Sedução Indireta escrita por Dorien


Capítulo 7
Corrida Em Volta da Mesa




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Sempre que eu lia a expressão “morrer de vergonha” eu achava que era exagero e que, ninguém em sã consciência iria, efetivamente, morrer de vergonha.

Descobre-se uma coisa todo dia, não é isso que falam?

Eu queria sumir. Queria que um raio caísse na minha cabeça e me fizesse ficar semanas na enfermaria, para não ter que me virar. Queria que um raio caísse na cabeça dele. Queria fazer puff e aparecer em um lugar bem, mas bem longe dali. Talvez França ou Itália; sempre gostei dos garotos latinos, de pele morena, sorriso galante e musculosos braços.

Esse sonho latino era um tipo bem diferente do que estava me abraçando agora.

O que me abraçava estava mais pra pálido, loiro e irritante.

Lily Luna continuava rindo e minha ficha caiu. Minutos atrás, quando eu achei que ela estava possuída ou algo assim Scorpius estava atrás de mim.

E que a vaca – não existe termo melhor pra chamá-la agora; talvez exista, mas não seria muito agradável aos olhos – tinha feito isso de propósito, para Scorpius ouvir minha patética confissão de que eu estava “marcando meu território”. Deu muita sorte que eu não falei da aposta, isso sim.

- Não vai falar nada, Weasley? – ele continuou me abraçando por trás. Ainda podia sentir o queixo pontudo dele no meu ombro.

Eu queria falar muita coisa naquele momento. Juro. A maioria, é claro, maldições imperdoáveis e azarações para deixá-lo com as bolas roxas. 

-Cale a boca, Malfoy. – falei tentando me soltar, mas ele continuava me apertando.

Maldito seja!

-E espera que eu obedeça? Só porque me marcou como sua propriedade quer que eu cale minha boca?

-N-não marquei você como minha propriedade, seu idiota! N-não estávamos falando de você! – respondi conseguindo liberdade.

Fui para o lado de Lily que apenas olhava de mim para Scorpius com um olhar de vitória. Pequena mercenária maldita.

                -Oh, não? – ele riu – De quem mais estaria falando se acabou de raptar sua prima, justo quando estávamos conversando e estava preocupada com “concorrência”? – ele fez as aspas no ar.

                Senti meu rosto se tingir pela vergonha.

                -Mas não se preocupe, Weasley. – ele sorriu... galante, talvez. – A pequena Potter não é um concorrência.

                Se eu estava vermelha devia estar ficando roxa já.

                -Seu... – falei com raiva. – Seu idiota prepotente.

                -Ah, só pra avisar, Weasley. – ele falou em tom brincalhão e ignorando meu insulto. – Se, segundo você, sou sua propriedade – e ele me ignorou novamente quando o mandei calar essa maldita boca – você também é minha. – ele piscou e foi em direção ao Salão Principal.

                Ele piscou. Pra que bosta ele piscou!? Eu já estava pensando histérica.

                -Eu. Vou. Totalmente. Ganhar. Essa. Aposta. – Lily disse com os olhos brilhando.

                Depois disso fui para o Salão Principal e jantei quieta. Ignorando todos e tudo ao meu redor, em minha bolha feliz em que não existia aposta ou Scorpius Malfoy, se isso é pedir muito.

                Apenas pela educação que tinha falei boa noite para todos e fui dormir.

~ ~

                Mentiria se falasse que dormi como um bebê. Na verdade me senti como um ogro dormindo em uma caixa de fósforos. Ops! Corrigindo: Dormi como um ogro em uma caixa de fósforos com péssimos sonhos. Que, na verdade, não eram sonhos. Eram pensamentos. Passei grande parte da noite pensando em certa cabeça que queria por em uma bandeja.

E não era a de Scorpius nem a de Lily , que eu estava disposta a ignorar.

Era a de Albus.

Eu duvidava que ele considerasse sua irmã uma ameaça - já estou cansada de usar a palavra concorrência, essa é a última vez que você vai lê-la por aqui -, então, automaticamente, deveria existir uma ameaça verdadeira.

Talvez uma loira da Sonserina chata, cuspindo veneno aos quatro cantos.

Nada que eu não pudesse dar conta, acho.

Tinha acabado de tomar café da manhã e hoje era quinta, e, nas quintas, eu tinha um horário livre, logo de cara. Acordava e fazia o que eu queria.

No caso, o que eu sempre queria era ir à biblioteca ler alguma coisa. Qualquer coisa.

Quando entrei na biblioteca, a bibliotecária, que já não era Irma Pince, como na época de meus pais, mas sim Cassandra Wouters. Uma senhora de cabelos pretos com alguns fios brancos e sempre de coque. Era até que simpática. 

Fui para o final do grande cômodo e me sentei em uma das poltronas vinho, mas não sem antes pegar o livro que estava na minha bolsa. Um romance que trouxe para ler em Hogwarts, não sendo esse o forte da biblioteca.

Fiquei muito tempo ali lendo e me parecia tudo tão tranquilo no meio de tudo que estava acontecendo.

-Ora, ora, vejamos se não é a minha dona. – a última palavra foi falada no pejorativo e eu não precisei me virar para saber quem era.

Fechei o livro e me virei para olhá-lo. Ele estava sozinho, encostado em uma das estantes.

-Perdeu alguma coisa aqui, Malfoy? – falei tentando me controlar.

Eu podia estar nessa aposta, mas esse menino está me perseguindo, sem dúvida! Sem falar nada ele apenas se aproximou e sentou na cadeira de frente pra minha.

-Albus te falou alguma coisa? – ele perguntou indo direto ao ponto.

-Albus? O que Albus teria que me falar? – falei com raiva lembrando da concorrência, será que era isso? Ele tinha mandado Albus falar?

Seus olhos se estreitaram e ele me mirou com mais cuidado.

-Você não falou nada com Albus? Talvez a pouco mais de uma semana? 

Enruguei minha testa.

-Como é que é? – falei confusa – Não falei com Albus. Só falo com ele quando ele vem me irritar na mesa da Grifinória ou fora dela. – dei ombros.

-Sério? – ele arregalou os olhos.

-Claro que estou falando sério... – revirei meus olhos. Até parece que isso é grande coisa – Qual é o problema afinal?

-Nenhum. – ele sorriu.

-Começou falando agora termine! –falei irritada.

-Não é nada, Weasley. – ele continuou sorrindo – Mas como é que era aquela história de eu ser sua propriedade, mesmo?

Eu sabia que ele estava me provocando. Sabia. Estava estampado naquela cara que ele estava implicando comigo e tentando me fazer esquecer o assunto anterior. Eu juro que tentei ignorar, juro! Mas meu sangue Weasley ferveu e na mesma hora botei a mão no bolso e peguei a varinha. Não tirei ela de lá, apenas peguei pra tentar me acalmar e me lembrar que se ele me irritasse mais um pouco eu ia estuporá-lo. Dane-se uma detenção.

-Não foi isso! Você entendeu tudo errado! – argumentei de novo – O que quer aqui? Já teve sua maldita resposta sobre Albus! O que mais veio fazer aqui?

Ele se levantou da cadeira e eu imitei seu movimento. Não ia ficar em desvantagem.

-O que eu queria mesmo...- ele começou a contornar a mesa pra se aproximar, mas eu comecei a contornar para o outro lado, sempre tentando ficar frente a frente com ele - Vai fugir, Weasley?

-Não estou fugindo, estou mantendo distância. –falei entre dentes.

-Claro... – ele sorriu, não acreditando em uma mínima palavra que saia da minha boca – O que eu queria saber é se você gostava de mim.

Eu arregalei meus olhos e percebi de onde Albus aprendeu a ser tão direto. Ele mantinha sua pose altiva, mesmo depois de ter me perguntado se eu gosto dele... Não tinha o mínimo medo de levar um não, esse maldito prepotente?

Pelo bem da aposta, pelo bem da aposta...

-Talvez eu goste, Scorpius. – falei perdendo a vergonha também e olhando para ele em desafio.

Quem sabe se ele acreditasse que eu gosto dele não fosse mais fácil. Não tinha muita coisa a perder mesmo, o que ele ia fazer depois disso? Sair gritando por Hogwarts que Rose Weasley gostava dele? No máximo perguntariam se ele estava bem...

-Talvez? – ele aceitou meu desafio – Talvez não é o suficiente, Weasley. Quero uma resposta direta, vai me poupar muito tempo, se quer saber. 

-Talvez eu não queira dar uma resposta direta. – falei sorrindo.

Irritá-lo era algo divertido. Ele já estava perdendo um pouco da maldita compostura que tinha.

-Talvez eu arranque ela de você.

-Você não conseguiria. – falei ainda sorridente visto que ele estava irritado.

-Isso é um desafio? – ele pareceu ficar um pouco menos irritado e mais provocador.

-É. – falei sem rodeios.

                Tão pouco terminei de falar ele saiu correndo para me alcançar. Demos umas poucas voltas na mesa – ele estava cada vez mais perto – até que eu fugi do circulo. Corri apenas poucos centímetros longe da mesa, me virei e apontei a varinha pra ele. Mesmo que isso pudesse parecer ameaçador, eu estava apenas brincando.

                -Não, não. – sorri – Nem um pé mais perto.

                -Tem tanto medo assim, Weasley? – ele continuava com essa provocação e ela continuava fazendo efeito.

                -Não tenho medo, Malfoy! – falei me aproximando e, antes que pudesse parar, por algum motivo bizarro acabei tropeçando e caindo. (Depois percebi que foi porque meu tênis estava desamarrado)

                Caindo bem em cima de Malfoy. Quando fui perceber já estava com a bochecha colada no peito dele. Botei minhas mãos no chão e meus joelhos, levantei fazendo força neles e fique “de quatro” em cima de Malfoy. Não que essa seja uma boa descrição para o que estava acontecendo.

                -Desculpe. – murmurei ao perceber que ele me olhava.

                Senti meu rosto queimando e ele deu apenas um sorriso. Sai de cima dele o mais rápido possível e voltei a me arrumar. Peguei meu livro de volta e olhei para Scorpius, ele já estava em pé e me olhava.

                -Minha aula deve estar começando. – murmurei querendo me explicar, por algum motivo idiota – Tchau.

                -Tchau.

                Ele respondeu e eu fui embora, explicando pra mim mesma que meu coração batendo forte era pela queda.

                Talvez eu devesse procurar aquela lista da Lily, mesmo.


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Notas finais do capítulo

Aqui estou com um capítulo; não gostei muito, mas espero que vocês tenham! Só poderei postar na quarta-feira que vem! Provas e mais provas finais... x3