distraidamente, sorrindo para o telefone. Pais fora significam horas de filmes sem ninguém recitando recomendações de saúde! – Entra no computador aí pra chamar os outros caras.

"Online?"

"Óbvio. Te vejo lá."

R.E.M – It’s the End of the World As We Know It está online

Peguei o Nintendo a tempo de salvar o jogo e joguei o pobre coitado na minha cama, rezando para todos os deuses para que não pulasse e cair no chão em vez disso. James sempre diz que não sabe como eu consigo manter meus videogames tão bem conservados, porque saio jogando eles para todo o lado. Isso é mentira, e uma feia. Só jogo meus videogames em locais estratégicos, devidamente sinalizados.

Talvez meu pai me traga algo de Las Vegas, se tiver tempo, como ele geralmente faz. Ele faz Stand up, ou seja, vive de contar piadas para os outros, que por alguma razão não preferem economizar dinheiro e ver os vídeos online depois (não façam isso, paguem minhas contas, por favor). E não, eu não gosto disso. Tá, as piadas são engraçadas, mas... Céus, como eu queria um pai acadêmico. Minha mãe fala sobre higiene hospitalar no jantar e ele fica treinando piadas com os vizinhos o tempo inteiro! Talvez se ele fosse um historiador famoso, ou um dos diretores da Discovery Chanel, aí quem sabe minha vida teria mais conteúdo. Faz bem sonhar.

Jimmy N. – Venha Godard! Acabou de entrar

R.E.M – It’s the End of the World as We Know It: e aí, cara? Então, meu pai foi para LV e minha mãe tá de plantão.

Jimmy N. – Venha Godard!: Sério? Então tá sozinho mesmo? Já liguei para Pete e Sirius...

R.E.M – It’s the End of the World as We Know It: E …

Jimmy N. – Venha Godard!: Pete disse que tá vindo, e Reg disse que Sirius tá num encontro...

R.E.M – It’s the End of the World as We Know It: HAHAHAHAHAHAHAHAHA não. Jim, Sirius não tem encontros, ninguém marca coisas com ele, só a gente. A não ser que você conte aquela vez em que as primas dele foram brincar de Twister conosco há uns oito anos atrás e Sirius tropeçou e sem querer beijou umas delas. Espero que não.

Jimmy N. – Venha Godard!: Nossa, tinha esquecido esse dia! Preciso mandar um cartão de dia dos namorados para ele esse ano assinado por ela, pensando bem, ia ser engraçado. Mas não, o que ele me disse é que parece que Roger está namorando uma mulher que tem uma filha, sei lá.

R.E.M – It’s the End of the World as We Know It: Agora sim faz sentido. Roger com uma namorada mãe é muito mais plausível do que qualquer garota querendo passar tempo com ele...

Pete – I’m a real nowhere man. Acaba de entrar.

R.E.M – It’s the End of the World as We Know It: soube da última?

Pete – I’m a real nowhere man.: Fala.

Jimmy N. – Venha Godard!: Sirius num encontro.

Pete – I’m a real nowhere man.: Hahaha, tá bom, qual a última?

R.E.M – It’s the End of the World as We Know It: Juro.

Jimmy N. – Venha Godard!: Pare de mexer com a cabeça dele, Rem, muito feio.

Pete – I’m a real nowhere man: Remus, a possibilidade de Sirius estar num encontro é a mesma de eu estar conversando com vocês assistindo a quarta temporada de Heroes.

R.E.M – It’s the End of the World as We Know It: Argh! Tem razão, Sirius não está exatamente num encontro. Nós prometemos que nunca assistíramos Heroes depois do fim da terceira temporada...

Pete – I’m a real nowhere man.: Que bom que se lembra disso, Remus. James, o mesmo vale para o senhor. Dou dez minutos para Sirius aparecer.

Six Pistols acaba de entrar

Pete – I’m a real nowhere man.: A ironia é deliciosa.

Six Pistols: Boa noite, cavalheiros.

Jimmy N. – Venha Godard!: Quanto ânimo, conseguiu alguma coisa?

Six Pistols diz: Claro que não, olha pra mim. Pelo menos nos divertimos, meu spray caiu nela sem querer, a moça se desesperou, foi uma bagunça. Meu pai disse que sou o rei do caos, estou orgulhoso.

Pete – I’m a real nowhere man.: Tinha alguma coisa entre ele e a mãe da garota?

Six Pistols diz: Acho que depois de hoje não tem mais. Meu pai leva a sério quando mulheres não se dão bem comigo ou Reg, ainda que em teoria o problema dela seja com o meu spay, então...

Jimmy N. – Venha Godard!: Seu spay já é parte da sua anatomia, Sirius, desculpe desapontar.

R.E.M – It’s the End of the World as We Know It: Bem verdade.

Pete – I’m a real nowhere man: Huahuahuahuhau

R.E.M – It’s the End of the World as We Know It: Podem vir então.

Jimmy N. – Venha Godard!: Algum pedido, sir Lupin?

R.E.M – It’s the End of the World as We Know It: Seus Lightsabers vocês trazer devem!

Jimmy N. – Venha Godard! Saiu da conversa.

Pete – I’m a real nowhere man. Saiu da conversa.

Six Pistols. Saiu da conversa.

Desliguei o computador e abri meu armário, fuçando pelos cabides loucamente para tentar encontrar meu traje especial para assistir Star Wars, baseado no traje de Obi Wan Kenobi em Vingança dos Sith. Ele é maravilhoso, não importa o quanto minha mãe queira jogar fora sob a alegação de que era um roupão velho do meu pai que eu usei para fazer minha roupa de jedi.

Estava tudo numa mochila do R2D2, minha roupa e lightsaber, e enquanto me vestia desci as escadas e subi a televisão e alguns colchões (minha casa tem suprimentos para quatro garotos, eles sempre estão por aqui mesmo...). Posicionei os DVD’s ao lado do meu videogame, pronto para a ação.

Narrado por: James Potter

Meta atual: Construir um autêntico lightsaber usando princípios da física.

Ouvindo: Jimmy Neutron Theme – Bowling for Soup

Desliguei o computador e sai correndo para o meu quarto, tentando lembrar onde está o meu lightsaber. Lembro que da última vez que assistimos Star Wars eu levei para a casa do Sirius, mas não faço ideia de onde enfiei. Provavelmente está junto das minhas orelhas de Spock...

Consegui achar o meu transformador de voz do Darth Vader, a capa preta e as botas, e decidi ver se o meu sabre não está com Sirius. Ele geralmente se apossa das minhas coisas, não sei há quantos anos ele está com a minha máscara de Wilson (isso, a bola de Náufrago...) e as minhas meias do Woody.

"Fala, James..." ele atendeu na correria, e pelo som da voz dele estava segurando o telefone no ombro, provavelmente procurando o sabre dele também.

"Sirius, urgente."

"Grande coisa, tudo pra você é urgente, Jim. Fala logo." ao fundo eu escutei um barulho de algo quebrando."Droga, meu globo de ver o futuro rachou. Garanto que esse futuro ele não previu..."

"Você está com o meu lightsaber?"

"O azul ou o preto? Acabei de achar dois na mochila espacial que o Pete deixou aqui da outra vez..."

"O azul, claro. Quem vai ser o Lord Vader?"

Sirius ficou em silêncio, refletindo. Essa sempre é a questão de honra nos encontros.

"Eu. Da última vez foi o Remus. E era a minha casa!"

"Realmente, acho que Remus não vai se importar de usar o traje de Chewbacca, não?"

"Ele vai ser o Obi Wan, James. Já viu dispensar alguma oportunidade de ser o Obi Wan por acaso?"

"Verdade. Vou levar o Chewbacca pro Pete, então."

"Não quer o vestido de Princesa Leia?"

"O que você faz com um vestido de Leia?"

"Não interessa."

"Hum... Entendo."

"Só uma questão, Jim: sua mãe te deixou ficar sozinho na casa do Remus?"

"Ela não sabe exatamente que estaremos sozinhos... Estive pensando, você ainda tem aqueles vídeos com respostas aleatórias da mãe do Remus que você gravou ano passado?"

"Estão no computador do Peter, mas isso não é problema."

"Então tudo bem, acho."

"Relaxa, confie em mim. Até a reunião, mantenha sua espada afiada."

"Manterei, Lord Vader."

Por mais desesperado que eu esteja, não gosto quando Sirius pede para confiarem nele, nunca dá certo. Mesmo assim, já que ele encontrou meu sabre darei o benefício da dúvida (HÁ, como se isso fizesse diferença), e enfiei minhas coisas na mochila do Bob Esponja e desci até a sala.

Mamãe trabalha em casa, planejando festas de aniversário de criança junto de uma sócia que faz praticamente todo o trabalho de campo. No começo era para poder tomar conta de mim depois do divórcio, e ainda acho que é por isso, pensando bem... Ela passa os dias fazendo contabilidade e sentada no sofá, e dessa vez não vai ser diferente. O colo coberto de notas fiscais e a televisão ligada (como sempre, diga-se de passagem) no show da Oprah Winfrey, que é basicamente um show para mulheres de coração partido, estava bem distraída. O suficiente para não me ver saindo, espero. Tentei ser o mais discreto possível, andando lentamente para fora da sala.

"Me espere, anjinho."

Parei na metade do caminho, revirando os olhos e voltando para junto dela. Minha mãe é bem perigosa, não adianta esconder as coisas dela, que saco. Oprah estava consolando uma mulher que pelo que entendi estava se separando do marido. Não entendo porque minha mãe prefere assistir a mais casamentos que terminam (como o dela) a assistir algo que enriqueça, como um bom show de física. Ou o History Chanel. Pelo menos tem aliens lá...

"Vai demorar muito? – resmunguei quando vi que a mulher começou a chorar."

"Só um minuto."

"Eu podia ir a pé..."

Péssima sugestão. Minha mãe detesta o pensamento de me ver na rua sozinho, não importa o horário. Ás vezes isso incomoda bastante, porque não tenho certeza se ela já percebeu quantos anos eu tenho.

"Não. Vai saber o que pode acontecer se você sair por aí sozinho."

"Mamãe, são quase sete da noite!"

"Viu? Daqui a pouco fica escuro e como eu faria para encontrar o seu cadáver se você fosse pego por algum maníaco?"

Eu acho que alguém aqui anda assistindo muito Medical Detectives. Ou Investigation Discovery.

"Mãe, eu vou de segway."

"Pior ainda! Não, espere a Oprah ajudar Marianne a recuperar sua vida e então vamos."

Comecei a torcer para Marianne perceber logo que a vida dela vale a pena sem o ex – marido, se não Sirius vai me decapitar com o sabre de luz e terminarei meus dias numa câmara de congelamento. Oprah está oferecendo dinheiro para ela! Cruzei os braços, aborrecido, e limpei a garganta, tentando soar o mais irônico que consegui:

"Mãe, a Oprah está subornando Marianne. Podemos ir agora?"

"Calma, querido. Seus amigos não vão morrer se esperarem um pouco."

"Eles não, mas eu sim!" minha voz saiu ansiosa, algo parecido com uma baleia morrendo, sei lá. Peguei o celular e liguei no twitter, desviando o olhar de Marianne e seus problemas pessoais.

@jimmyn – minha mãe prefere assistir Oprah a show da física. #mimimi

Como se a minha situação não fosse péssima o suficiente, ainda vejo alguém me mencionando. E adivinha quem?

@rlupin – conselho jedi reunido, cadê @jimmyn? #starwars

Angústia, é esse o nome do meu urro de baleia em decomposição.

"Vamos, mãe! Eles vão começar A Ameaça Fantasma sem mim!"

Finalmente a tal da Marianne desistiu e pegou o dinheiro e posso sair e ser feliz. Mamãe deixou de lado o bolo de papel que estava mexendo e me lançou aquele sorriso vingativo clássico dela.

"Pronto, querido. O que aprendemos a partir disso?"

"Que se você chorar bastante a Oprah pode ficar com pena e te dar um dinheiro? Muito boa essa lição, deveriam distribuir vídeos educativos com isso..."

Mamãe não resistiu e começou a rir, me empurrando com carinho (como tudo o que ela faz) em direção à porta.

"Não. Que homens são canalhas. Não seja um canalha, querido. Vamos agora."

Ela é cheia disso. Honestamente, acho que ela me mataria se eu me tornasse como meu pai, que depois de se separar dela se mudou para New York e arranjou um emprego na MTV como produtor. Sinceramente, não vejo nada demais nele andar por aí com alguns cantores estranhos que tem um olho escuro e outro claro. Ou tem brincos em lugares extremamente anti-higiênicos.

Entramos no carro e eu imediatamente puxei meu CD com as músicas tema de Zelda, Mario e outros desenhos super ótimos, mas minha mãe me impediu de colocar.

"Por favor, anjinho, já sei cantar todas essas músicas. Não tem outro CD?"

"Hum... Tenho Beatles, música Clássica e a trilha sonora de Star Wars aqui comigo. Tem Bee Gees também, mas você já disse que Bee Gees te lembra do papai, então..."

"Coloque a música clássica." pediu ela, satisfeita. Acho que a maior emoção da minha mãe é que eu realmente não gosto muito da música que meu pai ajuda a produzir, que geralmente é uma mistura de eletrônico com a aplicação abusiva e muitas vezes desnecessária do autotune, o que diminui as minhas chances de sair de Londres e morar com ele. Que ultraje! Meu pai é muito mais popular e ocupado do que minha mãe, e nada me faria deixar meus amigos aqui. Mesmo eles querendo me matar na maioria das vezes.

Paramos na frente da casa de Remus, e eu vi luzes vermelhas na janela do quarto dele, o que só pode significar uma coisa (no nosso caso, acreditem em mim, luz vermelha só tem um significado quando se trata de nossas casas...): lightsaber.

"Pronto, mãe. Posso ir?" sorri para ela, e mamãe me abraçou e beijou com força. Não consigo não gostar da minha mãe, ela é a mulher mais carinhosa do universo, uma mistura da coragem de Amy Pond com uma amável Mrs. Hudson.

"Sim. Tome cuidado com o fogão."

"Tá. Boa noite, mamãe."

Peguei minha mochila e desci, pensando em qual desculpa usaria para não dizer que estava terminando de ver Oprah com a minha mãe.

Narrado por: Sirius Black

Filme do momento: Star Wars Episode I: A Ameaça Fantasma

Ouvindo: Efeitos de lightsaber.

"Aleluia!" gritei assim que vi James. Não pude fazer mais porque além de levar um cutucão do Peter porque estava bloqueando a porta tive de usar meu spay para evitar que meu nariz escorresse mais do que já estava. Essa praga de Rinite ainda me mata.

"Trouxe o uniforme?" Remus perguntou, já vestido de jedi. James sorriu e mostrou os dentes. Ele tinha colocado as cores da Força no aparelho dele, e tinha ficado realmente bom.

Arranquei o bob esponja das costas dele e tirei a roupa de Lord Vader lá de dentro. Eu devo dizer que sempre achei que deveríamos ter votado a minha permanência definitiva como Darth Vader, afinal sou a escolha óbvia para qualquer Lord poderoso. Infelizmente parece que meus subordinados – digo, amigos – não pensam da mesma forma, então...

"Já volto!"

Corri até o banheiro de Remus e comecei a me trocar, e é aí que começam os empecilhos para meu domínio da galáxia. Tenho de confessar que tenho um pouco de inveja do meu pai, que consegue fazer as garotas saltarem para ele com as mãos amarradas nas costas com um jeito que mistura Bruce Wayne, Steve Rogers e Tony Stark (sim, meu pai é realmente bom assim), e provavelmente deve morrer de vergonha quando vai à praia comigo e Regulus, já que eu sou um frango que mal consegue respirar e Regulus parece saído de um filme de terror sobre atividade paranormal.

Contudo, essa noite tudo será diferente. Pois haverá o dia em que eu colocarei a super-roupa de Darth Vader e não me sentirei poderoso, MAS NÃO É ESSE DIA! Esta noite não sou Sirius Black, o frango:

"SOU UM LORD DO MAL!" gritei assim que sai, com a voz modificada pelo capacete. Os três pularam assustados com o meu grito/urro aterrorizante, mas como já estavam prontos, decidi ignorar esse medo característico dos plebeus e apontei com os meus dedos imperiais:

"Vamos, troopers."

"Não somos troopers, Sirius!" James reclamou, ajeitando sua fantasia de Anakin com o máximo de dignidade possível (ou seja, nenhuma). "Rem e eu somos jedis e Pete é um wookie, mais respeito, por favor."

Ah, se eles pudessem ver meus olhos revirando nas órbitas através do capacete... Dei de ombros para a observação ridícula daquele padawan recém-formado e peguei um colchão, ordenando Obi Wan que ligasse o aparelho galáctico.

Sentamos na frente da TV e começamos a ver o filme. O bom de A Ameaça Fantasma é justamente a reação maravilhada de quem assiste. Eu pessoalmente gosto mais dos episódios I, II e III, mas nem todos têm esse bom senso. Remus ama – sério, amar é o verbo aqui – a trilogia antiga. Tenho a leve suspeita de que o fato de ele gostar de História e da Princesa Leia tem algo a ver com isso. Não importa o quanto eu ressalte as fantásticas qualidades dos novos filmes (tem a Natalie Portman! Sabe o quanto isso significa para mim? E para James, também, por mais estranho que isso seja) ele nunca vai gostar tanto quanto nós. E Pete? Bom, Pete adora Star Wars, e fica sempre dividido entre a antiga trilogia pelo lado clássico e pelo clima épico dos Jedis.

Enquanto Yoda insistia que Anakin era velho e tinha muito medo para ser treinado como jedi (e James fazia aquele barulho horrível de baleia morrendo que ele faz quando está nervoso) o telefone tocou, e usei o controle para pausar o filme e meus nobres dedos para apontar para a máquina produtora de barulho.

"Vá atender, trooper."

James revirou os olhos, sibilando algo como “não sou um trooper!” antes de pegar o telefone com raiva:

"Alô... Mãe? Ah... A senhora quer falar com a Dona Judith?"

Atenção, situação de emergência, repete, situação de emergência! Isso não é um treinamento, não é!

Arranquei o capacete da cabeça e joguei para o lado, desviando dos colchões até chegar ao computador adormecido de Remus, que ligava numa velocidade que me fez querer chorar.

"Ela, hum, ela tá..." James balbuciou, olhando desesperado na minha direção. Abri os programas certos para conseguir acessar o computador de Peter, e enquanto a tela carregada Remus começou a roer as unhas, e Peter bufava no meu pescoço.

"Diz qualquer coisa!" Remus sussurrou, dando voltas no quarto parecendo um gorila enjaulado. Peter gaguejou a senha de acesso para mim, e James limpou a garganta e riu nervoso:

"Ela... Ela tá no banheiro, mãe. Prisão de ventre. Essa comida processada..."

"Não isso!" Remus começou a bater na própria cabeça, e pensei seriamente em largar o computador e bater o mouse na cabeça dele. Peter acabou de me dar o código e perguntou, se apoiando no sabre:

"Minha mãe usa o computador para fazer contas, Sirius..."

"Fica tranquilo. Honestamente, Pete, isso é muito simples." O desktop de Peter apareceu, uma montagem entre a capa de Abbey Road e Zumbilândia. "E nem vamos roubar dinheiro nenhum, só preciso da sua senha de acesso e capturar os vídeos à distância por invasão de sistema..."

"Só faça à mágica, Sirius." Remus interrompeu ainda inconformado com James. Acessei os vídeos do ano passado e, vitorioso, posicionei o microfone perto dos autofalantes.

"Pode deixar, mãe... Olha só! Oi, Dona Jude! Que coincidência... Vou colocar no viva-voz, ok? Tentei controlar as risadas enquanto Remus me ajudava a selecionar as respostas."

"Judith?" ela chamou, e eu cliquei no primeiro vídeo.

"Oi, Meredith! Como vai?"

"Tudo bom, Jude. Só queria saber se tem algum problema se você puder levar os meninos amanhã..."

"Preciso ver."

"Ou Roger, quem sabe. Cecily não pode, acabei de telefonar para ela."

"Preciso ver."

"Está tudo bem com você? Parece distante, é alguma coisa no hospital?"

"Não, Remus já me pediu um cachorro e eu não quis dar."

"Ah, eu sei como é, tão difícil dizer não para eles... Mas não se sinta culpada, a Super Nanny sempre diz que negar faz parte da maternidade, mesmo que Adam não entenda isso... Mas enfim, nada de pensamentos negativos! Boa noite, Jude, boa noite, meninos!"

"Boa – noite, Dona Meredith!" gritamos para o telefone, e assim que Dona Meredith desligou fechei a janela com os vídeos. Todos suspiramos aliviados, e tive de recorrer ao meu spray mais uma vez.

"Nunca mais me faça invadir o computador de ninguém com pressa, James." ofeguei, puxando um lenço e assoando."Isto é algo que requer precisão, não uma remoção de lixo qualquer. Sou um artista."

"Se prefere esse termo... Pirata soa mais épico."

"Pode me chamar de Capitão, Mestre Lupin." fiz minha clássica voz de pirata especial, e James me jogou um bombom pra me fazer calar a boca.

"Que seja, vamos focar aqui, por favor. Quem quer ataque dos clones?"

"O que quiser, trooper."

"Eu não sou um trooper, Sirius!"

Quando finalmente conseguimos parar de discutir e ligamos o filme, Remus cometeu o erro fatal de deixar o monitor ligado. Aquele brilho azulado e hipnótico não parava de me chamar, e por mais que eu tentasse, não conseguia me desviar completamente. Sou um cara viciado em computadores por natureza, não posso simplesmente ficar no mesmo ambiente que um ligado e ficar parado. O símbolo do Google Chrome ficou me seduzindo durante as próximas duas horas, e quando os créditos finalmente começaram a rolar me levantei e tirei o capacete de novo, praticamente me jogando na cadeira giratória.

"Pessoal... Vamos parar um pouco?" .

"Mas agora é a Vingança dos Sith!" argumentou Remus. Está questionando uma ordem de Darth Vader?

"Você decorou as falas de Vingança dos Sith, Rem. Vamos fuçar no Facebook."disse, abrindo as páginas da internet e digitando muito rápido. Rapidamente os três fofoqueiros se juntaram em volta, prontos para futricar da vida alheia um pouco.

"Mintch Mckinnon fica compartilhando fotos de mensagens melosas para Emmeline Vance, que droga." mostrei a página dela, querendo vomitar em cima do teclado.

Emmeline Vance é a dançarina solo do grupo da escola, e tem um hábito engraçado de jogar coisas na gente, aquela coisa desprezível. Semana passada Peter tropeçou e sem querer pisou no pé dela, que por coincidência estava vestindo um sapato novo (como íamos saber?). Levou um monte de suco na cabeça e uma bronca bem chata. Bom, de fato ela combina perfeitamente com Mintch Mckinnon, que parece uma combinação bem indigesta de dois tipos de lobisomem: Teen Wolf e Guilermo De Toro, incluindo as garras e os músculos incômodos. Claro que eu adoraria que Mckinnon jogasse apenas suco na gente, mas não se pode ter tudo nessa vida.

"Ela é bonita." Remus disse, tirando o mouse da minha mão e clicando no álbum dela. Claro que Emmeline Vance é bonita, esse é um dos fatores inevitáveis para se ser popular e todos te amarem!

Lá tinham várias fotos do pessoal “popular” em algumas festas que nós claramente não fomos convidados (quando digo “algumas” quero dizer “todas”. Ninguém nos convida para festas, pra falar a verdade.).

"Mintch vai te matar se ouvir falando assim dela." James deu de ombros, e eu abri a próxima foto do álbum dela. Era uma foto de outra festa com o pessoal de sempre, exceto por uma garota ruiva bem bonita que eu não conhecia, que abraçava Emme com um sorriso bem largo.

"Hey, quem é essa?" James perguntou bem interessado. Ele tem uma coisa com ruivas, impressionante. Amy Pond, Donna Noble, Poison Ivy (a vilã de Batman, sim!), e Gimli, o anão de Senhor dos Anéis. BRINCADEIRA.

"Deve estar marcada... Aqui, Lily Evans."

O perfil dela apareceu, e ele tomou o meu lugar. Eu realmente não devia ter me lembrado da afeição dele por Gimli.

Narrado por: Peter Pettigrew

Primeira Impressão: Emmeline Vance não é legal.

Ouvindo: James metralhando no computador enquanto Sirius tenta cantar o tema do Mario com o emulador de voz.

"Cara, ela é linda." James suspirou, e com razão. Eu geralmente sou mais garotas fortes, como Adele, mas ninguém resistiria ao par de olhos verdes que Lily tinha. Só quando olhei mais para baixo percebi que James estava ferrado.

"Olhe no perfil dela, Romeu." ri ironicamente, sentindo pena do fundo do meu coração.

Em meio a vários convites para festas, anúncios de sapato e concursos para ganhar kits de maquiagem, um recado pessoal enfeitado com corações.

Pra sempre, minha princesa. Nate xx

"Sinto muito, cara." Sirius disse, a voz de Lord Vader saindo meio pesarosa. "Ela está com o Nate, ele ia acabar contigo. E conosco, então nem pense."

"Mas olhe, ela está se mudando para a Stovington! Interessante, não?" Remus chamou, apontando para o mural dela. Realmente, a julgar pela reação entusiasmada de Emmeline, Lily estava se transferindo para nossa escola. Pobre alma.

"Sirius tem razão, pensar em ficar com ela colocaria em risco a arcada dentária de todos nós..." James fechou a janela, suspirando desapontado. – Vamos jogar the sims? Pelo menos ali eu posso me casar com uma mulher linda em menos de vinte cliques.

"Vai fazer outra família sua?" Sirius reclamou, apontando para o computador. Ele sempre acaba dominando o computador! "Minha vez. Remus ainda me deve uma pelo meu design de um pôster do Horrible Histories, de qualquer forma. Eu quero uma família com a Dita Von Teese, agora."

"OH Deus, já não fiz o suficiente por aquele castelo com o seu nome?" Remus resmungou, mas James logo se pôs no meio dos dois. Se protejam, não vou conseguir sobreviver se eles começarem a brigar...

"Vai ter que arrancar esse teclado de minhas mãos mortas e frias, Lord Vader." James se levantou e puxou o sabre de luz, que acendeu em azul brilhante. Sirius pegou o seu e se colocou em posição de ataque.

"Posso ser o cara dos efeitos especiais?" me ofereci prontamente, já pegando a mola gigante que James tinha comprado para fazer som de lightsaber depois de ver o vídeo no youtube. Não me pergunte como ele conseguiu uma mola gigante, deve ter sido com algum dos truques que Sirius faz no computador.

"Pode, mas eu vou ser o mediador." Remus correu para pegar seu sabre. Ele é doido de ser o mediador! Sirius e James podem não parecer, mas são bem mais fortes do que eu ou Rem... A minha vantagem como “cara dos efeitos” é justamente a neutralidade, o que me salva dos golpes traiçoeiros de algum dos dois. Já vi Remus vomitar antes por conta desses golpes, e eu tenho certeza de que não teve nada a ver com ele ter comido quase vinte Mars Bars...

O duelo começou, e tenho certeza de que James vai sair com uns bons hematomas (o que provavelmente vai fazer Dona Meredith ter uma parada cardíaca). Não que Sirius seja superior, mas vamos considerar que James está usando uma roupa de jedi, o que protege bem menos do que a armadura completa com capacete (e um emulador de voz!).

Enfim, estava seguro no meu canto vendo os dois se atacarem brutalmente, apenas fazendo os efeitos como um bom garoto (talvez a mola precise ler limpa, acho que sujei de chocolate enquanto chacoalhava...) quando Sirius bateu com tudo na cabeça de James, o fazendo cair de joelhos.

"Sirius! Ai, desculpa... Lord..."

"Está perdoado por seu erro, jovem padawan. Renda-se ou toda a comunidade estrelar irá pagar..."

"Isso que é brigar consigo mesmo!" Remus riu pelo nariz do meu lado, e tive de acompanhar. Realmente, uma digna batalha contra si mesmo.

James jogou o sabre para o lado, ajoelhado, e me senti inclinado a chorar diante da destruição do bem dentro de Anakin Skywalker. Remus baixou a cabeça em sinal de luto também.

"Me rendo ao lado das trevas. Pode jogar, Lord."

Vitorioso, Sirius passou por cima dele e foi até o computador, clicando alegremente no ícone. Ele deve ter uns quatro jogos diferentes só na memória de Remus, o que, acredite em mim, é muita coisa. Sentamos em volta, e James começou a massagear o cocuruto da cabeça, murmurando palavras de vingança.

"Vai tentar falar com a aluna nova?" perguntou Remus um pouco depois, e me inclinei para saber a resposta.

"E ser assassinado pelo Nate? Nem pensar. Ela é um pouco demais para mim." James puxou uma barra de chocolate, enfiando na boca com desgosto." Sou novo demais para ter um encontro com os peixes do Tâmisa."

"Isso lá é verdade. Quero dizer, nenhum de nós é um modelo de beleza..."

Tenho que concordar, por mais dolorido que seja.

"Obrigada, Remus." James respondeu secamente, mordendo com mais força.

Fui até a minha mochila e peguei o resto dos doces. Estava guardando pra mais tarde, mas bem que eles estão precisando alguns níveis de glicose e serotonina para curar a dor de cabeça e o orgulho ferido. Como diz minha mãe: chocolate e chá curam qualquer coisa.

"Tomem aqui." ofereci, e James pegou assim que terminou o anterior. Remus pegou dois, e jogou o outro na cabeça de Sirius, que grunhiu.

"Hey! Quer me matar?"

"Vingança pelos jedi. Conforme-se. No fim a Estrela da Morte vai explodir mesmo..."

Sirius fez algum barulho estranho que soou ainda mais estranho com a voz de Darth Vader dele, e só quando tirou o capacete percebi que na verdade tinha caído na risada. James, que estava mais feliz por ter sido vingado, apontou para a mochila de Remus, que estava estofada de livros.

"Algum de vocês já estudou para o teste de química? Não sei se vale a pena."

"Não vale, acredite em mim." exclamou Sirius, fazendo o sim incrivelmente rico e bonito que ele fez de si mesmo mergulhar na piscina. "Eu sei do que estou falando, sou o Senhor da Química. Os átomos se dobram para mim."

"Oh, perdão, PhD." ironizei, enfiando os últimos quadradinhos na boca. – Quero ver você rir quando for o teste do Treinador Robinson. Nenhum dos pontos em Atlética que o seu Sim está ganhando vão contar...

Ele ficou quieto, fazendo o boneco parar de mergulhar e fazendo – o voltar para casa. Provavelmente a próxima interação vai ser “chorar em posição fetal”.

"Vamos morrer na mão dele." confirmou Remus angustiado "Não consigo segurar uma raquete do lado certo... Argh."

"Lembra-se daquela vez que Sirius quase quebrou a perna pulando corda?" James riu, e Sirius apontou para ele com o dedo enluvado.

"Vou acabar com você, maldito jedi. Este é um episódio que o imperador deseja esquecer, e isto será feito."

"Você não é o imperador, Sirius. É só um Lord. Se quiser ser Imperador tente outra fantasia."

"Verdade, um pouco de ácido também, pra derreter a cara. " Remus apontou.

"Isso não é importante. Sou certamente mais poderoso do que um wookie" e apontou para mim com arrogância (estou ofendido!) "e dois jedis capengas. Calem-se todos, o imperador irá dormir em seu avatar."

Sirius sempre fica cheio de si quando é o Darth Vader. Sempre.


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