O Amigo Incomum

- Obrigado. – agradeceu Regulus, limpando o sangue da boca com um pano. Ele, Harry e Lily estavam sentados no Cabeça de Javali, porque Sirius e James estavam no três vassouras.

- Porque estavam batendo em você? – Lily perguntou preocupada. Regulus suspirou.

- Eu os vi fazendo uma coisa que não deviam. Obrigada pela ajuda.

- Posso te perguntar uma coisa? – Harry disse sério.

- Sim?

- Você viu aqueles caras mostrando a marca negra?

Regulus empalideceu instantaneamente, e sentou – se de frente para Harry, os olhos arregalados de choque.

- Como sabe da marca?

- Ouvi falar nela. Vai fazer a sua?

- Minha mãe disse que eles têm uma boa causa. Bella está dentro, e todos gostam dela. – o garoto respondeu simplesmente.

- Vai arriscar sua vida só porque talvez sua mãe goste mais de você? – Lily perguntou chocada – Sirius fugiu, Regulus. A não ser que você queira morrer por um louco que quer dominar o mundo, você pode escolher!

Harry acenou com a cabeça, concordando, e por um segundo os dois encararam Regulus. Suspirando, o garoto abaixou a cabeça.

- Eu não tenho a força de Sirius para enfrentar a minha mãe. – e se levantou.

- Peça ajuda. Eu pediria. – Harry aconselhou, quando Regulus abriu a porta do bar para sair.

- Obrigado novamente. – ele agradeceu, e entoa deixou o lugar.

Harry e Lily se entreolharam, e por fim a ruiva acenou com a cabeça.

- Tudo bem, você não quer nada comigo. Mas podemos pelo menos ser amigos?

- Claro. – Harry riu, e depois de pagarem o barman, deixaram o bar e seguiram em direção ao Três Vassouras.

James e Sirius estavam num canto do balcão, conversando com Rosmerta. Vendo uma oportunidade, Harry cutucou Lily.

- Porque não dá uma chance a James? Ele amadureceu bastante ultimamente, e eu digo com a experiência do trem.

- Não é tão fácil assim simplesmente dar pra trás na minha promessa de nunca sair com ele. – Lily riu. – Tenho orgulho, sabe.

- Se deixasse o orgulho de lado ia ver que James é tão bom quanto você acha que sou.

Os dois foram até uma mesa, e de repente o bar ficou silencioso. Harry e Lily se viraram, e Regulus estava no balcão, conversando com Sirius. Harry viu o padrinho ficar sério subitamente, e não viu James andar até eles e parar à sua frente.

- Regulus disse que falou com vocês e quer falar com Sirius. O que aconteceu?

- Só dissemos pra ele não entrar para os Comensais da Morte – Harry explicou, dando de ombros. – Os grandalhões da sonserina estavam batendo nele, e Lily tirou – o de lá.

- Bom, de qualquer forma Sirius quer vocês lá em cima na sala dez. Vamos?

Surpresos, Harry e Lily se deixaram guiar até uma sala reservada do segundo andar, onde Regulus explicava algo para Sirius. James bateu na porta com o nó dos dedos, e os três entraram.

- Olha, não sei o que fizeram para esse otário cair fora, mas obrigado. – Sirius disse, olhando severamente para Regulus, que ruborizou. – Faça o seguinte, irmão, quando for pra casa no Natal, faça uma mala e espere a gente no seu quarto com a janela aberta. Sei lá o que você vai dizer pra mãe, se quiser deixe um bilhete.

- E quanto à Narcissa?

- Fique longe dela. – Sirius suspirou – A não ser que queira alguém dedurando você pra mãe. Se quiser almoçar com a gente um dia desses, pode ir. Se contar pra alguém dessa conversa, está ferrado. Entendeu?

- Aham. Quando vai voltar a gostar de mim? – Regulus perguntou esperançoso. Sirius começou a descer as escadas para o bar, e gritou no meio do caminho.

- Nunca disse que não gostava de você.

Minutos mais tarde, os quatro estavam sentados numa das mesas de Rosmerta, e Harry comentou:

- Regulus só precisava de um empurrão. Agora que você ajudou, Sirius, ganhamos um amigo...

Embaixo da mesa, Harry sentiu o pé de Lily dar um chute em sua canela, e surpreso, ele olhou para ela. Lily lançava um olhar significativo para ele, e inclinava a cabeça na direção de James. Mal acreditando em sua sorte, Harry limpou a garganta.

- Hum, Sirius, você conhece bem a Zonko's, certo?

- Aham! Eu e James adoramos ir lá pra comprar bombas e...

- Ótimo! Podia me dar uma ajuda? Eu ando precisando de uns artigos engraçados.

- Posso! James, vamos levar o Harry até a Zon...

- Ah, eu preferia que você fosse... Lily detesta a loja, iria ficar brava. James, fique aqui com ela, sim? – Harry se apressou em dizer, puxando Sirius pela manga em seguida.

- Lily vai deixar só o cadáver pra trás, Novato. – Sirius comentou quando entraram na Zonko's. Harry riu, e começou a escolher alguns ratos de brinquedo.

Enquanto isso, no Três Vassouras, um silêncio incômodo pairava na mesa de James e Lily.

- Então, Evans... – começou James, limpando a garganta. – Como foi o dia com Harry?

- Ele me dispensou. – a garota disse displicente. – Nós não combinávamos muito como namorados, sabe. E você, como foi aqui com Sirius?

- Quê? – James perguntou confuso. – Eu e Sirius não somos namorados! – exclamou o garoto, assustado, até que percebeu o sorriso de Lily. – Ah, esperta.

- Desculpe. – Riu Lily – Não resisti.

- Recém – descoberto senso de humor? – perguntou James sarcasticamente.

- Sempre o tive, só não me dava ao luxo de mostrá – lo a você. – retrucou Lily, igualmente sarcástica.

- E agora mostra por quê? – o garoto perguntou curioso.

- Sua idade mental acompanha a minha agora. – Lily respondeu simplesmente, com um sorriso simpático. – Percebi sua mudança de caráter a algum tempo, mas Harry me disse algumas coisas hoje que me fizeram ter certeza de que tinha finalmente amadurecido. Posso saber o motivo?

Surpresa, Lily viu o rosto de James ficar sério, e sua voz perder um pouco do ânimo.

- Meu pai está doente. Ele já era um pouco velho quando nasci, de qualquer jeito, e agora a idade está cobrando o preço. Talvez ele não dure até o ano que vem, então tive de crescer para cuidar da minha mãe.

- Sinto muito.

- Não tem problema. Sempre soube que um dia ia perder os meus pais... De qualquer forma, foi um pouco por isso que decidi que era hora de parecer um garoto de dezessete anos, e não sete.

- Um pouco?

- É... Mudei por causa do meu pai... E por você. – James corou. – Mas quando vi que estava interessada em Harry, pulei fora. O fora que levou hoje deve ter sido dolorido.

- Bom, não estava tão interessada assim nele para ficar realmente triste. Era mais pela novidade, alguém novo e bonito em Hogwarts.

- Fico feliz. Quero dizer, não por ele ter te dado o fora, nunca torci por isso, como eu disse, já tinha pulado fora e tudo o mais, mas não queria te ver triste, não que eu ainda esteja assim, dando em cima de você, mas não gosto de ver as pessoas...

- Eu entendi, James. – Lily riu, e o maroto calou –se.

- Desculpe.

Lily sorriu, e James a encarou por alguns segundos, antes de escorregar a mão pela mesa e alcançar a da ruiva, que tinha apoiado os dedos sobre o guardanapo.

- Mas se agora estiver a fim, sou todo seu.

Sentindo o rosto corar, a garota continuou sorrindo, e decidiu arriscar.

- Você tem uma chance.

James levantou – se da cadeira e sentou – se ao lado de Lily.

- Vou usar essa chance muito bem, eu prometo. – e a beijou.