1977 escrita por N_blackie


Capítulo 4
Capítulo 4




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De Volta à Câmara

Naquela noite, Harry decidiu agir. Pegou a capa da invisibilidade do malão e escondeu consigo enquanto descia para a sala comunal lotada após o fim das aulas do dia. Como sempre, o grupo de Lily estava separado dos marotos, e Harry viu Ginny e Hermione se aproximarem deles, arrastando uma Lily desgostosa para o grupo.

James e Sirius faziam gracinhas e piadas para diverti – los, mas Harry só queria que fossem todos dormir, para que ele pudesse se esgueirar até o banheiro e terminar logo o que devia fazer. Quando o relógio bateu meia noite, Hermione, percebendo o desespero do amigo, deu um alto bocejo e levantou – se:

- Gente, vou dormir. Vem comigo, meninas?

Sonolentas, as outras garotas acompanharam Hermione, que piscou para Harry. Ron, percebendo a ansiedade do amigo, também se levantou, e tentou convidar os marotos para irem com ele.

- Mas nós não estamos com sono. Estamos, Pads? - James perguntou ao amigo, com um sorriso relaxado. Sirius balançou a cabeça negativamente, sorrindo também.

- Não mesmo.

Ron e Harry se entreolharam, e Neville, que estava com Frank numa poltrona próxima, limpou a garganta:

- Vamos dormir, gente! Frank e eu estamos subindo também.

Os quatro marotos se olharam desconfiados, mas subiram para o dormitório. Harry sentiu uma onda de alívio quando ouviu a porta se fechar. Puxou rapidamente a capa da invisibilidade sobre o corpo e saiu pelo buraco do retrato.

O corredor estava deserto e escuro, e Harry caminhou rapidamente por ele. Já estava descendo a primeira escada, quando um barulho no escuro chamou sua atenção. Automaticamente sua mão voou para a varinha, e com desespero, percebeu que na pressa em deixar o dormitório, havia esquecido o mapa do maroto. Por um momento ficou parado ali, em silêncio, e só recomeçou a andar quando teve certeza de que havia sido apenas um fantasma ou armadura.

Quando chegou ao primeiro andar, procurou pelo banheiro interditado, e teve de abrir a porta com a varinha, pois estava trancada. O banheiro era exatamente como se lembrava, e não demorou muito para achar a pia em cuja torneira havia o símbolo de Slytherin.

Abra. – Ouviu – se sibilar, sentindo – se pela primeira vez feliz por sua ofidioglossia. Outro barulho. Lentamente, Harry se virou e sua mão voou, pegando a varinha. Estava quase lançando o feitiço quando um grito o impediu. Sentiu o rosto esquentar e baixou a varinha, com o coração palpitando rapidamente.

- James? – perguntou, chocado. Parado perto da porta estava James, apontando a varinha para ele. Pálido, o maroto baixou a varinha, e olhou a pia atrás de Harry subir, e uma entrada circular aparecer.

- Harry. – ele disse, recuperando a voz. – O que está fazendo aí?

Harry, ainda segurando a varinha, gelou completamente. Sirius, Remus e Peter surgiram atrás de James.

-É, Harry, o que está fazendo? – brincou Sirius. Harry notou que o padrinho tinha a expressão maliciosa, e lembrou – se da lembrança de Snape, percebendo o porquê de ele ter tanto receio de ser azarado pelo outro.

- Vão... Vão embora. S – Sério. – gaguejou. Os quatro deram um passo à frente.

- Olha, Novato. Não sei se você sabe, mas nós quatro conhecemos esse castelo inteiro. Se sabia dessa passagem, porque não nos contou? – James perguntou, curioso e irritado.

- Eu... Sério, vão embora. É melhor, assim ninguém se machuca.

- Está ameaçando a gente, Novato? – Sirius rosnou, emparelhando com James. Harry estava começando a ficar com medo do padrinho, conforme ele o encarava. Percebendo a agressividade de Sirius, Remus deu um passo para frente, estendendo o braço entre o amigo e Harry.

- Quer resolver isso de um jeito calmo, por favor? – perguntou, irritado. Sirius, contrariado, deu um passo para trás.

- Ótimo. Mas não dá pra entender uma coisa. – Sirius disse, ainda encarando Harry. – Você não veio de outra escola?

Harry, que começara a se sentir aliviado, parou outra vez.

- Eu...

- Sempre achei que tinha algo de estranho em você, Novato. – James disse desconfiado. – O que você está escondendo da gente?

- Olha, preciso fazer uma coisa lá embaixo. – e apontou para o túnel escuro. – Quando eu voltar, conto tudo para você.

- Vamos com você. – Remus disse com firmeza. Harry sentiu gotas de suor se formando em suas mãos.

- Vocês não podem.

James abriu a boca para argumentar, quando uma voz muito fina, vinda de um dos boxes, assustou o grupo:

- Quer parar?

Os cinco viraram – se para o Box, de onde saiu o fantasma de uma menina, que Harry reconheceu como sendo a Murta – Que – Geme. James e Sirius se olharam e depois arregalaram os olhos de empolgação:

- Quem é você? – perguntaram. Harry quis tapar os ouvidos quando os olhos de Murta se encheram de lágrimas prateadas, e ela soltou um soluço.

- V- Vocês nem m- me conhe – cem! – e começou a chorar. Harry aproveitou a distração dos marotos e pulou para dentro da passagem.

O chão duro estalou quando Harry caiu, devido à quantidade de ossos que estavam lá. Respirando muito rápido por puro nervosismo, Harry levantou – se e segui pela passagem. Ainda bem que consegui distraí – lis, pensou. Vão falar com Murta, e quando se derem conta, terei sumido. Perfeito. Mal acabara de formular a desculpa que daria mais tarde para seu sumiço repentino quando ouviu os ossos estalarem de novo, e virando – se para a passagem, viu os quatro marotos estatelados ali, levantando e tirando os ossos das vestes. Dessa vez, Harry sentiu a irritação percorrer seu corpo.

- PAREM DE ME SEGUIR! – gritou, mas os garotos pareceram não ouvir. Quando chegaram mais perto de Harry, Remus disse, num tom intelectual:

- Essa aí é a Câmara de Slytherin, não é? O que tem aí atrás?

Revirando os olhos, Harry decidiu ignorar, e continuou em direção a porta, sendo seguido pelos outros. Quando percebeu que eles iam atrás, virou para eles, irritado:

- Ok. Querem morrer? Ótimo. É, isso aí é a Câmara Secreta; O que vocês sabem sobre basiliscos?

- O Rei das Serpentes. Seu olhar direto mata, e seu olhar indireto petrifica. Originado quando um ovo de galinha é chocado por uma rã. Último basilisco na Europa: 100 anos. – Remus respondeu, regurgitando as palavras do livro. – Mas é exatamente isso. 100 Anos. – completou ele. Harry sorriu.

- Quantos anos acha que essa câmara tem?

Os quatro pararam, e Peter falou pela primeira vez, com a voz trêmula:

- Você é o herdeiro?

Harry começou a rir.

- Não, mas preciso matar esse basilisco. Abra. – completou, enquanto James gritava:

- VOCÊ É OFIDIOGLOTA?

As cobras de pedra começaram a se mover, como se puxadas por um fio imaginário, e aporta se abriu. O grande salão com a estátua de Slytherin apareceu, e Sirius soltou um grito extasiado:

- OLHA ESSE ESPAÇO, PRONGS! COMO NÃO VIMOS ISSO ANTES?

Enquanto Sirius corria em volta do lugar, Harry caminhou até a estátua, lembrando da vez que regatara Ginny dali. Tão indefesa, nova e linda, pensou ele. E a irmã do meu melhor amigo, sua mente completou. E ele a dispensara. Chegou perto da estátua, que o encarava com os grandes olhos frios, e imaginou como faria para chamar o basilisco, sendo que não era o herdeiro. Quando virou – se para perguntar a Remus se ele tinha alguma sugestão, viu James e Peter rindo enquanto Sirius corria de um lado para outro do salão, fazendo sinais com as mãos.

- E aqui será o bar, onde colocaremos os elfos da cozinha para servir comida! Eles me adoram, fariam qualquer coisa se eu pedisse! Depois, contratamos Rosmerta para as bebidas, e aqui será a dança, e aqui colocaremos camas, porque quando estiverem cansados, dormirão. E quando acordarem, podem continuar a festa!

Harry voltou seu olhar para Remus, que observava a cena em completa confusão.

- Pode me dar uma ideia aqui? E o que ele está fazendo? – perguntou, apontando para Sirius, que agora simulava uma valsa pelo salão.

- Está querendo dar uma festa aqui.

- Ele é louco? – Harry indignou – se.

- Calma, daqui a pouco ele desiste.

Os dois, então, se voltaram para a estátua, e Remus disse:

- O basilisco está aí, eu suponho.

- Harry balançou a cabeça positivamente, e Remus olhou para a água em volta.

- Será que se entrássemos aí...

- Melhor não.

- Onde ele se esconde?

- Dentro da boca. Ela abre, e a cobra sai.

- Bom, chame o basilisco. Vamos ver o que acontece.

Harry tinha receio de chamar o bicho, mas se concentrou na passagem e fechou os olhos. Como se estivesse fora de seu corpo, ouviu – se sibilar:

Fale comigo, Slytherin, o maior dos quatro de Hogwarts, e saia monstro de Slytherin, para servir ao nobre sangue.

Quando olhou para o lado, sentindo – se normal novamente, Remus o encarava assustado.

- Por favor, não faça mais isso.

Nesse momento, o silêncio tomou todo o lugar, e foi quebrado apenas pelo barulho estrondoso da estátua, cuja boca abria para um buraco escuro.

Harry mal reparou que estava recuando até olhar para o lado e ver os quatro marotos junto dele, tão assustados quanto. Trêmulo, Harry sacou a varinha, sendo imitado pelos outros, e se escutou um sibilado alto. Harry gritou para os garotos:

- Fechem os olhos! – e correu.

A única coisa que se escutava eram os passos dos cinco garotos, que só pararam no outro lado do salão.

- O que vamos fazer? – gemeu Peter, olhando para frente. Vendo seu olhar espantado, os outros dirigiram seu olhar para a cobra.

Vindo em direção deles, o grande basilisco se arrastou até um cano, quebrando a passagem. Harry correu atrás dele, e foi seguido por todos, exceto Peter.

- Ele não pode escapar para a escola! – Harry gritou, e James ultrapassou – o.

- Esse bicho é imortal? – gritou desesperado.

Harry, enquanto corria, tentou se lembrar do texto que Hermione tirara daquele livro, mas nada lhe veio |à mente, até que Remus gritou atrás dele:

- O canto do galo é fatal! Estava no Animais Fantásticos e Onde Hab...

- Não me interessa onde você leu! – interrompeu Sirius, irritado.

- Eu preciso de uma pedra, então! – James gritou de volta; Harry, confuso, pegou um pedregulho que sobrara do cano quebrado e jogou na direção de James.

Os quatro pararam subitamente, todos olhando para James.

- Sirius, Remus, bloqueiem o cano. – ele disse sério. Sirius e Remus se entreolharam, e depois correram novamente. James, ainda com o pedregulho nas mãos, olhou para Harry.

- Vamos matar esse basilisco, mas depois você deve uma explicação sobre porque precisa desse bicho infeliz.

Desesperado, Harry concordou com a cabeça. James então, colocou a pedra no chão, puxou e varinha e sussurrou consigo mesmo:

- Galo. Ok, Jim, você consegue. Animae Transmutae.

A pedra cinza foi esquentando e ficando vermelha, e Harry teve medo que explodisse, quando pequenos fiapos de fumaça começaram a sair de dentro dela. Lentamente, a pedra foi amolecendo, e ganhando contornos do galo. Harry e James se olharam, surpresos com o sucesso da mágica. No fundo do cano, eles escutaram um barulho, e Sirius e Remus começaram a correr na direção deles, sendo seguidos pelo basilisco, furioso por ter sido preso.

- Harry pegou o pedregulho, agora um galo gordo (ele não pode deixar de admirar o talento de James para transfiguração) e olhou para o corpo do basilisco, se movendo rapidamente.

- Como fazemos esse galo cantar? – perguntou a James, que deu de ombros. Remus olhou para o relógio, e parou ao lado dele.

- São três da manhã ainda!

- Bate na bosta desse galo! – Sirius gritou, lançando um feitiço na cobra, que se atrasou um pouco.

Sentindo – se extremamente mal, Harry segurou o galo com uma mão, e com a outra deu um forte tapa no galo, que soltou um grito estridente. O basilisco, afetado com o som, parou, e começou a recuar contra a parede de pedras.

- Bate nele de novo! – James gritou, empolgado com o sucesso da tática. Harry olhou para o galo com pena, mas Sirius tirou o animal de sua mão.

- Isso aqui. – Começou ele, dando outro tapa no galo, que cantou de novo. – É uma droga... – e deu outro tapa. – De pedra. – e mais um tapa.

Receoso, Harry olhou para o basilisco, que agora, depois de alguns cantos, se contorcia no chão. James olhou para Harry, e o garoto percebeu que até ele estava ficando com pena do bicho.

- Tem alguma coisa para acelerar o fim disso aí? – perguntou, apontando para o basilisco. Harry deu de ombros.

- A não ser que você tenha uma espada...

Infelizmente não tinham nenhuma, então a única opção deles foi sentar e esperar, enquanto Sirius batia, estrangulava e até fazia cócegas no galo, para que pudesse cantar. Quando o basilisco estava completamente imóvel, Sirius usou a varinha para transfigurar o galo em pedra novamente. Após tanta confusão, o silêncio tomou conta do lugar. Harry olhou para Sirius, todo sujo, com os cabelos pretos grisalhos por causa da poeira. Remus tinha as pontas das calças molhadas por correr na água, e James estava com os braços arranhados. Peter, que ficara todo o tempo na câmara principal, gritou:

- E aí?

De repente, os quatro começaram a rir. Sirius, já extravasado de toda a sua raiva no pobre galo, ria compulsivamente. Com a ajuda dos outros garotos, Harry arrancou os dentes do basilisco com força, e colocou todos numa sacola conjurada por Remus.

- Vocês conseguiram? – Peter perguntou. Quando viu a sacola cheia de dentes, deu um grito.

- Eu sabia que vices iriam conseguir!

Harry olhou para Peter. O medo se estampava nos olhos dele, mas outra coisa o surpreendeu. A lealdade do gordinho, quando se ofereceu para carregar a sacola dos dentes. Apesar de pesada, o garoto carregava quase sozinho, enquanto Remus ajudava apenas com uma mão. Por um segundo, Harry se lembrou de uma frase Dumbledore: "Talvez você salve mais de uma vida hoje."; E decidiu que, dessa vez. Wormtail teria uma chance.


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