Everybody Loves The Marauders escrita por N_blackie


Capítulo 10
Episode IX




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Episode IX

“Separações”

Narrado por: Remus Lupin

Camiseta do dia: Your Skill In Reading Has Been Increased by 1 Point (Você ganhou 1 ponto em Leitura)

Ouvindo: Emmeline Falar (É, caiam pra trás)

Apesar das minhas baixas expectativas em relação a essa participação de Emme Vance, ela já esteve no Clube por quase uma semana, e devo admitir que não está sendo tão ruim assim. Fomos colocados na área de moda (menos pelo meu talento e mais pela habilidade de costureira que Emmeline tem), e ela me ensinava a mexer numa máquina de costura, uma skill que eu venho tentando adquirir a algum tempo, desde a última vez em que a mãe de James insinuou que não poderia mais costurar cosplays para nós.

"Não ponha o dedo assim, vai arrancar fora." ela puxou meu mindinho do canto da máquina, e ajeitei outra vez o tecido, pedalando a agulha como se não houvesse amanhã. "Sabe, Rem, posso te chamar assim? O Clube é mais legal do que pensei..."

"Pode" sequei o suor (usar máquina de costura é MUITO esforço!) da testa com a manga do suéter.

"Eu gosto daqui..."

"Sem contar que já aprendi muita coisa." ela riu, erguendo para me mostrar um bordado bonito que fez na manga de um dos vestidos. "Quem diria que princesas e príncipes me desapontariam tanto quando me informasse!"

"Pelo menos logo terá seu crédito extra, então pode voltar às líderes de torcida, não?" sorri desajeitado. Para minha surpresa, a expressão alegre no rosto dela sumiu, e Emme parou a máquina para enterrar o rosto nas mãos.

"Emme?" chamei, parando também quando percebi que ela estava lentamente começando um acesso de choro. "Emmeline?"

Você é o único em que eu posso confiar pra ser honesto, né? – ela ergueu os olhos molhados para mim, e franzi a testa. O que ela estava dizendo, meu deus?

"Claro... Emme, tem algo errado?"

"Eu sou gorda?" ela disparou. Olhei completamente confuso, e segurei seus pulsos superfinos com firmeza.

"Claro que não! De onde tirou essa, Emme?"

"A Professora Rice... ela disse que, bem, ela disse que engordei e preciso emagrecer para manter postura de jazz..."

"Você não está gorda, Emmie. Você é linda, e não precisa mudar pra ser melhor em nada." Disse calmamente, embora não tivesse entendido metade do que ela tinha dito.

"Mesmo nas pernas? Olhe!" ela esticou a panturrilha perto de mim, e revirei os olhos com aquele desespero.

"Se reclamar mais um pouco vou fazê-la tomar dois potes de sorvete." sorri, e ela revirou os olhos, um sorriso meio que voltando ao seu rosto delicado.

"Seu bobo. Não quero ser chutada da equipe, só isso."

"Você é uma das melhores que ela tem!" dei de ombros, e ela voltou a costurar, provavelmente tentando disfarçar que estava ficando vermelha. "Não vai deixa-la ir de jeito nenhum, não seja tonta. Olha, pense assim, se eu tivesse dois mewtwo num deck e pudesse escolher você para substituir, escolheria você duas vezes."

"Como?" ela pareceu confusa, e sorri.

"Deixa pra lá, o ponto é que você é ótima e Rice sabe disso. Não se preocupe."

"Lily tinha razão quando disse que vocês eram demais." ela me abraçou com força, e acariciei os fios louros pra sentir o cheiro bom deles. "Sempre que pergunto a Mintch sobre meu peso ele me ignora, ou diz que estou magra sem nem me olhar."

"Aliás." ela me olhou com um pouco de pena. "Acho que devo desculpas a você e seus amigos, Rem. Nunca parei pra pensar em como é ser vocês, então fiquei com uma impressão péssima de que vocês eram idiotas ou coisa assim. Vocês são legais, e me enganei. Obrigada."

"Só não conte para Mintch, ok?" sorri. "Eles não iam gostar muito de saber que você me disse isso. Já não gostaram de James estar próximo de Lily."

"Então é por isso que ele está ignorando ela?" ela franziu a testa.

"Por aí." baixei a voz. "Nate e os caras pegaram ele na saída no começo dessa semana, Emme. Arrebentaram a cara dele. Melhor não mexer com isso."

"Tem certeza?"

"Tenho, não sei nem se devia ter te contado sobre isso."

"Se você diz..."

Ficamos silenciosamente costurando por mais algum tempo, até que Emme me lançou um sorrisinho animado. “Sabe o que chegou?” ela perguntou, e neguei. “Aquela túnica...”

"A TÚNICA!" saltei da cadeira, correndo para Charlie para pegar minha túnica e brigar com ele por ter demorado a me avisar. Enquanto tentava fazer poses o mais atléticas possível, a porta da sala abriu e James chegou, ainda com alguns hematomas perto dos olhos, mas com óculos novos que Meredith comprou (ela pensa que ele caiu da escada). Ainda assim parecia abatido, como se não dormisse direito há algum tempo.

"Hey, me empresta seu caderno de história? Não entendi umas coisas da aula... E o que é isso aí?"

"Estava dormindo, eu vi." repreendi, não pelo cochilo mas pelo estado em que Nate havia deixado sua alma. "Isso é o que eu vou vestir."

"Remus, isso é um vestido."

"Errado, Senhor." Encarei James, aborrecido. "É uma túnica. Uma belíssima réplica grega, por sinal."

"Você comprou pelo ebay."

"E daí?" revirei os olhos. "Continua sendo uma túnica."

James não disse nada – também, não acho que estava muito com animo pra discutir, né. – apenas pegou meu caderno monotonamente e sumiu. Emme apareceu atrás de mim, sorrindo.

"Eu sei que é uma túnica." senti seus dedos fecharem no meu ombro que não estava coberto pela túnica. "Gostei dela."

Virei rápido, mas a resposta ficou na garganta quando vi como ela tinha ficado. O vestido romano verde havia servido como uma luva, e a tiara dourada completava um visual que combinava com cada centímetro da aparência dela.

"Hem, Remus?" ouvi alguém chamar, e quando virei novamente percebi que era Dorcas, metade medieval, metade sufocada pelo espartilho.

"Oi! Quer alguma ajuda aí?" fui para perto dela, estendendo as mãos na direção do cordão que estava prensando suas costelas.

"Não, valeu." ela desviou de mim, meio irritada. "O que está acontecendo?"

"Onde?"

"Você, Remus. Emmeline. Estou perdendo você."

"Me perdendo?" olhei revoltado para ela. Pedi Dorcas em namoro faz bem um século, e ela me enrolou desde então. "Nós nunca estivemos juntos, Dor as! Você nunca quis me responder, e sinceramente... Acho que também não quero esperar."

Assim que terminei de falar me arrependi, pois a expressão que ela me lançou foi mais dolorido do que qualquer fora que eu pudesse levar.

"Foi o que pensei. " ela respondeu, virando as costas para mim com mágoa.

"Rem? Está tudo bem?" Emmeline me chamou, e assim que coloquei os olhos em seu sorriso, deixei de lado a tristeza e fui para ela. Pelo visto Roma gosta mais de mim do que a Gália.

Narrado por: James Potter

Meta Atual: Tirar Lily de perto de mim.

Ouvindo: Lily chamando (ah, ótimo).

Assim que o sinal do final da aula de francês bateu, sai correndo e praticamente escorreguei para o laboratório de química, olhando bem antes de fechar a porta pra ter certeza de que ela não iria me seguir. O lugar estava completamente vazio, então consegui dar um tempo por ali enquanto pensava como faria pra escapar.

Não podia dizer a ela meus motivos, de jeito nenhum. Nate e Mintch acabariam comigo, ou no mínimo eu teria de usar uma dentadura pelo resto da vida. Pensei e tracei planos, mas nenhum parecia ter a menor chance de dar certo. Finalmente, quando olhei para o relógio, percebi que estava atrasado para um reforço de física que eu ia monitorar, e odeio me atrasar pra qualquer coisa... No meio dessa indecisão horrível, decidi sair, e assim que virei a primeira esquina, quem eu vejo?

"James, está se escondendo de mim?"

Agarrei a mochila perto do corpo, e sem pensar duas vezes (erro meu, porque eu deveria ter parado pra raciocinar...) sai correndo de novo. Ela bufou e começou a me seguir, e comecei a me sentir num jogo de pac-man pelos corredores do colégio. O reforço estava acontecendo numa das salas do fim do corredor, e quando percebi que isso significava um beco sem saída, apertei o passo. Estava muito próximo da sala, tão próximo que o alívio me fez diminuir a minha pressa involuntariamente. E foi ali, na frente da porta, tão perto do sucesso, que ela me pegou.

"James!" seu braço agarrou o meu, e assim que virei percebi o quanto tinha irritado Lily. Ela colocou as mãos na cintura. "O que aconteceu com você?"

"Lily..."

"Hein? Que houve?"

"Ah!" sorri amarelo, meu cérebro tentando comprar tempo para arranjar um ótimo motivo que não fosse ameaça de morte. "Nada! Porque você acha que alguma coisa a-aconteceu?"

"Você fugiu de mim o dia todo, James."

"Entendo..." limpei a garganta, e espiei pela janela para dentro da sala. "Lily. Nós... Veja, não podemos ser amigos mais. Digo, não podemos ser mais amigos. Mas..."

"Como?" as sobrancelhas dela se ergueram, e percebi que além de surpresa, ela estava ficando exponencialmente irritada.

"Não posso mais andar com você, por motivos de- coisas."

"Coisas?"

"Entende? Problemas... Quando duas pessoas...."

"James..."

"Lily..." respirei fundo, colocando a melhor desculpa possível para funcionar. "Eu queria beijar você."

"Jim..." sua expressão amaciou (nããããããõ!!!) e ela sorriu. "Eu não imaginava..."

"Não!" ergui a mão. "Você gosta do Nate, ai decidi que poderia ajudar você em física em troca de algo mais."

(Ainda bem que minha mãe não me ouviu dizer isso...)

"Você..." ela voltou ao estado bravo, e respirei aliviado. "Você só queria... Se aproveitar de mim?"

"Isso mesmo..." respondi sem muita convicção.

"Achei que gostasse de mim! Digo, da minha companhia...."

"De ser forçado a ouvir vozes mecânicas sem graça?" ouvi minha voz dizer, sem acreditar que precisaria magoá-la asism. "De perder horas de estudo atrás de você? Olha, já tive muitas dançarinas me irritando pra ajudar..."

"James..."

Desviei o olhar quando percebi que ela estava ficando cada vez mais chateada com o que eu estava dizendo. “Olha, sinto muito.” Disse, dando de ombros.

"Você fez alguma aposta?"

"Não, foi uma ideia. Remus estava perto de arranjar alguém e achei que se conseguisse ficar com você não ficaria pra trás."

"É melhor." ouvi sua voz levantar, e mantive o meu olhar fixo na maçaneta sem graça da porta. "Você nunca mais olhar pra mim. Nunca mais, ouviu?"

"Claro." respondi, os passos dela indo embora me deixando temporariamente atordoado. Olhei para dentro da sala, para a professora, e entrei desanimado. Parecia que alguém tinha me sufocado com uma corda, e deixado ela ali pra ter certeza.

"Professora, não estou muito bem, desculpe." comentei, e ela me lançou um sorriso.

"Sem problemas. Você nunca falta, James, só tente me avisar antes, tudo bem? Tome, leve esses exercícios pra casa e me traga corrigidos, então pode ir."

"Obrigado, Srta. Bines."

Sai da sala de cabeça baixa, e caminhei meio sem rumo pelos corredores, em direção à saída. Numa das escadas encontrei Remus, que ainda estava com aquele vestido ridículo.

"Porque não tira isso?" perguntei mal humorado, me sentando ao lado dele.

"É túnica."

"Que seja. Qual o seu problema?"

"Perdi a Dorcas."

"Como perdeu? Ela disse não?"

"Não, eu disse não. Ela demorou tanto pra me dar uma resposta, se fez de indiferente... Sem contar que agora, sabe, estou me aproximando de Emmeline, e ela é fantástica..."

"Não acredito que fez isso." suspirei, mas logo minha própria consciência culpada me cutucou. "Menti descaradamente para Lily, mas pelo menos agora ela me detesta e mantenho meu rosto na configuração atual."

"Nate vai gostar de saber."

"Claro que vai." passei os dedos pelo cabelo, coçando a nuca de nervoso. "Acho que isso significa que não tenho mais festa pra ir."

"Você montou todas as mixagens!"

"E também disse pra ela que só estava interessado em uns beijos."

"Você disse isso?" Remus afundou o rosto nas mãos, rindo de nervoso.

"O que queria que eu dissesse?"

"Porque não a verdade?"

"A verdade?" soltei um riso maníaco. "Seria uma história boa pra um obituário! “Lily, não posso mais te ver porque seu namorado me encurralou e quebrou a minha cara, portanto, temendo pela minha vida, decidi me afastar de você.” Ficou doido?"

"É, não seria a decisão mais sensata..." ele levantou, erguendo a túnica para não tropeçar nela (deus do céu, tira esta merda!) "Será que Sirius já acabou o ensaio?"

"Podemos ver ..."

Caminhamos lentamente em direção ao auditório, e o assunto desviou para pokemon, provavelmente numa tentativa de ambos esquecerem a miséria um do outro. Assim que chegamos mais perto, entretanto, vimos Marlene passar correndo e empurrar a porta para entrar.

"Bom, acho que isso significa que não vamos mais entrar, sim?" trocamos olhares conformados. "Sirius vai apanhar."

"Ou não, e vai inventar alguma mentira ridícula, não é?"

"Cala a boca." revirei os olhos. "Anda, acho que tenho a segunda temporada de Heroes pra assistir."

"Heroes está caído, cara."

"A segunda temporada não. Anda!"

Enquanto andávamos olhei para trás, desejando que Sirius tenha um momento de sensatez e se afaste da irmã de Mintch também, pra evitar a fadiga e contas de hospital.

Narrado por: Sirius Black

Filme do Momento: Grease

Ouvindo: Stop Crying Your Heart Out – Oasis (Intérprete: Eu!)

"Um tom acima, Sirius! Agora encerrando... Isso!" Davis sorriu, batendo palmas para as últimas notas que ensaiamos naquela tarde. "Pausa!"

Sai para os bastidores, morrendo de sede em direção ao filtro. Me joguei num sofá próximo, surpreso por cantar me tirar tanta energia, quando ouvi a voz de Marlene por perto:

"Oi."

Arregalei os olhos e quase engasguei com a água, olhando em volta para ver se estava alucinando ou algo pior. Quando olhei para o lado, descobri que era a parte pior: ela estava lá, me encarando de um jeito meio assustador.

"Marlene?" levantei, olhando para o estrago que minha temporária transformação e chafariz humano tinha causado. "Que diabo está fazendo aqui?"

"Preciso falar com você!"

"Estou... Bem, estou ensaiando." fiz um gesto amplo para o salão, sorrindo evasivamente.

"Eu sei, estava esperando a sua pausa. Aconteceu alguma coisa?"

"Onde?"

"Não se faça de idiota, Sirius Black." ela estreitou os olhos, me assustando pra valer. "Está me ignorando!"

"Eu?"

"Já falei pra não fazer isso." a expressão passou de realmente irritada para aborrecida, e me acalmei um pouco. "Te chamei pra ver uns trechos bacanas de musicais comigo, você não estava em casa. Chamei pra andar pelo centro e comer batata frita, não estava também!"

"Veja bem..."

"Não me enrole."

"Tá legal, tá legal." tomei o resto da água pra aliviar a tensão. "Não posso falar com você. Sério."

"Não acredito que está com medo do meu irmão!"

"Lene..." sentei novamente, e chamei ela para perto. – Seu irmão e os amigos dele espancaram James na saída do colégio. Eu gosto da sua companhia, mas gosto de ter o nariz em cima da boca, e os olhos em cima do nariz, essas coisas.

"Eles o que?"

"Shhhh!" tapei a boca dela, olhando para os lados certo de que estava parecendo um paranoico.

"Sirius!" ela ofegou quando deixei sua boca livre. "Ele não faria isso com você."

"Ele fez."

"Não quero me afastar assim." ela revirou os olhos. "Eu gosto de você."

"Eu também, Lene." dei de ombros, irritado e cansado. "Só que não dá! Olha pra mim! Se Mintch me pega vai sobrar só o pó!"

Por um segundo achei que ela fosse rir, mas de repente seus olhos ficaram muito brilhantes e chorosos. Cheguei um pouco mais perto, e apertei seus ombros.

"Tem gente bacana no mundo além de mim, hun."

"Não interessa." ela piscou, subitamente irritada. "Qual o problema com a gente?"

"Essa partícula não existe, esse é o problema. Existe eu, existe você, e existe seu irmão, que caso eu tentasse causar a existência desse a gente certamente me eliminaria da equação como um todo. Entende?"

"Não."

"Bom, de qualquer modo, não precisa."

Marlene se aproximou, e balançou a cabeça desanimada.

Meu irmão é tão idiota!

"Remus iria ter um piripaque se te ouvisse usando essa palavra assim fora do contexto histórico." tentei descontrair. "Mas sim, entre as muitas palavras que podem ser aplicadas ao seu irmão e os respectivos amigos, idiota é uma das mais leves. Sem ofensa."

"Não ofendeu." ela riu de leve, um pouco mais animada. "Mas eu gosto de você. Mesmo com todas as loucuras, e o estilo meio duvidoso."

"Obrigado, acho..."

Baixei a cabeça, esperando que ela levantasse e me deixasse, mas a mão de Marlene simplesmente envolveu meu maxilar e se aproximou.

"Só esse... " tentei argumentar, mas ela foi mais esperta (e rápida).

A sensação de encostar nos lábios dela foi parecida com o primeiro, no dia do teste, mas melhor, porque dessa vez eu estava mais concentrado. Ainda assim, nada poderia me preparar para o sentimento bom que se espalhou por mim, e entendi finalmente o que Remus quis dizer quando disse que era como se várias coisas boas acontecessem ao mesmo tempo. Me ajeitei na cadeira, e passei as mãos pela cintura dela.

"Acho que é adeus, então." ela sorriu de lado enquanto nos soltávamos.

"É." tentei retribuir o sorriso, mas estava entalado na minha garganta.

"Quem sabe não dava-"

"Melhor não. Desculpe, Lene."

"Tudo bem..." ela pareceu triste, mas conformada. "Eu sei, é isso que importa. Quando puder, me ligue."

Assenti, observando – a ir embora com provavelmente a cara mais ridícula do mundo.

Sirius, a minha voz interior rosnou, seu covarde.

Narrado por: Peter Pettigrew

Primeira Impressão: Tudo vai voltar ao normal...

Ouvindo: Macho Man – Village People

Não consigo acreditar que estou tocando Village People no trompete. Não posso acreditar que meu treinador está me fazendo tocar Village People num trompete. Os homens vestidos de índio, policial, soldado, cowboy, operário e motociclista giravam na minha mente, me assombrando até que ele finalmente nos deixou parar. Fiquei levemente aliviado, e corri para o vestiário trocar aquele uniforme e encontrar Angelina do lado de fora. Ela tem acompanhado os ensaios com bastante frequência, e sempre temos tempo de conversar na volta pra casa, o que tem sido bem divertido.

"Foi bem impactante." Angie riu quando reclamei da escolha de música.

"Foi, mas as imagens!" fechei os olhos e balancei a cabeça várias vezes, como se pudesse chacoalhar aqueles caras de fantasia pra fora da minha cabeça. "Eles podiam usar fantasias mais legais."

"Não acho que uma banda formada por caras vestidos de Cavaleiros do Zodíaco fosse fazer o mesmo sucesso, Pete, sinto muito..."

"Pois é ..." dei de ombros, lamentando que cosplay não fosse tão sexy quanto aquelas fantasias. Do lado oposto ao campo as moças da dança estavam se alongando, e Emmeline Vance acenou de longe para mim, abrindo um sorriso simpático. Sorri mortificado e acenei também, torcendo para que não tivesse alguém atrás de mim, muito melhor vestido, que fosse o real destinatário daquele aceno.

Deve ter dedo do Remus nisso, pensei. A amizade dele e Vance já estava virando um murmúrio pelos corredores, e eu sou especialmente apto pra sacar rumores de qualquer tipo, então sempre sei do que rola pelos bastidores de Stovington.

Cheguei ao estacionamento com Angelina a tempo de ver Dona Meredith sair de carro com James (que estava com cara de quem tinha visto a morte em pessoa) e Remus, que vestia um vestido muito estranho de um ombro só (que será que ele fez dessa vez?), e paramos para nos despedir.

"Acho que vou procurar Sirius, ele estava no auditório ensaiando." expliquei, e Angie acenou com a cabeça.

"A gente se vê no próximo treino, então." ela sorriu, e acenei para ela enquanto seguia para dentro do colégio de novo. James e eu ficamos sinceramente arrependidos de termos duvidado de Sirius e sua capacidade de cantar, então depois de pedirmos desculpas – que saíram disfarçadas de bronca por ele nunca ter discutido isso a sério conosco – estávamos fazendo um esforço maior pra dar o merecido apoio pra ele.

Quando cheguei de fininho ele estava perto de terminar uma música, e pelo visto era a última. Sentei numa das últimas cadeiras do fundo, esperando o mais pacientemente possível. Quando ele acabou, e Davis disse que estava certo e podiam ir, levantei para esperar por ele, mas notei que Sirius estava estranho e atrapalhado. Tropeçou no palco, acenou meio vago pra quem estava em volta e quando me viu me encarou de um jeito que me fez ter vontade de interna-lo num hospício.

"Hey, Pete."

"Tudo certo?"

"Ótimo." e o sorriso não saia! "E com você?"

"Estou ótimo também..." saímos para o corredor, e já estava me incomodando aquele jeito bizarro dele agir. Parei na metade do caminho e estalei os dedos na ponte do nariz dele, que saltou pra trás.

"Hey! Que foi?"

"Ah! Ah, eu meio que beijei uma garota."

"Ah, não... "– revirei os olhos, com medo de perguntar. "Quem?"

"Marlene..."

Dei um tapa na minha própria testa que saiu alto demais, chamando a atenção de parte do pessoal do teatro que passava próximo da gente. “Você tem problema na cabeça, Sirius? Hein? O acordo foi dispensar Marlene, não beijar Marlene. Você ouve alguma coisa que a gente te diz? Ouve?”

"Eu segui o plano, Pete. " ele não pareceu ficar nem um pouco preocupado com a minha reação, o que me deixou ainda mais escandalizado.

"Como assim seguiu o plano? Você acabou de dizer que-"

"Eu a beijei, mas dispensei. Ela entendeu, Lene é legal..."

"Você." bufei. "É. Um. Completo. Idiota."

"Quer uma carona?"

"Não mude de assunto!"

"Depois a gente faz conselho pra isso." ele sorriu, e dei de ombros. "Sério, quer uma carona? James e Remus já devem ter ido embora."

"Pegou a moto?"

"Quer?"

"Claro." parei na frente do estacionamento, procurando pela moto, mas Sirius apontou para o outro lado da calçada.

"Deixei ali, espera aí."

Fiquei parado, achando que provavelmente não deveria ser tão duro com ele sobre esse assunto, talvez devesse ser mais bacana e flexível, essas coisas. Já tinha até me convencido a pedir algumas desculpas pelo modo de dizer, mas alguém me cutucou e mudei de ideia na hora. Assim que virei engoli em seco.

"Ótima tarde, Pettigrew." Nate disse, acompanhado do pessoal cheio de músculos de sempre.

"Nate!" dei um passo para trás, sem saber se estava mais assustado com a presença dele ou com o jeito educado com que ele me cumprimentou. "Precisa de alguma coisa?"

"Não, Pettigrew. Viemos agradecer."

"A-Agradecer?"

"Isso mesmo, baixinho. Avisou os trouxas dos seus amigos, certo?"

"É, eu avisei, fui eu quem avisou-"

"Beleza, calma aí. Lily e Marlene estão com a gente agora, então está tudo certo. Nos fez um favor, cara."

Escutei o ronco da moto se aproximando, e enquanto via Sirius de um lado e Nate indo embora do outro, uma sensação horrível tomou conta do meu lugar mais sensível, o estomago. Senti como se tivesse traído James e Sirius mortalmente por ter ajudado Nate, e me arrependi de não ter sido mais corajoso.

"Sobe aí!" Sirius chamou, e sorri amarelo enquanto me agarrava no assento para pular para a garupa.

Passei o caminho todo quieto, e pelo visto Sirius ainda estava relembrando o beijo e não quis dizer nada também. Chegamos na minha casa, e desci ainda bem calado.

"Até amanhã, cara." Sirius bagunçou meu cabelo. "E relaxa, agora vai tudo ficar certo. Valeu por ter avisado."

"Ah..." tentei pedir desculpas, mas nada saia na frente do sorriso atordoado que Sirius estampou na cara. Acenei, e foi com uma tremenda dor no estomago que vi a moto sumir na esquina.

Entrei em casa me sentindo muito mais cansado do que deveria, e encontrei mamãe na cozinha, assando alguns biscoitos light. Me arrastei até ela, e sentei numa banqueta próxima.

"Petie?" ela chamou, preocupada, erguendo minha cabeça com carinho. "Algum problema, ursinho?"

"Ah, mamãe." suspirei. "Acho que fiz uma besteira."


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