Everybody Loves The Marauders escrita por N_blackie


Capítulo 11
Episode X




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Episode X

”Shopping”

Narrado por: Peter Pettigrew

Primeira Impressão: Sou um egoísta

Ouvindo: With a Little Help From My Friends – The Beatles (Pra acabar de me arruinar)

"Não dormi bem, mamãe." me arrastei no dia seguinte até a cozinha, e pela primeira vez ouvir os Beatles tocando minha música de amizade favorita não estava me deixando feliz. Pelo contrário, só servia para relembrar o motivo pelo qual eu estava deprimido.

"Ursinho." senti suas mãos apertando meu ombro com carinho. "Ficar sem dormir não vai resolver as coisas. Tome aqui um prato sorridente. Bacon, ovos, feijão e salsicha, tudo que você gosta."

"Obrigado, mãe..." olhei para aquela carinha feliz que o prato formava. "Me sinto péssimo."

"Que mal teria em avisar seus amigos que aqueles garotos estavam querendo bater neles? Não me conformo de não poder contar à Meredith, aliás..."

"Você não entende, mamãe.... Eu avisei, sim, mas fui egoísta. Fiz James e Sirius largarem as meninas por isso, mas também porque acho que eu queria vê-los sozinhos..."

"Por quê?"

"Acho que fiquei com ciúmes, mãe, sei lá. Sempre fomos os quatro, e do nada essas meninas começam a ocupar o tempo deles, e ninguém fica comigo pra ficar com elas! Estamos nos exercitando, e eu sou o mais atrás..."

"Você sempre foi gordinho, meu ursinho."

"Sim, mas não gostaria de ser! Melhor, queria que os quatro voltassem a ser estranhos, e gordos, e tontos... Mas eu sei que não dá pra voltar trás, e acho que agora, depois que vi como essa história desanimou os dois, me arrependi de apoiar essa ideia."

"Dia, Família Urso!" papai entrou animado na cozinha, roubando uma salsicha e sorrindo pra ela. Mamãe deu um beijo nele, e quando veio me cumprimentar parou, franzindo a testa de preocupação.

"Que aconteceu, filho?"

"Aquela história com os meninos, querido."

"Quer consertar a besteira, he? Sabe, uma vez aconteceu uma coisa dessas comigo. Estava eu e dois amigos numa lanchonete uma vez, e só tinha um único saco de batatas fritas."

Revirei os olhos. No que isso vai me ajudar?

"Robbie e Stuart também queriam as batatas, assim como eu, sabe. Mas estava com fome, pô! Sabem o que eu fiz?"

"O que?" mamãe sorriu como se aquele problema da batata fosse a raiz do meu conflito pessoal.

"Eu falei que o saco estava amassado, ruim, e comprei aquele enquanto os dois compravam salgadinhos piores. Quando vi que Robbie detestava Pretzel e Stuart não queria mesmo aquele enrolado de salsicha, me senti culpado, entreguei meu salgadinho para os dois dividirem. Sabe qual a lição de tudo isso?"

"O que, papai?"

"Ás vezes, você tem que sofrer um pouco para ver seus amigos felizes, Petey. No meu caso foi um saco de salgadinhos, mas sempre dá tempo de consertar as coisas. Não estão treinando com Roger? Bom, sempre achei ele um pouco mulherengo demais, mas se tem um homem que pode ajudar vocês a pegarem esses brutamontes, é ele."

De repente, no meio daquela história meio sem sentido, tive uma ideia. Podia não ser extremamente brilhante, mas era algo excepcional.

"Papai, você é o melhor!" me levantei subitamente. Ele pareceu surpreso e satisfeito ao mesmo tempo, e pegou as chaves do carro com um pouco mais de bom humor.

"Puxa, obrigado ursão. Vamos, te levo pro colégio."

Enquanto ele me fazia esse supremo favor, meu plano se formava com mais clareza. Tenho que falar com algumas pessoas, mas especialmente Roger Black. Aí podemos começar a colocar as coisas no eixo. Meu pai não chegou a estacionar, então dei um abraço forte nele, agradecendo de novo, e ele sorriu.

Os meninos esperavam perto da porta, como sempre, e abri um sorriso de orelha à orelha quando os vi. “Bom dia, pessoal! Dia maravilhoso, não?”

"Pete, você tá bêbado?" James perguntou com desânimo. Dei uma risadinha meio enfática e baguncei os cabelos dele.

"Claro que não! Mas essas férias, hein?"

"Falta um mês pras férias..." Sirius trocou um olhar preocupado com Remus, que ainda me olhava com cara de quem não conseguia entender meu bom humor. "Anda, vamos pra sala. James não está pra festa."

Dei de ombros, começamos a andar pelo corredor até a aula de física, e quando algumas dançarinas passaram, ouvimos um coro de “Oi, Remie!”

"Não consigo acreditar que você ficou amigo delas." Sirius olhou surpreso para Remus, que estava assumindo lentamente a cor de uma beterraba.

"É coisa da Emme.... Só isso!"

"Queria ter a sua sorte, cara." James suspirou, e senti aquela pontada de culpa de novo, que só sumiu quando foquei o pensamento no plano, que seria ótimo.

xx

"Bom dia, pessoal!" A professora Bines entrou tão animada quanto eu, e colocou duas bolinhas de metal na mesa com um elástico. "Dia de experimento!"

"Será que se esvaziarmos a sala do oxigênio, a experiência funciona melhor?" James resmungou, levando um peteleco de Sirius.

"James, vou embalar você a vácuo." como um bom químico aspirante, ele não curte muito física, e mesmo assim consegue tirar um A nas provas. Exceto, claro, quando ele tira mais que A.

Bines começou a mexer com a experiência, e não tivemos tempo de conversar com tantas anotações. Quando estava quase no fim, ela pediu para formarmos grupos enquanto ela distribuía os testes, e como estava bem do lado de James, percebi o grande A que estampava sua prova.

"Outro A." ele disse deprimido. Tentei animá-lo um pouco.

"Jura? Que bom. Talvez o MIT te aceite com essas notas."

"Eu definitivamente devia tentar entrar lá antes do fim do colegial, não acha?"

Apesar de eu saber que James poderia, se quisesse, ir realmente para a América estudar, percebi que não estava tão empolgado com a perspectiva, preocupado em olhar de relance para Lily. Ela parecia bem satisfeita com a própria nota, então não reparou no que ele fazia.

"Devia, com certeza." sorri e dei tapinhas nas costas dele para fazê-lo voltar a olhar para mim. "Mas espere até beijar uma garota antes, hein!"

"Não sei se é uma boa ideia, já que nunca vou conseguir chegar perto de uma..."

"Agora sim." A voz da Professora abafou os resmungos deprimidos de James, o que eu agradeci mentalmente, porque já estava me deixando doido ouvir ele falando. "Cada grupo deve ter cinco membros, e seu enfoque será escolher um dos conceitos de física que aprendemos neste ano e aplicar. Entendido?"

Aquele burburinho tradicional de formação de grupos tomou conta da sala inteira, e eu imediatamente olhei para Sirius, que estava reunindo os garotos como sempre fazia nessas horas. Ficamos os quatro juntos, na esperança de que Srta. Bines abrisse uma exceção para nós, esperando pelo barulho finalmente acabar e ela continuar falando.

Depois de muitas cadeiras arrastadas e muita conversa resolvida, ela passou olhando cada grupo e distribuindo uma lista de tópicos para escolhermos.

"Olá, meninos." sorriu ela, e sorrimos de volta, muito mais amigáveis do que de costume. "Calma um pouco..."

"Obrigado pela lista, tchau." Sirius tomou o papel das mãos dela, acenando logo em seguida para que ela fosse embora, mas não deu muito certo.

"Vocês não tem cinco membros, meninos."

"Não é preciso, Professora." Remus argumentou, apontando para James. "Olha, temos James, ele vale por dois tranquilamente, não?"

A resposta dela foi revirar os olhos, e troquei um olhar aborrecido com Remus. "Acho que James vai querer ajuda no projeto de vocês."

Todos nós viramos, e James, no péssimo humor em que estava, simplesmente deu de ombros pro nosso desespero. Isso pareceu deixar a Professora super feliz, claro, porque isso dava a oportunidade dela executar um dos privilégios não escritos de qualquer professor.

Por alguém no grupo.

"Vamos ver, hum..." ela esticou o pescoço em volta, analisando cada grupo, e logo apontou o dedo para alguém lá no fundo. "Lily? Lily, querida, seu grupo tem seis pessoas, venha cá."

O choque que passou dos pés à cabeça de James ao meu lado me fez saltar no lugar, e quando olhei para ele vi que a expressão de tristeza estava lentamente sumindo, e que os óculos escorregavam lentamente pela ponte do nariz molhada de suor. Sirius espiou o restante do grupo dela, e passou o dedo na garganta apontando para Nate, que estava com cara de quem tinha acabado de saber que as férias tinham sido canceladas.

Lily arrumou as coisas meio revoltada, mas veio até nós sem reclamar, o que já é grande coisa. Não pude evitar de me sentir meio sortudo, já que aproximá-la novamente de James era parte do meu plano, mesmo que ela tenha escolhido ficar ao lado de Remus, que deve ser considerado a Suíça nessa história toda.

"Isso mesmo." Bines sorriu satisfeita, aparentemente cega diante do retrato absurdo e desconfortável que o nosso grupo fazia. "Esses meninos vão ajudar muito você, Lily, suas notas vão avançar que nem um carro de corrida, querida. Sempre fazem maravilhas no meu trabalho de fim de ano, James sempre me surpreende com alguma invenção inovadora."

"Claro que vamos." James respondeu cheio de si, e percebi que a presença de Lily o fazia menos resmungão, o que era um favor a todos nós.

E meu plano começa a funcionar...

Narrado por: James Potter

Meta Atual: Arrasar no Trabalho de Física

Ouvindo: O Sinal

"Lily..."desviei de alguns grupinhos que andavam pelo corredor para tentar acompanhar os passos dela. Desde a aula de física estava ensaiando como faria para falar com ela, e a caminhada sozinha dela até os ensaios era perfeito para conseguir isso sem Nate por perto. "Lily!"

Ela começou a andar mais rápido, e percebi que tinha me visto sim. Não consegui ficar irritado com isso – afinal, quem começou a fugir dela fui eu, né – mas precisava muito aproveitar o momento sem Nate, então acelerei o passo, pulando na frente dela quase na porta da sala de dança.

"O que você quer?" ela cruzou os braços, espremendo os lábios para mim.

"Queria saber." comecei, percebendo que a forma que eu tinha ensaiado antes era muito direta, e precisava de alguma entrada mais leve. "Quanto tirou em física."

"Um B, muito obrigada."

"Que bom." sorri apesar da resposta seca dela. "Queria falar com você."

"Pode falar o que quiser, perdeu minha confiança, James." ela respondeu, e continuou a andar. Sai correndo, e a parei de novo. “Eu menti!”

"Você o que?"

"Eu menti, não queria te beijar, nunca quis, eu só-"

Minha voz foi lentamente sumindo conforme percebi que as sobrancelhas dela se ergueram em sarcasmo. “Então sou intragável pra você, que bom.”

"Não! Quero dizer, não quis dizer isso."

"Então porque você disse?"

"Porque o Nate-"

"Ah, lá vem você colocando a culpa no Nate."

"É a verdade! Lil, eu-"

"Não me chame assim."

"Lily, desculpa. Nate e os amigos dele-"

"Nate e os amigos dele?" ela repetiu, e comecei a me sentir fisicamente mal pelo sarcasmo da voz dela. "Que tal falarmos sobre você e os seus amigos, James? Nate contou coisas horríveis sobre vocês."

"Como?"

"Ele contou, James. Como Sirius usava os conhecimentos dele para colocar bombas fedorentas nas coisas dele, e como você e Remus viravam sua mochila quando ele não via. Se alguém fizesse esse tipo de coisa comigo, também me tornaria agressiva com ela, não?"

"Isso foi na primeira série!"

"Faz diferença, no fim?" ela me olhou com desprezo. "E vocês ficam zombando do Mintch só porque ele está atrasado um ano na escola, como se todos devessem ter o mesmo padrão de vocês..."

"Lily, Mintch não está atrasado. Ele reprovou o ano porque ficou fumando e namorando o ano todo."

"Grande coisa. Nem todos são como vocês, e vou dizer mais: ainda bem. Sai da minha frente, preciso trocar de roupa para o ensaio."

Não conseguia me mexer, estava chocado demais com o que ela tinha dito. Nate com certeza foi bancar o santo pra cima dela, e pior, ela acreditou! Fiquei congelado no lugar, só a encarando para ver se era algum tipo de brincadeira, até que Lily repetiu o ‘sai da frente, James’.

"Não acredito que vai acreditar nessa porcaria que Nate inventou."

Lily estreitou os olhos, passando por mim mais brava do que antes. “Nate é meu namorado, James. Dá licença, e não fale mais dele assim.”

"Nate vem batendo em mim e nos meus amigos faz anos!" a segui até a porta do banheiro." Ele não faz isso por revolta, faz isso porque gosta! Lily-"

A porta bateu na minha cara. Bufando de revolta, sai andando o mais rápido que pude, muito menos triste do que estava irritado com o que tinha ouvido. Nate estava perto de uma das portas, fazendo uma brincadeira ridícula de socar o peito uns dos outros. Ignorando completamente o fato de eu ser um e eles seis, avancei para o grupo e rosnei:

"Bando de gorilas!"

"Que?" eles pararam de brincar e olharam para mim. "O que você quer, Potter? Cansou de sentir o nariz?"

"Fiquei sabendo que está traumatizado, Nate." ri em tom de deboche. "Pobre Nate, sofreu tanto na nossa mão na primeira série, não é?"

"Você falou com Lily, Potter?" foi a resposta estúpida dele, e os amigos babacas começaram a me circular.

"Falei, e se encostar um dedo em mim falo de novo."

"Você se acha muito esperto, Potter." a mão dele, que estava fechada, abriu.

"Eu não me acho esperto, Nathaniel. Eu sou Mais do que todos vocês, por sinal."

"James?" Remus chamou, e olhei para trás, vendo os três correndo na minha direção. Quando perceberam que eu estava brigando com Nate, Sirius tirou um tubo de ensaio do bolso, Remus apertou as mãos na dobra de um livro bem pesado que estava carregando, e Peter ergueu suas baquetas, prontos para me ajudar.

"Que beleza!" Twister gargalhou. "Os três patetas vieram também!"

"Soletre pateta, Twister." Sirius se aproximou, erguendo o tubo de ensaio ameaçadoramente.

"Me acha idiota, Black?"

"Se a carapuça serviu..." Remus riu, e Peter soltou um riso nervoso.

"Podemos correr no zero ou no um." sussurrei para Sirius, e ele agarrou a manga da minha camisa.

"Vamos correr agora, temos milissegundos antes de Nate acertar seu lado direito."

Começamos a dar passos para trás, e assim que Nate avançou para cima de mim saímos correndo, só parando quando não conseguíamos ouvir nem os passos deles a distância. Sirius parou, puxou a bombinha e inalou, ofegando mais que todos nós.

"O que. Você. Estava. Fazendo." perguntou, respirando fundo. Remus se aproximou, fazendo uma pressão nas têmporas de Sirius para amenizar a crise de rinite, e Peter ofereceu um pouco de água para ele não ficar com o nariz mais entupido.

"Pode ir respondendo." Rem avisou, mexendo os dedos do jeito que a mãe dele tinha mandado uma vez.

Contei o que Lily tinha dito, e como eu reagi, até chegar ao ponto em que não tinha motivos racionais o suficiente para explicar porque fui confrontar Nate. Sirius estava um pouco melhor, e se apoiou na parede para ter suporte.

"Cara, que loucura fazer isso."

"Lily acreditou nessa besteira? " Pete perguntou, e acenei com a cabeça.

"Ela defendeu Nate." Remus riu sem acreditar. "Fala sério."

"Temos que abrir conselho para isso, não?"

"Vamos esperar." Sirius se levantou, alongando o pescoço. "Cuidado por onde anda, James, pra não te pegarem de novo. Droga, tenho reunião de teatro, não posso me atrasar. Mas me liguem, mandem mensagem, qualquer coisa. Tenho seis tubos desse aqui."

Narrado por: Sirius Black

Filme do Momento: Star Wars: A Ameaça Fantasma (Destaque para a parte do conselho jedi)

Ouvindo: Davis falar qualquer coisa sobre apresentação de alguém

"Depois do verão, começaremos um campeonato entre condados, é uma disputa bacana, artística, que envolve a montagem de um musical. Então, no começo dele, faremos prévias para selecionar os atores, especialmente os que cantam."

Imediatamente levantei a mão.

"Sirius?"

"Todo mundo precisa participar das seleções?" perguntei o mais desinteressadamente possível, e Davis riu de mim.

"Nem pense em fugir."

Todo mundo começou a falar ao mesmo tempo, e Davis disse alguma coisa sobre expansão teatral e montagem de coisas por cima da barulheira. Fechei os olhos e tentei imaginar a escola inteira, e suas famílias, me vendo de fantasia e cantando. A visão foi tão horrível que abri os olhos, pronto para desistir.

"Os testes!" Davis estalou os dedos, chamando a atenção do pessoal. "Os testes consistirão de uma música, que vocês vão escolher. E só vir, e cantar, só que sem o coral."

Levantei a mão de novo, mostrando quanta esperança esta alma possui.

"Não, Sirius, não pode ser uma gravação sua cantando."

Baixei o braço, querendo desesperadamente que algum dos meus colegas endossasse minha proposta de gravações seguras e sem público, mas aparentemente estou cercado de pavões narcisistas que querem aparecer.

Enquanto todos cacarejavam, querendo discutir suas músicas, me arrastei até o sofá e deitei, desejando ser engolindo pelo estofamento. Não é que eu não queira cantar, eu gosto e tudo mais, mas uma apresentação assim é maior do que qualquer coisa que eu já tenha feito. E se eu vomitar e desmaiar como fiz nas audições?

E esse musical? Já pensou se for algo como O Fantasma da Ópera? Comecei a me imaginar usando uma capa e aquela máscara no rosto, e achei que fosse mesmo desmaiar. E se for algo ainda mais constrangedor, como... A Pequena Sereia, ou outro conto da Disney? Me imaginei tendo de andar ajoelhado como um anão de Branca de Neve, ou ainda ter uma cauda de sereia... NÃO!

Pode ser algo legal também, como Star Wars. Eu posso ser o Lord Vader, e cantar com aquele emulador de voz seria o máximo... Ou quem sabe De Volta para o Futuro? Ah, mas aquilo não é um musical. Eles podem fazer Harry Potter em musical também! Me imaginei dançando dentro de Azkaban, e decidi que definitivamente não. A prisão é um lugar sério.

Fechei os olhos, devaneando nas milhares de possibilidades de musicais que eu poderia participar, e estava quase dormindo quando alguém cutucou meu ombro. Abri os olhos e alguém de íris bem castanha estava me encarando.

"Oi..."

"Oi!" ela sorriu. "Pode me dar um espaço aqui?"

"Ah, claro." ofeguei e senti meu rosto esquentar de vergonha. Ela sentou ao meu lado, remexendo alguns papeis.

"Agatha." estendeu a mão, e apertei ainda meio atordoado de sono e confusão.

"Estrela, hun."

"É..." concordei, meio desconfiado. Não é todo dia que uma garota briga com você por um lugar no sofá numa hora e te cumprimenta na outra.

"Bom nome. Já escolheu sua música?"

"Ainda não, e você?"

"Não... Talvez algo em grego."

"É... Boa sorte..."

"Nem tanto. Meu pai é grego." ela sorriu.

"Vocês quebram pratos em casa?" não consegui não perguntar, sempre tive essa curiosidade.

"Aqui não, só quando viajamos."

"Que pena." fiquei num silencio meio constrangedor depois, já que ainda não estava entendendo porque ela estava conversando tanto comigo.

"Ouvi falar de você por aqui, já." ela explicou. "Achei que seria bacana vir conversar contigo. Estou no último ano, queria muito essa chance de fazer parte do musical."

"Não vou competir com você. – ri pelo nariz, tapando –o imediatamente depois."

"É um cara legal." ela começou a mexer numa corrente interessante no pescoço, e por um momento tive a impressão de que já tinha visto esse colar em algum lugar.

"Quando souber sua música me avise, te conto se pensar em algo bacana." limpei a garganta. "De onde tirou essa corrente?"

"Isso aqui?" ela me mostrou. "É de família. Meu pai é meio doido com essa história de descendência, então mandou fazer uma pra mim e outra para o meu irmão."

"Tem um irmão?" perguntei por simpatia, mas pensando se já não tinha visto aquilo com algum garoto.

"Você deve conhecer, é do seu ano, pelo menos." Agatha guardou a corrente. "Está no segundo, não?"

"Estou... Como ele é?"

"Meio alto... Meio burro também, infelizmente." ela cochichou meio rindo. "Nicholas Kipreos, sabe. Meio bronzeado, joga futebol..."

OH MEU DEUS DO CÉU. TWISTER!

"Twister?" engasguei, e Agatha franziu a testa.

"É, esse apelido ridículo. Coitado, fica tentando esconder o nome. Não me leve a mal, não gosto de ficar criticando meu irmão. Mas as vezes, deus do céu."

Fiquei um tempo só olhando para ela, sem acreditar que assim, por acidente, tinha descoberto o nome do Twister! Lembrei, claro, da minha péssima experiência com irmãs de brutamontes, e perguntei um pouco preocupado:

"Ele é bem protetor?"

"Sério?" ela ergueu uma única sobrancelha, rindo. "Ele esconde o próprio nome, acha que sequer menciona que tem irmã?"

Sorri bem mais.

"Pois é... O que dizia sobre os gregos?"

Narrado por: Remus Lupin

Camiseta do Dia: You Read My T-Shirt/That’s Enough Social Interaction For One Day (Leu minha camiseta/Já é interação social suficiente para um dia)

Ouvindo: Batidas Aleatórias

"Remie!" Emmeline se aproximou animada de mim no intervalo do ensaio, saltitando feliz pelo chão de madeira clara junto de mais duas amigas. – Você veio!

"Pra você ver." sorri amarelo. "Porque quis tanto que eu viesse num ensaio?"

"Porque nós temos uma propostinha pra você."

"Que foi?"

"Queríamos fazer umas comprinhas com você."

"Compras?" revirei os olhos. "Não sei nada de moda, meninas, desculpem..."

"Não, seu bobinho." Hilary, uma das amigas, bagunçou meus cabelos. "As compras são pra você!"

"Como?"

"É, Rem. Vamos, por favor?"

Olhei suplicante para Emmeline, e ela apontou com desdém para a minha camiseta.

"De todas as camisetas de frase que você podia ter, escolheu essa. Você precisa da nossa ajuda, querido."

"Gosto das minhas camisetas!"

"Nós também, amor." Fergie (que na verdade se chama Ferdinanda, mas detesta o próprio nome) sorriu. "É uma atualização, não vamos tirar nada..."

Assenti meio preocupado, e fiquei mais ainda quando elas foram se trocar e voltaram, parecendo um grupo de celebridades, me puxando até o New Beatle cor de rosa que Emmeline tinha ganhado havia pouquíssimo tempo.

"Você vai nos amar!"

"Para começar, tenta fugir um pouco de listras verticais, querido." Hilary discursou no caminho. "Elas alongam demais a silhueta, e não é como se você fosse gordo e precisasse."

"E também não use listras horizontais, elas fazem o efeito oposto!" Fergie arregalou os olhos, e fui novamente arrastado para fora do carro. "O melhor é estampa neutra, é isso que procuramos."

Emmeline começou a me guiar pelas lojas, e entrei em lugares que nunca sabia que existiam naquele shopping. A cada loja que entrava elas faziam o pedido (“tem camiseta com frase engraçada por aqui?”) e cada vez que tinha resposta positiva eu ficava com mais medo. “Emme, abercrombie não é frase”. “Hilary, por favor não...” e “Fergie, isso não é laranja!” foram frases absurdamente comuns.

Gastei mais do que queria e comprei mais do que devia, mas no fim das contas fui bem recompensado com uma parada no Starbucks e um café bem forte.

"Doeu?" Emme sorriu para as sacolas, suspirando no seu frapuccino de morango.

"Não, mas agora é a minha vingança."

"Loja de videogames?" Hilary desdenhou. "Não é tortura nenhuma, tenho um irmão, amor."

"Podemos ir onde quiser, desde que vá com a gente escolher fantasias para uma festa que Nate vai dar." Fergie comentou meio tímida. "Se quiser, podemos convidar você..."

"Não, valeu." neguei veementemente. "Mas podemos juntas as propostas. Tenho um lugar bacana pra isso, é bem melhor que videogames.

Um dos amigos mais marcantes que conhecemos nessa jornada eterna que é participar de concursos de Cosplay é um cara chamado Phillip, da loja de fantasias. Phil é um cara bacana, arranja peças de ótima qualidade sempre, a preços absurdamente ótimos e inclusive consertou o capacete de Vader quando Peter sem querer sentou em cima. Sempre procuramos por ele para ocasiões que precisemos de disfarces ou fantasias, ou quando queremos comentar algum quadrinho ou filme legal.

Sua loja fica num canto meio obscuro do shopping, longe do caminho normal de Emme e suas amigas, então foi interessante guia-las até lá e entrar no canto meio escuro dele.

"Phil? Remus aqui!" chamei pelo balcão, observando divertido as meninas se entusiasmarem com asas de fada e chapéus de bruxa pendurados num canto.

"Ora, se não é meu Padawan medieval!" escutei sua voz gritar do fundo da loja, e o corpo gordo dele aparecer. "Deus do céu, onde sequestrou essas meninas, Lupin?"

"Há. Há. Trouxe as damas para procurar fantasias, Phil, estão aqui de propósito."

"Damas de propósito, com você? Parabéns, Lupin. Então em sua jornada surgiram fadas, heh. Que procuram, minhas caras?"

As três pararam o que estavam fazendo e nos encararam completamente sem jeito. Satisfeito por ter dado o troco pelas mil lojas de marca que me fizeram entrar, chamei-as para perto.

"O que estão pensando?"

Emme começou meio pensativa." Fergie queria uma princesa..."

"Hum, temos várias!" Phil entrou e saiu rápido com uma lista. "Leia, Padme, Diana..."

"Você tem a Bela Adormecida?" Fergie sussurrou timidamente, e diante do olhar surpreso de Emmeline, deu de ombros. "Não tem nada genérico aqui, querida."

Phil foi para os fundos de novo e não só buscou a fantasia de Bela Adormecida, como de Cinderella e várias outras Princesas que eu nem conhecia. Fergie foi para o provador enquanto nos sentamos em alguns sofás, e quando voltou assoviei alto.

"Faça cara de sono!" sugeri, e Fergie girou para ver a si mesma no espelho.

"Ah, meu sonho de infância era ser a Aurora... Puxa. Obrigada."

Me senti feliz com a expressão realizada dela, e refleti se no fundo, até mesmo dançarinas populares tem seu lado cosplayer. Hilary levantou e se olhou no espelho, meio confusa.

"Não sei exatamente o que queria, sabe..." ela passou os dedos pelos cabelos muito compridos e escuros, e estalei os dedos para Phil.

"Uma elfa seria bacana, e bem único. Phil, que tal Arwen?"

"Você tem talento, garoto." Phil correu entusiasmado, e voltou com os acessórios e o vestido. Hilary ficou com os olhos brilhando quando viu tudo o que ele tinha trazido, e ficou se avaliando tanto quanto Fergie.

"Elas estão lindas, Rem." Emme sorriu, e olhou em volta. "É tanta coisa... Não sei nem o que escolher..."

"Você pode ser o que quiser." sorri animador, olhando para o rosto sem defeitos dela.

"Está soando como a Barbie."

"Pode ser, mas é bonita o bastante para ser o que quiser, Emme. Até Rainha Padme, se quiser."

"Ela não é a Natalie Portman naquele... Star Wars?"

"Já viu?"

"Tenho primos pequenos, Remie."

"Que acha? Ninguém vai ter uma fantasia igual, com certeza."

"Verdade..." ela pensou um pouco, e então me abraçou. "Vamos ver essa Padme, então."

Phil trouxe um dos vestidos de Vingança dos Sith, e fiquei esperando vendo a alegria das meninas com aqueles vestidos. Não demorou muito ela saiu, sorrindo de um lado até o outro do rosto. Olhei para ela e perdi a fala, sentindo inveja do Anakin como nunca senti.


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